A artista contou ao Entretetizei como é ser a personificação de multitalentosa
Atriz? Check. Apresentadora? Check de novo. Dubladora? Check. Dançarina? Outro check. Ativista? Também check. Jacqueline Sato, além de multitalentosa, é versátil. Afinal, com uma carreira que começou aos 12 anos, ela aprendeu a conciliar o talento, os sonhos e as causas em que acredita – tudo isso, com muita disciplina e, claro, versatilidade.
Apaixonada pela arte, pela natureza e pelos animais, Jacque usa seu talento para inspirar e transformar o mundo à sua volta. Com uma trajetória marcada por personagens notáveis e projetos inovadores, a artista nos convida a uma jornada por sua história, revelando os bastidores de suas produções, seus maiores aprendizados e seus planos para o futuro.
Nesta entrevista, vamos mergulhar no universo dessa mulher extraordinária, que nos mostra que é possível conciliar uma carreira de sucesso com uma vida repleta de propósito e significado. O papo, que vai além dos trabalhos, traz os caminhos que ela percorreu para o estrelato, a importância da representatividade e ancestralidade asiática e o valor da representação artística.
Você não pode perder! Acompanhe a entrevista a seguir:
Entretetizei: Você começou sua carreira na televisão muito jovem, aos 12 anos, como apresentadora. Como foi essa experiência e como ela influenciou sua trajetória profissional?
Jacqueline Sato: Desde esse primeiro momento, pude sentir o poder da comunicação: o quanto ela toca, influencia pessoas, pode gerar transformações positivas e, no caso do audiovisual – principalmente a TV –, o quão longe ela chega.
Lembro de receber cartinhas de pessoas de diversos lugares do país contando como o programa era especial para elas e o quanto elas aprendiam em um dos quadros que tínhamos que, aliás, era ideia minha e era ensinando origami.
Caramba, foi agora, te respondendo a essa pergunta, que caiu a ficha de que, desde aquela época, eu já criava conteúdo que tivesse a ver com as coisas que eu gostava. E, neste caso, que também tivesse a ver com a minha ancestralidade. Algo que eu, em alguma fase, me afastei e, mais recentemente, me reconectei e integrei, tanto é que resultou no programa Mulheres Asiáticas.
Mas imagina isso: 23 anos atrás, tinha um quadro num programa de TV aberta do Brasil que ensinava as pessoas, principalmente jovens e crianças, a fazerem origami; que revolucionário que isso era!
Enfim, voltando à pergunta, acho incrível o poder de conexão e identificação que a televisão tem. O contar histórias e compartilhar conhecimento sempre foi imprescindível para a humanidade, que fazia isso em suas rodas de conversa, e a TV continua fazendo , só que criando uma roda de conversa muito maior.
E: Aliás, você é a personificação do adjetivo multitalentosa! Como você se organiza no dia a dia para dar conta de tudo?
JS: Com o tempo, fui apreciando cada vez mais o valor da flexibilidade e da adaptabilidade. Me adaptar a rotinas diversas, locais de trabalho diferentes, círculos de pessoas variados e manter o estado de presença em tudo o que faço é a única regra que tento seguir.
Quando percebo que estou fazendo uma coisa, mas pensando em outra… Daquele jeito que, às vezes, ficamos de corpo presente em algum lugar, mas a mente e a alma bem distantes, pensando em outras coisas, eu já aperto o botão de alarme para voltar ao momento presente e tentar entender o porquê de eu estar longe: se estou me sobrecarregando, ou se não estou feliz naquela atividade específica.
Isso fica guardado para uma reflexão mais profunda para que eu reorganize as prioridades. Anotar tudo que quero fazer no dia, logo cedo, ou na noite anterior, também ajuda muito. Assim diminui a chance de esquecer. E ser gentil comigo mesma. O que é o maior desafio, pois muitas vezes determino mais coisas para fazer do que o que, de fato, dou conta naquele período.
De qualquer modo, todos os dias pela manhã, medito. Também, logo cedo, busco pensar duas prioridades do meu dia e me comprometer a cumpri-las. E, antes de dormir, sempre recapitulo o que fiz e que fiz direito, e o que gostaria de fazer diferente se tivesse uma outra oportunidade. Assim, no dia seguinte, que muitas vezes pode ser a tal outra oportunidade, vou lá e tento fazer melhor.
Algo que nem sempre consigo, mas tenho querido aplicar cada vez mais: pausas para meditar no meio do dia, pelo menos umas três vezes, nem que seja por cinco minutos, para ser um reset mesmo. Ajuda a gente a se reconectar consigo própria e a conduzir as coisas de forma mais centrada, e calma. Alguns dias em que estava sobrecarregada, fiz isso e me ajudou muito em tomadas de decisões importantes.
E: Sua versatilidade é também uma das características mais marcantes. Você já trabalhou em diversas áreas do entretenimento, desde a televisão até o teatro e a dublagem. Qual desses campos você considera o mais desafiador e por quê?
JS: Eu considero todos extremamente desafiadores, cada qual ao seu modo. Ao meu ver, criar um ranking entre eles não faz o menor sentido, pois cada um demanda uma necessidade e preparo diferentes. Todos têm uma coisa em comum: contar histórias da forma mais verdadeira e eficaz possível para gerar maior conexão com o público.
Mas um te demanda isso num ritmo de gravações super-rápido, numa obra aberta, onde seu personagem pode começar sendo mais X e terminar Y, começar pequeno e aumentar ao longo da trama. Ou o contrário – e há de se estar aberta e com gana para fazer da melhor forma a personagem, não importa o rumo que ela tome, pois em novela, por exemplo, tudo muda muito –, então, estar aberta e maleável para se entregar por inteira a isso e ter um bom resultado traz aprendizados valiosíssimos.
No teatro, já há um tempo maior de contato com o texto, mais disponibilidade de investigações solitárias e com o grupo, que permitem que todos se desenvolvam de uma forma muito única. Muitas vezes é onde é possível se arriscar e ousar mais, pois há mais tempo de ensaio; sem falar, também, sobre estar na presença do público, sentindo a energia e reações, sem take 2, que é um desafio que somente o teatro te proporciona.
E a dublagem te desafia a fazer a cena sem ter com quem contracenar presencialmente e ainda tendo que seguir o tempo e ritmo de outra pessoa numa sincronização sem perder a emoção, é supercomplexo. Então, cada um tem um grande desafio.
E: Seu trabalho como apresentadora é um dos pontos de maior destaque em sua carreira, principalmente em Mulheres Asiáticas (2024), um docu-talk-reality criado e apresentado por você. Quais foram as motivações para a criação do programa? Qual é sua parte favorita no comando desse show?
JS: Bom, cresci sem me sentir representada no audiovisual brasileiro. Isso tem um peso enorme, faz com que os sonhos, ou nem sejam sonhados, ou sejam ainda mais distantes, beirando o impossível. Ainda assim, segui nesta carreira e sou muito orgulhosa das minhas conquistas.
Mas a verdade é que a mudança em relação à representatividade dessa parcela da população é muito pequena e lenta. Durante a pandemia, quando dei uma palestra para o TEDX, fiz uma pesquisa e descobri que, entre a primeira mulher amarela a ser protagonista na TV brasileira (Rosa Miyake, na TV Tupi, em 1967) até a primeira mulher amarela a participar de uma novela na Globo (Cristina Sano, em 1986), tinha tido um intervalo de 19 anos. E depois, mais 31 anos até termos uma protagonista amarela na emissora (Ana Hikari, em 2017).
E, nesse intervalo, claro, tivemos outras atrizes trabalhando, mas muitas vezes em papéis que quase ninguém lembra ou estereotipados, que não nos fazem sentir representadas – pelo contrário, pode machucar ou ofender.
Pouquíssimas atrizes com ascendência asiática conseguiram trilhar uma carreira com continuidade. Falta oportunidade. Isso eu já sabia por ouvir de amigas brancas a quantidade de testes que elas faziam, enquanto, para nós, era bizarramente mais espaçado. Pensa, 50 anos entre Rosa e Ana, é uma existência inteira.
Esses dados numéricos me deram um chacoalhão e entendi que não dava mais para eu permanecer passiva aguardando os testes e me preparando como atriz. E foi ficando cada vez mais claro que, assim como tinha pouca gente na frente das telas, tinha pouca gente detrás delas e, por isso, essa visão sobre nós que resultava em papéis extremamente estereotipados ainda prevalecia. Decidi colocar energia para começar a contar nossas próprias histórias.
Não muito tempo depois, começaram os ataques a pessoas asiáticas nos Estados Unidos. No dia em que aquelas mulheres foram assassinadas na casa de massagem, eu chorei compulsivamente até às três da manhã e não conseguia parar. Era absurdo pensar que ataques de racismo como este estavam acontecendo nos dias atuais e foram acontecendo, mais e mais, tanto é que surgiu o movimento Stop Asian Hate.
Aqui no Brasil, também houve ataques e o medo era que se tornassem tão violentos e letais quanto os de lá. Não lembro bem qual autor que li na época, mas algo me marcou muito sobre a quantidade de histórias de pessoas brancas que nós entramos em contato ao longo da vida, e o quanto cada uma é única e fortalece a empatia e individualidade, versus a quantidade de histórias de pessoas racializadas que entramos em contato ao longo da vida. A diferença é gritante.
A noção de individualidade e a capacidade de gerar empatia e amor para com esses corpos é diminuída. Não é à toa que a nossa autoestima seja muito frágil. Afinal, a todo o momento, o que é belo, o que é valorizado, é (prefiro passar a pensar que era) sempre o padrão branco. Esse autor falava que a gente só tem empatia e se importa com o que a gente conhece.
Então, enquanto as pessoas não nos conhecessem por quem somos, a partir das nossas próprias narrativas, mais a visão estereotipada seria reforçada, mais a visão desumanizante sobre nós seria propagada e menos empatia para conosco existiria. Esses acontecimentos terríveis foram propulsores e tornaram a minha inquietude em algo ainda mais urgente. Daí resolvi começar contando histórias de mulheres reais, que são icônicas e donas de trajetórias inspiradoras.
Ao invés de começar pela ficção, comecei com esse docu-talk-reality que contribui para que a gente povoe o imaginário coletivo com referências genuínas e que, neste formato, permite que as vejamos através de vários pontos de vista, tornando essa visão mais completa e interessante.
Por isso, começamos com um minidocumentário, através das vozes das pessoas mais importantes da vida dessas mulheres, que estiveram ao lado delas nos momentos mais difíceis (e também nos melhores) e são parte importante dessa caminhada para que tenham se tornado quem são; e tudo isso sob a lente do afeto.
Depois vamos para um bate-papo a três, onde se compartilha as experiências de vida. Então, escutamos elas falando de si próprias num lugar de abertura e vulnerabilidade. E finalizamos as desafiando a saírem do terreno conhecido e aprenderem algo da profissão da outra pela primeira vez, vendo-as como mestres e aprendizes, numa troca que é sororidade na prática e revela a elas mesmas, e ao público, novas versões dessas mulheres. Enfim, trazer essa pluralidade de olhares e histórias é o maior objetivo, para mostrar a diversidade dentro da diversidade.
O que eu mais gostei nesse processo todo foi de conhecer mulheres inspiradoras, tanto as convidadas quanto a equipe. E termos tido uma conexão tão forte deixou muito claro a transformação interna que esse projeto já gerou dentro de cada uma, o quanto estarmos entre pares e em ambientes seguros e acolhedores é fortalecedor e potente. E o quanto isso é (ou era) raro e importante.
Tudo isso me trouxe a certeza de que essas conexões nascidas aqui ainda se desdobrarão em muitos outros projetos.
E: Ainda sobre Mulheres Asiáticas: o programa é um importante passo para a representatividade de pessoas amarelas. Qual é a mensagem principal que você e sua equipe buscam transmitir neste trabalho?
JS: Que somos muito além do que a maioria das pessoas imaginam a respeito de nós. E, como disse anteriormente, o quão plurais somos.
Desde o minuto um, o programa se propôs a ser uma conversa de cura e vulnerabilidade, um espaço de orgulho e celebração de quem somos e um espaço no audiovisual onde nós somos as protagonistas. Tudo isso sendo contado com muita delicadeza e afeto.
E, mesmo ao se tratar de preconceitos e expor o tanto de coisa errada que ainda acontece, buscar fazer isso de forma a convidar as pessoas para a reflexão e a empatia. Apontar, sim, o que precisa ser mudado, mas tentando trazer as pessoas mais pra perto, ao invés de afastar. Pois, para mim, somente através do diálogo, da escuta ativa e do afeto – do tocar o coração mesmo –, é que conseguimos transformações profundas.
Torço muito para que muitas questões sejam compreendidas para além do racional, que passem mesmo pela linha do afeto e da conexão verdadeira com essas mulheres e, por conseguinte, com muitas outras pessoas asiático-brasileiras, que passarão a ser vistas de outra forma.
E: Aliás, pode nos contar como foi a estreia do projeto?
JS: Foi uma noite de muita comoção! Todas as lideranças criativas estavam presentes no evento, e essa constelação é composta por mulheres e uma pessoa não-binária, todos com ascendência asiática.
Ver cada uma dessas pessoas falarem sobre o projeto, cada uma em sua área de atuação, mas todas transbordando o quanto esse projeto as transformou, o quanto é importante não nos sentirmos sós e o quão revolucionário é o que estamos vivendo, foi um momento poderoso, de simbolismo e cura gigantescos para nós, para as gerações que vieram antes e para as gerações futuras.
Muitas lágrimas rolaram, mas lágrimas de alegria, alívio. A constatação de que estamos no lugar certo e na hora certa, sabe? E as reações das pessoas convidadas e jornalistas não poderia ter sido melhor! É bom demais assistir ouvindo as reações das pessoas. Ver que o que criamos está afetando, fazendo rir, fazendo chorar. É muito bom perceber risadas em momentos que não imaginávamos que o público veria tanta graça, e ver as pessoas emocionadas, se identificando com partes diferentes.
Todo mundo ficou impressionado com esse feito de cumprir com a representatividade na frente e atrás das câmeras, algo inédito. E é o que torna esse programa tão especial e autêntico. Amei também ver que, nas rodas de conversa, assuntos tratados no programa estavam se propagando na conversa presencial ali no evento, e outras pessoas já estavam planejando conversar com pai, mãe, filhos, cônjuges, a respeito.
Como falar sobre o nosso recorte é algo relativamente recente, é impressionante ver quantas pessoas despertaram para isso através do programa. E cada despertar gera muitos outros despertares à sua volta. Sem falar nas jornalistas que foram, muitas delas também de ascendência asiática, que geraram matérias incríveis em seus locais de trabalho.
Tivemos matérias super profundas nos dois maiores jornais do país, entre muitos outros lugares de prestígio. Isso é muito relevante, e é o que faz com que o conteúdo fure bolhas e siga se expandindo, chegando no maior número de pessoas. E estar aqui conversando contigo também é mais um furo de bolha que agradeço muito pois, assim, mais e mais pessoas poderão conhecer o projeto.
E: Falando em representatividade… Enquanto crescia, quais foram as suas inspirações? E hoje, quem te inspira, dentro ou fora das artes?
JS: Muito do que eu assistia de audiovisual e que me fazia ver alguém parecida comigo na tela, eram conteúdos internacionais. Mas falo disso no programa, inclusive que ter visto Danni Suzuki na TV foi algo que me inspirou muito. Me fez acreditar que não era impossível. E isso aconteceu bem na fase em que eu estava saindo do colégio e decidindo o que ia querer ser quando crescesse. Então, ter visto uma, já teve esse efeito de injeção de coragem, imagina ver muitas? Quantas vidas podem ser impactadas positivamente.
Quem me inspira? Sem dúvida, depois do programa, são essas pessoas com quem convivi. Cada história de vida, superação e reinvenção de si, que me expandiu a mente e possibilidades. E a minha equipe maravilhosa que toda vez que estamos juntas temos trocas profundas, insights, e sentimos como um alimento para a alma mesmo.
Admiro demais cada uma, por tudo o que já fizeram e por tudo que sei que ainda farão, são elas: Janaína Tokitaka, Ana Ono (Roteiro); Denise Meira do Amaral Takeuchi (Pesquisa, Roteiro e Direção); Aya Matsusaki (Direção); Lu Minami (Pesquisa de Conteúdo, Personagens e colaboração em Roteiro); Carolina Tiemi (Pesquisa de Imagens Iconográficas); Fernanda Tanaka (Direção de Fotografia); Flora Fuji (Direção de Arte); Akemi Shimada (Produção de objetos); Yumi Kurita (Figurino); Larissa Yumi (1ª Assistência de Figurino); Mima Mizukami (Maquiagem); Lica Otsubo (Cabeleireira); Débora Murakawa (Som Direto); Mônica Agena (Trilha e Identidade Sonora); Tamy Higa (Montadora); Rute Okabe (Assistência Financeira); e Caroline Ricca Lee (Sensitive Viewer).
E: Aproveitando o tópico de inspiração, seu estilo é muito autêntico e colorido! Como é a sua relação com a moda? Quais são as suas referências?
JS: A moda é muito uma forma de expressão. E a gente muda ao longo da vida. Sinto que minha expressão nesse âmbito também foi mudando, e segue em constante transformação. Isso de ser mais ousada, colorida e usar peças que tenham mais personalidade também veio junto com minha transformação interna, de querer sim ocupar meu espaço, viver minha existência de forma mais bold, celebrando mesmo a pessoa que sou, com todo o meu jeito diferente de ser. E passei também a buscar designers que dialogassem com isso. Sem falar em prestigiar designers asiático-brasileiras, como Fernanda Yamamoto, Teodora Oshima, Clara Watanabe, Kelly Kim, entre outras.
O que eu estou buscando valorizar dentro do meu trabalho como comunicadora e contadora de histórias, que é valorizar as narrativas asiático-brasileiras, também se transfere para o que uso, o que consumo. Tudo isso, essa escolha consciente de me cercar e me relacionar com aquilo que busco ver crescer e ter mais visibilidade no mundo me levou à Yumi Kurita, que é uma stylist talentosíssima que foi, junto comigo, me provando que eu poderia sim ser mais criativa e ousada naquilo que vestia. E fui realmente gostando das propostas dela, ela me entende de um jeito que nunca vi, sempre me traz propostas que adoro, é de uma sintonia muito fina.
Eu acho que minhas referências vêm muito mais do que vejo na vida do que de um designer único. Gosto da composição, da mistura, de algo que pode ser de algum nome famoso com algo que seja muito aleatório. Mas falando de alguns grandes nomes da moda ligados à minha ancestralidade, amo Issey Miyake, Yohji Yamamoto e Comme des Garçons. E as marcas daqui do Brasil que trazem essa identidade permeada pela influência asiática já mencionei acima.
Tem uma mulher que não tem ascendência asiática, mas traz um tanto dessa influência em seu trabalho e que eu admiro muito, que é a Rafaela Caniello da Neriage, ela tem meu coração também! Fora isso, marcas que não tem tanto essa influência que estamos conversando aqui, mas que trazem uma pegada slow fashion, e têm uma preocupação com a sustentabilidade, como a Aluf e a Tissè. São duas que amo e que entregam sustentabilidade, ética, design, e me conquistaram rapidamente.
E: Além das artes, você tem uma forte conexão na proteção dos animais e na defesa do meio ambiente, como CEO da House of Cats. De que forma você equilibra sua carreira artística com suas atividades de ativismo e qual é a importância dessas causas para você?
JS: Estou ligada a essas causas desde que me entendo por gente. Então, não saberia viver sem me envolver com isso. Acho que eu teria desequilíbrio se não conciliasse ambas as coisas, pois são parte essencial de quem eu sou. Jamais conseguiria viver sem lutar pelo que acredito e pelo que sinto, que posso colaborar para ver uma mudança positiva acontecer. E, por mais que às vezes pareça secar gelo, eu jamais conseguiria viver sem arte.
Sinto que, em relação às causas, eu sempre vou querer fazer o que estiver ao meu alcance. E sei que, sendo uma pessoa pública, acabo me comunicando com um número maior de pessoas. Então, por que não fazer disso um canal para conectar mais pessoas a movimentos que julgo serem importantes e urgentes? É algo natural para mim. Fazendo isso nas redes sociais,nos ambientes midiáticos, ou na vida, no dia a dia.
E: Você já participou de uma variedade de projetos de entretenimento, no teatro, na televisão, no cinema e streamings. Quais desses trabalhos mais te marcaram? O que podemos esperar para o futuro?
JS: Todos me deixaram marcas, me transformaram e são parte constituinte de quem eu sou hoje. Mas vou citar aqui quatro. A novela Sol Nascente (2016), onde tive meu papel de maior destaque até agora, e que, por mais que houvesse questões em relação à representatividade nesta obra, eu estava ali sendo uma figura que preenchia essa lacuna de forma autêntica e em um papel que não tinha nada de estereótipos, e que se desenvolveu super bem ao longo da trama.
O meu primeiro longa metragem como atriz, Talvez uma História de Amor (2018), pois é uma emoção sem igual se ver na tela do cinema pela primeira vez. A minha primeira protagonista em (Des)encontros (2014), porque também foi um marco ocupar esse lugar de ser quem conduz todo o fio da narrativa em uma história. E, sem dúvida, o Mulheres Asiáticas (2024), que me trouxe aprendizados em muitos níveis, e acima de tudo, me provou que eu posso e tenho capacidade para exercer minha criatividade de múltiplas formas.
Me mostrou o quanto sou mais resiliente e forte do que eu acreditava ser e se tornou o meu maior ponto de transformação, na direção de ampliar minhas áreas de atuação, e abriu uma estrada nova que eu só estou começando a trilhar. Bom demais a coragem que se solidificou através dele e que tem me impulsionado a realizar cada vez mais enquanto criadora e produtora que, hoje, sou.
E: E, claro, existe algo que você (ainda) não fez, mas gostaria de fazer?
JS: Vixe, muita coisa!! (risos). Mas, se é para escolher apenas uma, escolho realizar trabalhos que atinjam o público internacional.
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Texto revisado por Bells Pontes e Kalylle Isse