Linkin Park
Foto: reprodução/NME

Linkin Park anuncia nova formação com vocalista mulher: um passo para enfrentar o sexismo no rock e no emo?

Anúncio da banda expõe preconceitos enraizados e desafia a comunidade a ser mais inclusiva

Ontem (5), o Linkin Park abalou o mundo da música ao anunciar seu retorno e uma mudança surpreendente na formação no grupo: a inclusão de novos membros e, entre eles, uma vocalista mulher — Emily Armstrong. Para muitos fãs, essa notícia trouxe animação e curiosidade sobre a nova direção da banda. Mas, como era de se esperar, também reacendeu uma velha discussão: a misoginia na comunidade rock/emo.  

Desde o início do movimento, a cena rock — e especialmente a cena emo — sempre foi dominada por homens. A presença feminina muitas vezes foi limitada a papéis coadjuvantes; as mulheres foram vistas como musas inspiradoras ou, no melhor dos casos, fizeram apenas backing vocals para as bandas. E, quando uma mulher finalmente chega à linha de frente, os desafios começam. Hayley Williams, do Paramore, por exemplo, passou anos lidando com críticas que questionavam seu talento, com insinuações de que a banda só fez sucesso graças ao fator girl power. E quem se esquece do backlash que Avril Lavigne enfrentou, sendo constantemente acusada de não ser punk o suficiente?

Linkin Park
Foto: reprodução/NME

Agora, com o anúncio do Linkin Park, vemos esses mesmos padrões se repetirem. Nos fóruns de fãs, muitos comentários lamentam a mudança e entendem que ela é uma distorção da essência da banda, como se a introdução de uma voz feminina ameaçasse a autenticidade do grupo. Alguns chegam a alegar que o grupo  está se vendendo ao politicamente correto, como se a inclusão fosse apenas uma estratégia de marketing, e não uma legítima evolução artística. 

Mas será que essa resistência é realmente sobre o som da banda? Ou será que é o reflexo de um problema maior? A misoginia dentro da cena rock/emo não é um fenômeno novo. Historicamente, mulheres que ousam se destacar nesse universo enfrentam resistência e preconceito, enquanto homens raramente têm suas capacidades artísticas questionadas. Amy Lee, do Evanescence, enfrentou críticas por seu estilo e por destoar da cena metal. Joan Jett e outras pioneiras do rock tiveram que quebrar barreiras para serem vistas como mais do que uma novidade.

E por que isso acontece? Porque, para muitos, o rock ainda é visto como um clube do Bolinha. A presença feminina é motivo de desconfiança, como se as mulheres precisassem provar constantemente que têm o direito de estar ali. Além disso, há uma visão ultrapassada de que a rebeldia do rock é exclusivamente masculina — uma ideia que já deveria ter sido enterrada há tempos.

Linkin Park
Foto: reprodução/NME

A chegada de uma vocalista mulher ao Linkin Park é uma chance de repensarmos esses padrões. A banda, que sempre se destacou pela mistura de gêneros e pela habilidade de reinventar o próprio som, agora tem a oportunidade de mostrar que a verdadeira rebeldia está em desafiar expectativas e romper com tradições ultrapassadas. Quem sabe, com esse novo capítulo, a cena rock/emo não se torna mais inclusiva, diversa e, consequentemente, mais rica?

No fim das contas, o que está em jogo aqui é o futuro da cena musical. Será que estamos prontos para aceitar que o rock é um espaço para todos — independentemente de gênero? Talvez a verdadeira essência do rock esteja em abraçar a mudança, e não em temê-la. Porque, afinal, o que poderia ser mais rock’n’roll do que desafiar os padrões?

 

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Texto revisado por Jamille Penha

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