David Bowie, goblins e uma fantasia sombria que marcou gerações — quase 40 anos depois, Labirinto – A Magia do Tempo ainda tem um espaço especial na memória dos fãs e, pasmem, vai ganhar uma sequência
Se você cresceu nos anos 80, 90 ou até começo dos anos 2000, tem uma boa chance de Labirinto – A Magia do Tempo (Labyrinth, 1986) ter sido uma das aventuras mais fascinantes (e levemente assustadoras) da sua infância. E se nunca assistiu, calma que eu te explico por que esse filme, que flopou bonito nos cinemas, virou um dos maiores clássicos cult da fantasia. Agora, quase 40 anos depois, Hollywood decidiu ressuscitar essa história com uma continuação, reacendendo o fascínio por um mundo onde goblins, criaturas mágicas e um certo rei de collants apertados comandam o jogo.
Labirinto é aquele tipo de filme que não dá pra rotular. Tem aventura, musical, fantasia, um humor meio esquisito e um climão sombrio que faz você se perguntar: “Isso era mesmo pra crianças?”. Nos anos 80? Era sim. O filme foi dirigido pelo lendário Jim Henson (o cara dos Muppets) e produzido por ninguém menos que George Lucas (Star Wars, sabe?). No meio disso tudo, temos Sarah (Jennifer Connelly, com só 14 anos na época), uma adolescente que se vê presa num labirinto bizarro depois de desejar que seu irmãozinho fosse levado pelos goblins. O problema? O desejo se realiza, e o próprio Rei dos Duendes, Jareth, aparece para testar sua paciência e ver se ela consegue recuperar o bebê antes do tempo acabar. O que vem depois é um monte de desafios, criaturas malucas e um universo tão marcante que é impossível esquecer.
Mas vamos ser sinceros: por mais incrível que o visual do filme seja, a grande estrela aqui é David Bowie. Ele não só interpreta Jareth, mas também canta várias músicas da trilha sonora, incluindo Magic Dance — sim, aquela dos goblins dançando enquanto Bowie brilha no carisma. Jareth não é só um vilão qualquer. Ele tem uma presença que faz com que Sarah, e a gente, fiquem no meio do caminho entre o medo e a fascinação. É aquele personagem que só funciona porque Bowie não precisava se esforçar muito para parecer um ser de outro planeta. Ele já era.
E é aí que entra o dilema da sequência: como seguir sem Bowie? O filme original é redondinho, uma história sobre amadurecimento e autodescoberta. Sarah começa como uma adolescente mimada que não aguenta o irmão mais novo, mas conforme avança no labirinto e conhece aliados como Hoggle, Ludo e Sir Didymus, percebe que precisa crescer. No final, ela encara Jareth e entende que ele só tem poder sobre ela se ela permitir. É aquele tipo de mensagem que bate diferente quando você assiste de novo depois de adulto.
Só que, olhando com mais atenção, Labirinto também tem umas camadas que passaram batido na época. A relação entre Jareth e Sarah sempre gerou discussões. Tem gente que vê como uma metáfora sobre sedução e controle. Nos anos 80, isso não foi muito debatido, mas hoje, com um olhar mais crítico, dá pra perceber como o filme brinca com essa dinâmica. Jareth não é só um rei excêntrico — ele é manipulador e tenta convencer Sarah a ceder. Mas o roteiro deixa claro que quem tem o real poder é ela, e o final reforça a ideia de não se deixar levar por promessas vazias.
E já que estamos falando de ilusão, o visual do filme é um show à parte. Inspirado nas obras de M.C. Escher, Labirinto tem cenários que desafiam a lógica, tipo aquela sequência final cheia de escadas que vão pra todos os lados. E o melhor? Tudo feito sem CGI, só com truques práticos e perspectiva. Os bonecos animatrônicos da equipe de Jim Henson também são um espetáculo, desde as criaturas fofas como Ludo até aqueles Fireys bizarros que arrancam a própria cabeça (e traumatizaram muita gente).
Ah, e claro, o figurino! Se tem algo que Labirinto entregou além de uma história marcante, foram os looks icônicos. Jareth, com aquele cabelão loiro, maquiagem forte e casacos dramáticos, parece saído direto de um editorial de moda dos anos 80. Os collants colados viraram piada ao longo dos anos, mas fazem parte do charme bizarro do personagem. E não dá para esquecer o vestido de Sarah na cena do baile de máscaras — um verdadeiro conto de fadas em forma de figurino, só que num ambiente meio distorcido e hipnótico. O vestido representa exatamente isso: uma ilusão bonita, mas que precisa ser quebrada.
Agora, com a sequência anunciada, fica a pergunta: como reviver Labirinto sem Bowie? O que anda sendo divulgado por aí é que o filme pode trazer outro governante para o mundo dos goblins, e o nome de Tilda Swinton já foi jogado na roda. E, sinceramente, se tem alguém que pode capturar esse ar místico e andrógino, é ela.
Seja como for, Labirinto continua firme e forte na cultura pop. Seja pelos figurinos, pelas músicas, pelas mil teorias sobre seu significado ou só pelo fator nostalgia, esse filme nunca foi esquecido. E talvez seja isso que o torne tão especial. Não importa quantos anos passem, sempre vai ter alguém descobrindo essa história e se perguntando: “Será que eu teria coragem de atravessar esse labirinto?”.
E pra fechar, separei algumas curiosidades que talvez você não saiba:
- Jim Henson queria Michael Jackson no papel de Jareth, mas preferiu Bowie porque queria alguém com um ar mais misterioso e perigoso.
- Jennifer Connelly quase perdeu o papel porque o estúdio queria uma atriz mais velha, mas Henson insistiu que Sarah precisava ser adolescente.
- Os cenários foram construídos de verdade. Nada de CGI! Todas aquelas ilusões de ótica foram feitas com truques práticos.
- O bebê Toby era, na real, filho do designer de produção Brian Froud. Sim, aquele bebê fofo (e às vezes assustado) era um funcionário da família.
- A cena do baile de máscaras demorou semanas para ser filmada. A intenção era criar um sonho febril e meio surreal — e deu certo!
Se você nunca assistiu a Labirinto, talvez essa seja a hora de entrar nesse mundo maluco e mágico. E se já assistiu, bom… já sabe que esse filme tem um jeito de nos puxar de volta, como um verdadeiro feitiço.
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Texto revisado por Angela Maziero Santana