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Entrevista | Zoe X fala sobre sucesso, fandom e o lançamento da The Trevas Tour

Autora sensação do Dark Romance, Zoe X reflete sobre sua trajetória, a relação com os fãs “visceral e sincera” e os bastidores de sua primeira turnê literária

Zoe X chegou para transformar o dark romance nacional e agora está colhendo os frutos de uma trajetória que começou no Wattpad e hoje domina as livrarias. Em entrevista exclusiva, ela abriu o jogo sobre sua jornada, a conexão com seus leitores e a The Trevas Tour, que estreou em São Paulo em 22 de fevereiro e vai passar ainda por Salvador e Rio de Janeiro.

Com uma base de fãs gigantesca e super engajada, Zoe X virou fenômeno ao sair do digital e conquistar seu espaço no mercado editorial tradicional, depois de dominar o Kindle e conquistar um público fiel. Agora, seus livros estão nas prateleiras das principais livrarias do país, graças à parceria com a Faro Editorial. E a The Trevas Tour, sua primeira turnê literária, está rolando, não só celebrando o sucesso da autora, mas reforçando a relação incrível que ela tem com os leitores.

Com histórias intensas e personagens marcantes, Zoe X se consolidou como uma das maiores autoras do gênero no Brasil. E, com a tour bombando por onde passa, fica claro que essa é só a primeira de muitas fases dessa autora que ainda tem muito mais para escrever.

Entretizei: Como e quando você começou a escrever no Wattpad? Você já imaginava seguir essa trajetória como autora?”

Zoe X: Eu descobri o Wattpad no final de 2016 e, ali, criei um perfil de Zoe. Fiz tudo do zero e comecei a escrever. Minha primeira história foi uma distopia, sem nenhuma pretensão, só queria ver se eu conseguia, se tinha talento, se conseguia chegar até lá e escrever bem. E deu certo. No ano seguinte, essa distopia ganhou o The Wattys, mesmo sem estar finalizada. Mas, a partir daí, decidi mudar meu foco e seguir pelo caminho do romance, porque eu sabia onde estava o público que eu queria alcançar.

E: E falando em Dark Romance, o que te atraiu no gênero e quais são os desafios que você enfrenta quando pensa em escrever, principalmente quando você começou? Agora você tira de letra, mas como foi para você entrar nesse universo?

Z: Em 2017, quando comecei a escrever, eu não sabia exatamente o que estava fazendo. Minha escrita sempre foi mais pesada, minha mão é mais pesada, e eu percebi que estava escrevendo um Dark Romance enquanto estava no processo. Foi aí que pensei: ‘Opa, preciso estudar sobre o gênero, entender para onde estou indo.’ Mas, ainda assim, gosto de brincar com limites. Quero levar o leitor a pensar: ‘Meu Deus, para onde isso está indo? Estou gostando, mas moralmente não é a coisa mais certa do mundo.’

Adoro explorar esses limites humanos, porque acredito que a ficção não tem o papel de ensinar nada, mas de provocar. Meus livros não são para ensinar, e são para maiores de idade por uma razão. Quando percebi que estava escrevendo Dark Romance, eu entendi: ‘É aqui o meu lugar.’ Minha escrita firme se encaixou nesse gênero e, até quando não escrevo Dark, o estilo acaba transparecendo. Foi um encontro inesperado – eu simplesmente acordei dentro desse universo e disse: ‘Opa, bom dia.’

Autora Zoe X
Foto: reprodução/Assessoria Zoe X

E: E como foi para você construir a identidade visual da Zoe X, separada da sua identidade pessoal, do seu CPF e da sua vida real?

Z: Hoje eu te falo que a Zoe sou eu, não há uma diferenciação. Eu não sou uma pessoa diferente; a Zoe é uma camada. O que eu escrevo é algo que muita gente entende, mas também tem quem julgue ou não goste, e tudo bem. O problema é quando me ofendem sem razão, claro, ninguém gosta disso. A forma de dividir minha vida pessoal do meu trabalho foi uma forma de proteger minha saúde mental e garantir um espaço para estar com minhas leitoras.

Minha relação com minhas leitoras é muito visceral e sincera. Desde a minha primeira Bienal, em 2018, aqui em São Paulo, eu decidi ir de cabeça. Minha mãe estava morrendo de medo, mas eu simplesmente peguei uma camisa, bordei o nome e fui. Todo mundo ficou se perguntando o que estava acontecendo, mas funcionou. Para minhas leitoras, funcionou. O resto não me importa. Eu sou para elas, e estou aqui para isso.

A identidade visual foi se aprimorando com o tempo, com o público, e hoje estamos mais organizados, com um visual que ficou bonitinho, mas, no fim das contas, a pessoa por trás da Zoe é a mesma. Não tem uma separação. Eu sou a mesma pessoa.

E: Sobre ‘The Trevas Tour’, que eu achei um trocadilho genial, como foi o processo para criar essa turnê? E o que você espera das próximas paradas?

Z: Para mim, a turnê é um espaço para essas trocas mais profundas, algo que a Bienal não consegue proporcionar totalmente, já que é um evento muito mais corrido. Eu sempre me preparo muito para as Bienais, porque, para mim, é importante dar atenção a cada leitora até a última delas ser abraçada, bem recebida. É um padrão de excelência que eu tenho com quem me acompanha. Mas, com a turnê, a ideia é que, ao invés de ser um único encontro corrido, eu consiga passar mais tempo com elas, poder conversar, trocar mais experiências, sem a pressa de assinar e tirar foto. Isso também me permite entender ainda mais o que elas pensam e o que esperam da minha escrita.

Quando surgiram as possibilidades de estender a turnê para outras cidades, foi um momento muito especial. Muitas leitoras que não conseguiam vir para as Bienais agora têm a oportunidade de me ver de perto, e isso é mágico. Eu tenho uma leitora de Salvador que me mandou uma mensagem dizendo que me acompanha desde 2017, desde o Wattpad, e hoje, em 2025, finalmente pode me conhecer pessoalmente. São momentos como esses que me fazem ver o quanto essa turnê está sendo importante, porque não é só sobre os livros, mas sobre a conexão com as leitoras. A ideia de ir para mais lugares e conseguir chegar mais perto delas, num espaço mais íntimo, é algo que realmente precisava acontecer.

E: E Como foi para você sair das plataformas online, como a Amazon, para lançar um livro com uma editora? Como está sendo essa transição e o que você está sentindo vendo essa possibilidade de trabalhar com uma editora? Já houve propostas antes, certo?

Z: Sim, já houve algumas propostas antes, mas eu nunca me senti segura o suficiente para dar esse passo. Sempre pensei em entrar no mercado tradicional, mas, ao mesmo tempo, sentia que, do jeito que eu aparecia, não ia encontrar meu espaço ali. Então, eu decidi me recolher e focar no que eu estava fazendo, porque estava bem onde estava. Quando o Alexandre, meu agente, e a Faro começaram a conversar, eu tinha algumas condições claras. Eu queria saber: se eu fosse para uma editora, como isso afetaria o que eu já estava construindo com as minhas leitoras?

Sempre fiz tudo de forma independente – vendo meus livros com uma equipe que é muito boa e exigente. Então, quando comecei a considerar a editora, queria garantir que não perderia o que já havia conquistado. A conversa com a Faro  foi muito aberta e honesta. Eles estavam dispostos a adaptar o processo ao meu jeito de trabalhar e a parceria começou a fazer sentido porque se mostraram dispostos a trabalhar juntos.

Eu não queria trabalhar para alguém que simplesmente pegasse o meu livro e dissesse: ‘Se vira’. Eu queria alguém que chegasse junto, me desse a mão e dissesse: ‘Vamos fazer isso juntos’. Foi assim que a parceria começou a fazer sentido para mim.

E: Como foi a experiência com Amor Profano? Você escreveu ele de forma rápida, certo? Pode contar um pouco sobre isso?

Z: Amor Profano foi escrito muito rápido, em menos de 30 dias. É um livro mais denso, um tabu gigante, mas com toques de comédia romântica, misturando fantasia e brincadeiras com a relação da menina mais jovem e um cara mais velho. A ideia inicial era criar algo leve para as leitoras que não podiam ir à Bienal, mas que queriam ter algo da Zoe para ler durante esse tempo.

Quando a editora escolheu esse livro, foi ótimo, porque eu já tinha o material pronto e não precisei começar do zero. A recepção foi excelente entre minhas leitoras e o marketing foi bem planejado. Então, apesar da espera de 9 anos pela editora, foi a combinação perfeita: no lugar certo, na hora certa.

Livro de Zoe X nas livrarias
Foto: reprodução/Instagram @autorazoex

E: Com a editora Faro abrindo portas para você, tem algum outro projeto já em andamento com eles? Ou, por enquanto, você está focada na tour, deixando isso para depois?

Z: Eu sou super focada e tenho muitas tarefas ao mesmo tempo. Não posso negar que ainda estou em conversas com a Faro, mas também tenho o mercado independente para alimentar e, claro, a tour que está rolando agora. Eu acordo super cedo, como hoje, e vou até tarde, trabalhando em várias frentes. Tem muita coisa acontecendo nos bastidores, mas por enquanto, o foco está na tour. A gente está cuidando de cada detalhe, até mesmo pensando no que levar para as próximas cidades, porque queremos que a experiência seja incrível para todas as leitoras.

E: E sobre o mercado independente, tem algum spoiler para dar do próximo livro? O que vem por aí?

Z: Eu posso adiantar, com muito carinho, que o próximo projeto é um reconto. No ano passado, lancei um livro que eu amei, e este ano vou voltar às minhas raízes com um novo reconto. Não posso revelar muito ainda, mas posso garantir que não vai demorar muito para sair. E, para quem já estava se perguntando, não será na mesma metodologia do último projeto.

E: Você escreve há um bom tempo e tem uma bagagem enorme. Se você pudesse voltar no tempo e conversar com a Zoe do início da carreira, o que diria a ela?”

Z: Eu diria para ela ter cuidado com o medo, porque ele paralisa. Também falaria para cuidar mais da sua carreira e não tentar ajudar todo mundo ao mesmo tempo. Às vezes, a gente foca tanto em ajudar os outros que acaba deixando o nosso próprio caminho de lado. Outro conselho seria tratar a escrita e o mercado literário de forma profissional, não parar nunca e seguir firme no propósito. O mundo pode até te dar uma atenção negativa, mas se você tem um propósito, não pode parar, porque sempre vai haver pessoas que se conectam com o que você faz. A mensagem mais importante seria essa: não tenha medo, cuide do que é seu, siga em frente e não pare.

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Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho

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