Explorando fronteiras culturais e narrativas diversas, essas talentosas diretoras nipo-brasileiras estão deixando sua marca na arte contemporânea
Enquanto as mulheres (ainda) não são maioria em posições de liderança e direção no mundo das artes, que tal falar de representatividade e força feminina ao mesmo tempo? Então vem conhecer cinco diretoras nipo-brasileiras que estão arrasando no audiovisual e no teatro brasileiro. Confira!
1. Tizuka Yamasaki
A renomada diretora Tizuka Yamasaki é filha de imigrantes japoneses e se formou em Cinema no Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Em 1980, lançou seu primeiro longa-metragem, Gaijin – Os Caminhos da Liberdade. O filme, que aborda a saga de uma família de imigrantes japoneses no Brasil, conquistou o público e a crítica. Por isso, recebeu diversos prêmios em festivais como o de Cannes e de Gramado.
Ao longo de sua carreira, Tizuka dirigiu outros filmes aclamados, como Parahyba Mulher Macho (1983), que retrata a história de uma mulher revolucionária do início do século XX, no Nordeste do Brasil. Do mesmo modo, dirigiu e roteirizou Gaijin 2 – Ama-me como Sou (2005), sequência do seu filme de estreia, explorando novos desafios enfrentados pelos descendentes de japoneses no Brasil e, agora, também no Japão.
Além do cinema, a premiada cineasta também trabalhou na televisão, dirigindo séries e minisséries notáveis, como O Pagador de Promessas (1988) e Amazônia (1992). Para esse ano, no auge de sua experiência, vai lançar o programa Mulheres Asiáticas no Canal E!, que será veiculado em toda a América Latina e terá como apresentadora a atriz nikkei Jacqueline Sato. Serão duas convidadas por episódio, compartilhando suas experiências e desafios sobre o que é ser amarela no Brasil.
Quer saber mais sobre a cineasta? Assista à entrevista dela no Us Podcast:
2. Inara Chayamiti
A jornalista e documentarista Inara Chayamiti é brasileira e bisneta de japoneses. Os filmes que dirige são retratos de pessoas, cada uma com a sua própria narrativa. Com sua sensibilidade ímpar, ela traz uma visão intimista e autêntica para suas produções, capturando a essência das experiências humanas com maestria.
Seu trabalho abrange uma variedade de temas, desde questões de identidade e pertencimento até reflexões sobre diversidade. Nesse sentido, dirigiu o curta Yzalú – Rap, Feminismo e Negritude (2017), a fim de contar a história da rapper negra Yzalú, que encontrou na música um instrumento de combate ao racismo, machismo e classismo. Com um estilo visual arrebatador e uma narrativa envolvente, Inara conquistou reconhecimento e premiações em festivais de cinema nacionais e internacionais.
Da mesma forma, criou e dirigiu o documentário Onde as Ondas Quebram (2023), uma busca pessoal por sua identidade fragmentada enquanto vai unindo pedaços da história de sua família, marcada por duas diásporas entre lados opostos do mundo: Brasil e Japão. No longa, por meio do relato de parentes e de pesquisa documental, a diretora investiga seu passado com o propósito de refletir sobre sua brasilidade e ancestralidade japonesa, culminando num filme pessoal mas ao mesmo tempo muito familiar a vários nipo-brasileiros.
Confira o trailer de Onde as Ondas Quebram, que está em circuito de pré-lançamento:
3. Keila Fuke
Keila Fuke é diretora e atriz, além de ser coreógrafa e preparadora de elenco. Isso porque é bacharel em Educação Artística, com licenciatura em Artes Cênicas, bem como pós-graduada em Dança Clássica e também em Teatro. Seu trabalho holístico no mundo da arte permite que produza trabalhos ricos e multifacetados.
Como diretora, juntamente com Thiago Gimenes, comandou os musicais da Fundação Lia Maria Aguiar: A Princesinha (2013) e Uma Luz Cor de Luar (2013), que, aliás, ganhou o prêmio Arte Qualidade Brasil de Melhor Musical Infantil. Ela também dirigiu Gran Circo Romanni (2017) e foi diretora de movimento dos musicais Enlace – A Loja do Ourives (2012) e As Damas de Paus (2014).
Além disso, Keila já participou de várias produções como atriz na televisão, a exemplo das séries As Five (2020), do Globoplay, e Vade Retro (2017), da Globo. Anteriormente, marcou presença nessa emissora em Belíssima (2005) e tem atuado também no cinema, em curtas como Namidá (2022), Batchan (2013) e They (2020). Inclusive, nessas duas últimas produções, a diretora contracenou com a atriz nikkei Ana Hikari.
Confira na íntegra o espetáculo Uma Luz Cor de Luar, dirigido por Keila:
4. Miwa Yanagizawa
Paulista e filha de japoneses, Miwa Yanagizawa é formada em Artes Cênicas e começou sua carreira no teatro, sua grande paixão. Com vasta experiência tanto no elenco quanto na direção, já liderou diversas peças, a exemplo de Nastácia (2019), Nada (2012), Breu (2011), e tantas outras. Seu espetáculo mais recente foi Eu Capitu (2023), que, em resumo, fala sobre família, relacionamento e gênero.
Só para ilustrar o talento da diretora nipo-brasileira no teatro, é importante destacar que Miwa já recebeu o Prêmio APTR, da Associação de Produtores de Teatro, em 2019, na categoria de Melhor Direção pelo espetáculo Nastácia, baseada na obra O Idiota, de Dostoiévski. Logo após, em 2022, foi novamente premiada pela APTR por seu trabalho à frente de Em Nome da Mãe.
Na televisão, estreou no papel de protagonista da minissérie Filhos do Sol (1991), da rede Manchete, e, desde então, sua participação como atriz em novelas e séries não parou mais. Dentre as produções mais recentes, ela fez Cara e Coragem (2022) e Sob Pressão (2021), da Globo, Sentença (2022), da Amazon, Sessão de Terapia (2021), do Globoplay, e Spectros (2020), da Netflix.
Conheça Miwa neste episódio de BRASILEIROS, série criada pela atriz nipo-brasileira Bruna Aiiso:
5. Roberta Takamatsu
Diretora e roteirista, Roberta Takamatsu é jornalista de formação e tem mestrado em Literatura. Também é crítica de cinema, ensaísta e pesquisadora, ressaltando a abordagem abrangente e complexa que dá aos seus trabalhos.
Ela foi a primeira pessoa a dirigir uma série para a televisão em Londrina (PR), ao comandar o programa infantil Brincando com a Ciência (2017), da TV Cultura. Além disso, foi responsável pelo roteiro do seriado Super Família (2019), da mesma emissora. A série mostra os desafios de uma turminha de crianças quando o assunto é convivência familiar e, ao mesmo tempo, retrata a amizade que têm entre si.
Em 2018 criou a sua produtora Filmes com Saquê, responsável pelo curta Pequenos Delitos (2019), do qual ela foi roteirista. Também escreveu o longa Passagem Secreta (2021), que conta a história de uma jovem obrigada a se mudar sozinha para uma cidade do interior, onde descobre segredos sobre a própria identidade. Seu trabalho mais recente como diretora foi Pés que Sangram (2022), em que duas irmãs revivem momentos de família ocorridos na modesta chácara em que cresceram e onde o pai foi enterrado.
Assista ao teaser de Pés que Sangram:
Elas comandam e representam!
Viu só? Por meio de suas obras e seu trabalho, essas cinco diretoras nipo-brasileiras têm contribuído para a verdadeira representatividade e diversidade no cinema, no teatro e nas artes como um todo. E, assim, suas narrativas transcendem fronteiras culturais, deixando um legado importante no cenário cultural brasileiro.
Quais dessas diretoras maravilhosas você já conhecia? Conta pra gente! E segue o Entretetizei no Instagram, Twitter e Facebook pra ficar por dentro de outras matérias sobre cinema, teatro e outras artes!
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*Crédito da imagem de destaque: Entretetizei