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Imagem: reprodução/Nelson di Rago/Globo

Beatriz Segall e A Travessia da Terra Vermelha: quando a arte encontra a memória

Aos 90 anos, atriz participou de leitura sobre refugiados do nazismo e mostrou que sua voz ia muito além da teledramaturgia

Imagem: reprodução/Nelson di Rago/Globo

Em 2017, Beatriz Segall subiu ao palco da Livraria Cultura, em São Paulo, para dar voz a uma história que não era sua — mas que poderia ser de qualquer um. Longe dos holofotes da teledramaturgia, que a eternizou como Odete Roitman, a atriz protagonizou um momento delicado e poderoso: a leitura dramática do livro A Travessia da Terra Vermelha (2007), do jornalista e escritor Lucius de Mello, sobre a saga de refugiados judeus que escaparam do nazismo e encontraram no Brasil a chance de um recomeço.

Ali, diante de uma plateia emocionada, Beatriz deu vida às memórias de famílias marcadas pela guerra, pela fuga, pelo silêncio e pela reconstrução. Era um outro tipo de atuação — não para o entretenimento, mas para a lembrança. Um gesto artístico com força política, que reafirmava sua sensibilidade e seu compromisso com causas humanitárias.

Imagem: reprodução/Luly Zonta

O nazismo foi uma coisa tão extraordinariamente trágica, que você não pode deixar de se manifestar sempre que surge uma oportunidade”, declarou a atriz, consciente do impacto de suas palavras e de sua presença. Sua participação no projeto foi um dos últimos trabalhos de sua carreira, encerrada pouco antes de sua morte, em 2018.

Segundo Lucius de Mello, o envolvimento de Beatriz foi muito além da leitura em si. “Ela foi tocada por essa história que ainda não conhecia. Queria saber cada detalhe, perguntava sobre os personagens reais, se comovia com a dureza da vida dos refugiados. Nossos encontros eram emocionantes. Ela mergulhou nesse universo com a mesma intensidade que levou à sua carreira.”

Sobre a obra

O livro, publicado pela Editora Nacional, reconta a saga de famílias judaicas que fugiram da Europa durante o Terceiro Reich e se estabeleceram no sertão do Paraná, enfrentando o desafio de adaptar-se a uma nova cultura, uma nova língua e uma vida rural, muitas vezes solitária e dura. Em meio ao exílio, um velho rádio era o elo com o mundo e com a guerra que ainda continuava lá fora.

A leitura de Beatriz deu origem a um documentário, que pode ser assistido aqui, e segue emocionando os espectadores. É um registro raro de uma atriz veterana que escolheu, já no fim da vida, usar sua voz para preservar a memória — e lembrar ao público que o horror não pode ser esquecido.

Neste momento em que Odete Roitman volta a ser assunto, com uma nova versão da personagem chegando à televisão, é inevitável relembrar Beatriz Segall. Mas, mais do que a vilã imortalizada em Vale Tudo, ela foi uma artista que entendeu a força da arte como instrumento de transformação. Uma mulher que usou sua voz não apenas para interpretar, mas para contar — e resgatar — histórias que o tempo não pode apagar.

Remake de Vale Tudo

A nova versão da novela estreia na Rede Globo na próxima segunda (31), na faixa das 21h, e a icônica vilã será interpretada por Débora Bloch.

Imagem: reprodução/TV Globo

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Texto revisado por Layanne Rezende

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