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Foto: reprodução/AdoroCinema

Cinema brasileiro sem legendas: por que ainda excluímos quem tem deficiência auditiva?

Filmes nacionais sem legendas são um obstáculo para milhões de brasileiros; é hora de tornar o cinema realmente acessível

Se você já foi ao cinema no Brasil, provavelmente notou que a maioria dos filmes nacionais não tem legendas. É até comum a gente reclamar disso quando o som não está lá essas coisas. Mas e para quem tem deficiência auditiva? A exclusão é gigantesca. 

Em um país onde a acessibilidade é sempre deixada para depois, isso é mais um exemplo de como ainda temos um longo caminho para tornar o cinema realmente inclusivo. E, convenhamos, o momento para isso agora seria perfeito, já que temos produções como Ainda Estou Aqui (2024), O Auto da Compadecida 2 (2024) e Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa (2025) em cartaz.

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Foto: reprodução/Alile Dara Onawale
Um público ignorado

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – dados de 2022 –, mais de 10 milhões de brasileiros têm algum grau de deficiência auditiva. Isso é muita gente! Mas, mesmo assim, as salas de cinema não oferecem legendas nos filmes nacionais para esse público. E o mais irônico? Muitos filmes estrangeiros vêm legendados, mas a nossa própria produção fica inacessível para uma parcela enorme da população.

O que custa colocar uma legenda? Além de facilitar para quem tem deficiência auditiva, ainda ajudaria quem não entende direito alguns diálogos por causa de falhas de som ou sotaques regionais. Seria um win-win total, mas a desculpa sempre gira em torno de custos e logística.

O impacto na cultura e na inclusão

Filmes brasileiros refletem nossa cultura, nossos sotaques, nossas histórias. Eles ajudam a criar um senso de identidade, mas como é que as pessoas surdas ou com deficiência auditiva vão se conectar com isso se elas sequer conseguem assistir? Sem legendas, é como se dissessem que elas não são parte do público-alvo.

Isso também impacta diretamente a representatividade. Não adianta fazermos filmes que discutem inclusão, diversidade e acessibilidade se o próprio acesso a esses filmes é restrito. É como pregar algo que a indústria não pratica.

Soluções existem, falta é vontade

Outros países já avançaram muito nesse quesito. Em lugares como os Estados Unidos e o Reino Unido, há sessões específicas com legendas, além de opções para todos os públicos. No Brasil, iniciativas como o uso de aplicativos de acessibilidade existem, mas ainda são pouco divulgadas e mal implementadas.

O ideal seria que todas as exibições tivessem legendas opcionais, sem depender de um aplicativo ou de eventos pontuais. E, claro, isso não vale só para cinema. Plataformas de streaming, que já dominam o mercado, também têm um papel fundamental. A legenda tem que ser padrão, não exceção.

Pressão do público pode fazer a diferença

Se o mercado não se mexe sozinho, cabe a nós, como público, cobrar essa mudança. Afinal, o cinema é um reflexo da sociedade, e é mais do que hora de refletirmos sobre a inclusão de verdade. Boicotes, petições e campanhas em redes sociais têm poder, e talvez seja isso que a indústria precisa para finalmente entender a importância de tornar o cinema acessível para todos.

Afinal, o cinema brasileiro já enfrenta tantos desafios para atrair o público… Será que deixar milhões de pessoas de fora faz algum sentido?

 

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Leia também: Opinião | Cinema, viralatismo, Ainda Estou Aqui e representatividade

 

Texto revisado por Bells Pontes

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