Autora de A Vegetariana é aclamada por sua prosa sensível e envolvente, explorando temas de identidade, violência e memória
O mundo literário está em festa e a Coreia do Sul, mais ainda! Han Kang, autora que já vinha chamando a atenção há anos, acaba de levar o Prêmio Nobel de Literatura de 2024. E, se você já leu algum dos livros dela, como A Vegetariana (2007) ou Atos Humanos (2014), sabe que isso era só questão de tempo.
Han Kang é mestra em nos fazer refletir sobre as profundezas da alma humana e, agora, com esse reconhecimento, sua voz ecoa ainda mais longe.
Quem é Han Kang?
Nascida em Gwangju, em 1970, Han Kang cresceu em uma família de escritores — o pai dela, Han Seung-won, também é um nome importante na literatura coreana. Desde pequena, as palavras faziam parte do seu mundo, e isso claramente ajudou a moldar seu talento.
Ela estudou literatura coreana na Universidade Yonsei e, ao longo dos anos, construiu uma carreira sólida, explorando temas que vão desde violência e trauma até as complexidades das relações humanas.
Han Kang ganhou destaque no cenário internacional com A Vegetariana, um livro que começa de um jeito simples — uma mulher que decide parar de comer carne —, mas logo vira uma jornada profunda sobre identidade, liberdade e controle. A escrita dela mistura beleza e brutalidade, nos fazendo encarar o lado mais sombrio e, ao mesmo tempo, frágil da vida.
O caminho até o Nobel
Embora já fosse apontada como uma forte candidata há alguns anos, a vitória de Han Kang no Nobel de 2024 pegou muita gente de surpresa, especialmente porque é a primeira vez que uma autora sul-coreana leva o prêmio. Esse reconhecimento reforça o quanto a literatura asiática está crescendo no cenário global e como vozes como a dela são cada vez mais importantes.
Seus livros, traduzidos para várias línguas, sempre provocaram reações intensas, tanto do público quanto da crítica. Han Kang tem uma habilidade incrível de transformar histórias simples em verdadeiras explosões de significado, tocando fundo em questões universais.
Atos Humanos, por exemplo, fala sobre o Massacre de Gwangju, um evento trágico que ela viveu de perto, já que cresceu na cidade. O livro é uma reflexão sobre luto, dor e como a violência do Estado afeta a vida de todos os envolvidos.
O impacto de sua obra
Han Kang fala muito sobre o corpo — tanto física quanto metaforicamente. Em A Vegetariana, o corpo da protagonista vira um campo de batalha, enquanto, em Atos Humanos, ela fala sobre corpos dilacerados pela violência, mas também sobre os efeitos psicológicos em quem sobrevive. Seus textos exploram temas de gênero, identidade e a eterna luta entre o indivíduo e as expectativas da sociedade.
Ela consegue nos fazer olhar para lugares que muitas vezes preferimos ignorar. Sua escrita é visceral, nos atinge com uma força que poucos autores conseguem. Cada página parece nos puxar para um lugar de desconforto, mas também de profunda reflexão.
Agora que Han Kang tem o Nobel, é difícil prever o que vem a seguir, mas é certo que o mundo estará de olhos bem abertos para acompanhar seus próximos passos. Sua vitória é um marco não só para a literatura coreana, mas para todos os escritores que têm algo a dizer sobre as feridas e complexidades da vida.
Se você ainda não leu Han Kang, essa é a hora de mergulhar em sua obra. Sua escrita é um convite para entrar nas profundezas da condição humana, e acredite, você não vai sair o mesmo depois de viver suas histórias. Agora, com o Nobel na bagagem, sua influência só tende a crescer.
Han Kang está aí para lembrar que a literatura ainda pode nos transformar. E a gente só tem a agradecer.
Você já conhecia a Han Kang? Conte pra gente e nos siga nas redes sociais do Entretetizei — Facebook, Instagram e Bluesky — para mais novidades sobre a cultura asiática.
Leia também: Exposição no Centro Cultural Coreano traz caricaturas de ícones brasileiros por artista sul-coreana
Texto revisado por Bells Pontes