Crítica: Belle é uma releitura reflexiva de A Bela e a Fera

A animação japonesa será lançada nos cinemas dia 27 de janeiro

Belle é uma animação nipo-francesa que estreou em dezembro de 2021 na França e no Japão. Desse modo, a produção, livremente inspirada no clássico A Bela e a Fera, teve uma boa recepção do público, sendo o terceiro filme de maior bilheteria do Japão em 2021. Além disso, o anime também recebeu aclamação no Festival de Cannes, visto que recebeu aplausos durante 14 minutos. 

O responsável pela direção e pelo roteiro é Mamoru Hosoda, cineasta que tem uma vasta experiência em animações. Em Belle, o diretor foi exitoso ao construir uma narrativa instigante e moderna, sem deixar de lado a essência do conto francês La Belle et la Bête (A Bela e a Fera) da autora Jeanne-Marie Leprince de Beaumont

Premissa da obra

Em Belle, nós conhecemos Suzu, uma adolescente solitária que enfrenta um trauma do passado. Ela não tem muitos amigos, é tímida e tem problemas de relacionamento com o pai. Contudo, tudo muda quando a jovem instala um aplicativo de realidade aumentada em seu smartphone, denominado U. Trata-se de uma experiência imersiva, na qual os usuários recebem uma nova identidade e podem viver inúmeras aventuras em um universo fantástico

Em U, as pessoas podem ser o que quiserem. Personagens míticos, multimilionários, estrelas da música e até monstros. Ao entrar no jogo, cada indivíduo recebe um avatar, construído de acordo com as suas características biométricas. Ou seja, todos são únicos. Agora, Suzu não é mais uma garota introspectiva e sozinha, mas uma cantora de sucesso com milhares de fãs. Mas U não é totalmente perfeito, já que uma besta perturba a paz da população.

Roteiro

É de conhecimento geral que A Bela e a Fera possui diversas adaptações, e algumas delas ganharam um carinho profundo do público. Sendo assim, criar algo novo de uma história que já está cristalizada no subconsciente do telespectador pode ser um desafio. No entanto, Belle alcança tal feito de uma forma surpreendente e cativante

O frescor que o roteiro traz é inegável, mas ele nunca abandona os atributos que fazem do conto original tão memorável. A busca pelo autoconhecimento, a falta de pertencimento e a crítica à superficialidade das aparências, são os aspectos que o filme resgata da história já conhecida. 

Portanto, ao assistir o anime, conseguimos reconhecer a narrativa sensível, reflexiva e bem amarrada. O filme permite, porém, que outros temas, de igual importância, sejam colocados à luz. Discussões sobre relacionamentos familiares, violência doméstica, depressão e a falsidade das redes sociais surgem com força no filme. Por fim, Belle é uma animação que traduz os principais problemas da sociedade atual, de uma forma gentil e delicada. 

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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