Filme de estreia da diretora sul-coreana Celine Song foi indicado a melhor filme no Oscar 2024
Vidas Passadas (2023) conta a história de Nora e Hae Sung. Os dois se conhecem desde a infância na Coreia do Sul e nutrem sentimentos de cuidado, cumplicidade, amizade e amor um pelo outro. Mas aos 12 anos de idade acabam se separando, quando os pais de Nora se mudam para os Estados Unidos.
“Há uma palavra em coreano… in-yun. Significa providência ou destino. Mas é especificamente sobre relacionamentos entre pessoas. Acho que vem do budismo e da reencarnação. É in-yun se dois estranhos passam um pelo outro na rua e suas roupas roçam por acidente. Isso significa que deve haver algo entre eles em suas vidas passadas.”
Com essa premissa, a protagonista explica, mesmo sem ter certeza se acredita, sobre conexões passadas entre pessoas. Segundo o conceito, sendo elas coincidências ou não, talvez tudo tenha um motivo, e a vida seja feita das vidas que não vivemos.
A obra de estreia da diretora Celine Song mostra um plano sensível e simbólico sobre a vida e suas reflexões, de acordo com o qual percebemos que décadas podem se passar, mas, quando um sentimento realmente importa, não será esquecido com facilidade, e as escolhas que tomamos ao longo dos anos podem ter um impacto positivo ou negativo nesse recorte temporal.
Não existem questões rasas quando falamos sobre nossas vidas
Durante o longa, nos deparamos com questionamentos enfrentados pelos personagens, enquanto Nora e Hae Sung se perguntam: como seria se tivéssemos ficado juntos? E se eu não tivesse ido embora? Acompanhamos os dois refletindo se seriam o in-yun um do outro, em especial quando acabam se reencontrando pessoalmente em Nova York, mais de 20 anos após a despedida na Coreia.
Arthur, marido de Nora, é responsável por ilustrar uma das cenas mais lindas do filme, e também uma das mais cheias de dúvidas, quando diz que ela fala em coreano enquanto dorme, e lamenta ao dizer que a amada “sonha em uma língua que ele jamais vai entender”.
Na obra, ele não é retratado como vilão. Na realidade, não existem vilões nessa história, e ele mostra que é possível acolher com afeto o passado da esposa, mesmo que sinta medo dos sentimentos que ela pode ter pelo amigo de infância.
Vidas Passadas nos faz lembrar da intimidade de diálogos sinceros como no filme Antes do Amanhecer (1995), com falas marcantes e reflexivas dos personagens. Além disso, a atuação de Greta Lee, Teo Yoo e John Magaro transparecem afeto e cuidado, sentimentos que são nutridos mesmo diante do medo ou da incerteza.
Sobra ao espectador refletir sobre o tempo e as escolhas que fazemos durante a vida, já que tomar uma decisão significa não seguir por outros possíveis caminhos, e é preciso abrir mão da dúvida e seguir em frente, como disse a autora Min Jin Lee: “A vida faz você pagar… Todo mundo paga por alguma coisa”.
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Texto revisado por Michelle Morikawa