John Hughes
Foto: Reprodução/Regionex

De Clube dos Cinco a Esqueceram de Mim: relembre as melhores obras de John Hughes

Uma matéria nostálgica pra quem curte os clássicos do cineasta

Se você é um amante dos anos 1980, com certeza já assistiu alguns clássicos como Curtindo a Vida Adoidado (1986), Clube dos Cinco (1985) e Esqueceram de Mim (1990), mas você sabe o que esses filmes têm em comum? Todos eles tiveram uma mãozinha do aclamado cineasta John Hughes. Suas obras, que são vistas como referência dentro do universo cinematográfico, trazem temas — em especial, um olhar sensível acerca da juventude — que seguem interessando muitas pessoas até os dias de hoje.

Antes de tudo, é importante frisar que, mesmo enquanto clássicos, muitos de seus filmes servem como pautas para discussão de algumas questões um tanto quanto problemáticas presentes em suas narrativas. Quem se lembra, por exemplo, do estudante de intercâmbio estereotipado de modo preconceituoso em Gatinhas & Gatões (1984), ou então das falas machistas de John Bender em Clube dos Cinco (1985)?

No entanto, é preciso levar em conta que seus filmes não passam de produtos de suas respectivas épocas, já que, no contexto dos anos 1980, discussões como racismo, sexismo e xenofobia não possuíam tanta visibilidade dentro do cinema — principalmente, o norte-americano.

Pensando nisso, o Entretê preparou uma matéria especial relembrando um pouco da trajetória do diretor e suas principais obras, sem querer romantizar alguns elementos que nitidamente envelheceram mal em suas histórias — que, cá entre nós, não podem passar despercebidos nos dias de hoje.

 

Vida pessoal 

John Hughes
Foto: Reprodução/Consequence

Produtor, cineasta e roteirista, John Wilden Hughes Jr. nasceu em 18 de fevereiro de 1950 no estado de Michigan, nos Estados Unidos, mas foi quando se mudou para Chicago que sua vida começou a mudar. Sua carreira de diretor de cinema adolescente começou a ser traçada logo cedo, quando, em sua própria juventude, John — que era considerado um jovem nerd, tímido e quieto — começou a criar milhares de histórias que futuramente serviriam como base para os seus maiores sucessos. Foi devido ao seu olhar que compreendia o lado dessa fase da vida, acolhia e respeitava o sentimento de milhares de jovens, que as obras de Hughes se tornaram famosas e grandes referências em diversas obras futuras. 

Posteriormente, Chicago, que serviria como cenário para a maioria de suas produções, também foi onde o cineasta conheceu Nancy Ludwig, líder de torcida e também sua futura esposa. Ele se casou aos 20 anos com Nancy e o casal teve dois filhos: John Hughes III e James Hughes. O casamento durou até agosto de 2009, sendo interrompido apenas pelo falecimento de John aos 59 anos, devido a um ataque cardíaco. 

 

Obras do diretor em ordem cronológica:

 

Férias Frustradas (1983)

John Hughes
Foto: Reprodução/Meta Galaxia

Férias Frustradas — famoso filme do gênero comédia pastelão — narra as aventuras da família Griswold, que, de férias, resolve ir para Walley Park, um parque temático. O pai Clark (Chevy Chase), sua esposa Ellen (Beverly D’Angelo) e os filhos Audrey (Dana Barron) e Rusty (Anthony Michael Hall) pegam a longa estrada de Chicago até a Costa Oeste. Até os Griswold chegarem ao parque, muitas confusões das mais inesperadas acontecem.

Roteirizado por John Hughes, a ideia do filme nasceu através de um texto escrito em 1980, em que o roteirista falava sobre as férias de sua família. A obra foi um sucesso, ganhando três sequências (com atores diferentes), sendo elas: Férias Frustradas II (1985), Férias Frustradas de Natal (1989) e Férias Frustradas em Las Vegas (1997). 

Além disso, o filme também ganhou outra versão em 2015, onde, dessa vez, o filho Rusty é quem decide seguir os passos da família e organizar as suas férias. O remake segue a mesma premissa do original, onde há uma emboscada diferente a cada minuto. 

 

Gatinhas & Gatões (1984)

John Hughes
Foto: Reprodução/Blog Cine Online

 Gatinhas & Gatões, o filme que estrelou Molly Ringwald (a futura promessa dos filmes de John), Michael Schoeffling e Anthony Michael Hall (outro queridinho de suas obras), acompanha a jovem estudante Sam (Molly Ringwald), que vive um drama ao descobrir que sua irmã mais velha se casará no dia seguinte do seu tão esperado aniversário de 16 anos. 

Consequentemente, Sam precisa lidar com o pouco caso da família diante de sua data especial, enquanto sofre pela sua paixão platônica sem sucesso e com o nerd da escola pegando no seu pé. 

Primeiro filme dirigido por Hughes, a trama é a responsável pelo início da atmosfera que faria o seu nome ficar marcado na dramaturgia do cinema norte-americano: o foco no amadurecimento de personagens durante a juventude.

 

Clube dos Cinco (1985)

John Hughes
Foto: Reprodução/Sintoniza

Ganhando em disparada como uma das obras mais homenageadas dentro da cultura pop, Clube dos Cinco é um filme roteirizado e dirigido por John Hughes, que segue uma famosa premissa: personalidades fortes e distintas que se encontram e devem aprender a lidar com as suas diferenças. 

Seguindo a linha do título, a narrativa possui cinco personagens marcantes apresentados em um ambiente escolar, sendo eles: Brian Johnson (Anthony Michael Hall), o nerd, Claire Standish (Molly Ringwald), a patricinha, Andrew Clark (Emilio Estevez), o atleta, Allison Reynolds (Ally Sheedy), a esquisita, e John Bender (Judd Nelson), o rebelde. 

A história dos cinco se cruza diretamente em uma manhã de sábado, onde, em uma detenção escolar, se veem obrigados a escreverem uma redação contando o que pensam sobre si mesmos. Ao decorrer do dia, os jovens descobrem, ao compartilhar segredos e histórias pessoais, que não são tão diferentes uns dos outros quanto achavam. 

O filme ficou eternizado devido a sua maneira sensível de tratar temas delicados, trazendo personagens repletos de subtextos e diálogos fáceis de se identificar — seja você um adolescente preocupado com o futuro ou um adulto frustrado com a vida. Além disso, trouxe uma música característica que seria pra sempre lembrada no cinema: o sucesso Don’t You (Forget About Me) (1985), da banda Simple Minds.

 

Mulher Nota 1000 (1985)

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Foto: Reprodução/Plano Crítico

No filme Mulher Nota 1000, acompanhamos Gary Wallace (Anthony Michael Hall mais uma vez) e Wyatt Donnelly (IIan Mitchell-Smith), dois garotos desprezados pelas garotas e vítimas de bullying no colégio, que, inspirados pelo clássico filme Frankenstein (1931), decidem criar uma espécie de “amiga virtual”. 

Depois de invadir um sistema de computador do governo para obter mais energia, assim como qualquer ideia maluca de filme de ficção científica e comédia, o plano dos dois dá certo no momento em que uma onda de energia cria uma mulher virtual em carne e osso, inteligente e com poderes mágicos ilimitados, batizada por eles como Lisa.

Com Lisa no pedaço, os garotos desfrutam de uma nova popularidade, ao mesmo tempo em que aprendem uma lição de moral sobre autoestima e autoconfiança.

Dirigido e escrito por John Hughes, o enredo de Mulher Nota 1000 é digno de uma fanfic fantasiosa que com certeza já existiu na cabeça de milhares de adolescentes e demorou apenas 2 dias para ser escrita pelo roteirista.

 

Curtindo a Vida Adoidado (1986)

John Hughes
Foto: Reprodução/Uol

Divertido e nostálgico, Curtindo a Vida Adoidado — um clássico que aparece na lista de favoritos de muitas pessoas — foi dirigido e roteirizado por John Hughes, que, mais uma vez, provou a sua facilidade e genialidade com a escrita de roteiros leves, ao apresentar a ideia pronta em apenas alguns dias. 

Com uma história que ganhou o coração de adultos e adolescentes, no filme conhecemos o icônico — e bom mentiroso — Ferris Bueller (Matthew Broderick), que, após conseguir convencer seus pais de que está doente para conseguir matar aula do colégio, também convence o seu melhor amigo, Cameron (Alan Ruck), e sua namorada, Sloane (Mia Sara), a acompanhá-lo no que ele promete ser um dia que ficará marcado em suas vidas para sempre.

Com direito a uma performance de Twist and Shout (1963) capaz de parar uma avenida inteira, os amigos seguem a aventura por Chicago, ao mesmo tempo em que o diretor da escola (Jeffrey Jones), ao descobrir que foi enganado, busca furiosamente por Ferris.

O filme fica ainda mais divertido com a presença de um protagonista marcante, que, muitas vezes, utiliza a quebra da quarta parede, e pelo uso de referências a outras obras cinematográficas e musicais. 

 

A Garota de Rosa-Shocking (1986)

John Hughes
Foto: Reprodução/Medium

Uma comédia romântica teen, A Garota de Rosa-Shocking tem como personagem principal a última personagem de Hughes interpretada por Molly Ringwald: Andie Walsh. Diferente da patricinha Claire, de Clube dos Cinco, Ringwald, dessa vez, interpreta uma estudante de classe baixa que tem uma queda por Blane McDonough (Andrew McCarthy).

Apesar de ser uma trama voltada para adolescentes, o filme apresenta discussões importantes como as diferenças de classes e círculos sociais que giram em torno do relacionamento de Andie e Blane. Isso fica nítido ao mostrar cenas em que Andie e seu melhor amigo, Duckie (Jon Cryer) — que é secretamente apaixonado por ela —, viram alvo de bullying dos amigos de Blane, Benny (Kate Vernon) e Steff (James Spader), chamados de “riquinhos”.

O filme, roteirizado por John Hughes, foi baseado na música Pretty in Pink (1981), da banda Psychedelic Furs — canção preferida de Molly na época.

 

Antes Só do que Mal-Acompanhado (1987)

John Hughes
Foto: Reprodução/Apple Tv

Se John Hughes antes recebia críticas de alguns por sempre focar em histórias de amadurecimento e dilemas de personagens jovens em suas obras, tudo mudou, em 1987, com o lançamento de Antes Só do que Mal-Acompanhado. 

O filme — estrelado por Steve Martin e John Candy — possui uma narrativa divertida,  onde Neal Page (Steve Martin), um executivo, acaba enfrentando problemas com o seu voo para Chicago — que acaba aterrissando no estado de Kansas — no dia de Ação de Graças. Por conta do indesejado acontecimento, Neal acaba se esbarrando com o passageiro Del Griffith (John Candy), um vendedor exótico de alças para cortinas de chuveiro. 

Com personalidades completamente distintas, Neal, com o seu jeito sério e exibido, e Del, com seu jeito despojado e alegre, precisarão superar suas diferenças para que, enfim, possam conseguir chegar a Chicago e aproveitar o feriado especial junto de suas famílias. Essa troca entre personagens com características tão diferentes é o que torna o filme tão engraçado e especial. 

John Hughes foi o responsável pelo roteiro original e pela direção da obra — segundo trabalho em conjunto dos atores principais, que fizeram juntos, no ano anterior, o filme A Pequena Loja dos Horrores (1986)

 

Esqueceram de Mim (1990)

John Hughes
Foto: Reprodução/Dicas de Mulher

Nem todo mundo sabe, mas o clássico da Sessão da Tarde, recorde de bilheterias, Esqueceram de Mim, também foi roteirizado por John Hughes. A comédia natalina que tem como protagonista Kevin McCallister (Macaulay Culkin), uma criança de apenas 8 anos, nos mostra as emboscadas vividas pelo personagem quando, em pleno feriado de Natal, é esquecido sozinho pelos seus pais em sua casa em Chicago.

Enquanto os McCallister embarcam em uma viagem para Paris, Kevin é obrigado a enfrentar sozinho uma dupla de ladrões que pensam que a casa está sem ninguém. Somente no meio do caminho que sua família se dá conta do que fizeram, enfrentando desafios ao tentarem voltar em busca do caçula abandonado. 

Já nos primórdios da escrita da obra — que durou apenas 9 dias —, Hughes já imaginava Culkin no papel de Kevin, já que tinham trabalhado juntos em Quem Vê Cara Não Vê Coração, dirigido por ele em 1989. A parceria deu super certo, com uma indicação do ator ao Globo de Ouro. 

O filme ganhou mais três sequências, sendo essas: Esqueceram de Mim 2 – Perdido em Nova York (1992), Esqueceram de Mim 3 (1997) e Esqueceram de Mim 4 (2002), sendo as duas últimas sem a presença do ator de 1990. 

 

Filmografia completa:

A Reunião dos Alunos Loucos (1982) – Roteirista

Mr. Mom: Dona de Casa por Acaso (1983) – Roteirista

Férias Frustradas (1983) – Roteirista 

Gatinhas e Gatões (1984) – Diretor e roteirista

Clube dos Cinco (1985) – Diretor e roteirista 

Férias Frustradas II (1985) – Roteirista

Mulher Nota 1000 (1985) – Diretor e roteirista

A Garota de Rosa-Shocking – Roteirista

Curtindo a Vida Adoidado (1986) – Diretor e roteirista 

Alguém Muito Especial (1987) – Roteirista 

Antes Só do que Mal Acompanhado (1987) – Diretor e roteirista

Ela vai Ter um Bebê (1988) – Diretor e roteirista 

As Grandes Férias (1988) – Roteirista

Quem Vê Cara Não Vê Coração (1989) – Diretor e roteirista 

Férias Frustradas de Natal (1989) – Roteirista 

Esqueceram de Mim (1990) – Roteirista 

Construindo uma Carreira (1991) – Roteirista

De Volta pra Casa (1991) – Roteirista

A Malandrinha (1991) – Diretor

Beethoven, O Magnífico (1992) – Roteirista

Esqueceram de Mim 2 – Perdido em Nova York (1992) – Roteirista

Beethoven 2 (1993) – Roteirista

Dennis, o Pimentinha (1993)  – Roteirista

Ninguém Segura Esse Bebê (1994) – Roteirista

Milagre na Rua 34 (1994) – Roteirista

Os 101 Dálmatas (1996) – Roteirista

Flubber – Uma Invenção Desmiolada (1997) – Roteirista

Esqueceram de Mim 3 (1997) – Roteirista

Os Viajantes do Tempo (2001) – Roteirista

Encontro do Amor (2002) – Roteirista

Esqueceram de Mim 4 (2002) – Roteirista

Beethoven 5 (2003) – Roteirista

Meu nome é Taylor, Drillbit Taylor (2008) – Roteirista

 

E aí, gostou de conhecer um pouco mais sobre as obras do cineasta? Não esqueça de seguir o Entretê no Instagram e de nos contar qual obra é a sua favorita!

Leia também: Especial|Curtindo a Vida Adoidado: um clássico que marcou gerações

Texto revisado por Bells Pontes

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