Vamos explorar juntos a diversidade e a profundidade dos escritores indígenas, dando voz e visibilidade a seus talentos e contribuições!
Acessar riqueza da literatura indígena é mergulhar em narrativas ancestrais que ecoam séculos de história, tradição e sabedoria.
Pensando nisso, o Entretê apresenta uma seleção de cinco obras imperdíveis de escritores indígenas, um convite para adentrar universos literários genuínos e essenciais.
Ay Kakyri Tama: Eu Moro Na Cidade — Márcia Wayna Kambeba
Em Ay Kakyri Tama (eu moro na cidade, em tupi-kambeba) a autora constrói uma ponte entre sua origem indígena e a vida em Belém do Pará, apresentando a história de seu povo e sua luta em poesias e imagens repletas de emoção e verdade.
Márcia nos apresenta a cultura da etnia Omágua/Kambeba através do seu próprio olhar, através da sua poesia a escritora nos convida a desconstruir pré-conceitos enraizados em nossa sociedade quanto aos povos originários.
A Chave do Meu Sonho (ou como um parafuso frouxo me fez encontrar a chave e o sonho) — Daniel Munduruku
O livro é uma comemoração aos 25 anos de literatura do escritor, é da Nação Munduruku, formado em filosofia e mestre em Antropologia Social pela USP.
Na obra, Munduruku conta a história do terceiro filho do cacique, que cresce sem perspectiva de assumir o papel de líder político de seu pai, mas pensa em se tornar o líder espiritual de sua aldeia.
O jovem cresce vendo seus irmãos sendo treinados para a guerra, enquanto ele nasce com o destino apontado para o mundo dos pajés, o que pode ser uma bênção ou uma maldição.
Daniel nos transporta para uma trilha de sonhos e viagens em meio aos segredos e mistérios da existência de um jovem indígena em sua aldeia.
Canumã: a travessia — Ytanajé Coelho Cardoso
O romance de estreia de Ytanajé, que possui graduação em Letras e mestrado em Letras e Artes pela Universidade do Estado do Amazonas, além de doutorado em Educação pela Universidade Federal do Amazonas.
Aqui, somos apresentados ao momento delicado que vive seu povo que habita o rio Canumã, na região de Borba–AM na aldeia Kwatá.
Com a ameaça de extinção da língua Munduruku, o escritor foca na importância dos anciãos, que com suas mortes levam consigo conhecimentos ancestrais.
No livro, acompanhamos a luta por uma vida melhor da família Munduruku, que vive na aldeia Kwatá e precisa se mudar para a sede do município, mas antes que possam sair de sua aldeia, ouvem histórias de anciões, aqueles que são os verdadeiros narradores das histórias da aldeia.
“Ester Cardoso, moradora do rio Canumã e que celebrou 100 anos de vida na semana passada, é uma das poucas a falar a língua de sua tribo no Amazonas. Tudo isso tem se perdido ao longo do tempo e não tem sido documento como deveria”, conta o autor.
Pequenas Guerreiras — Yaguarê Yamã
Ozias Glória de Oliveira Yaguarê Yamã é escritor, ilustrador, professor e líder indígena. Nasceu no estado do Amazonas e é filho do povo maraguá e descendente do povo sateré-mawé.
Formou-se em Geografia pela Universidade de Santo Amaro — UNISA, em São Paulo, onde lecionou no ensino público e iniciou a carreira de escritor, na companhia dos amigos e escritores indígenas Daniel Munduruku e Renê Kithãulu.
Yaguarê traz a história de cinco meninas em seu livro, todas são filhas das amazonas, lendárias guerreiras indígenas que deram o nome ao estado homônimo no Norte do Brasil.
Um dia, elas vão brincar no lago Espelho da Lua, no rio Nhamundá, porém, são surpreendidas por homens da aldeia inimiga. O que eles não sabiam é que as cinco filhas de guerreiras não trazem o medo em seu vocabulário.
Cidade das Águas Profundas — Marcelo Manhuari Munduruku
Marcelo nos apresenta a Urebu, que descansa em frente a sua casa assim como faz todas as tardes ao acompanhar o Sol se pôr.
Um dia, porém, dois homens aparecem e convidam Urebu a passear por uma cidade muito especial, a Cidade das Águas Profundas, onde Urebu é apresentado a um mito indígena muito misterioso.
Professor e escritor, Manhuari fala como a literatura indígena pode ser instrumento para a criação de uma nova mentalidade sobre o que é ser indígena no Brasil.
E também sobre a importância de começar essa mudança na infância, para que as crianças já cresçam livres de preconceitos.
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Texto revisado por Thais Moreira