Pela primeira vez na história do Oscar, duas mulheres estão concorrendo a estatueta de Melhor Direção
2021 é marcado com o ano das diretoras mulheres no Oscar. A presença feminina na categoria Melhor Direção conseguiu um feito inédito. Chloé Zhao, de Nomadland, e Emerald Fennell, de Bela Vingança, estão concorrendo à premiação. Até o ano passado, em 93 edições do Oscar, apenas sete mulheres foram indicadas à categoria de Melhor Direção, enquanto 502 homens já disputaram o prêmio.
Vale lembrar que apenas uma mulher recebeu a estatueta de melhor direção: Kathryn Bigelow, em 2010, pelo filme Guerra Ao Terror – que também foi o primeiro longa dirigido por uma mulher a vencer o melhor filme. Além de Zhao e Fennell, mais 14 diretoras concorrem a estatuetas por suas obras este ano.
Conheça as 16 diretoras indicadas aos Oscar 2021:
Autumn de Wilde
Nascida em Woodstock, Nova York, Autumn de Wilde cresceu em meio aos gigantes da história do rock graças ao seu pai, Jerry de Wilde, fotógrafo comercial de músicos como Jimi Hendrix. Ela tem no currículo trabalhos com The White Stripes, Fiona Apple, Beck, Sonic Youth, Arcade Fire e mais. A diretora seguiu o caminho familiar e começou sua carreira no mercado musical, como fotógrafa e diretora de videoclipes. No Oscar 2021, seu primeiro filme de ficção disputa a estatueta por melhor figurino. Com roteiro baseado no clássico romance de Jane Austen, o filme Emma marca a estreia de Autumn na direção de um longa.
Chloé Zhao
Natural da China, Chloé Zhao, diretora de Nomadland, se mudou primeiro para Londres, na adolescência, e, então, para Los Angeles, onde finalizou o ensino médio. Formada pela Escola de Artes Tisch da Universidade de Nova York, Chloe estreou como diretora em 2010 com o curta-metragem Daughters. Cinco anos depois, ela se jogou na produção de seu primeiro longa, Songs My Brothers Taught Me. Em 2017,dirigiu o longa Domando o Destino, drama que acompanha a vida de um caubói após um acidente de montaria. Seus filmes carregam algumas características em comum: o uso de não atores para protagonizar a história. Em Nomadland,por exemplo, apenas Frances McDormand é atriz de verdade. O longa, terceiro dirigido por Zhao, é uma das grandes apostas para o Oscar 2021 (concorrente nas categorias de melhor filme, melhor direção, melhor atriz, melhor fotografia, melhor roteiro adaptado e melhor montagem), e já venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, o prêmio de melhor direção no Globo de Ouro 2021 e quatro prêmios no BAFTA (melhor filme, melhor atriz, melhor direção e melhor fotografia). Chloé Zhao também poderá ser vista na direção de Eternos, novo filme da Marvel com estreia prevista para o final de 2021.
Elvira Lind
Nascida em Copenhagen e radicada em Nova York, a roteirista e diretora Elvira Lind concorre ao Oscar 2021 com o seu primeiro curta-metragem de ficção, The Letter Room. Estrelado pelo ator Oscar Isaac, o filme concorreu em outros três festivais importantes: Tribeca Film Festival, Palm Springs International ShortFest e Telluride Film Festival. Formada em documentário pela City Varsity School of Media & Creative Arts, em Cape Town, ela possui trabalhos em documentários e curtas para as mais diversas plataformas – do cinema às redes sociais.
Emerald Fennell
Britânica formada em Letras pela Greyfriars, em Oxford, Emerald Fennell começou a sua carreira no cinema na frente das câmeras. Ela fez participação em peças de teatro na universidade e chamou atenção de agentes que logo a colocaram em programas do Channel 4. Sua carreira de atriz é repleta de papéis em filmes de época e, na TV, participou de Call the Midwife, da BBC, e The Crown, da Netflix. Depois de ser showrunner da segunda temporada de Killing Eve, ela começou o projeto de Bela Vingança como roteirista, diretora e produtora. A comédia sádica feminista é uma verdadeira revolução para o Oscar, e a tornou a primeira diretora inglesa a concorrer na categoria de melhor direção. Além disso, seu filme concorre a melhor filme, melhor roteiro original, melhor atriz e melhor edição.
Farah Nabulsi
A britânica palestina Farah Nabulsi nasceu em Londres. Ela é filha de mãe palestina e pai palestino-egípcio. Farah formou-se na Cass Business School e trabalhou como corretora de ações em bancos de investimentos na Inglaterra até os 30 anos. Em 2013, para se reconectar com as raízes da família, visitou a Palestina pela primeira vez. A viagem trouxe inspiração para Nabulsi para fundar, em 2016, a Native Liberty Productions: uma produtora de filmes e vídeos que busca humanizar a história dos palestinos, colocando foco nas injustiças que eles sofrem. The Present é o seu primeiro filme como diretora, e concorre na categoria de melhor curta de ficção no Oscar 2021.
Garrett Bradley
A diretora norte-americana Garrett Bradley tem uma linha de pesquisa sócio-política que relaciona a ficção com o cotidiano. Ela é mestre em artes visuais e direção na UCLA. Sua estreia como diretora aconteceu em 2014, com Below Dreams, destaque no Tribeca Film Festival. Desde então, ela fez outros dez filmes, incluindo Time, que concorre ao Oscar 2021 na categoria de Melhor Documentário. O formato das suas produções varia entre documentário, ficção e arte experimental.
Kaouther Ben Hania
Formada pela Academy of Performing Arts, em Sarajevo, na Bósnia, a diretora de O Homem que Vendeu sua Pele, Kaouther Ben Hania começou a carreira no teatro de fantoches, nos Estados Unidos. De volta à terra natal, ela fundou a Deblokada, associação de artistas através da qual produziu inúmeros documentários, videoartes e curtas-metragens. Em 2006, seu filme Grbavica a colocou no radar internacional após vencer o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Em 2010, ela voltou ao festival alemão com o drama romântico Na Putu. Nesta edição do Oscar, ela concorre na categoria de melhor filme internacional com Quo vadis, Aida?.
Madeline Sharafian
A jovem roteirista e diretora Madeline Sharafian concorre com o seu curta-metragem Burrow, produzido pela Pixar. A história acompanha uma coelha que decide criar a sua toca dos sonhos, sem pedir qualquer ajuda aos vizinhos. No enorme processo de escavação, ela se vê presa em novos desafios e descobre, no fim das contas, que está tudo bem pedir ajuda de vez em quando. Esse é o seu terceiro curta animado como diretora e roteirista (ela fez também We Bare Bears e Omelete) além de ter trabalhos no departamento de arte de animações grandes, como Viva: A Vida é uma Festa.
Maite Alberdi
Maite Alberdi é diretora de audiovisual na Pontifícia Universidade Católica do Chile, co-autora do livro Teorías del cine documental en Chile: 1957-1973 e faz reviews de filmes para o site La Fuga. A cineasta, professora e crítica de cinema, assina a direção do documentário The Mole Agent, sobre o caso de um senhor, Sérgio, contratado pelo detetive particular Rómulo para se infiltrar em uma casa de repouso no Chile.
Nicole Newnham
Um acampamento que deu origem ao movimento de inclusão de pessoas com deficiência nos Estados Unidos, na década de 1970, virou o documentário Crip Camp: Revolução pela Inclusão, co-dirigido por Nicole. A diretora, produtora e roteirista de cinema tem mestrado em artes pela Stanford Documentary Film Program. Ao longo de sua carreira, fez parcerias com outros diretores para projetos como o The Rape of Europa, documentário de 2006 que fala sobre a relação do nazismo com os roubos de arte e o apagamento da cultura durante a Segunda Guerra Mundial.
Niki Caro
Roteirista e diretora de cinema, a neozelandesa Niki Caro se tornou conhecida em 2002 com o filme Encantadora de Baleias. Em 2005, dirigiu o drama Terra Fria, protagonizado por Charlize Theron, que conta sobre as terríveis experiências de assédio moral e sexual que mulheres sofreram ao trabalharem como mineradoras em Minnesota. Depois, fez alguns trabalhos com a Disney até receber o convite para dirigir a live action de Mulan, concorrente nas categorias de melhor figurino e melhor efeito visual.
Pippa Ehrlich
A jornalista e cineasta Pippa Ehrlich é co-diretora no documentário Professor Polvo, vencedor do BAFTA 2021. O curta gira em torno da proteção ambiental, principalmente da marinha. O trabalho de Ehrlich é baseado em investigações sobre os seres aquáticos e os danos do aquecimento global para os oceanos ao redor do mundo.
Regina King
Nascida em Los Angeles, Regina King começou a carreira em 1985, na série de TV 227. Como atriz, ganhou prêmios como o Oscar de melhor atriz coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse, em 2019, e o Emmy de melhor atriz em minissérie ou filme para TV por Watchmen, em 2020. Ela fez a sua estreia na direção com o longa Uma Noite em Miami e já despontou entre as apostas de Hollywood por trás das câmeras. Apesar de ter tido mais reconhecimento no Globo de Ouro, o filme de King concorre nas categorias de melhor ator coadjuvante, melhor roteiro adaptado e melhor canção original.
Sophia Nahli Allison
Nascida em Los Angeles, a fotógrafa e documentarista Sophia Nahli Allison é autora de nove curtas e diversas séries de fotos sobre o cotidiano na cidade da Califórnia. O seu trabalho mistura ficção e não-ficção com narrativas propostas. Em Uma Canção para Latasha, Sophia busca remontar a história perdida de Latasha Harlins, jovem negra baleada e morta em 1991, através dos relatos de parentes e amigos próximos. O filme disputa o Oscar na categoria de Curta-Documental.
Thea Sharrock
Com uma vasta carreira no teatro, a diretora inglesa Thea Sharrock trocou os palcos pelas telas em 2012, ao dirigir Tom Hiddleston na minissérie da BBC The Hollow Crown. Quatro anos depois, ela adaptou para o cinema o livro Como Eu Era Antes de Você, de Jojo Moyes. Seu segundo curta-metragem é produzido pela Disney e é baseado no livro The One and Only Ivan, escrito por Katherine Applegate. O Grande Ivan concorre ao Oscar 2021 na categoria de melhor efeito visual.
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*Crédito da foto de destaque: Glamour/Divulgação