Em entrevista exclusiva ao Entretetizei, a diretora de Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou conta como anda a preparação para a premiação
Bárbara Paz tem recebido o devido reconhecimento pelo seu incrível trabalho. A diretora e produtora do filme Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, que é uma das apostas do Brasil no Oscar, contou ao Entretetizei em uma entrevista exclusiva sobre as expectativas para a premiação.
O longa foi oficialmente anunciado como concorrente em Melhor Documentário. Já na categoria Melhor Filme Internacional, a escolha brasileira para a vaga precisa passar por uma espécie de triagem. Funciona assim: Dentre filmes de 92 países inscritos, a peneira escolhe uma shortlist de dez selecionados no dia 9 de fevereiro. Depois, uma nova triagem acontece no dia 15 de março e os cinco indicados oficiais são escolhidos.
Uma campanha de crowdfunding foi criada para auxiliar na divulgação do documentário mundo afora, pensando na premiação da Academia. Além do Oscar, o longa ganhou o prêmio de Melhor Documentário da mostra Venice Classics do Festival de Veneza e já foi selecionado para mais de 20 festivais internacionais.
Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou é o documentário que conta a história do cineasta Héctor Babenco nos últimos momentos de sua vida. A obra traça um paralelo entre a arte e a doença de Babenco, diretor de grandes marcos do cinema nacional como Pixote e Carandiru. O longa foi dirigido e produzido por Bárbara Paz, atriz e esposa de Babenco até seus dias finais.
O longa estreou nos cinemas do Brasil dia 26 de novembro e atualmente está disponível nas plataformas de streaming NetNow, Looke, Google Play Store, Apple Store, Vivo Play e Oi Play.
O filme é uma produção da HB Filmes, produzida por Bárbara Paz e com distribuição brasileira da Imovision. A coprodução é da Gullane (pelos irmãos Caio Gullane e Fabiano Gullane), BP, Lusco Fusco, Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil.
Confira, na íntegra, a entrevista exclusiva da diretora e produtora Bárbara Paz ao Entretetizei:
Qual o melhor ensinamento que você aprendeu com Babenco? E a melhor lembrança que você tem dos anos que esteve ao lado dele?
Hector tinha uma força incrível. Ele era um leão. Aprendi com ele a amar muito à vida. Ele viveu até seu último segundo. Lutou contra o câncer e todos os desafios que iam surgindo.
O documentário pode entrar nas categorias Melhor Filme Internacional e Melhor Documentário Longa-Metragem do Oscar 2021. O que você acha que Babenco estaria sentindo sobre esse momento, se estivesse vivo?
Com certeza Hector já está muito feliz por tudo que tem acontecido com o filme. Mas ele estaria muito orgulhoso de mim. Ou melhor, está, aonde quer que ele esteja.
Quais são suas expectativas pro Oscar 2021?
Existem muitos filmes bons na competição. Fiz tudo que eu pude, agora temos que aguardar o resultado do dia 9. Nos resta torcer! Tenho muito a agradecer à Academia Brasileira de Cinema por essa escolha de representar o Brasil. Só isso para mim já é uma vitória.
O Brasil tem vivido um momento difícil na cultura. Vocês estão recebendo algum incentivo governamental na corrida pelo Oscar?
Não recebemos nenhum apoio da Ancine e nem de nenhum dos outros órgãos que procurei, que são: o Itamaraty, a Secretaria do Audiovisual e o Ministério do Turismo (onde fica a Secretaria Especial de Cultura, já que o Ministério da Cultura foi extinto). Nossos apoiadores da campanha são o público e os coprodutores Globo Filmes e Canal Brasil; e os apoiadores Globo, Itaú e SpCine. Todos esses ajudaram no investimento da campanha.
Vocês iniciaram uma campanha de crowdfunding para auxiliar na divulgação do longa. Como anda a preparação pré-Oscar?
Completamos a primeira fase do crowdfunding e batemos a meta de R$200 mil reais. Queria agradecer a todos que doaram. Foi muito importante para gente esse apoio. Nessa primeira fase fizemos anúncios nos principais veículos lá de fora, e fizemos sessões seguidas de Q&A’s com personalidades como o cineasta Walter Salles e o nosso produtor associado Willem Dafoe.
Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou é seu primeiro longa-metragem como produtora e diretora. Como é pra você estar recebendo tanto reconhecimento no seu primeiro trabalho liderando por trás das câmeras?
Fazer um filme não é barato. Fazer um filme sobre uma despedida de alguém lutando para sobreviver não é fácil. Mas é um filme de amor ao cinema. E acho que por isso as pessoas têm tido esse reconhecimento e para mim tudo que tem acontecido é muito especial. Sou muito grata.
Como foi ganhar o prêmio de Melhor Documentário da mostra Venice Classics, no Festival de Veneza? O que lhe passou pela cabeça naquele momento?
Foi a primeira vez que um filme brasileiro ganhou em Veneza. Eu não esperava, fiquei muito emocionada. Ganhamos o prêmio de Melhor Documentário e o prêmio Bisato D’Oro 2019 (Prêmio Paralelo ao 76º Festival Internacional de Cinema de Veneza dado pela crítica Independente) por lá. Foi incrível. Abriu as portas para o mundo.
Além do Festival de Veneza, o documentário já foi selecionado para mais de 20 festivais internacionais. Qual a importância dessa visibilidade para o cinema nacional?
Estamos vivendo um momento lindo na história do cinema nacional, não só para o Babenco. Os filmes brasileiros têm sido cada vez mais aplaudidos e premiados em diversos festivais pelo mundo. Temos dois representantes atualmente em Sundance, e dois em Roterdã. Isso é incrível. As pessoas amam o cinema brasileiro e não vai ser a política que vai parar a gente.
Você tem planos de continuar produzindo e dirigindo filmes?
Sim, tenho algumas ideias, como fazer um filme sobre a minha vida.
O Entretetizei reforça a torcida por Babenco e pelo cinema nacional no Oscar 2021.
Leia mais: Resenha | Babenco: Uma história de amor pela vida
Você já assistiu o documentário? Conta pra gente suas impressões no Insta, no Face e no Twitter do Entretetizei.
* Crédito da foto de destaque: Divulgação/Mauricio Nahas