A artista e atriz sul-coreana esteve em São Paulo para abrir sua exposição Maravilhosa Graça em Todo o Globo
Em cartaz no Centro Cultural Coreano no Brasil (CCCB) desde o dia 13 de outubro, a exposição Maravilhosa Graça em Todo o Globo, da artista sul-coreana Jung Eun Hye, tem encantado o público com 70 caricaturas que vão de retratos intensos a homenagens a ícones brasileiros como Fernanda Montenegro, Caetano Veloso, Seu Jorge, Anitta, o chef Alex Atala e o grafiteiro Eduardo Kobra. Jung Eun Hye, que começou a se dedicar à pintura em 2016, é uma artista premiada com um olhar muito particular.
Em uma entrevista exclusiva ao Entretetizei, a artista contou um pouco sobre sua trajetória no mundo da arte e sua atuação no K-drama Amor e Outros Dramas (2022), disponível na Netflix, que também a tornou conhecida fora da Ásia. Confira:
Entretetizei: Algumas de suas caricaturas retratam celebridades brasileiras. Qual foi a motivação para desenhar essas figuras e qual mensagem você gostaria de transmitir através de suas obras?
Jung Eun Hye: Antes de vir ao Brasil, eu não tinha nenhuma informação sobre as celebridades brasileiras. Por isso, selecionei algumas figuras através das recomendações do Centro Cultural Coreano.
Desenho literalmente o que vejo e quero mostrar, através dos meus olhos, a singularidade e a beleza que cada uma dessas celebridades brasileiras possui.
E: Sua atuação em Amor e Outros Dramas foi um grande sucesso. Qual foi o significado dessa experiência para você e de que maneira interpretar um personagem querido pelo público te influenciou?
J: Após o drama, muitas pessoas começaram a me reconhecer e a elogiar tanto minha atuação quanto meus desenhos. Sentir esse carinho foi gratificante e me deixou orgulhosa do meu trabalho.
Antes do drama, eu me preocupava bastante com os olhares estranhos das pessoas ao caminhar pela rua, almoçar em restaurantes ou usar transporte público. Agora, em qualquer lugar que vou, sou reconhecida, e as pessoas pedem para tirar fotos e me cumprimentam calorosamente. Muitas têm comparecido às minhas exposições para ver minhas obras, e algumas até têm encomendado desenhos.
Por isso, estou me dedicando ainda mais como artista. A fama traz algumas complicações (rs), mas, no geral, estou muito feliz com a situação.
E: Qual foi o maior desafio que você enfrentou em sua jornada artística e como conseguiu superá-lo?
J: Eu costumava capturar momentos em que encontrava pessoas para desenhar caricaturas, mas durante a pandemia, não pude me encontrar com ninguém, e esse foi o período mais difícil para mim. Sem a interação com as pessoas, comecei a regredir, assim como antes. Comecei a gaguejar, ranger os dentes e murmurar sozinha, enfrentando alucinações e vozes.
Nesse momento, meus pais e eu refletidos sobre como poderíamos nos reconectar, e decidimos tentar a comunicação por videochamada com pessoas ao redor do mundo. Foi assim que conheci o diretor artístico brasileiro Cleber Papa. Graças a essa conexão, fui convidada pelo Centro Cultural Coreano no Brasil a vir para o Brasil.
E: A arte é uma forma de expressar emoções e ideias para muitas pessoas. Quais emoções você espera que o público sinta ao apreciar suas caricaturas e retratos?
J: Comecei a desenhar caricaturas no Munhori River Market em 2016 e, desde então, já retratei 5 mil pessoas. Lembro de cada olhar caloroso que recebi delas. Aqueles olhares cheios de carinho, especialmente quando me pediam: “Desenhe-me bonito”, foram essenciais para me ajudar a superar minha ansiedade em relação aos olhares alheios e a crescer como artista. Acredito que todos esses 5 mil rostos são únicos, adoráveis e belos, e me dediquei a cada um deles com muito empenho. Na verdade, não existe um “rosto feio” no mundo.
E: Durante a exposição, você conduziu workshops. Quais sentimentos você vivenciou nos encontros com os participantes?
J: Foi uma experiência incrível! Ver pessoas tão diversas, com rostos e cores diferentes, se reunindo para desenhar juntas foi extremamente gratificante. Fiquei muito grata a todos os participantes que vieram me encontrar no Brasil. Foi surpreendente apreciar as obras únicas de cada um. Espero que, no futuro, haja mais oportunidades para que artistas coreanos e locais se conectem por meio da arte no Centro Cultural.
E: Muitas pessoas com deficiência podem hesitar em ingressar no mundo da arte devido aos preconceitos e barreiras que ainda persistem. Qual mensagem você gostaria de transmitir a essas pessoas, especialmente àquelas que desejam se expressar artisticamente?
J: Não tenham medo, apenas façam. Com o tempo, vocês ganharão confiança e melhorarão suas habilidades. Não se preocupem em ser perfeitos; simplesmente divirtam-se!
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Texto revisado por Cristiane Amarante