Entre piadas que viraram música e sonhos de festivais internacionais, o quarteto mistura talento e ambição para marcar seu lugar no cenário global
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Com energia contagiante e um espírito autêntico, a banda Men And Them está pavimentando seu caminho no cenário musical coreano e além. Formada por Marcus, Juho, Junyoung e Suho, o quarteto combina influências globais e histórias pessoais para criar um som único e cativante. Apesar do domínio do K-pop em seu país, eles seguem firmes em sua missão de provar que o rock ainda tem espaço para crescer e emocionar novas audiências.
Nesta entrevista exclusiva ao Entretê, os integrantes compartilham detalhes sobre suas origens, o processo criativo por trás de músicas como Desire (2024) e a emoção de ver seus trabalhos alcançando fãs do outro lado do mundo. Entre piadas internas que viraram o nome da banda e o sonho de tocar em festivais como Glastonbury e Lollapalooza, Men And Them mostra que o rock coreano tem alma, ousadia e muito a oferecer. Confira:
Entretetizei: Podem nos contar um pouco sobre vocês e como cada um entrou na banda? Podem se apresentar individualmente?
Marcus: Oi, sou Marcus Way, da Men And Them. Canto, componho músicas e mantenho a Men And Them em movimento.
Juho: Sou Juho. Escrevo, canto e tento chegar no horário para os ensaios.
Junyoung: Olá, sou Junyoung. Sou baterista aqui na Coreia. Estive em algumas outras bandas de rock antes de entrar na Men And Them, e acho que agora sou conhecido como o “cara direto” do grupo.
Suho: Sou Suho e sou responsável por trazer um pouco de juventude, humor e tocar baixo nesta equipe.
E: Como a banda se formou? Quem deu os primeiros passos, e como decidiram o nome da banda?
JH: O Marcus e eu nos conhecemos no ensino médio. Anos depois, eu estava procurando algo criativo para fazer e sugeri começarmos alguma coisa. O nome da banda surgiu de uma piada que fiz numa festa. Era para ser provisório, mas parece que estamos presos a ele agora. Gosto de como aconteceu — espontâneo, basicamente uma piada interna que se tornou algo significativo.
E: Como foi o processo de produção da música de estreia, Desire? Vocês conseguiram alcançar as expectativas para esse lançamento?
M: Juho e eu estávamos tentando fazer uma música para um vídeo demo. Fiz cerca de dez músicas “provisórias” em dezembro, e o Juho disse: “É essa”. Então gravamos um vídeo para ela e, eventualmente, lançamos.
E: Sendo uma banda com quatro integrantes, vocês frequentemente discordam na hora de decidir qual música lançar? Como resolvem essas decisões?
M: Temos muitas músicas e vamos lançá-las algum dia, então não há muita discordância sobre qual lançar. Mas conversamos e tentamos convencer uns aos outros quando nossas opiniões divergem.
JH: É a natureza de qualquer trabalho criativo, e entendemos que isso faz parte do processo.
JY: Acredito que, quando superamos as diferenças, acabamos com resultados ainda melhores. Às vezes, é necessário debater — claro, sem brigas físicas! (risos)
S: Na verdade, nem tenho direito de decisão. Meu papel é manter a neutralidade em um impasse de dois contra dois.
E: Se cada um de vocês tivesse que escolher uma música favorita da banda, qual seria e por quê?
M: As músicas que ainda vamos lançar, porque ainda nem começamos de verdade.
JH: Difícil dizer. Como compositor, você sempre sente que pode fazer melhor do que a última. Mas estou bastante satisfeito com a letra de Free Like a Bird (2024). É algo profundamente pessoal para mim.
E: Os gostos e estilos musicais de vocês são muito diferentes, ou combinam bem?
M: Acho que nossos gostos são parecidos, não são?
JH: Amo The Smiths. Infelizmente, ninguém compartilha minha angústia mal colocada.
JY: Definitivamente acho que nossos gostos são diferentes e tenho certeza de que cada um tem objetivos finais ligeiramente distintos também. Estar em uma banda é muito parecido com um relacionamento. Precisamos reconhecer nossas diferenças e aprender a nos ajustar.
E: Quais são as maiores influências musicais da banda, tanto coreanas quanto internacionais?
JH: Com certeza os Beatles. Eles abordaram uma ampla gama de emoções e ideias enquanto evoluíam consistentemente seu estilo.
M: Eu adoro Yu Jae Ha. Vocês definitivamente deveriam conferir o trabalho dele.
E: Se pudessem escolher qualquer música para fazer um cover, qual seria e por quê?
JH: After the Gold Rush (1970), do Neil Young. Por quê? Porque eu amo Neil Young.
M: Mas que Nada (1966), de Sérgio Mendes e Brasil ’66. Por quê? Porque amamos o Brasil.
E: O que acham do mercado de música independente na Coreia do Sul? Como vocês enxergam as oportunidades e desafios?
JY: Parece que apenas boa música nem sempre é suficiente para alcançar o sucesso. É, definitivamente, desafiador.
E: Quais são os prós e contras de lançar uma banda de rock em um país onde o K-pop domina?
JH: Independentemente da presença do K-pop, o rock nunca foi um gênero dominante na Coreia. Então, que diferença faz? Nenhuma.
E: Recentemente, vocês tocaram em um festival menor pela primeira vez. Como foi essa experiência para a banda?
SH: Artistas da Coreia e do Japão se reuniram para uma experiência única. Se eu tiver outra oportunidade, adoraria participar de novo. Foi incrível.
E: Se pudessem escolher qualquer festival, coreano ou internacional, para se apresentar, qual seria o maior sonho?
M: Lollapalooza no Brasil — haha. E Glastonbury.
JH: Wembley, o antigo. Tenho uma coisa sobre romantizar o passado do qual nunca fiz parte.
E: Vocês têm recebido muito carinho de fãs brasileiros. Sempre tem um comentário brasileiro nas redes sociais de vocês. Como é saber que a música de vocês chegou tão longe?
JY: Por favor, continuem nos apoiando. Vamos trabalhar ainda mais. Fighting! Amamos vocês.
JH: É como jogar uma pedra e acertar a lua. Muito estranho e agradável. Algumas das minhas maiores influências musicais vieram de amigos brasileiros que tive antes, então sei que vocês têm um ótimo gosto.
E: Como é a relação de vocês com os fãs? Vocês têm planos para interações especiais com os fãs internacionais, incluindo os brasileiros?
JH: Adoraríamos conhecer nossos fãs. Convidem-nos e estaremos lá.
E: Onde vocês se veem nos próximos anos? Qual seria o maior sonho a alcançar como banda de rock?
M: Queremos ser a maior banda do mundo, ganhar um Grammy e ser amados por todos.
JH: Gostaríamos de fazer parte da vida das pessoas — em casa, a caminho do trabalho, nos altos e baixos. E, com sorte, pagando nossas contas no processo.
JY: Espero que nos tornemos uma banda de rock que cria experiências inesquecíveis para o público e traz uma influência positiva com nossa música.
S: Espero que nos tornemos uma banda que até a sua avó conheça.
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Texto revisado por Cristiane Amarante