Entrevista | Gabrielly Oliveira comenta sobre festival Brotando nas Redes: É papo de futuro

Em entrevista ao Entretetizei, a fundadora da Perifacon contou quais foram os desafios de realizar um festival em meio a pandemia

Pensando principalmente no público nerd, geek e pop das periferias, nasceu a Perifacona Comic Con das Favelas. O evento criado em 2019 por Andreza Delgado, Gabrielly Oliveira, Igor Nogueira e Luíze Tavares, já se tornou uma marca que tem como objetivo a promoção, visibilidade e desenvolvimento da cultura nas periferias e favelas

A primeira edição do projeto aconteceu em março de 2019, na Fábrica de Cultura do Capão Redondo e recebeu mais de sete mil visitantes. A segunda edição estava marcada para acontecer em 2020, mas, com a pandemia, o evento precisou ser adiado e, até o momento, não foi realizado. 

Com esse período de hiato da Perifacon presencial, os fundadores resolveram criar um novo festival 100% online, chamado Brotando nas Redes: É papo de futuro, que vai rolar nos dias 26, 27 e 28 de março. Ao contrário do que muitos estão pensando, essa não é a segunda edição do evento, que ainda irá acontecer quando tudo melhorar, é uma iniciativa diferente que tem como objetivo criar uma presença maior online e se comunicar com o público presente nas redes sociais

Para saber um pouco mais sobre o evento, o Entretetizei bateu um papo com a Gabrielly Oliveira, uma das fundadoras da Perifacon. Confira a entrevista completa:

 

Entretetizei: Como surgiu a ideia de criar a Perifacon?

Gabrielly: A ideia de criar a Perifacon surgiu a partir do sonho de ter um evento na quebrada que pudesse dar uma oportunidade, abrir espaço de forma gratuita para outras pessoas poderem falar, se expressar através do conteúdo nerd/geek/pop. É uma coisa que todos nós, que queríamos o evento, gostamos e sempre falamos, mas nunca conseguimos acessar os espaços onde as pessoas vão para falar sobre isso. E aí criamos o que no início seria apenas um andar da Fábrica de Cultura, com alguns painéis de debate, alguns sobre cultura nerd/pop/geek, o beco dos artistas onde eles poderiam expor suas artes, e virou um mega evento nos sete andares da Fábrica no Capão Redondo. De lá pra cá nós estamos lutando para conseguir manter a ideia viva e realmente dar continuidade a um evento que foi tão importante e marcante para todo mundo, seja para quem participou, mas também para quem realizou.

Foto: Jef Delgado / Estúdio Delara

E: O que você percebeu que mudou na população da periferia desde a criação do evento?

G: Cada lugar é uma coisa, então dizer o que mudou em cada periferia é muito. Mas, eu acredito que a existência da Perifacon deu força para que outras pessoas também se sentissem capazes de ir lá e executar os seus sonhos e ideias, independente do tamanho delas… Assim como o surgimento de outros eventos, ou até os que vieram antes da gente, fortaleceram. Cada evento que se ergue, cada grupo de pessoas que se reúne para colocar um sonho na praça, para fazer um sonho acontecer, fortalece as pessoas a fazerem o mesmo pelo exemplo. Então, eu acredito que essa mudança é sutil, mas é real. Nós vimos o surgimento de outras iniciativas que também não podemos dizer que não existiam, mas nada como a Perifacon, realmente fomos um marco no mercado das convenções nerds.

E: Qual a importância de levar um evento como esse para a periferia?

G: A importância de levar um evento desse para a periferia, fisicamente falando, como foi a outra edição, é realmente levar um momento onde as pessoas consigam acessar os elementos de entretenimento que elas consomem de outra maneira, mais próxima e gratuita, onde elas podem ser o cosplay que elas quiserem e assistir painéis de debate sobre o filme que elas quiserem, conhecer pessoas que estão produzindo games na quebrada… esse momento é de troca. Porque, dentro da quebrada, existem pessoas fazendo coisas com elementos da cultura nerd/geek/pop há muito tempo, só que a existência de mais e mais espaços para unir esses conteúdos é cada vez melhor, onde as pessoas possam ter lugares de referência para elas poderem curtir e falar sobre os assuntos que elas já falam. Todo mundo fala sobre filme, todo mundo fala sobre série, então realmente esse espaço é uma oportunidade para que as pessoas se divirtam, porque é muito importante que a gente lembre que a periferia também é diversão, também é criação de conteúdo, também é um espaço onde estão jogando, assistindo filme, enfim… estão curtindo a vida. Então, para que elas possam curtir de forma gratuita e integrada nesse espaço, que, para a gente, fez e faz muita diferença.

E: Qual foi a inspiração para a escolha do tema deste ano?

G: A inspiração para a escolha do tema deste ano foi justamente a nossa vontade de ter uma presença maior online, se comunicar com o nosso público. Mas não é a nossa segunda edição, nem de longe. É apenas um momento em que a gente consegue fazer um festival online e ter essa troca legal com a galera que colou junto com a gente, com a galera que segue a gente nas redes sociais, apresentar um pouco de como que está… Então, é basicamente isso: a gente está nesse momento em que não podemos fazer evento físico, mas a gente quer ter essa comunicação com a galera que torce pelo nosso sucesso.

Foto: Divulgação/ PerifaCon

E: Como foi a preparação para o evento 100% online?

G: A preparação para esse evento foi a gente ir atrás de editais, conseguimos a Aldir Blanc, estamos muito felizes com isso e também com o apoio do governo do estado, estamos conseguindo manter a nossa equipe e funcionamento com isso. A Perifacon, depois da primeira edição do evento, se tornou uma empresa e isso acarreta custos. Então, é sempre bom a gente conseguir fontes e espaços onde conseguimos nos manter internamente, manter a empresa e o sonho em pé. Preparamos algumas mesas, queremos fazer um ciclo formativo para artistas e quadrinistas, que é o coração do nosso evento, e também o concurso de cosplay, para ter um lugar de entretenimento onde as pessoas possam participar, votar no cosplay que mais agrada e também os painéis que são mais voltados para apresentar ao público o que está rolando. Nós não lotamos os painéis, porque já existe uma saturação em relação a acompanhar muita coisa em evento online, então a gente focou no que gostaríamos de consumir se estivéssemos olhando de fora a Perifacon, então é basicamente isso.

E: A pandemia prejudicou o projeto de alguma forma?

G: A pandemia prejudicou bastante. Estávamos preparando a segunda edição, que ia rolar no Centro de Formação Cultural Cidades Tiradentes, na Zona Leste, mas, com muita fé, ainda vai rolar. Quando a gente puder voltar a ter eventos presenciais, nós vamos fazer a nossa segunda edição. Só manter esse período que estamos agora, firmes dentro de casa, mas que encontremos maneiras de estar juntos, mesmo distantes, e o Brotando nas Redes é essa oportunidade.

E: Quais são as expectativas para essa edição?

G: As expectativas para esse evento, que não é a nossa segunda edição, é apenas um festival, é que a gente consiga se comunicar com o nosso público, com uma programação online, é muito pocket. Nós queremos trazer essa nostalgia do que foi o evento, do que a gente vem fazendo, mas, ao mesmo tempo, nós queremos pensar no futuro. Por isso colocamos também que é papo de futuro, queremos olhar para a frente, pensar quais são os sonhos, quais são as vontades para a próxima edição física, quais são os nossos anseios, desejos que ainda vamos realizar… É basicamente isso, é uma coisa de olhar pra trás com saudade, mas também olhar pra frente com sonhos e desejos coletivos, pelo que a gente quer que seja quando pudermos nos reunir de novo.

E: Quais são os planos para os próximos anos de Perifacon?

G: Planos e expectativas para os próximos anos da Perifacon, é realizar a segunda edição física e investir nas curadorias que a gente faz. Um dos nossos objetivos é expandir o mercado de cultura nerd/geek/pop dentro das empresas e instituições públicas. Então, nós fazemos a curadoria de público e de profissionais, desse mundo. Nós, que trabalhamos nesse eixo de curadoria, também queremos fazer palestras sobre democratização de acessos, sobre inclusão, queremos continuar tocando o Brotando nas Redes, quem sabe pra mais uma edição, porque ele é um projeto a parte: Perifacon edição física é uma coisa, e o Brotando nas Redes é outra coisa. Rolou um pouco essa confusão das pessoas acharem que seria a nossa segunda edição, mas não é, isso é uma outra coisa. Então realmente é isso, tocar esse projeto, nos prepararmos para a segunda edição física, fazer as curadorias, fazer palestras, enfim, continuar se comunicando e gerando transformações dentro do mercado do entretenimento.

E aí, o que você achou da entrevista e dessa iniciativa? Conta para a gente nos comentários e acompanhe o Entretetizei no TwitterInsta e Face para ficar por dentro dos eventos e curiosidades sobre o mundo do entretenimento.

*Crédito da foto de destaque: Jef Delgado / Estúdio Delara

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