Atriz revela os bastidores do musical, a emoção de dublar personagens icônicos e seus planos para o cinema
Se liga, galerinha! Nós batemos um papo exclusivíssimo com a Lara Suleiman, atriz que está brilhando como a icônica Janis no musical de Meninas Malvadas aqui no Brasil. E, preparem-se, porque essa musa não para por aí! Com uma trajetória que inclui musicais de peso como Les Misérables e dublagens de personagens que marcaram nossa infância (quem não ama a Jasmine de Aladdin ou a força da Luisa de Encanto?), Lara é exemplo de que talento e versatilidade andam juntinhos.
Nessa entrevista super sincera, ela nos contou tudo sobre os desafios de dar vida à sarcástica, mas no fundo sensível, Janis, a evolução do teatro musical no nosso país e, pasmem, seus planos de dominar as telonas com um projeto de suspense/thriller! Cola com a gente que essa conversa está imperdível e cheia de inspiração pra você que também corre atrás dos seus sonhos.Confira a entrevista:
Entretetizei: Lara, a Janis em Meninas Malvadas – O Musical, é uma personagem com uma personalidade forte e multifacetada. Como você se preparou para dar vida a essa figura tão querida pelo público, e quais os desafios de equilibrar o humor ácido e a vulnerabilidade da personagem no palco?
Lara Suleiman: Sou uma grande fã do primeiro filme de Meninas Malvadas (2004), então, assim que soube que interpretaria a Janis, não hesitei em reassistir para absorver as referências icônicas da Lizzy Caplan. Junto ao nosso diretor, Mariano Detry, conseguimos construir personagens equilibrados, mesclando referências do filme, do musical da Broadway e, claro, as nossas próprias personalidades, buscando criar algo inovador.
A Janis é uma personagem desafiadora por conta das várias camadas que carrega. O humor da Tina Fey é extremamente preciso, e não há necessidade de acentuá-lo — o que está escrito já encaixa perfeitamente com a personalidade de cada personagem. Porém, a parte da vulnerabilidade da Janis é algo muito interessante, mas difícil de interpretar. Ela esconde muito do que sente e do que viveu, então, por trás da máscara de uma garota durona, que parece saber quem é e não se importa com a opinião dos outros, há uma menina ferida, que nunca soube lidar com seus próprios traumas. Apesar de ser um desafio, é legal poder mostrar essas duas versões tão distintas da personagem.

E: Sua trajetória no teatro musical é marcada por papéis como Éponine em Les Misérables e Lydia Hillard em Uma Babá Quase Perfeita. Como você vê a evolução do teatro musical no Brasil, e quais os seus sonhos e ambições dentro desse universo?
L: Eu acompanho o teatro musical desde 2003, o primeiro que assisti foi A Bela e a Fera. Na época, eu era muito criança, mas, comparando com hoje em dia, lembro que haviam poucos musicais em cartaz e o mercado tinha menos artistas também. Naquela época, os musicais geralmente ficavam em temporada por um ano, como foi o caso do meu primeiro musical, Les Misérables, em 2017. Hoje, é raro essa quantidade de tempo em cartaz, o que tem seus prós e contras. Por um lado, temos que procurar novos trabalhos em pouco tempo, mas, por outro, se tivermos sorte, podemos fazer dois ou até três musicais no mesmo ano.
Atualmente, o mercado está se expandindo, com muitas escolas de teatro musical formando novos talentos, o que é incrível de ver. Também acompanho de perto o movimento do teatro musical autoral brasileiro, o que me enche de alegria. Muitos artistas talentosos estão levando suas obras para os palcos, ocupando seus espaços e mostrando o poder da nossa produção local. Eu ainda tenho muitos sonhos nesse mercado, muitos personagens que gostaria de interpretar e peças que adoraria montar. Rent é um dos meus maiores desejos. São tantas possibilidades pela frente e, quem sabe, talvez algum dia até trabalhar internacionalmente.
E: Além do teatro, você também se destaca na dublagem, dando voz a personagens icônicas como Jasmine em Aladdin e Luisa em Encanto. Como é o processo de dar vida a personagens tão diferentes, e como você adapta sua voz para cada papel?
L: Para mim, um dos processos mais divertidos do nosso trabalho é interpretar personagens totalmente diferentes entre si e de nós mesmos. No palco, temos muitos recursos para construir esses personagens — gestos, figurinos, perucas. Já na dublagem, o único recurso disponível para criá-los e diferenciá-los é a voz. A Jasmine, de Aladdin, é uma princesa, mas também possui uma personalidade muito forte. Então, junto com o meu diretor, Thiago Longo, tivemos que escolher os momentos em que ela deveria ser doce, como com o povo de Agrabah, e os momentos em que deveria ser assertiva, como na briga com o Jafar.
Já a Luisa, de Encanto, é uma personagem com uma voz muito grave, por isso buscamos descer ainda mais o tom da minha voz natural. Ao mesmo tempo, ela é extremamente sensível, e, para equilibrar isso, eu e o diretor Robson Kumode precisávamos ter cuidado para não perder o grave, ao mesmo tempo demonstrar a vulnerabilidade da personagem.
E: A canção I’d Rather Be Me em Meninas Malvadas – O Musical tem um significado especial para você? Como essa música se conecta com sua própria jornada pessoal e profissional, e qual a mensagem que você espera transmitir ao público através dela?
L: Sim, essa canção é muito importante, tanto para a trajetória da personagem, pois representa uma virada no seu pensamento e nas suas atitudes, quanto para mim pessoalmente. A letra aborda temas profundos, como a libertação de relações falsas, a pressão de agradar os outros e a busca por uma identidade verdadeira. Acredito que nosso versionista, Victor Mühlethaler, fez um trabalho excepcional ao adaptá-la para o português.
A música fala diretamente com as mulheres, mostrando que não precisamos seguir padrões estéticos e sociais impostos a nós, nem brigar ou ser más apenas porque não concordamos com o estilo de vida de outra pessoa. Eu espero que a música e a trajetória da Janis inspirem as pessoas a serem autênticas, a não se importarem com a opinião alheia e a viverem suas vidas sem desejar o mal a ninguém, permitindo que cada um seja verdadeiramente quem é.

E: Você mencionou o desejo de explorar o cinema com um projeto próprio, escrevendo e dirigindo um suspense/thriller. Como essa paixão pelo cinema se manifesta em sua carreira, e como você planeja conciliar suas diferentes áreas de atuação no futuro?
L: Eu amo cinema. Quanto mais consumimos arte em suas diversas formas, mais referências acumulamos, e acredito que é isso que o cinema mais me agrega: muitas referências. Inclusive, em nossa peça, há uma cena em que a Janis e o Damian assistem a um filme de terror. Nosso diretor precisava escolher um filme com uma boa trilha sonora para inserir na cena e conseguir fazer uma piada. Sabendo da minha paixão por filmes de terror, ele me pediu uma indicação, e colocamos o áudio de Psicose nesse momento.
Conciliar o teatro com o cinema é um desafio, pois são dois mercados que exigem muito tempo e dedicação. Quando estou em cartaz no teatro, aproveito para coletar referências para o roteiro que quero escrever e vou anotando algumas ideias, mas não consigo produzir nada efetivamente nesse período. Preciso me organizar para que a produção do filme se encaixe nos momentos em que não estou em temporada.

E: Com uma carreira tão diversificada, que abrange teatro musical, dublagem e cinema, como você define sua identidade artística? Quais os valores e princípios que guiam suas escolhas profissionais?
L: Quando me perguntam qual é a minha profissão, geralmente tenho que ser mais específica: atriz, dubladora, cineasta… mas, na verdade, a forma mais correta de responder é que sou artista. Eu faço um pouco de tudo e tudo o que gosto. Se tivesse que escolher apenas uma coisa para fazer pelo resto da vida, eu escolheria, mas, como tenho a sorte e o privilégio de poder explorar várias áreas, prefiro assim. A vida de artista não é fácil, nem constante.
Em um ano, você pode estar fazendo um clássico da Broadway e, no ano seguinte, não conseguir entrar em nenhum musical. Na dublagem, um dia você pode ser a protagonista de um filme da Disney e, no outro, fazer vozerio em uma série dinamarquesa. No cinema, seu filme pode ir para Cannes ou não ser aprovado em nenhum festival. O mais importante para mim é lembrar que a vida do artista não é linear, mas a criação deve ser constante — sempre respeitando meus limites, mantendo meus valores e sendo grata por estar onde minha criança interior sempre sonhou estar.
E vocês? Preparados para assistirem o musical? Contem pra gente nas redes sociais do Entretê — Instagram, Facebook, X — e nos sigam para mais novidades sobre o mundo do entretenimento.
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Texto revisado por Kalylle Isse