Com mais de 15 anos de carreira, a atriz se prepara para projetos em plataformas de streamings
Polliana Aleixo estreou na TV aos 11 anos no especial O Segredo da Princesa Lili, da Rede Globo, ao lado de Renato Aragão. Depois, participou de sua primeira novela, Beleza Pura, interpretando Dominique, uma das filhas da personagem de Christiane Torloni na trama. A atriz emendou diversos trabalhos em novelas como Tempos Modernos, Insensato Coração, A Vida da Gente e Cheias de Charme. Além disso, Aleixo foi vice-campeã da Dança dos Famosos das Crianças.
Em Família foi o trabalho que marca a estreia de Polliana Aleixo no horário nobre e, também, sua maioridade, a atriz viveu a jovem Bárbara, filha da personagem de Vivianne Pasmanter. Em 2018, ela foi para a Rede Record e participou de novelas como Jesus e Gênesis.
Agora, Aleixo vive novos desafios. Ela foi confirmada na série da Amazon, El Presidente, do roteirista argentino Armando Bó, vencedor do Oscar em 2015 na categoria de Melhor Roteiro Original por Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance). A artista, que entra na segunda temporada ‒ que contará com oito episódios e novo elenco ‒, mostrará as origens da transformação da FIFA em uma potência comercial e política. No centro da história está o ex-presidente da FIFA, João Havelange, vivido pelo português Albano Jerónimo (Vikings), Polliana, por sua vez, interpreta a filha do protagonista. A série também conta com a britânica Anna Brewster e com os brasileiros Eduardo Moscovis e Maria Fernanda Cândido.
Como se não bastasse, Polliana também será uma das protagonistas da série americana-brasileira The Journey, que conta também com Giulia Gam, João Côrtes e grande elenco.
Confira a entrevista completa com a atriz Polliana Aleixo:
Entretetizei: Conta para mim: qual é a história de Polliana Aleixo?
Polliana Aleixo: Ela está sendo escrita ainda [risos]. Espero que seja longa, interessante e divertida! Tudo começou há 25 anos atrás, quando eu nasci em Bonsucesso, Zona Norte do Rio de Janeiro. Fui morar no sul, em Curitiba, aos 2 anos de idade, onde comecei a fazer teatro e publicidade com 7 anos. Aos 11, estava começando na Globo e, consequentemente, minha família voltou a morar no Rio de Janeiro. Por conta disso, meu sotaque é extremamente confuso e nunca ninguém sabe dizer de onde sou. Desses 25 anos de história, passei 14 trabalhando com o que amo. Às vezes eu fico pensando nisso, e acho que até aqui foi uma história de muita coragem para sonhar, de perseverança, de amor e união, pois sem o apoio da minha família não teria feito nada disso. Sou uma pessoa feita de pessoas, tanto no trabalho quanto na vida, minha família, meus amigos, minhas relações num geral são o que considero mais precioso na minha vida. Sou ariana inquieta, tenho muita energia e gosto de usufruir dela perto da natureza, na praia, na cachoeira. Sou budista e tenho como uma das minhas metas pessoais ser poliglota. Fui criada numa família de mulheres fortes, então aprendi a ter coragem, em tudo, principalmente em sonhar. Tenho um gato chamado Simba e adoro assistir reality show de competição nas horas vagas. Sou menina, sou mulher, sou atriz, sou filha, sou amiga, sou irmã, sou muitas e quero descobrir tantas outras que posso ser nos anos que tenho pela frente.
E: Por que decidiu ser atriz?
PA: Esse é o ponto na minha história em que sinto ter sido escolhida. Eu comecei a trabalhar muito cedo. Lembro perfeitamente do dia que minha cabecinha de criança virou a chave e entendeu o significado de tudo aquilo, o fato de ser um trabalho e ter responsabilidades, ainda mais porque eu comecei já na Rede Globo. Eu não entendia quando comecei, só sabia que gostava de fazer. Mas posso dizer que decidi continuar. E decidi porque é o que me move, como pessoa, como profissional, porque trabalho com o que sonhei e agradeço todos os dias por esse privilégio. Nunca passei pelo perrengue de não saber qual era a minha vocação. E considero um grande feito tudo que já concluí até aqui, sou uma pessoa muito feliz e realizada e contemplo isso sempre, embora ainda queira realizar muito mais, claro!
E: Qual a maior dificuldade de trabalhar no meio artístico?
PA: Olha, eu acredito que cada um tenha sua dificuldade e cada profissão também tem as suas escolhas e renúncias, mas eu acho que, no meu caso, é que meu trabalho acontece em qualquer lugar. Eu viajo muito a trabalho, fico meses fora, e isso é difícil às vezes. Por exemplo, enquanto eu estava no Uruguai minha avó ficou doente e precisou operar de emergência, e eu não estava perto e nem poderia voltar assim facilmente, pois estava em outro país e numa pandemia. Ao mesmo tempo que eu amo essa imprevisibilidade do meu trabalho, poder sempre fazer coisas diferentes, em lugares diferentes, às vezes é difícil também porque você acaba perdendo muita coisa, aniversários, casamentos, esse tipo de coisa. Nem sempre eu consigo controlar minha agenda e minha vida e é esse eterno “vamos torcer pra dar”, mas eu estou em paz com isso. Não se pode ter tudo, então eu aprendi a valorizar muito o meu dia a dia com quem amo, por mais simples que seja.
E: Recentemente, você gravou uma série no Uruguai. Como foi a experiência?
PA: Inesquecível, foi uma dessas coisas que me marcou pra vida, me transformou e tem impacto em mim todos os dias, quanto mais o tempo passa mais certeza eu tenho disso. Foi tudo muito intenso, muitas coisas pela primeira vez de uma só vez, primeira vez que sai do país para trabalhar, um set que acontecia em três línguas, com pessoas do mundo inteiro… No fim desse projeto, todo mundo tinha a mesma vontade: conhecer o país do outro. E além disso, profissionalmente, as trocas de vivência de cada um, os aprendizados, voltei dessa viagem falando mais um idioma. Fora toda a expectativa que esse trabalho tem, de quem realizou e para quem foi feito, esse ano temos Copa do Mundo e nossa série é sobre futebol, então acredito que vai ser um trabalho muito especial em todos os aspectos.
E: Como foi trabalhar com o roteirista Armando Bó?
PA: Foi demais, minha ficha demorou a cair. Lembro perfeitamente da sensação que tive quando eu soube que tinha passado pro teste. Na manhã seguinte, eu acordei ainda meio sem acreditar e fui assistir ao vídeo dele no Oscar, agradecendo, e foi uma das coisas mais loucas que já senti, de saber que teria a chance de trabalhar com o Armando. E hoje, poder falar da experiência de ter trabalhado com ele. O Armando é um diretor muito seguro de si, tem muita criatividade e muita disposição para colocar em prática tudo que ele imagina. Ele é conhecido no seu trabalho por Birdman e os planos sequências longos e desafiadores, e nesse trabalho não foi diferente. Fizemos um plano sequência de uma festa que durou quase cinco horas até alinhar tudo, os ensaios de elenco, de câmera, de foco e finalmente acertar tudo de uma vez. Foi uma grande escola, superei limites e, sem dúvida, expandi meus horizontes com isso. A minha curiosidade sempre foi a minha bússola, e esse trabalho me mostrou que esse é meu caminho, não tenho medo de não saber fazer algo, só tenho medo de não tentar, de me limitar na minha zona de conforto.
E: Como lidar com as multiculturalidades durante as gravações?
PA: Pra mim, é a melhor parte. Meu trabalho é sobre pessoas e para pessoas, então eu me interesso por elas dentro do maior espectro cultural possível e foi, sem sombra de dúvidas, uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida. Morar em outro país, ter contato com outra cultura, já é muito enriquecedor, se você acrescenta a isso gente do mundo todo convivendo nessa mesma experiência, a gente brincava que, no começo, era a própria torre de Babel, mas no final éramos uma grande família. Vi europeus que nunca consideraram aprender outra língua fazendo aula de português. O idioma pode ser uma parede, como também pode ser uma ponte, é só cada um se dispor a atravessar uma parte.
E: The Journey é uma produção americana-brasileira. O que já pode contar sobre este projeto?
PA: Foi um double shooting, que é quando gravamos a mesma coisa em duas línguas. Ou seja, era take por take, um em português, outro em inglês. Sem dúvida foi o trabalho que me trouxe confiança e conhecimento necessário para trabalhar em outra língua, acho que nunca treinei tanto meu cérebro quanto nessa época [risos]. Quanto à parte de lançamento, o projeto é independente e ainda não temos muitas informações sobre isso, pois as negociações correm em sigilo.
E: Como é participar de um projeto internacional?
PA: A expectativa dos outros é o que tenho visto de mais diferente, até então [risos]. E, ao mesmo tempo, eu tento não pensar muito sobre isso porque me deixa ansiosa, não vi absolutamente nada ainda e estou tão curiosa quanto todo mundo. Mas na vivência, trabalhar em várias línguas é desafiador, exige mais atenção, o set tinha uma concentração diferente. Acaba se transformando numa criação coletiva, por exemplo, eles desde o início deixaram claro que tínhamos todo o espaço do mundo para trazer nossos pontos de vista como brasileiros, pois é sobre o Brasil. No fim, ficou muito claro como era menos sobre cada personagem e mais sobre a história, a obra. E isso reflete muito do que foi pra gente como elenco. O que se colhe do trabalho vira uma consequência, pois o processo por si só já é riquíssimo.
E: A comédia brasileira A Sogra Perfeita estreou há pouco tempo por conta da pandemia. Como foi participar desse tipo de produção?
PA: Foi meu primeiro longa, então foi uma grande escola. E tive a sorte de ter três professores muito gentis e disponíveis nesse processo, como a nossa diretora Cris D’amato e meus parceiros de cena, Cacau, Evelyn e Rodrigo. E até no quesito estreia, eu tive meu parceiro que foi o Luis Navarro. Fui de coração aberto, insegura, mas querendo aprender e encontrei uma escola, a Cacau é realmente muito generosa, ela me pegou pela mão e me acolheu. Eu sempre faço uma analogia a quando a gente é criança, chegar num set para fazer algo pela primeira vez é se sentir uma criança, dá medo, mas é tudo novo, então tudo te encanta. E pra fechar com chave de ouro, ainda tive a oportunidade de fazer uma serenata ao lado do próprio Fábio Jr cantando Alma Gêmea [risos].
E: Quais são seus próximos planos profissionais?
PA: Este ano tá recheado de coisas, tanto para lançar quanto para serem feitas, estou muito empolgada! No segundo semestre tenho um longa e duas séries pra estrear, El Presidente e outros dois projetos ainda em sigilo. E no segundo semestre deste ano, já tenho uma série pra gravar e estamos negociando os próximos projetos para o primeiro semestre de 2022.
E: Nas redes sociais, você fala bastante sobre saúde mental. Qual a relevância da terapia na sua vida?
PA: É essencial, faço terapia há 8 anos, com a mesma terapeuta, inclusive. Meu trabalho é sobre interpretar outras pessoas, então é preciso estar sempre revisitando os encontros comigo mesma, as minhas certezas, ter essa separação clara de quem sou eu e o que é meu trabalho é essencial, acredito que esse tipo de cuidado mantém a cabeça no lugar, pelo menos pra mim. Quanto maior a clareza de quem sou eu, menos chances eu tenho de me perder num processo de construção de personagem, é importante ter isso separado dentro da gente, para que o trabalho acabe no momento do corta, senão você leva o trabalho pra casa, dorme e acorda com ele. E isso não é sustentável numa vida de ator a longo prazo. A vida acontece sem parar e a terapia me mantém atenta, com clareza mental e vigilante de mim mesma.
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*Crédito da foto de destaque: divulgação/Pupin+Deleu