Foto: divulgação/Lucio Luna/Robson Torinni

Entrevista | Robson Torinni fala sobre seus últimos projetos, primeiro vilão e sobre levar peça para a França

O ator, que interpreta Cláudio na novela Tudo em Família, comemora os 20 anos de carreira com diversas produções prestigiadas

 

Natural de Garanhuns, no Pernambuco, Robson Torinni faz sucesso por onde passa. Nos palcos do teatro, ele realiza produções como o sucesso argentino A Sala Laranja, que lotou sessões no Rio de Janeiro.

Também podemos acompanhá-lo em rede nacional, na novela Família é Tudo da Rede Globo.  O ator interpreta o vilão Cláudio, um skatista que é chamado para acompanhar Max (Caio Vegatti, um jovem skatista em treinos para competições. Cláudio então, acaba retornando a um antigo conflito com o publicitário e ex-skatista Tom (Renato Góes).

Comemorando os vinte anos de carreira, Robson se dedica ao audiovisual desde a adolescência. Ele se formou em teatro e, além de atuar, também é responsável por produzir peças de sucesso, como Tebas Land, espetáculo teatral que produziu e estrelou pela primeira vez em 2018 e que voltou aos teatros neste ano de 2024.

Essa produção, que aborda a relação entre um presidiário e um jornalista, se tornou um sucesso e rendeu a Robson  o Prêmio Botequim Cultural de Melhor Ator, além de ter sido indicado como melhor ator no Prêmio CESGRANRIO e no Prêmio Cennyn. Após as diversas sessões esgotadas da peça, em julho deste ano Tebas Land participará do Festival de Teatro de Avignon, na França.

O ator também pode ser visto como protagonista da série Entre Longes, uma produção da TV Brasil, além de marcar presença da previsão de estreia no longa Ruas da Glória, que estreia ainda este ano. 

Os projetos dos quais Robson Torinni escolhe participar costumam abordar temas pesados e de maior impacto, como a premiada Tráfico, peça que ficou em cartaz por um ano no Rio de Janeiro e que retrata a vida de um garoto de programa.

Em conversa com o Entretê, o ator falou sobre as diversas produções deque participou ao longo da carreira e contou quais são os planos para os próximos anos. Confira a entrevista na íntegra.

Entretetizei: Em 20 anos de carreira, olhando para trás, qual o momento que o deixou mais feliz em seus trabalhos? Como foi a trajetória até os dias de hoje?

Robson Torinni: Todos os meus trabalhos me deixaram feliz. Ao refletir sobre a minha trajetória, sinto um profundo orgulho. A cada dia, percebo que estou trilhando o caminho que sempre desejei, dedicando-me ao que amo. Tenho certeza de que cada escolha que fiz moldou a pessoa e o ator que sou hoje.

E: Já havia tido a chance de interpretar um vilão? Como está sendo dar vida ao vilão Cláudio, em Família é Tudo?

R: Nunca. No início foi bem desafiador porque o personagem, além de ser vilão, anda de skate, e eu nunca tinha andado. Bateu aquele frio na barriga. Mas logo que comecei a fazer aulas com o professor Fernando, acabei me surpreendendo, foi mais fácil do que imaginava. E hoje consigo até fazer algumas manobras. Estou curtindo muito fazer o Cláudio e sou muito grato ao Daniel Ortiz, o autor, pela oportunidade.

E: Natural de Pernambuco, no Nordeste do país, região que recebe pouco incentivo cultural — como surgiu o interesse de entrar para o mundo das artes? 

R: Desde criança sempre falei que seria ator e que viajaria o mundo. Quando comecei a me entender por gente, logo entrei no grupo de teatro do colégio em que estudei, em Garanhuns.  Acho que já nasci com as artes dentro de mim. E aqui estou: ator, e já viajei para mais de 40 países.

Foto: divulgação/Lucio Luna/Robson Torinni
E: A peça Tebas Land, que você  produz e atua, foi um sucesso. Agora você viaja para uma temporada na França; como se sente vendo seu trabalho se tornar internacional? 

R: O Tebas Land é um filho que só me traz alegrias. Foi o espetáculo onde as pessoas começaram a me olhar com outros olhos. E retomar o espetáculo depois de 4 anos, com casa lotada, foi um presente.Ainda mais no Teatro Poeira, um dos teatros mais charmosos e de prestígio do Rio de Janeiro.

Está sendo muito especial levá-lo para a França, e de uma responsabilidade muito grande, já que seremos os únicos brasileiros no Festival de Avignon, um dos Festivais mais importantes do mundo. Estou com o coração batendo a mil. Mas tenho certeza de que faremos uma temporada linda, assim como foi no Brasil.

E: Outro sucesso no qual você não só atuou, mas produziu, é a peça Tráfico, que recebeu diversos prêmios e indicações. Como foi o processo nos bastidores  de uma produção que aborda esse tema ?

R: Comecei meu processo de criação assistindo a filmes, lendo livros, indo a museus, entrevistando psicólogos, psiquiatras, sociólogos, agentes penitenciários, garotos de programa, usuários de droga, e tive contato com vários jovens periféricos que estão presos. Confesso que foi bem desafiador.

 Não foi fácil me deparar com uma realidade de muitos que estão à minha volta, mas que não é a minha. Por muitas vezes tive que parar o meu processo de pesquisa, não conseguia digerir tantas realidades duras que eu até imaginava que existiam, mas nunca tinha me deparado com elas. Além disso, sempre ouvia dizer que fazer monólogo era um processo muito solitário, mesmo tendo um diretor e toda uma equipe te guiando. E, na minha trajetória na peça, eu pude constatar tudo isso. 

É um abismo que te causa medo e que por várias vezes te faz querer desistir. Eu quis. Ainda bem que tive como diretor o Victor Garcia Peralta, a quem sou muito grato, que não me deixou baixar a bola por nenhum minuto. E como resultado, tivemos um espetáculo que nos trouxe muitas alegrias. E que continuará por muito tempo rodando pelo Brasil.

E: Também sobre o pouco incentivo cultural no Nordeste, você acha que esse é o fator que mais prejudica os artistas nordestinos, ou a falta de visibilidade para esses profissionais tem maior impacto? Como foi lidar com tudo isso?

R: Quando me mudei para São Paulo, enfrentei muitos preconceitos por ser nordestino, especialmente na indústria da publicidade, que exigia um sotaque “neutro”. Felizmente, hoje essa realidade tem mudado progressivamente, e o ator nordestino está sendo reconhecido de uma forma muito mais positiva. Podemos dizer que estamos vivendo um dos melhores momentos nesse sentido.

E: Um de seus próximos projetos é o filme Ruas da Glória. Pode nos contar mais sobre seu personagem na produção?

R: Estou muito feliz por ter participado desse filme e ter tido a oportunidade de trabalhar com o Felipe Sholl, o diretor do longa. Não posso contar muita coisa, mas o meu personagem é um homofóbico, e tenho certeza que muitos se identificarão com ele.

E:  Para finalizarmos, quais são seus próximos projetos e metas profissionais?

R: No longo prazo, continuar fazendo os meus projetos no teatro, começar a produzir cinema e ganhar o Oscar. Para 2024, além de saúde, desejo rodar com os meus espetáculos pelo Brasil e pelo mundo.

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Texto revisado por Jamille Penha

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