Relembre os maiores nomes do cenário mundial e descubra bandas independentes para curtir o dia com muito rock ‘n roll
Você sabia que ontem foi comemorado o Dia Mundial do Rock? Sabe por que essa data foi escolhida? Vem comigo que eu te explico.
No dia 13 de julho de 1985, em Londres, na Inglaterra, acontecia um dos maiores festivais do mundo, o Live Aid. O festival tinha como objetivo arrecadar dinheiro para ajudar a acabar com a fome na Etiópia e reuniu artistas do mundo todo. Queen, Phil Collins, Led Zeppelin, The Who, Madonna, David Bowie, U2, Eric Clapton, Black Sabbath, Status Quo e outros grandes nomes da música se uniram em prol de um só objetivo. Ao todo, foram 21 shows no estádio de Wembley, em Londres, e 38 shows no John F. Kennedy, na Filadélfia, com mais de um milhão de espectadores e telespectadores. Foi o maior evento transmitido via satélite e televisão em larga escala de todos os tempos, abrangendo o mundo todo.
Foram arrecadados aproximadamente 100 milhões de Libras Esterlinas (valores estimados) que foram doadas, em sua totalidade, para ONGs na Etiópia. Nenhum artista, banda ou equipe, recebeu qualquer tipo de salário ou investimento para tocar no festival. Todos eles fizeram as apresentações, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos, pro Bono.
O show fez tanto sucesso que ficou marcado na história da música e do Rock, tendo a data eternizada como o Dia Mundial do Rock. Apesar do nome, essa data só é comemorada no Brasil. O gênero musical surgiu na virada dos anos 1940 para os anos 1950 e misturou elementos de outros ritmos como o blues, jazz e country, muito famosos nos Estados Unidos, e é um dos estilos musicais mais populares do planeta. Não se sabe exatamente quem começou o gênero ou como ele foi introduzido aos ouvidos de milhares de fãs, mas alguns especialistas e historiadores consideram a música Rocket 88, composta por Ike Turner e Jackie Brenston, a primeira composição legitimamente rock ’n roll. Outros dizem que o gênero começou com a famosa voz combinada com riffs de guitarra de Sister Rosetta Tharpe.
No Brasil, o gênero ganhou fama com Nora Ney, após gravar a música Rock Around the Clock, de Bill Haley and His Comets (a canção fez parte da trilha sonora do filme Sementes de Violência), em 1955. Nomes como Tim Maia, Roberto Carlos e, Erasmo Carlos foram influenciados pelo gênero, mas foi um músico carioca chamado Alberto Borges de Barros, líder do grupo Betinho e Seu Conjunto, quem tocou os primeiros acordes do rock em uma guitarra Fender Stratocaster, que trouxe dos Estados Unidos. A música Enrolando O Rock , composta em parceria com o compositor Heitor Carrilho, fez parte da trilha sonora do filme Absolutamente Certo, com participação do grupo, o que resultou no primeiro clipe de rock do Brasil.
Considerado como a era dourada (e também como década perdida, quando se fala em desenvolvimento econômico), os anos 80 nos trouxe nomes como Gang 90 e As Absurdetes, Blitz e Barão Vermelho, com suas letras polêmicas e verdadeiras. Outros grupos surgiram a partir da santíssima trindade do rock e fomos agraciados com inúmeros artistas que desempenharam um papel importante dentro do cenário. Além do Live Aid, ocorrido em 1985, o Brasil também entrou para a história com um dos maiores festivais do mundo, o Rock in Rio, realizado no mesmo ano e com participações lendárias, como o próprio Queen, que fez um dos maiores shows da história do festival, estabelecendo o Rock in Rio como um dos maiores festivais brasileiros.
https://www.youtube.com/watch?v=gblZ2drKK1M
Atualmente, o rock se divideiu em vários outros pequenos gêneros, transformando-se a cada dia, como o pop rock, indie rock, heavy metal, metal sinfônico, thrash/death metal, entre outros. O estado de São Paulo presenteou o mundo com bandas como Ira, Titãs, RPM, Legião Urbana e Capital Inicial, que fizeram e ainda fazem história. A partir dos anos 2000, novas bandas e artistas entraram no radar, como Charlie Brown Jr., Pitty, Pato Fu, Forfun, Raimundos, CPM 22, Mamonas Assassinas, Sepultura, Detonautas, Shaman, e muitos outros. Por fim, o rock luta para sobreviver em um país com poucos incentivos e, se me permite dizer, muito preconceito por parte de outros gêneros musicais.
“I wanna rock ‘n roll all nite and party everyday!”
Dentro do cenário brasileiro, já falamos de bandas de sucesso e nomes que mudaram a história do rock no país, mas existe um segmento pouco falado que merece destaque: o underground. São bandas independentes, que ainda não tiveram a chance de mostrar seu talento para o mundo e tocam em bares, pequenos festivais e lives, mas que possuem uma legião de fãs pronta para apoiá-los. Vem com a gente conhecer algumas dessas bandas e artistas e, quem sabe, garantir um show para o pós-pandemia.
Māyā – Rio de Janeiro
“Ter uma banda de rock, para mim, por mais clichê que possa parecer, é um estilo de vida. Nunca foi uma questão de escolha, mas um caminho natural”, comenta Gimmy, vocalista da banda.
“Me reunir com outros músicos, somar habilidades, visões artísticas, compor, trabalhar em arranjos, pensar em conceitos de letras, fazer clipes… Isso tem sido minha vida desde bem novo. É como criar pequenos núcleos quase familiares em cada banda que você faz parte. É construir uma obra junto com outros malucos como você – até diria Raul Seixas ‘sonho que se sonha junto’, diz.
“Ter uma banda independente tem seus prós e inúmeros contras. Você faz suas músicas com liberdade ímpar – no entanto, gasta muito, mas muito mais tempo, dinheiro, recursos e sanidade do que em outros formatos de banda. Além disso, tem o mistério de alcançar as pessoas com a arte que você fez. É muito além de fazer música própria, mas como gravá-la e principalmente, como mostrá-la por aí. Confesso que é frustrante na maioria das vezes. Cheio de momentos em que você se enche de esperança e cai… para levantar de novo”, comenta. “O próprio Maya tem uma música sobre isso, que fecha nosso terceiro álbum, Egophilia de 2018, e se chama After All. Justamente essa tarefa agridoce de não conseguir parar de lutar, de ter uma banda, mesmo com todos os problemas. De estar a um passo de declarar a derrota e descobrir que não consegue fazer outra coisa… A pandemia, como foi para todos, esfriou tudo. As relações das bandas que faço parte, por exemplo, estão mais distantes. Fizemos sessões remotas, gravações “de quarto” e compomos com um ritmo bem lento novos trabalhos. Infelizmente não é a mesma coisa. O que me levou a tocar – nestes mesmos formatos à distância – com outras pessoas e compor sozinho também. Mas a falta que faz é incomensurável. De ter um próximo show no horizonte, sentir a energia e os gritos da galera. Ter um próximo clipe cheio de amigos a ser gravado, ter um novo disco sendo planejado. A pandemia impossibilitou muitas das coisas que eu fazia para dar sentido à minha vida. Ainda não aprendi. Estou esperando”, finaliza.
Fenrir’s Scar – São Paulo
“Acho legal ter a data do dia do rock pra gente comemorar e relembrar as primeiras bandas de rock que a gente conheceu, os primeiros discos que ouvimos e todas essas primeiras descobertas na música. Ainda mais hoje em dia, que o rock já não está mais tão presente no mainstream e na grande mídia”, comenta Deze Rezende, vocalista. “Foi legal demais ver a Fernanda Lyra, da banda Crypta, dando entrevista no SPTV da Globo hoje, por exemplo. Eu acho que nos últimos anos a gente evoluiu muito, principalmente na questão da representatividade. Tem muita mulher fazendo um som pesado e de qualidade e sendo reconhecida por isso. Mas é apenas um começo. Ainda tem muito preconceito e machismo por aí. Uma das coisas que mais me marcou negativamente, foi um comentário de um rapaz da imprensa do underground dizendo que não gosta de mulher cantando metal. Acho que foi o maior absurdo que eu já ouvi! Tudo bem ele não gostar da minha voz, mas generalizar dizendo que todas as mulheres no metal cantam com voz doce é ignorância demais”, finaliza.
Mama Feet – Rio de Janeiro
“Hoje, eu celebro grande parte da minha vida. Minha alma, minha terapia, meu sorriso, meu choro, meu refúgio, minha celebração. O rock é necessário para mim e para todos. Se ele não tem calor, grito e nem verdade. Sempre que me perco, me encontro em alguma guitarra distorcida de alguém que estava como eu, em algum lugar dormindo tendo que gritar para escutar ou ele mesmo se escutar. Revolta, energia, amor, ódio, alegria, tristeza, soco na cara, beijo de língua, rodinha punk… isso é rock!”, finaliza Pedryta Araruama, baterista da banda de indie rock carioca Mama Feet, e do cover de Arctic Monkeys, R U Mama?
“I can hear it screamin’ in my mind: long live rock and roll!”
Não podemos esquecer também das bandas que fazem covers, aquelas que cantam músicas de bandas famosas como Iron Maiden, Black Sabbath, Ghost, Avenged Sevenfold, Epica, Evanescence, dentre muitas outras. Em 2003, foi criado o Metal Jam, um festival anual de heavy metal exclusivamente de artistas independentes cantando clássicos de nomes famosos do rock mundial.
The Stonks – Rio de Janeiro
“Eu lembro que, a primeira vez que eu soube sobre o Metal Jam, eu era nova aqui no Rio e ele aconteceu lá no Clube América, na Tijuca. Eu fui sozinha e tinha muita gente que eu nunca vi na vida, todos vestidos de preto, mas eu fui na cara e na coragem e curti bastante. Principalmente quando eu vi a Angélica (Burns, vocalista da banda carioca de death/thrash metal Hatefulmurder), a única mulher no palco e cantando muito. Só depois eu descobri que quem fazia o evento eram os próprios músicos”, comenta Paula Ledo, vocalista.
“Na minha experiência, eu participei em 2015 e não conhecia ninguém da comissão e também conhecia pouquíssimos músicos no Rio. Eu fiquei muito feliz quando fui selecionada para cantar Lacuna Coil. No primeiro ensaio, tinha muita gente e sentei na mesa com vários músicos e encontrei o Thiago Millôres e foi muito legal. A maioria da galera já se conhecia, provavelmente por causa da cena rock aqui no rio. É muito legal porque reúne muita gente de todos os tipos. Eu tive a oportunidade de cantar no palco do Circo Voador para um público de quase mil pessoas. Eu fiquei muito nervosa! Quantos artistas maneiros não passaram por aquele palco? Eu não acreditei que ia cantar para aquele tanto de gente. E todo mundo pulando e cantando junto, foi muito legal! A única coisa triste do Metal Jam é que só tinham cinco mulheres ali, com apenas uma instrumentista.”, finaliza.
Brazilian Maiden – Rio de Janeiro
“Eu faço cover da melhor banda do mundo, o Iron Maiden. É muito fácil fazer um cover deles porque é como começar um jogo com um placar a favor, sabe? É chegar a um palco, sendo fã de Maiden e tocando para fãs iguais a você”, comenta Rafael Sperduto, vocalista e guitarrista.
“É uma sensação de, na verdade, só comandar uma festa, uma celebração daquela banda que a gente gosta em comum, sabe? É só organizar a bagunça, determinar que ordem a gente vai cantar as músicas. A única certeza que temos, é que vamos passar as próximas três horas cantando Iron Maiden juntos. Já tocamos para mais de 200 pessoas (capacidade máxima do bar) no Calabouço, na Tijuca, e ver todo mundo cantando em uníssono com você é indescritível e impagável”, finaliza.
Gostou de conhecer mais sobre a história por trás da comemoração do Dia Mundial do Rock? Qual a sua banda favorita de rock? Entre nas redes sociais do Entretetizei – Insta, Face e Twitter – e conta para a gente.
*Crédito da foto de destaque: Divulgação/Diego Padilha