O line-up conta com nomes nacionais e internacionais e uma performance que conecta o Reino Unido e Pernambuco
Conhecido pela atitude vanguardista em explorar diferentes cenas e gêneros musicais, mas sem perder de vista a tradição, o Festival Rec-Beat retorna ao carnaval do Recife, no Cais da Alfândega, nos dias 18 a 21 de fevereiro, com um line-up que contempla talentos do cenário local e nacional, além de atrações internacionais inéditas.
“Nesta edição, assim como em todas as outras que realizamos até aqui, o Rec-Beat aposta em novidades, mas sempre com um olho na tradição, com base em uma pesquisa curatorial atenta e constante. Evitamos o conforto de montarmos uma programação que simplesmente replique a obviedade de outros eventos, ou baseada em hypes e algoritmos. Mesmo o festival tendo quase trinta anos de existência, buscamos sempre o frescor e a originalidade. E posso garantir que sempre conseguimos surpreender o nosso público”, observa Antonio Gutierrez, o Gutie, diretor e curador do festival.
Destaques
Entre os nomes confirmados está o do grupo Bala Desejo (RJ), que se apresenta pela primeira vez na capital recifense. Impulsionado por uma reinvenção da estética setentista, a banda flerta com a bossa-nova, o indie pop, o pop rock e as referências tropicalistas.
Também confirmado está o Mestre Ambrósio (PE), grupo histórico que fez parte do movimento manguebeat. A banda, que funde o rock a ritmos tradicionais da cultura popular, apresenta um espetáculo catártico que marca o seu retorno em comemoração aos seus 30 anos de criação.
O Conde Só Brega (PE),ícone da cultura local e expoente de um dos ritmos mais importantes de Pernambuco, chega ao palco do Rec-Beat em consonância com sua nova fase na carreira.
O piauiense radicado em Fortaleza, Getúlio Abelha (CE), também marca presença na programação, trazendo sua fusão de forró, calypso e brega, e uma linguagem pop e eletrônica.
A lenda viva do funk Deize Tigrona (RJ) sobe no palco do festival ao lado do produtor paulista Mu540 (SP), um dos principais cientistas sonoros da atualidade.
Outro confirmado é o MC Marechal (RJ), no ofício do rap desde 1998. Pioneiro em seu estilo de rimar e produzir, foi fundador do Quinto Andar, um dos primeiros grupos a trabalhar com o Rap Alternativo no Brasil.
Apostas
Com um trabalho que busca refrescar tendências no hip hop, um dos novos talentos mais instigantes da cena carioca, a cantora Slipmami (RJ), traz ao Rec-Beat a sua mescla autêntica de death rock, emocore, afropunk e rap.
O palco do evento também recebe o Baratino Loko (PE), um projeto montado exclusivamente para ser apresentado no Rec-Beat, que explora as possibilidades do bregafunk e da cultura musical periférica do Recife.
Estarão presentes no line-up as cantoras e compositoras Joyce Alane (PE) e Bela Maria (PE), ambas explorando seus respectivos potenciais vocais em trabalhos autorais que vêm sendo reconhecidos ao redor do Brasil.
Também sobe ao palco a musicista caruaruense Vitória do Pife (PE), com um espetáculo que trabalha o pífano como mediador entre o místico e o real.
O palco do evento ainda hospeda a Batalha da Escadaria (PE), um tradicional encontro de MCs, que existe desde 2008 em Recife e visa fortalecer a cultura do hip hop local.
A banda Joe Silhueta (DF) vem ao Recife pela primeira vez apresentar um repertório que vai do rock à psicodelia, em uma identidade multifacetada que sintetiza de maneira espontânea as tradições musicais brasileiras e os elementos da cultura pop internacional.
Tradição
Firmando seu compromisso em representar a diversidade de sons produzidos no território brasileiro, o palco do festival recebe o grupo Suraras do Tapajós (PA), o primeiro conjunto de carimbó no Brasil composto somente por mulheres indígenas. Pertencente à Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós, na Amazônia paraense, o grupo trabalha com o carimbó, um ritmo tradicionalmente executado por homens.
Em 2021, as Suratas do Tapajós lançaram o seu álbum de estreia, Kiribasáwa Yúri Yí-Itá – A Força que vem das Águas, projeto que traz suas vivências e a musicalidade da floresta.
Em proposta similar, o Afoxé Omô Nilê Ogunjá (PE), fundado em 2004, na comunidade recifense do Ibura, ocupará a programação do festival para uma performance histórica. O grupo cultural e artístico, formado por cerca de 30 integrantes, une música, dança e canto, para celebrar o candomblé e a arte como dinamizadores de transformações do sagrado.
Internacionais
São eles a artista griot Djely Tapa (Mali), o cantor e compositor Kizaba (Congo), a dupla latina Purahéi Soul (Paraguai), o duo britânico O. (Reino Unido) e o multi-instrumentista e cantor Simon Winsé (Burkina Faso).
A cantora Djely Tapa traz ao Recife a arte vocal dos griots, enquanto trafega entre a tradição, o blues e a música eletrônica.
Os paraguaios da Purahéi Soul cantam em guarani, espanhol e inglês. A dupla reúne um mix das suas influências e afinidades sonoras, apresentando canções folclóricas latino-americanas com padrões refeitos de jazz e blues.
O cantor, compositor e multi-instrumentista Simon Winsé trabalha com kora, n’goni, arco de boca e flauta Fulani, sendo reconhecido como um dos principais mestres do instrumento.
O cantor, compositor e multi-instrumentista congolês Kizaba traz o seu pop rock afro-congolês para o palco do evento. Seus trabalhos criam vocalizações inspiradas nos seus antepassados e misturam sons de soukous congolês, afrobeat, house music e R&B.
DJs
Na line-up de DJs, o Rec-Beat continua apostando em diferentes nomes que trazem pesquisas sonoras distintas e interessantes. Indo da DJ Makeda (PE), trafegando entre o afrohouse, o afro tech e o kuduro, passando por roupaspreta(PE/SE), projeto da multiartista Anti Ribeiro que costura texturas da música eletrônica do sul global, indo até o sets viscerais e plurais da DJ MX (PE) e do DJ Calani (PE).
Inclusivo
O acesso gratuito proporciona um espaço democrático, inclusivo e libertário para os foliões conhecerem novos artistas e experimentarem ritmos provenientes de várias partes do mundo.
O festival também conta com área reservada para pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, e intérprete de libras no palco durante os shows.
Irmãos Credo
Para simbolizar toda a miscelânea cultural, a identidade visual desta edição do Rec-Beat é assinada pelos Irmãos Credo, artistas visuais de Trindade, interior de Goiás, que têm como referências afrofuturismo, musicalidade e cultura popular. Com um discurso que transita entre o sagrado e o profano, a dupla concebeu um “kalunga andrógino” para estampar o cartaz do festival.
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* Crédito da foto de destaque: divulgação/ José Britto