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Gabriel O Pensador fala sobre nova música, Nossa Mente, em parceria com o duo Chemical Surf

Em coletiva, Gabriel o Pensador falou sobre a nova música, inspirações e contou ao Entretetizei sobre o processo de criação de Nossa Mente

 

No último dia 1º, o rapper, compositor e músico Gabriel O Pensador lançou mais um sucesso extraordinário. A música, Nossa Mente, foi criada em parceria com o duo de música eletrônica Chemical Surf e veio para fazer o ouvinte refletir. Conhecidos de longa data – Hugo e Lucas Gonzales do Chemical Surf e Gabriel O Pensador já trabalharam juntos no icônico hit Matei o Presidente 2 e reviveram a parceria em Nossa Mente. O single, que já está disponível em todas as plataformas digitais, é uma imbatível mistura de letra com críticas contundentes, que abre espaço para o debate e a interpretação individual, com a força da música eletrônica.

Foto: Captura de Tela

O som eletrônico do Chemical Surf e a nossa amizade são a base perfeita pra eu lançar essa letra e provocar ao mesmo tempo o pensamento crítico e a libertação da prisão do próprio pensamento. Até onde a nossa mente é realmente nossa? Temos que nos apoderar de nós mesmos e a música também é uma chave para esse empoderamento. Quando estou no palco com esses dois caras dividindo a vibe única que tem o público deles, somos ao mesmo tempo a fonte que dispara e o alvo que recebe essa energia e esse poder – eu, eles e cada indivíduo da plateia. Essa música vai reforçar essa certeza tão importante na volta da pandemia”, comenta Gabriel.

O clipe foi gravado pelo irmão de Gabriel, Thiago Mocotó, e mostra o cantor como um apresentador de telejornal. Thiago divide a autoria do vídeo com Dree Beatmaker, produtor do mais recente single do rapper, Patriota Comunista. A edição é da produtora Seven Digital Content.

Veja o clipe de Nossa Mente clicando abaixo:

Durante uma coletiva de imprensa, Gabriel falou um pouco sobre a criação de Nossa Mente, as inúmeras interpretações da música e suas inspirações. O Entretretizei teve a honra de participar da coletiva e fazer algumas perguntas ao Gabriel e ao duo, Chemical Surf. Confira o que eles falaram.

Entretetizei: oi, gente. Boa noite! Tudo bem com vocês? Eu sou a Lorraine Perillo, do portal Entretetizei, aqui do Rio de Janeiro. Primeiramente, gostaria de parabenizá-los pelo lançamento da música. Eu adorei, ficou incrível como sempre! Gabriel, você sempre fez músicas com algumas críticas aos governos e, dessa vez, não foi diferente, obviamente. Eu queria saber de você como foi fazer uma música a um governo claramente autoritário e com tão pouco investimento na cultura?

Gabriel: quando eu faço as letras é um processo muito intuitivo. Eu não penso “ah, eu vou falar do governo ou vou falar disso ou daquilo”. Ela vem em desabafo e inclui, por exemplo, no Patriota Comunista, ela inclui esse governo, mas inclui o sistema todo, a nossa maneira de fazer política; inclui os nossos erros como cidadãos, que também somos… De onde os políticos vêm? De onde os monstros vêm? Somos nós mesmos que temos que avaliar e tal.

Então, nessa música eu também vejo um pouco isso e, é claro, que eu fiz essa letra nesses tempos atuais e vem o desabafo da falta de cultura, né. “Se por arte eu me interesso, não faz parte do processo. Informação, educação, claro que não, não tenho acesso”. (Trecho da música Nossa Mente) Tem uma crítica bem atual, mas também são questões crônicas do Brasil e ela fala sobre a nossa passividade. Porque nós damos o poder para as pessoas e não só políticos, mas para todas as forças que nos controlam, nós damos o poder. Se a gente for pensar que a gente também é vítima de um controle, seja de empresas ou da internet. Outro dia, eu vi aquele documentário O Dilema das Redes e realmente faz pensar, mas nós somos os primeiros a entregar a nossa energia, o nosso voto e o nosso tempo, então essa música também é uma autocrítica ao nosso comportamento. Acho que, de uma maneira um pouco abstrata, não é uma crítica a uma coisa só, mas ela é um desabafo e com a música dos meus amigos que é pra divertir também. Eu gosto quando as pessoas vão ouvir uma música e vão ter as sensações e emoções que eu também não controlo.controlam. A Carol (outra jornalista presente na Coletiva), por exemplo, já pensou numa manipulação dos veículos de imprensa, de parte deles. E existe também no mundo. Outro vai pensar mais em um outro detalhe da letra. Para você já chamou atenção pro lance da cultura, da falta de cultura e de um incentivo à cultura, então ela fala de algumas coisas e deixa a emoção, a conexão com cada ouvinte bater de um jeito. Acho que tem a ver, os meninos podem falar mais, sobre a liberdade da música eletrônica, como ela emociona as pessoas. Não é muito racional, é uma coisa da emoção, é muito da intuição. E eu gosto de fazer coisas com eles por isso.

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Chemical Surf: a música eletrônica, no Brasil, não tem muito costume de trazer uma coisa mais crítica. Fora do Brasil, a música eletrônica é até mais militante, mas aqui não tem o costume, principalmente com uma letra em português e tal. Uma coisa que eu até recebo certa crítica, por essa good vibes… Acaba ficando até um pouco tóxico. Sei lá, a galera não tem o costume de ter esse tipo de material. E eles estão recebendo muito bem. A gente fez um formato para funcionar na pista, né. Acho que nem combinava um instrumental muito melódico, a gente quis uma coisa pesada, que funcionasse na pista e deixasse a mensagem brilhar. A mensagem que era o mais importante na música.

G: e eles capricharam mesmo nessa busca. Vocês dois, sobre a busca do peso, a gente trocou umas figurinhas. 

CS: fizemos umas duas ou três versões até chegar nelas.  

G: foi muito bom. A gente fez com calma e a pandemia nos deu tempo. Não era urgente e eles seguraram para lançar um pouco agora na volta aos shows.

CS: a ideia surgiu do Gabriel, ele já tinha essa letra e ele que teve a ideia de fazer com um beat mais eletrônico. Ficou bem legal! 

Foto: Divulgação/warpsound.com.br

E: a minha próxima pergunta vai ser para os três. Para o Gabriel, quem ou qual é sua maior inspiração para escrever; e para o Chemical Surf, como vocês criam essas batidas, o que inspira vocês e como é o processo criativo?.

CS: nesse caso, cada música tem uma inspiração, na verdade. A gente recebeu o vocal, testamos alguns instrumentais até chegar nesse, de uma coisa mais pesada e não muito melódica, mais para deixar a mensagem na cara. Uma coisa que funcionasse na pista. Uma característica nossa é não ter fórmulas. Chemical Surf quer dizer que a gente gosta de criar fórmulas. É meio que uma analogia com os químicos que criam fórmulas em laboratório e a gente criar novas fórmulas de som no estúdio. Nosso som não é preso a nenhum gênero, tanto que nosso lema, quando a gente vai lançar um som é RIP, Genres, que significa, em tradução literal, Descanse em paz, Gêneros. Então, cada som sai puxando com alguma influência. Não batemos nenhuma bandeira, “ah, somos DJs de House ou DJs de Techno”, a gente mistura tudo e foi isso que chegou longe internacionalmente, foi essa mistura que criou um estilo novo, um estilo próprio.

G: ah, eu não tinha pensado nisso. A gente tem isso em comum, né? Essa mistura de influências e quando a Lorraine perguntou, eu fiquei aqui viajando, quem foi minha maior influência… Eu nunca conseguiria citar….

CS: esse tipo de pergunta também… eu acho meio injusto de responder, porque é tanta coisa que influencia. Às vezes, você é influenciado por um arranjo que você nem sabe, que você ouve e nem sabe o artista. Cada etapa da vida você foi influenciado por um artista. É meio injusto, às vezes. Você vai ter que fazer uma lista que nem vai dar tempo de falar.

G: aliás, eu vou aproveitar para divulgar que eu estou lançando mais um livro para crianças e, quando ela falou da minha maior inspiração para escrever, a cabeça até embaralhou aqui com coisas de literatura e música. Eu lancei um livro chamado Nada D+, com a Laura Malin, uma amiga minha, como co-autora, escrevemos juntos e à distância. E estou lançando também mais um e-book chamado A Lâmpada Queimada que será lançado no Dia das Crianças. Quem comprar o livro vai ter acesso a um bate-papo em que eu recebo a Tainá Cavalieri, que é a ilustradora do livro, para a gente conversar e desenhar junto com as crianças, fazer uma brincadeira com desenho. É uma experiência nova e eu estou achando muito legal isso. O livro A Lâmpada Queimada sai no Dia das Crianças.

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Sobre a influência, pode ser desde o Ziraldo até o Bob Marley, Cazuza, Raul Seixas, Nando Reis. É uma mistura bem louca e, às vezes, você pensa que os humoristas, como o Chico Anysio, os cineastas, tudo é influência. Tudo inspira, como você me perguntou quem mais me inspira a escrever. E uma coisa que eu gosto de lembrar é que as pessoas simples e anônimas podem nos inspirar muito também, em uma conversa, em uma história de vida, então eu acho que eu absorvo muito o que acontece à minha volta, comigo, eu sou muito sensível. Tudo me inspira sem eu mesmo perceber. Não é muito racional e, claro, em música tudo que eu escutar ou escutava desde criança, meus pais ouvindo Rita Lee ou qualquer coisa, ou Gilberto Gil, e já na época já estava entrando e me inspirando. Hoje, eu não saberia responder essa pergunta. Eu poderia dizer que Luiz Gonzaga até o eletrônico sem letra, o Chemical Surf pode me inspirar. Temos que lembrar que músicas sem letra também inspiram, né.

Foto: Divulgação/Facebook: Gabriel O Pensador

O que acharam da coletiva? Já ouviram a nova música do Gabriel, O Pensador? Entre nas redes sociais do EntretetizeiInsta, Face e Twitter – e nos conte o que achou.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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