GRACINHA, o álbum visual, tem direção criativa e roteiro de Manu Gavassi e co-direção dividida entre ela e Gabriel Dietrich
Nesse universo lúdico que mistura Kurt Cobain e Clarice Lispector, o inesperado se conecta, se transforma, se completa, e transforma o cenário de aceitação e novidades de Manu Gavassi em algo maior. Uma história pessoal e, ao mesmo tempo, lúdica sobre identidade, libertação e renascimento para nossa amada Manu Gavassi.
Lançado nesta sexta-feira (26 de novembro), com exclusividade pelo Disney+, o filme está intrinsecamente ligado à narrativa já apresentada por Manu Gavassi no álbum de mesmo nome que chegou às plataformas de streaming duas semanas antes, no dia 12 de novembro.
A produção do projeto é assinada pela F/Simas, escritório que gerencia a carreira da artista e que também atua como produtora de conteúdo no mercado audiovisual. A direção de fotografia foi de Nicholas Bluff, direção de arte foi assinada por Ana Arietti, a direção de coreografia ficou com Maitê Molnar, a direção de maquiagem por Krisna Carvalho e Carol Roquete foi a diretora de figurino.
Com o elenco principal sendo composto por João Côrtes, Paulo Miklos, Ícaro Silva, Fábio Porchat, Titi Ewbank Gagliasso, Amaro João de Freitas Neto, Samuel De Saboia, João Mandarino e, é claro, Manu Gavassi, o nome dos personagens foi propositalmente omitido deste texto para evitar estragar as surpresas do filme.
GRACINHA é tão assombrosamente autobiográfico que começou a germinar com a música Eu Nunca Fui tão Sozinha Assim, em que Manu Gavassi questiona a popularidade adquirida durante a estadia na casa mais vigiada do Brasil. Ao deixar Curicica, ela se viu em uma realidade que não era familiar (a nossa, em meio a pandemia do coronavírus) e ainda tendo que carregar uma tonelada de peso nos ombros, graças ao ótimo trabalho de marketing realizado durante a passagem pelo reality da Globo.
Neste período, Manu Gavassi entendeu duas coisas sobre si mesma: fazer piada sobre suas falhas era autodefesa; e era hora de mudar para não ser refém dessa mesma personagem.
Em dezembro de 2020, escreveu GRACINHA, a música-título para o projeto. Em um sonho – sonho no sentido literal da palavra – a narrativa do álbum visual se apresentou quase completa. A história gira em torno dessa bailarina de teatro que questiona o zeitgeist e o que significa ser artista, enquanto tenta se desvencilhar de quem enxerga a arte como número. Para ela, arte é sensação, toque na pele, é dança e expressão, e não ingressos vendidos.
Tudo cresceu a partir dali, quase um ano antes do lançamento. Manu apresentou a proposta para a plataforma Disney+ em dezembro, no final de janeiro gravou o disco e, entre março e abril de 2021, filmou o álbum visual. Neste meio tempo, durante três meses, cursou balé contemporâneo para dar conta de todas as performances do vídeo.
Enquanto buscava uma locação, Manu se encantou pelo Teatro Municipal Casa da Ópera, em Ouro Preto. A cidade (e o espaço) ofereciam uma qualidade atemporal que a narrativa de GRACINHA pedia, com suas ladeiras de ruas de pedra e edificações de séculos que se passaram.
Para gravar em uma cidade com uma das maiores heranças escravocratas do Brasil, GRACINHA subverte a história real: no trono, como rei e rainha dessa jornada, estão Loic Koutana e Anna Luiah, resplandecentes e preciosos, ampliando a narrativa do trabalho.
Meio escondido, como se fosse um easter egg dos filmes da Marvel e da Pixar, se encontra uma citação de Smells Like Teen Spirit, de Kurt Cobain: “Agora, aqui estamos, nos entretenha”, berrava o vocalista do Nirvana. No Universo Cinematográfico de Manu Gavassi, o trecho surge em cena no convite para a apresentação da Gracinha, cuja volta aos palcos é aguardadíssima por aquela sociedade. Sim, isso é uma crítica à obrigatoriedade de entreter e, principalmente, é uma exaltação à liberdade.
Já no ápice da sua jornada, a heroína lê um trecho de um texto de Clarice Lispector: “O mecanicismo exige e exige a minha vida. Mas eu não obedeço totalmente: se tenho que ser um objeto, que seja um objeto que grita”.
Manu Gavassi se recusa a ser quem exigem que ela seja. Libertando-se de uma imagem criada para si pelos outros – e despindo-se corajosamente da personagem que usou por tanto tempo para se proteger –, ela cria um corajoso álbum visual rico em detalhes, conta uma jornada inspiradora e mexe com as estruturas do pop brasileiro com um formato que não se vê por aqui.
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*Crédito da foto de destaque: Divulgação