Atenção, gravando! O encontro das mulheres com o rádio no Brasil

Consumidoras, cantoras de rádio, atrizes de radionovelas, narradoras, jornalistas, apresentadoras. Da antena aos podcasts, as mulheres fizeram e fazem parte do mundo radiofônico no Brasil em todas as fases

 

Hoje, 13 de fevereiro, é o Dia Internacional do Rádio. Se você pensou só naquele aparelho de pilha, está na hora de ir mais longe. O rádio é muito mais: ele continua, sim, no aparelho em casa, no carro, no trabalho, no AM e FM, em qualquer lugar onde tem sinal.  Mas ele também está nos celulares, computadores, tablets, na televisão. E tem mais: o rádio não chega só por ondas hertzianas, como antes, ele também é rádio na internet, em tempo real ou salvo em sites e serviços de streaming.

Muita informação? Vamos aos poucos. Antes, o rádio era o aparelho central nas casas, as pessoas se reuniam em volta para escutar. Mas, ao longo do tempo, ele foi se adaptando às mudanças sociais e à chegada de novas tecnologias, como por exemplo, quando chegou a televisão e a internet. Com isso, hoje, o rádio pode ser escutado via antena ou acessado de vários dispositivos, e pode ser escutado não só na programação, mas também quando a gente quiser.

A Rádio Clube de Pernambuco foi a primeira a transmitir mensagens por ondas eletromagnéticas, em 1919. Já em 1923, se iniciaram as transmissões regulares pela Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. O Dia Internacional do Rádio foi aprovado em 2012 pela Assembleia Geral das Nações Unidas e foi instituído para celebrar esse meio de comunicação e sua importância social.

Fonte: ACidade On

Preparando o script: uma linha do tempo das mulheres e do rádio

Durante toda a história do rádio as mulheres estiveram presentes. Infelizmente, sempre houve uma predominância de vozes masculinas, mas a audiência maior era do público feminino. Com o tempo, enquanto as lutas feministas iam conquistando outros lugares sociais, as mulheres também foram chegando com mais força nos estúdios de rádio.

Até os anos 1930, o rádio estava em uma fase de implantação, ganhando seu espaço. Nesse período, o mesmo em que as mulheres conquistaram o direito ao voto, garantido pelo Código Eleitoral de 1932, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro apresenta a primeira radialista do Brasil: Maria Beatriz Roquette-Pinto; É na década de 1930 também que as mulheres criam um vínculo maior com os estúdios, porque começam a cantar nas emissoras, surgindo as famosas cantoras do rádio.

Maria Beatriz Roquette-Pinto | Fonte: Conecte Mulher

Logo depois, o rádio entra em uma fase de difusão, se estruturando e popularizando, e assim, mais pessoas têm acesso. A partir da década de 1940, o rádio começa a se dedicar mais às radionovelas e as cantoras migram para a atuação. 

Já a partir de 1950, o rádio começa a se modificar um pouco mais, já que aparece a televisão. Assim, os programas começam não só a passar as notícias, mas também a interagir mais com quem está ouvindo. Nesse momento, aparece uma geração de programas de reflexão social e políticas públicas, incluindo pautas feministas. Um exemplo é o programa Viva Maria, da Rádio Nacional, que falava sobre mulheres em movimentos populares, sindicatos, partidos políticos e em questões de cidadania e direitos humanos.

Chegamos aos anos 1990, com as mulheres ocupando novos espaços e reivindicando cada vez mais seus lugares. Esse é o momento em que os estudos feministas e a luta das mulheres ganham força, principalmente pelas possibilidades da internet. Assim, as mulheres aparecem de forma mais atuante no rádio. Não podemos deixar de lembrar da Isabelly Morais, a primeira mulher a narrar um jogo de futebol no rádio brasileiro, em 2017. É aqui também que surgem os podcasts e a democratização da produção e do consumo aumenta, oferecendo ainda mais possibilidades às mulheres.

Isabelly Morais | Fonte: Dibradoras

Vamos para a gravação: as mulheres na podosfera

Sim, podcast também é rádio. É aquele rádio na internet, que surgiu em 2004 e pode ser acessado de qualquer lugar e a qualquer tempo. É também o que democratiza a produção sonora, porque qualquer pessoa pode produzir de qualquer lugar e sobre qualquer assunto. É o rádio que fica armazenado e não precisa acompanhar uma programação ou ter uma duração específica. 

As mulheres foram encontrando seu lugar e soltando sua voz aos poucos. Atualmente, o podcast feito por mulheres mais ouvido do Brasil é o Mamilos, apresentado pelas jornalistas Juliana Wallauer e Cris Bartis, com debates sobre diferentes assuntos.

Atualmente, dos podcasts apresentados só por mulheres, a maioria não tem uma temática específica, o que só confirma que as mulheres não se limitam aos assuntos já estigmatizados socialmente para elas, mas transitam e tem propriedade para falar sobre diferentes campos. 

A maioria também é de debate, provavelmente porque esse formato tem uma produção mais barata. Mas também é o tipo de podcast com mais possibilidade de discussão sobre vários assuntos, apresentando diferentes pontos de vista e compartilhando conhecimento.

O dado mais legal sobre os podcasts feitos só por mulheres é que a maioria esmagadora é independente, o que garante a questão de que qualquer pessoa pode fazer e escutar, sem depender de financiamento ou de alguma instituição. O podcast é, sim, um lugar para as mulheres falarem sobre o que quiserem, aprenderem sobre o que quiserem e debaterem assuntos quando quiserem.

Gravação do podcast Mamilos | Fonte: Época

Hora da edição: dicas de podcasts feitos só por mulheres

O podcast está crescendo cada vez mais no Brasil e as mulheres também estão acompanhando esse desenvolvimento e ocupando a podosfera. Existem vários podcasts mistos incríveis com mulheres na produção, na apresentação e na edição

Mas hoje, separamos uma lista especial de seis podcasts feitos só por mulheres, sobre diferentes assuntos, para você comemorar o Dia Internacional do Rádio maratonando: 

[temas variados] Respondendo em Voz Alta: Laurinha Lero responde em voz alta, toda quinzena, as melhores perguntas dos ouvintes. Se você nunca ouviu o Respondendo, comece pelo 12 ou por qualquer outro que não seja o piloto, pelo amor de deus. Se você quiser aparecer no Respondendo, manda a sua pergunta lá no t.me/laurinhalero mas se for muito longa, eu não vou ouvir.

[arte] Yincast: Podcast sobre filmes, séries, músicas e livros. Visão feminina do mundo da arte 🙂

[histórias reais] Baseado em fatos surreais: Podcast de histórias (sur)reais de mulheres (heroínas), interpretadas em primeira pessoa e de maneira anônima. Com muita empatia, intimidade e leveza. Toda quinta-feira um caso novo no radinho 😉

[qualidade de vida] Na Nossa Vida: Eu sou a Isa e aqui é onde compartilho o meu guia para uma vida mais leve para falarmos da vida e espero te inspirar a se apaixonar pelas pequenas coisas do seu dia-a-dia. Tudo que acontece na minha, na sua, na nossa vida. Por uma vida com #NadaAlémdoSimples

[esporte] Passa no DM: O Passa no DM é um podcast sobre futebol feminino que leva bem mais a sério o esporte do que a si mesmo. Informação e senso de humor são as marcas registradas do DM com apresentação de Amanda Marinho, Letícia Lázaro e Duany Khydac.

[economia] PoupeCast: Bem-vinda e bem-vindo ao PoupeCast, o podcast que faz os seus sovacos suarem e os seus bolsos se encherem, porque por aqui circulam os maiores babados do mundo das finanças e do mercado financeiro! Você vai aprender como não fazer mais cagada com o seu dinheiro! Nath, Bru e Mira sugeriram que você escute todos os programas!

 

Você já conhecia ou tinha imaginado toda essa história das mulheres com o rádio? E já preparou a maratona de podcasts? Conta tudo pra gente lá nas nossas redes sociais: insta, face e twitter.

 

* Crédito da foto de destaque: Superesportes

 

**As informações descritas nessa matéria foram retiradas da pesquisa Podcasts de Debate: Uma análise da participação das mulheres nesse novo formato.

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