Mostra Ecos de 1922 – Modernismo no Cinema Brasileiro chega ao Rio de Janeiro 

Programação discute a influência do centenário da Semana de Arte Moderna e conta com cerca de 50 filmes até 11 de abril

A Mostra Ecos de 1922 – Modernismo no Cinema Brasileiro chega ao CCBB do Rio de Janeiro para provocar o presente e projetar novos futuros. A maior retrospectiva cinematográfica já feita sobre o tema fica em cartaz até o dia 11 de abril, e conta com filmes raros em 35mm e 16mm e aborda o centenário da Semana de Arte Moderna, trazendo um pensamento crítico sobre seu legado na cultura e no cinema brasileiro.

São aproximadamente 50 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, num vasto recorte geográfico e conceitual, que vai de 1922 a 2021, de Roraima ao Paraná. Com curadoria de Aïcha Barat, Diogo Cavour e Feiga Fiszon, as obras escolhidas são atravessadas pelo pensamento dos intelectuais paulistas, como Oswald de Andrade e Mário de Andrade, mas também por pensadores e artistas indígenas contemporâneos, como Jaider Esbell e Denilson Baniwa.

Foto: divulgação/O Globo

O cinema modernista propriamente dito não existe. Não há um cinema contemporâneo a 1922 feito nos moldes modernistas ou que se reivindique como tal. Talvez o maior impasse de uma mostra de cinema que aborda os ecos de 1922 seja justamente que não houve modernismo per se no cinema. Longe de querer fechar um recorte numa única abordagem do tema, mas o mais importante é que a mostra chega para lançar questionamentos, abrir frentes, disparar provocações”, explica a curadora Aïcha Barat.

Clássicos em 35mm e cópias raras

Na Mostra, ainda serão exibidos em película 35mm clássicos do cinema brasileiro, como os curtas da série Brasilianas, de Humberto Mauro (1945–1956), e Limite (Mário Peixoto, 1931), em sessão com acompanhamento sonoro ao vivo do grupo DEDO no dia 10/04, às 18h, Terra em transe (Glauber Rocha, 1967), Como Era Gostoso meu Francês (Nelson Pereira dos Santos, 1971), Ladrões de Cinema (Fernando Coni Campos, 1977), e Tudo é Brasil (Rogério Sganzerla, 1997). Já em 16mm, alguns destaques são Iracema, Uma Transa Amazônica (Jorge Bodanzky e Orlando Senna, 1974) e Mato Eles? (Sergio Bianchi, 1983).

Filmes raros, em cópias digitais especiais, também merecem destaque, como é o caso dos longas Orgia ou O homem que deu cria (João Silvério Trevisan,1970), Mangue-bangue, (Neville de Almeida, 1971), A$$untina das Amérikas (Luiz Rosemberg, 1976) e Um filme 100% brazileiro (José Sette, 1985). É também o caso dos curtas O ataque das araras (Jairo Ferreira,1969), Bárbaro e nosso – Imagens para Oswald de Andrade (Márcio Souza, 1969), Herói póstumo da província (Rudá de Andrade, 1973), Alma no olho (Zózimo Bulbul, 1974), Há terra! (Ana Vaz, 2016) e Apiyemiyekî? (Ana Vaz, 2019).

Ecos de 1922 conta ainda com uma seleção de filmes “oswaldianos” de Rogério Sganzerla e de Júlio Bressane, como Sem Essa, Aranha (Rogério Sganzerla, 1978), Tabu (Júlio Bressane, 1982), Miramar (Júlio Bressane, 1997) e Tudo é Brasil (Rogério Sganzerla, 1997), além dos curtas Perigo Negro (Rogério Sganzerla,1992), Quem Seria o Feliz Conviva de Isadora Duncan? (Júlio Bressane,1992) e Uma noite com Oswald (Inácio Zatz e Ricardo Dias, 1992) – esse último com exibição em 35mm.

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Figura central na relação entre o modernismo e o cinema brasileiro, Joaquim Pedro de Andrade também terá destaque especial na mostra. Além da exibição dos longas Macunaíma (1969) e O Homem do Pau-brasil (1980), e dos curtas O Mestre de Apipucos (1959) e O Poeta do Castelo (1959) – filmes dedicados à obra e às ideias de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, respectivamente ‒, há ainda a exibição do média-metragem O Aleijadinho (1978). Vale ressaltar que todos os seus filmes foram restaurados recentemente e que a Ecos contará com cópias 35mm realizadas após restauro.

Filmes contemporâneos sob vieses indígena, negro e periférico

A Mostra também apresenta uma seleção de filmes contemporâneos que abordam temáticas anunciadas pela produção modernista a partir de outros vieses: indígena, negro e periférico. Entre os filmes que integram a programação, estão: Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós, 2012), Grin (Isael Maxakali Rolney Freitas e Sueli Maxakali, 2016), Travessia (Safira Moreira, 2017), Por Onde Anda Makunaíma? (Rodrigo Séllos, 2020) e Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: essa terra é nossa! (Carolina Canguçu, Isael Maxakali, Roberto Romero e Sueli Maxakali, 2020), que serão acompanhados por uma seleção de “filmes de Internet”, disponíveis nas mídias sociais e no site do evento. 

Seguindo o fluxo de desenhar novos futuros e atualizar o pensamento crítico a partir das construções culturais vivenciadas pós 1922, a identidade visual da mostra é baseada na obra Ficções Coloniais (ou finjam que não estou aqui), do artista indígena Denilson Baniwa. Concebida em 2021, essa série de colagens pode ser vista em sua integralidade nas páginas do catálogo-livro da mostra, acompanhada também de um texto do autor. Com esta obra, Baniwa ensaia um direito de resposta ao imaginário indígena forjado por fotógrafos e cineastas brancos ao longo da história.

De 1922 para cá, ao longo destes 100 anos, a Semana de Arte Moderna foi se estabelecendo no nosso imaginário como o ponto de virada e renovação das artes e do pensamento brasileiro. Mais do que o legado direto deixado pelos intelectuais e artistas ligados à Semana, a mostra Ecos de 1922 pretende sondar as mínimas e as máximas reverberações da atitude modernista naquele que talvez seja o maior símbolo da modernidade: o cinema. De que formas nós, brasileiros do século XXI, plurais e diversos como somos, deglutimos nossa apetitosa produção audiovisual?”, complementa a curadora Feiga Fiszon.

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Catálogo-livro reúne textos inéditos, debates e releituras críticas

O catálogo-livro da Ecos conta com textos inéditos de Ruy Gardnier, Lorraine Mendes, Marília Rothier, Aline Leal, Tainá Cavalieri, Mateus Sanches e Juliano Gomes, além de textos já publicados de Jaider Esbell, Denilson Baniwa, Paulo Antonio Paranaguá, Pedro Duarte, Julierme Morais, Glauber Rocha e Paulo Emílio Salles Gomes. Ele traz, ainda, os Manifestos Modernistas de Oswald de Andrade, um texto de Mário de Andrade sobre o movimento e uma seleção de poemas, artes e propagandas publicadas nas revistas modernistas dos anos 20 (Klaxon e Antropofagia).

“Tivemos a preocupação de unir pesquisadores, iniciantes e consagrados, com textos de caráter mais experimental e de intervenção. Ao longo do catálogo, além da pluralidade de visões e posições diante do modernismo, optamos por uma variedade de formas que, além dos textos corridos, incluem poemas, ensaio visual e obras artísticas”, explica Gabriel Martins da Silva, um dos organizadores do catálogo.

Para adquirir um dos 100 exemplares impressos, será necessária a apresentação de quatro ingressos da mostra. A versão on-line estará disponível gratuitamente para download no site da Ecos e em bb.com.br/cultura.

 

Sobre o CCBB RJ

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona na segunda, e de quarta a sábado, de 9h às 21h, no domingo de 9h às 20h e fecha na terça-feira. A entrada do público é permitida apenas com apresentação do comprovante de vacinação contra a COVID-19 e uso de máscaras. Não é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio, os ingressos para os eventos podem ser retirados previamente no site eventim.com.br ou presencialmente na bilheteria do CCBB.

 

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*Crédito da foto de destaque: divulgação/O Globo

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