Documentário de Inara Chayamiti estreia em junho, mês da Imigração Japonesa no Brasil
O longa Onde as Ondas Quebram, da documentarista nipo-brasileira Inara Chayamiti, terá exibição virtual em território brasileiro durante o festival híbrido 47º Festival Guarnicê de Cinema, de 7 a 14 de junho de 2024. O festival maranhense é o mais longevo do Nordeste e o quarto mais antigo do país. Em seguida, participa da edição de aniversário do 10º Santos Film Fest, que tem início nos 116 anos da imigração japonesa no Brasil e exibirá o filme na mostra nacional competitiva, de 20 a 23 de junho de 2024, no Sesc Santos.
Só para ilustrar, a produção teve um circuito de pré-lançamento de impacto no ano passado, marcando os 115 anos da imigração japonesa e os 80 anos da expulsão da comunidade japonesa do litoral paulista, durante a Segunda Guerra Mundial. Como resultado, foram nove sessões especiais seguidas de debates em museus, espaços culturais, acadêmicos e comunitários, com 21 convidados em cinco cidades: São Paulo/SP, Londrina/PR, Arapongas/PR, Ribeirão Preto/SP e Santos/SP).
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Sobre o filme
Em Onde as Ondas Quebram, Inara Chayamiti investiga sua identidade fragmentada colando peças da história de sua família e da saga nipo-brasileira, marcadas por duas migrações entre cantos opostos do mundo: Brasil e Japão. Partindo de um ponto de vista autêntico e de uma busca curiosa e afetiva, o filme constrói pontes geracionais e culturais, levantando fatos históricos e atuais, questões pessoais e universais.
Ainda, a produção teve apoio do Museu da Imigração do Estado de São Paulo, Museu Histórico de Londrina, Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, Embaixada do Japão no Brasil, entre outras instituições. Onde as Ondas Quebram tem direção de Inara Chayamiti, que também produziu o longa juntamente com Lorena Bondarovsky. A produção executiva é de João Martinho, assim como o roteiro, escrito com a documentarista.
Você confere mais informações sobre o filme aqui.
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Busca pela identidade
Quando a cineasta Inara Chayamiti migra do Brasil para os Países Baixos, descobre ser uma estrangeira em sua própria terra natal. Ela, que se considerava uma típica brasileira, percebe agora o seu não lugar: vista como japonesa demais no Brasil e nada japonesa no Japão. Então, começa a buscar sua identidade fragmentada mediante a investigação da história de sua família.
Assim como na arte japonesa de reparar cerâmicas com ouro, o kintsugi, ela cola peças dessa história desenhada por duas diásporas entre lados opostos do mundo: Brasil e Japão. Nesse sentido, ao usar ouro para unir as peças quebradas, o kintsugi valoriza a imperfeição ao mesmo tempo em que honra a história de cada fragmento.
Por se considerar brasileiro, o pai de Inara rompeu com tradições japonesas e até mesmo se casou com a mãe de Inara, uma gaijin (que significa estrangeira, em japonês) para a decepção de sua família. Já sua avó, nascida no Brasil, se define como japonesa sem titubear. Seus tios, por sua vez, vivem no Japão há 30 anos enquanto brasileiros, e, apesar de suas primas terem nascido lá, são brasileiras que só conhecem o Japão.
O que é ser nipo-brasileiro?
Afinal, o que torna uma pessoa brasileira, japonesa ou de qualquer etnia? Nascer em um lugar ou em outro? Crescer lá ou aqui? Entender sua cultura e língua? Amar um lugar? O que significa ser vista como amarela? Como foi isso para seus bisavós e avós? Em sua jornada por respostas, ela percebe o quanto desconhece as memórias familiares e a história coletiva.
Enquanto desenvolve suas pesquisas, a documentarista também descobre que sua baachan (avó em japonês), aos seis anos de idade, estava entre milhares de japoneses e descendentes que perderam tudo por serem vistos como inimigos no Brasil durante a Segunda Guerra. Porém, ela averigua que essa hostilização, na forma de racismo e xenofobia, já ocorria muito antes da guerra.
Em outras palavras, como entender essas histórias invisibilizadas a partir da perspectiva de hoje e trazer mais peças para o kintsugi da própria brasilidade? São essas e outras reflexões inquietantes sobre identidade que Onde as Ondas Quebram traz.
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Sobre a documentarista
Inara Chayamiti é uma nipo-brasileira residente em Portugal e contadora de histórias de não ficção há 15 anos. Em seus trabalhos, as pessoas são protagonistas de suas próprias narrativas. Entre suas obras estão Yzalú – Rap, Feminismo e Negritude (2018); Raam (2020); e Volta na Quadra (2014). Além disso, participou do Logan Nonfiction Program com Onde as Ondas Quebram, que foi finalista no Sundance Documentary Fund e no Berlinale Talents.
A documentarista se formou em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina e foi integrante do Curso Abril de Jornalismo e do laboratório NETLABTV. Da mesma forma, fez especialização em cinema na Universidade Anhembi Morumbi e estudou documentário no UnionDocs, de Nova Iorque.
Inara foi videojornalista na TV Folha, bem como nas editoras Globo e Abril. Por meio de sua produtora, trabalhou anteriormente para Greenpeace, Google, Marie Claire, Fundação C&A, Gol, entre outros. Durante duas temporadas, integrou a equipe internacional de Legends Rising, da Riot Games.
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Assista a Onde as Ondas Quebram
- 47º Festival Guarnicê de Cinema
7 a 14 de junho de 2024
O filme estará disponível na plataforma on-line e gratuita de 8/6 a 13/6
Mais informações no site da Guarnicê - 10º Santos Film Fest
20 a 23 de junho de 2024
Sesc Santos – R. Conselheiro Ribas, 136, Aparecida, Santos/SP, CEP 11040-900
Mais informações no site da Santos Film Fest
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Texto revisado por Karollyne de Lima