Premiação está cada vez mais distante da realidade musical atual ao ignorar um dos gêneros mais influentes e inovadores da indústria
O Grammy se vende como a maior premiação da música mundial, um selo de prestígio que supostamente consagra os melhores artistas do ano. Mas será que essa narrativa ainda se sustenta quando um dos gêneros mais impactantes da atualidade é sistematicamente ignorado? O K-pop, que há anos domina as paradas, movimenta bilhões de dólares na indústria e arrasta milhões de fãs pelo mundo, continua sendo tratado como um nicho irrelevante pelo Grammy. O problema não é apenas a falta de indicações ou vitórias — é a resistência da Recording Academy em reconhecer a revolução que esse gênero representa.
Desde que o BTS quebrou barreiras e se tornou o primeiro grupo de K-pop a ser indicado ao Grammy, a presença do gênero na premiação tem sido mínima e, muitas vezes, usada de forma oportunista. O grupo recebeu algumas indicações, performou no palco da cerimônia, mas nunca levou um prêmio para casa. E a sensação que ficou para muitos fãs e especialistas foi clara: o Grammy queria os números e o engajamento do BTS, mas não estava realmente disposto a reconhecê-los como artistas merecedores de um gramofone dourado.
A questão vai além do BTS. Outros grupos e solistas de K-pop estão dominando rankings globais, acumulando recordes e lotando estádios que muitos artistas norte-americanos não conseguem encher. BLACKPINK, Stray Kids, SEVENTEEN, TWICE, TXT, ATEEZ, NewJeans — a lista de atos coreanos que fazem história cresce a cada ano. Mesmo assim, quando chega a época das premiações, a Recording Academy continua priorizando os mesmos rostos de sempre, repetindo indicações previsíveis e ignorando o que realmente está moldando a indústria.
A falta de K-pop no Grammy não se justifica nem pelos números nem pelo impacto cultural. Artistas do gênero frequentemente superam nomes ocidentais em vendas físicas, streams e relevância global. Porém, o Grammy ainda opera dentro de um sistema que favorece a indústria americana e dificulta o reconhecimento de artistas internacionais. Para ser levado a sério na premiação, um artista precisa ter uma forte rede de contatos na indústria dos EUA, investir tempo e dinheiro em campanhas e, mesmo assim, nada garante que será tratado com a mesma seriedade que os artistas anglófonos.
Isso levanta uma questão importante: o Grammy realmente representa a música global? Se a resposta fosse sim, seria impossível ignorar um movimento que há anos influencia a indústria como o K-pop. Mas, a verdade, é que a premiação ainda está presa a uma bolha ultrapassada, relutante em abraçar novas formas de expressão e inovação musical.
A frase “o BTS não precisa do Grammy, mas o Grammy precisa do BTS” continua sendo um reflexo perfeito dessa situação. O grupo, assim como outros nomes do K-pop, não precisa de um Grammy para provar sua relevância ou talento. O K-pop continua crescendo independentemente da premiação, e seu impacto não depende da validação da Recording Academy. Por outro lado, o Grammy perde relevância a cada ano por não acompanhar as mudanças da indústria e por continuar promovendo um modelo ultrapassado de reconhecimento musical.
No fim das contas, a falta de K-pop no Grammy não desmerece o gênero — desmerece a premiação.
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Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho