Pé de Lótus
Foto: reprodução/X

Pé de Chinesa | Conheça o Pé de Lótus, tradição dolorosa que marcou a história da China

O mais novo meme da internet leva em seu nome uma das tradições mais dolorosas da Ásia 

Se você está cronicamente online assim como eu, com certeza ouviu falar sobre a nova sensação do momento: a novela Pé de Chinesa. Criada com a ajuda da inteligência artificial e a criatividade do brasileiro, a novela fictícia leva direção de Gloria Perez e um elenco que tem Jade Piccon, Davi Britto, Taylor Swift e, claro, Giovanna Antonelli. 

Apesar do meme às vezes extrapolar quando o assunto são estereótipos asiáticos e até mesmo puxar um pouco pra xenofobia, ele despertou a curiosidade do público com o seu título. Afinal, o que é Pé de Chinesa?

O Pé de Lótus, ou lianzu, foi uma prática antiga e dolorosa na China que consistia em enfaixar os pés das meninas desde cedo para deixá-los bem pequenos, no formato de uma flor de lótus. Esse costume, que durou séculos, foi visto como símbolo de beleza e status social, mas também representou a opressão de gerações de mulheres chinesas.

Como tudo começou e funcionava

A história do Pé de Lótus começou na Dinastia Song, por volta do século X, e se espalhou por várias gerações. A ideia era deixar os pés das meninas bem pequenos – o padrão era entre sete e dez centímetros. Para isso, as famílias enfaixavam os pés das filhas com panos apertados, quebrando os ossos dos dedos e dobrando-os sob a planta do pé. O processo começava cedo, entre os quatro e nove  anos, quando os ossos ainda estavam em formação.

Pé de Lótus
Foto: reprodução/Bundesarchiv

Era um ritual doloroso. As meninas passavam anos com dores intensas, muitas vezes enfrentando infecções e complicações de saúde. Apesar disso, era um preço que muitas famílias estavam dispostas a pagar, pois o Pé de Lótus era visto como um passaporte para um bom casamento e uma vida confortável. Só que, na prática, isso significava uma vida de limitações físicas e muito sofrimento.

O que significava ter pés de lótus? 

Ter pés de lótus era sinal de status e uma espécie de certificado de beleza na sociedade chinesa antiga. A prática indicava que a mulher pertencia a uma família rica, que podia se dar ao luxo de não trabalhar. Afinal, com os pés enfaixados, era impossível realizar atividades pesadas ou andar grandes distâncias. Os pés pequenos também simbolizavam virtudes femininas, como obediência e fragilidade, qualidades altamente valorizadas na época.

Pé de Lótus
Foto: reprodução/Bundesarchiv

Para as mulheres, no entanto, os pés de lótus significavam uma vida inteira de dor e restrição. Elas precisavam de ajuda para quase tudo, desde caminhar até realizar atividades simples do dia a dia. Apesar de a prática ser vista como sinal de nobreza, ela limitava a autonomia das mulheres e perpetuava a ideia de que seu papel principal era agradar os homens e permanecer no ambiente doméstico.

Como a prática começou a ser questionada? 

Foi só no final do século XIX, com o avanço do pensamento ocidental e das reformas internas, que as pessoas começaram a questionar essa tradição. Muitos intelectuais progressistas e líderes começaram a perceber que o Pé de Lótus não era apenas um símbolo de beleza, mas uma forma de opressão. Houve um movimento crescente para acabar com o costume, considerado uma violação dos direitos humanos e da dignidade feminina.

Foto: reprodução/Bundesarchiv

A partir de 1912, quando a República da China foi fundada, a prática foi oficialmente proibida, mas isso não significou o fim imediato. Nas áreas rurais, por exemplo, o costume ainda perdurou por um bom tempo. Só nas décadas seguintes o Pé de Lótus realmente começou a desaparecer, e as mulheres finalmente puderam começar a viver sem esse fardo doloroso.

As marcas que ficaram 

Mesmo depois de proibida, as marcas físicas e emocionais da prática do Pé de Lótus permaneceram nas mulheres que viveram essa experiência. Muitas enfrentaram dores constantes e dificuldades para caminhar durante toda a vida. Hoje, existem poucas sobreviventes com os pés deformados, e elas são vistas como lembranças vivas de um passado que misturou beleza com tortura.

Foto: reprodução/Bundesarchiv

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Texto revisado por Karollyne de Lima

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