Prêmio Megafone

Prêmio Megafone homenageia pessoas que se destacaram no ativismo em 2021

Laerte, Esse Menino, MC Fioti, Samela Sateremawe, Txai Suruí e Alok estão entre os finalistas

Na próxima quarta-feira (6), o Prêmio Megafone de Ativismo anunciará os vencedores das 14 categorias que reconhecem e homenageiam as pessoas que não deixaram de lutar em 2021, mesmo em meio à pandemia. A lista inclui nomes conhecidos do público em geral, como Laerte, Esse Menino, Txai Surui, MC Fioti, Samela Sateremawe, Alok, entre outros ativistas cuja criatividade foi colocada a serviço de uma causa. A cerimônia será transmitida pela página do YouTube do Prêmio e será conduzida pela atriz e humorista Lívia La Gatto.

As peças selecionadas, que compõem uma retrospectiva do ativismo brasileiro nos últimos 12 meses, defendem diversos direitos e causas, como indígenas, equidade racial e de gênero, bem como questões relacionadas à saúde pública, comida como direito e meio ambiente.

“A criatividade do povo brasileiro para amplificar vozes de territórios diversos é incrível! Tem prêmio para quase tudo nesse país, mas não existia um que valorizasse e reconhecesse o ativismo, que no Brasil sempre foi, está sendo e sempre será essencial para os desafios que vivemos.”, destaca o ativista Mundano, um dos idealizadores da premiação. “A palavra do ano em 2021 foi vacina. Assim como a luta pela democracia e pela floresta de pé, a resistência não parou um minuto e é aqueles que não deixaram de lutar, mesmo diante da pandemia, que queremos homenagear.“, completa.

Confira as categorias e os finalistas:

Prêmio Megafone
Foto: divulgação

A força estética pode ser vista na categoria Arte de Rua, que reúne desde a polêmica vaca magra em frente ao prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, de Márcia Pinheiro, à uma história de um tatu do Cerrado pintada no muro de uma escola no Tocantins por Pablo Marquinho. A categoria inclui a icônica imagem de Di Kayapó, onde #ForaSalles é escrito na máscara usada por uma indígena, e pelo mural que explicita a ancestralidade negra da nossa sociedade, de Soberana Ziza. Outro finalista é o Projetemos, com as tecnológicas projeções nas laterais de prédios das grandes cidades.

 

A força das imagens, por sua vez, está na categoria Foto. Entre os finalistas estão o retrato de um menino que encontrou uma árvore de Natal em um aterro sanitário, um profissional da saúde como guerreiro na luta contra a Covid (em arte que interage com os transeuntes) e a estátua do traficante de pessoas, Borba Gato, em chamas. Dois finalistas retratam Manaus: um deles mostra a cheia na cidade, outro, o cemitério.

A luta pela vacina, pela vida, contra a censura e contra o negacionismo se entrelaçam com as diversas pautas que os ativistas do Brasil mantiveram de pé em 2021.“, comenta Jonaya de Castro, uma das idealizadores da premiação.

A força do humor pode ser comprovada na categoria Meme. Os finalistas incluem Esse Menino, com Pifãizerrr; Laerte, com uma tirinha satirizando o (des) presidente quando relacionou a vacina da Covid19 à AIDS; Tukumã Pataxó, com Índio ou Indígena; Carol Cospe Fogo, com uma de suas charges sobre a transformação da maior floresta tropical do mundo em pasto para gado; e Anna Cristina Almeida, do perfil Orgulho Afro, sobre a diferença entre negra e preta.

A categoria Cidadão Indignado mostra a força da palavra. Nela, estão cinco discursos contundentes: de Sam Sateremawe, sobre o PL490; de Lyne Pinheiro e Yane Mendes, sobre democracia e direitos civis; de Matheus Ribeiro, sobre equidade racial; e de Trevo Ribeiro, sobre o crime de Mariana e Brumadinho.

Um prêmio sobre ativismo não poderia deixar de reconhecer as Manifestações de Rua. Dois finalistas são fruto da mobilização indígena: o Acampamento pela Vida, contra o Marco Temporal e o PL 490, e o ato Fora Salles, em frente ao Ministério do Meio Ambiente. Os outros finalistas são o Ato Nacional dos Estudantes, o ato #13demaionasruas sobre a chacina na favela do Jacarezinho e Evangélicos pela Democracia.

“Quando o povo faz ativismo em plena pandemia é porque suas próprias vidas estão em perigo, e com a máscara no rosto as pessoas foram pra rua, foram pro planalto central.”, resume o Mundano.

Letras fortes e, ao mesmo tempo, poéticas caracterizam o Lamento da Força Travesti, ode sobre a resistência das Travestis no país que mais mata estes corpos. Espelho, sobre a auto estima da mulher negra, e O Que Dirá o Mar, sobre a tragédia de Mariana — três dos finalistas na categoria Música ou Videoclipe, que inclui ainda conhecidos do público, como o remix de Bum Bum Tam Tam para a vacina contra a Covid19 e Alok com artistas indígenas.

A força da palavra e da informação também é retratada na categoria Reportagem de Mídia Independente, na qual são finalistas o Modefica, com a história das mulheres que tiveram seus lares destruídos pela Braskem; o Portal Amazônia, com a história das mulheres da agricultura familiar de Rondônia, que em sua maioria não utiliza agrotóxicos; e Sinal De Fumaça, com um dossiê sobre o governo Bolsonaro. Dois finalistas combinam a força da palavra com a potência das imagens em vídeos, como na Série Antirracista do Rio On Watch, e a série De Olho na Resistência, do De Olho nos Ruralistas.

A qualidade da combinação entre palavra e imagens distingue os finalistas da categoria Documentário, com vídeos que dão voz e mostram a perspectiva dos oprimidos e injustiçados. Entre os finalistas está o filme A Bolsa ou A Vida, que discute o aniquilamento da cultura e dos modos tradicionais de vida por um modelo político-econômico predador e concentrador de renda. Esse modelo também é denunciado na websérie Tapajós: uma breve história da transformação de um rio, que mostra como isso se dá, na prática, ao longo de um dos rios mais importantes do Pará. As ameaças às comunidades indígenas ao longo desse rio também são tema de outro finalista desta categoria: Tapajós Ameaçado. Também concorrem ao prêmio o documentário Contra Fogo, mostrando a vida dos brigadistas de incêndios florestais na Chapada dos Veadeiros, e Hoje a Aula é Na Rua, que retrata os levantes nas ruas de Goiânia e de Brasília por educação de qualidade, um dos primeiros protestos de rua no governo Bolsonaro.

Indígenas são os produtores de conteúdo de quatro dos cinco finalistas da categoria Perfis de Redes Sociais: Sam Sateremawe, Fexta, Daldeia e Tukumã Pataxó. O outro finalista é Slam Resistência, de batalhas de poesias realizadas na Praça Roosevelt, em São Paulo. Entre as 13 categorias, cujos indicados foram anunciados, dez têm relação com a pauta e a luta indígenas, mostrando o quanto os povos originários são professores da resistência e como estão engajados na luta por seus direitos, há mais de 500 anos no Brasil, e a diversidade de ferramentas que usam para isso, que vão do humor à arte, passando por manifestações de rua e memes.

Outra forma de manifestação é a Ação Direta, a ação ativista em formato presencial e direto, como interditar uma rua ou ocupar um espaço temporariamente para denunciar um crime ou impedir uma injustiça, por exemplo. Dois dos finalistas desta categoria têm relação com direitos indígenas: o protesto em Porto Velho (RO) contra a falta de avanços na investigação sobre a morte do guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, e a aula pública explicando quem foi Borba Gato. Também concorrem ao Prêmio Megafone a Cozinha Ocupação 9 de Julho, o movimento para salvar o Rio Itapanhaú e o Roçado Solidário do Movimento dos Sem Terra.

A categoria Cartaz mostra a força da simplicidade: a defesa do Xingu escrita sobre uma folha de verdade e um papelão explicitando a relação entre vidas indígenas e floresta em pé. Três dos finalistas desta categoria falam da pandemia da Covid19: da perda da mãe ou da avó, ou com o uso criativo de seringas, elemento importante para a vacinação. Os finalistas na categoria Jovem Ativista são Tel Filho Guajajara (direitos indígenas), Ananda Marieta Silva Teles(meio ambiente), Jahzara Johari Ona França Teixeira (crise climática), João Igor Cariman Leite (juventude) e Beatriz Lacerda Costa Grajaú (equidade racial).

 

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*Crédito da foto de destaque: divulgação 

 

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