Representatividade além do esporte: confira a seleção literária do Clube do Entretê que une leitura e Copa do Mundo
A nona edição da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino está se aproximando e acontece neste mês de julho em dois países-sede: Austrália e Nova Zelândia. Será a primeira vez que o campeonato mundial de futebol feminino será disputado em mais de um país. Bacana, né? Desde já mandamos toda a nossa vibração e torcida para as meninas da seleção brasileira, que vão em busca da primeira estrela!
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Protagonismo na literatura
Mas você deve estar se perguntando, qual é a relação entre o evento esportivo e a literatura, não é mesmo? Para isso, precisamos voltar ao passado. No século 18, na França e em outras partes do mundo, as mulheres encontravam inúmeras barreiras e preconceitos ao exercer atividades intelectuais, como ler, escrever e publicar livros.
Eram destinadas a viver em função do ambiente doméstico, da educação dos filhos e do casamento. Para romper com os padrões considerados corretos e ir em busca de realizar suas próprias vontades, elas escreveram e publicaram romances, críticas políticas e sociais e outros livros com pseudônimos masculinos.
Uma obra conhecida mundialmente sob esse contexto é Orgulho e Preconceito (1813), de Jane Austen. O romance de época não foi assinado em vida, e quando foi encontrado estava dividido em três partes, como acusava a primeira capa publicada: “Um romance. Em três partes. Escrito por uma dama.”
Já no Brasil, a história não foi diferente. Pelos mesmos motivos de Jane Austen e tantas outras autoras, o reconhecimento foi tardio, derivado de muito preconceito. A escritora brasileira Maria Firmina dos Reis, é considerada a primeira romancista após o período abolicionista. Com uma simples nota no jornal A Moderação, que circulava em São Luís, no Maranhão, em 1860, era anunciado o lançamento do livro Úrsula, uma obra que contempla a história brasileira e a relação entre brancos e negros, ricos e pobres, igualdades e desigualdades dos que eram considerados nobres e escravos.
Protagonismo no futebol feminino
Você sabia que a Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino começou a ser disputada apenas em 1991? Enquanto isso, a competição masculina é disputada desde 1930. Muita diferença, concordam? Ao todo, foram 61 anos de hiato, um longo período em que as mulheres ficaram longe dos gramados.
E toda essa disparidade da competição é resultado das restrições políticas, como aconteceu no período do governo ditador de Getúlio Vargas, (1937-1945), e na Ditadura Militar, (1964-1985). Nessa época, caso as mulheres jogassem bola ou praticassem qualquer outro esporte considerado inadequado para o corpo feminino, a polícia era acionada para intervir e cumprir a lei vigente.
Com muita resistência, as mulheres seguem lutando para conquistar e fazer valer os direitos garantidos na Constituição. A equidade entre homens e mulheres ainda é uma utopia. Fortalecer as relações femininas deve ser uma prática de todas nós. O Entretetizei valoriza a democratização do acesso aos livros e a leitura de livros escritos por mulheres.
Por isso, vamos embarcar no clima da Copa do Mundo Feminina? Confira a seleção de livros que destacam a participação e o protagonismo de mulheres no esporte.
1. Gol Delas (2020)
Vamos começar a lista com um livro infantil. As meninas precisam, desde cedo, ser encorajadas a ocupar o lugar em que elas desejam estar. E é sobre esse tema o livro Gol delas. Escrito e ilustrado pela mineira Eveline Jorge, vamos conhecer duas adoráveis meninas: Maria e Júlia. Elas são completamente diferentes, mas existe algo em comum, que é a paixão pelo futebol. Juntas, as garotinhas vão marcar vários gols contra o preconceito.
2. Clube do Livro dos Homens (2021)
A comédia romântica escrita por Lyssa Kay Adams conta a história do jogador de beisebol Gavin Scott, que vive a melhor fase de sua carreira. Conhece aquele ditado que diz “Sorte no jogo, azar no amor”? E é justamente isso que acontece com ele. O esportista descobrirá que sua esposa fingia sentir prazer na cama.
Com o ego e coração partidos, ao ser aconselhado por seus colegas de time, ele decide entrar num clube literário destinado a homens. Durante as reuniões, os livros lidos e discutidos sempre são os romances, gênero literário escolhido para compreender as mulheres e, por consequência, Gavin utilizará dos aprendizados nos livros para tentar conquistar Thea de volta.
Embora a obra não tenha como assunto principal o esporte feminino, a autora, de forma muito sutil, aborda assuntos necessários, como desigualdades de gênero atreladas a atitudes machistas e patriarcais. É um livro que permite uma vasta reflexão sobre os papéis ocupados por homens e mulheres, reproduzidos nos próprios relacionamentos.
3. Mulheres Impedidas: A Proibição do Futebol Feminino na Imprensa de São Paulo (2018)
Se você gosta de história, este é o livro perfeito. A pesquisadora Giovana Capucim e Silva aborda os discursos da imprensa paulista sobre a proibição da prática de esportes durante o governo de Getúlio Vargas. Na ditadura, as mulheres foram proibidas de praticar qualquer tipo de esporte por 40 anos.
O livro de Giovana é produto da pesquisa realizada durante seu mestrado. Na obra, é possível perceber como os jornais da época silenciavam a prática do esporte feminino e os impactos da não repercussão até hoje.
4. As Esportistas: 55 Mulheres que Jogaram para Vencer (2019)
Marta (futebol), Hortência (basquete), Aída dos Santos (atleta), Simone Biles (ginasta). Sabe o que todos esses nomes têm em comum? Os nomes dessas brilhantes esportistas, brasileiras e estrangeiras, compõem o livro de Rachel Ignotofsky. Com belíssimas ilustrações e uma narrativa envolvente, a autora e ilustradora apresenta 55 nomes de atletas que, desde o século 19, são protagonistas dentro e fora do ambiente esportivo.
Se você gosta de conhecer histórias de superação, perseverança e ousadia, o livro vai se tornar um dos seus preferidos. Deixo aqui também o alerta lencinho, porque as histórias são emocionantes.
5. Mulheres do Parque São Jorge: Histórias de um Amor Alvinegro (2021)
Com a narrativa de que o futebol deve ser um espaço ocupado por todos, surge o livro da Geiza Martins. Uma narrativa envolvente que oferece ao leitor a vibração de acompanhar o time do coração e mais, reforça que a presença das mulheres no futebol é um direito, e não obrigação, seja dentro de campo ou na arquibancada celebrando o esporte. O lugar da mulher é onde ela quiser estar.
Você já conhecia algum desses livros? Qual você acrescentaria nesta lista? Conta pra gente através das redes sociais do Entretetizei – Insta, Face e Twitter – e aproveite também para nos seguir e ficar por dentro de tudo que acontece no mundo do entretenimento e dos livros.
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*Crédito da imagem de destaque: Entretetizei