Não há melhor jeito de se despedir deste ano do que se rendendo à bacanália emocional que é Letrux aos Prantos ao vivo.
O que você esperaria de um show cujo nome inclui aos prantos, especialmente no final de um ano complexo e tão difícil quanto 2021? Provavelmente algo no teor de sofrência, lágrimas, e emoção. Você esperaria ser movido. Letrux Aos Prantos, show que teve duas noites em São Paulo, duas no Rio de Janeiro e duas em Florianópolis, move, e move muito.
Ele move, de primeira, porque subverte: se em algum momento você esperou um pingo de tristeza para fazer justiça ao nome da turnê e álbum de Letrux, se enganou. Como ela mesmo disse após algumas músicas depois do começo do show, os prantos ficaram na criação do álbum. Agora lançado, depois das lágrimas, a única emoção possível é êxtase.
E como não buscar a êxtase no final de 2021, depois de dois anos de pandemia, achando que a vida pode voltar meramente ao normal (o que é o normal, afinal? Será que ele ainda existe?) e se deparando com uma nova onda que está paralisando o mundo continente por continente? Como não soltar tudo o que sentimos sozinhos há dois anos, se deixar levar pela primeira vez, sentir o poder de estar junto com as pessoas e se render à música?
O show Letrux aos Prantos é uma catarse ambulante. Dançando por sua discografia, Letrux comanda uma noite voltada à celebração. Hoje, Letrux consegue dançar, rir e gozar com a tristeza que lá atrás levou à criação de seu álbum mais recente, e leva a plateia a fazer o mesmo. Desde às melancólicas Dorme com Essa e Déja-vu Frenesi até às eletrizantes Que estrago e Flerte Revival, todas as músicas são embaladas com diversão e muito tesão de estar vivendo aquele momento.
E um show com uma energia tão viva e pulsante que parece conseguir preencher um estádio de futebol também reserva para a plateia surpresas íntimas como Letrux, sozinha no palco, fazendo cover de Fiona Apple no piano. Letrux canta e traduz Ladies, a música de Apple escolhida, enquanto conversa com a plateia explicando o motivo de ter escolhido aquele trecho da música. Sua banda, devagar, volta ao palco e se junta à Letrux no piano, cada um tocando sua própria bagunça e cantando junto com ela. O poder de união da música é ilustrado em apenas 40 segundos.
Em outros momentos, você sente que está assistindo alguma peça trágica na Grécia Antiga. Desde um truque de mágica (ilusão de ótica? Uma plateia querendo acreditar no impossível?) onde Letrux retira de dentro de sua boca um pano vermelho que parece não ter fim, até um fim de show onde a artista acaba a música e agradece a plateia deitada no chão do palco, o teatro está presente em todos os momentos de Letrux aos Prantos.
Nada melhor do que invocar a Grécia Antiga para um momento como Letrux aos Prantos. Os gregos, movidos pela catarse, admiradores de quão falível é o ser humano, achando sentido nas coincidências da vida com seus deuses, iriam aplaudir a bacanália emocional que é Letrux aos Prantos. Letrux canta Salve Poseidon, no show do dia 19/12 até com um mini tridente na mão, e traz todo poder e entrega desse deus e de seu tempo para o palco.
Letrux e sua equipe criam uma noite tão comovente e excitante que o show parece viver dentro de quem o viu dias após seu término. Letrux aos Prantos ao vivo é uma celebração da vida, do sofrimento, do prazer, das risadas, do suor e da união. É um show que traz à tona a intensidade de perceber que ainda estamos vivos, que sobrevivemos, e já que estamos aqui, merecemos viver a vida até a última gota de lágrimas, suor e gozo.
E você, como está se sentindo com a volta dos shows? Conta pra gente aqui nos comentários ou nas redes sociais do Entretetizei – Insta, Face e Twitter, e fique por dentro de todas as novidades do mundo do entretenimento.