Resenha | Alta Fidelidade: a união perfeita entre vida pessoal e cultura pop

Alta Fidelidade é uma série do Star+ e pode ser maratonada em um dia, além de unir romance e cultura pop

Alta Fidelidade fala sobre a vida de Robyn – ou Rob, para os mais íntimos – e de como ela levou seu mais recente grande fora.

Robyn (Zoë Kravitz) é dona de uma loja de discos e trabalha incansavelmente ao lado de seus fiéis escudeiros musicais: Cherise (Da’Vine Joy Randolph) e Simon (David H. Holmes). Enquanto sua vida profissional vai às mil maravilhas, sua vida pessoal desmorona gradualmente ao lado de Mac (Kingsley Ben-Adir), seu namorado de longa data.

Motivada pelo fora que levou, Robyn quebra a quarta parede e conta ao público sobre seus cinco maiores foras de todos os tempos, enquanto mescla outros tipos de relações pessoais, como sua amizade com seu irmão Cameron (Rainbow Sun Francks), seu amor pela música e um triângulo amoroso complicado com Liam (Thomas Doherty), o músico novinho, e Clyde (Jake Lacy), o cara legal que se esforça por ela.

Luto

Antes de qualquer outra coisa, Alta Fidelidade é uma série sobre luto, e não no sentido de perda e morte, mas no sentido romântico da coisa.

Perder um amor é como uma lenta falência para Rob, que se vê incapacitada de se envolver de verdade com alguém depois de perder Mac. O luto exposto da trama é completamente bem evoluído, e a brincadeira dos cinco passos da perda se mesclam com os cinco grandes foras de Robyn, assim como aparecem em outros pontos como uma brincadeira feita entre a protagonista e seus amigos, que consiste em enumerar cinco grandes coisas como cinco grandes vilões do cinema, por exemplo.

Mas as complexidades da trama ultrapassam a dor do luto e se unem ao questionamento: até onde estamos indo por causa da perda, e onde começamos a agir como pessoas egoístas e mimadas? Os defeitos das pessoas são reais ou somos nós que projetamos nelas as coisas que queremos que elas tenham para que possamos odiá-las?

Inspiração e feminismo

Foto: divulgação

Alta Fidelidade foi inspirada em um filme de 2000 de mesmo nome. Mas não do nada que o filme surgiu. Na verdade, o filme do início do século foi inspirado em um livro homônimo, escrito por Nick Hornby.

Muito da versão original da história resistiu na adaptação, como a tal lista de cinco coisas que é sempre revivida entre os personagens, assim como a chave de ignição da trama, que envolve o fim de um relacionamento de longa data.

O que chega na adaptação com sabor novo é o protagonismo feminino, o impacto de uma narrativa além da curva de mocinha perfeita e relações reais e que representam várias minorias.

A narrativa fala sobre bissexualidade, homossexualidade, racismo e machismo, além de debater um tema de grande importância em cada novo episódio. E a gente recomenda que o episódio que Robyn vai ver uma coleção de discos seja visto com muito preparo emocional e descontração, porque existe um peso machista imenso nesse momento da história.

O querer mais

Foto: divulgação

Com ótimos ganchos para os próximos momentos, Alta Fidelidade não poupa o público da apreciação musical e nos deixa sempre com vontade de mais. Queremos mais músicas boas, mais listas de cinco coisas, mais sobre o Simon, mais sobre a vida de Cherise e mais sobre Robyn e sua vida pessoal desastrosa.

Também ficamos com vontade de levar os temas da série para a terapia, porque Alta Fidelidade é um soco em muitas feridas pessoais, e debate sobre traumas e comportamentos problemáticos – e até viciosos -, assim como faz menção ao defeito da era digital que nos permite forçar a barra com relação à vida de outras pessoas.

O problema de querer mais de uma série como essa é que as plataformas nos consideram desinteressades e perdemos completamente a oportunidade de acompanhar mais das vidas dessas pessoas tão reais. A ideia de uma segunda temporada é perda de tempo, já que teve o cancelamento depois dos dez episódios iniciais.

Mesmo sem segunda temporada, vale o tempo disposto em favor dos episódios, e a gente torce para que o elenco possa se reunir novamente em alguma produção tão boa, já que existe uma química forte em cena, e notamos que existe um grande potencial nessa equipe.

Alta Fidelidade é uma minissérie que ganhou todo o nosso coração, e agora a gente quer saber se ela também já ganhou o seu. Vem papear com a gente lá nas redes socais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: divulgação

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