Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou é o documentário que conta a história do cineasta Héctor Babenco nos últimos momentos de sua vida. O longa foi dirigido e produzido por Bárbara Paz, atriz e esposa de Babenco.
Parceria entre Globo Filmes, Gullane, Globo News e Canal Brasil, a produção é a aposta brasileira no Oscar 2021, concorrendo na categoria de Melhor Filme Internacional. Babenco estreia nos cinemas do Brasil no próximo dia 26 de novembro.
Inicialmente, o documentário foi pensado pelo próprio Babenco ao se dar conta de que já não lhe restava mais muito tempo de vida. Ele queria ser o protagonista de sua própria história: “Eu já vivi minha morte, agora só falta fazer um filme sobre ele”, exclama em um dos depoimentos do longa.
Coube à Bárbara Paz documentar momentos da intimidade de suas vidas. As cenas exibidas foram gravadas pelo ângulo dela mas também podemos perceber traços de direção e ensinamentos de Babenco ao decorrer da história. Conversas, lembranças e rotina de hospital ajudam a criar a narrativa da luta do cineasta pela vida.
Trechos marcantes de obras de Babenco no cinema também estão presentes e ajudam a entender sua perspectiva como profissional de cinema. Ele relembra ocasiões onde várias de suas obras tomam forma, nos deixando inteirados de cada pensamento por detrás dessas cenas. É um privilégio ouvir o autor explanar como criou algumas de suas artes.
O documentário mostra com leveza as últimas condições da vida de um homem que amava viver. Babenco lutava contra o câncer desde seus 38 anos mas não se deixava abater diante das dificuldades. Mesmo com seu jeito carrancudo de ser, esbanjava amor e carinho aos seus próximos.
A intimidade de Hector é exposta de maneira pura, limpa e sem intervenções. O amor por contar histórias, por entender as diversas visões do mundo, por mostrar o brasileiro em sua essência, foi sua marca enquanto cineasta. Seu último desejo era registrar sua própria história e assim eterniza-lá , como fez com tantos de seus lindos trabalhos.
A linha tênue entre um homem feliz e cheio de vontade de viver versus um corpo fraco e já muito castigado pelo câncer é o que marca o longa. Fica claro que nem nos momentos mais difíceis lhe passou pela cabeça a possibilidade de desistir, e é interessante acompanhar alguém com tantas boas experiência fazer suas últimas reflexões.
O longa desvenda o lado inquieto do homem que queria sempre mais e nunca estava satisfeito. Umas das suas maiores questões era sobre a dificuldade em reconhecer suas raízes. Dizia, em tom de incômodo, que os argentinos acreditavam que ele era brasileiro. Os brasileiros, no entanto, o enxergavam como um argentino. “O exílio é um estado de espírito”, exclamou em um dos seus poderosos depoimentos.
A intimidade e cumplicidade do casal fica evidente durante as cenas. O longa é um documento visual dos últimos dias de vida de Babenco, mas também uma declaração de amor e de admiração de um companheira que se sentiu privilegiada de poder compartilhar a vida na presença de alguém tão especial.
Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou é o primeiro longa dirigido por Bárbara Paz. Além de diretora, ela também é produtora e atriz. Eles foram casados desde 2010.
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