Família
Foto: reprodução/Sato

Resenha | Família — um drama sobre laços, conflitos e identidade dos brasileiros no Japão

O filme explora a imigração brasileira no Japão, misturando emoção, tensão e uma boa dose de brasilidade

Família, dirigido por Izuru Narushima e roteirizado por Kiyotaka Inagaki, chegou aos cinemas brasileiros trazendo uma visão inesperada e cheia de emoção sobre a vida dos imigrantes brasileiros no Japão. Para entender o contexto do filme, vale lembrar da crise econômica de 2008, que sacudiu o mundo e deixou muita gente em situação complicada, inclusive no Japão. Foi nesse período que o movimento dekassegui, que leva brasileiros a trabalharem em fábricas japonesas, se intensificou. Só que o sonho de fazer dinheiro e voltar pro Brasil virou pesadelo para muitos.

A trama começa num cenário já conhecido pra quem acompanha histórias de imigração: brasileiros espalhados por uma cidade japonesa, pegando qualquer trabalho que aparece. Aí entra o Seiji Kamiya, interpretado por Kōji Yakusho (que você pode ter visto em Dias Perfeitos). Seiji é um viúvo solitário, que só quer viver em paz fazendo sua cerâmica, até que seu filho Manabu (Ryô Yoshizawa) aparece com a esposa Nadia (Malyka Ali) pra umas férias no Japão. O detalhe é que eles moram na Argélia, então já dá pra sentir que a história vai ser cheia de reviravoltas.

A vida de Seiji vira de cabeça pra baixo quando ele cruza com Marcos, um jovem brasileiro que acabou de fugir de uma gangue local. Marcos, vivido por Lucas Sagae, está no seu primeiro grande papel e manda muito bem! Ele interpreta um personagem cheio de camadas, carregando toda a frustração de alguém que nunca se sentiu parte de lugar nenhum. Machucado e sem rumo, Marcos é acolhido por Seiji, que tenta ajudar o garoto, mesmo sem saber o tamanho da encrenca em que ele está metido.

Família
Foto: reprodução/Sato

A relação entre Seiji e Marcos é complicada, cheia de desconfianças, mas também rola uma solidariedade inesperada. Eri, a namorada de Marcos, interpretada por Fadile Waked, é uma personagem essencial e que tenta unir os dois mundos, apesar do estrago que Marcos já causou. Aos poucos, Seiji e sua família começam a frequentar o conjunto habitacional onde a comunidade brasileira vive e começam a entender o porquê de tanta revolta por parte de Marcos.

No meio disso, ainda tem o conflito entre Seiji e Manabu, que resolve largar uma carreira de sucesso na Argélia para virar ceramista como o pai. Essa decisão traz à tona o embate entre tradição e modernidade, segurança e paixão, que permeia toda a narrativa.

Enquanto isso, Marcos se afunda cada vez mais. Sem emprego e perseguido pela gangue de Kaito Enomoto (interpretado pelo cantor e ator Miyavi), ele vê na cerâmica de Seiji uma chance de recomeçar. Só que as coisas não são tão simples assim. Kaito, com um ódio visceral pelos brasileiros, vira uma ameaça constante na vida de Marcos e da comunidade.

Família
Foto: reprodução/soompi

Mesmo sendo um personagem marginalizado, Marcos se destaca. Ele representa uma geração de brasileiros no Japão que se sente perdida, sem um lugar para chamar de lar, mas que ainda luta para sobreviver e se reinventar. Lucas Sagae faz um trabalho incrível, trazendo uma autenticidade que, mesmo com alguns clichês, cria uma conexão real com o público.

Paralelamente, rola uma tensão extra na história de Manabu, quando sua usina na Argélia é tomada por terroristas, colocando sua vida em risco e deixando Seiji desesperado. Esse enredo paralelo aumenta ainda mais a tensão, enquanto Seiji tenta salvar o filho e lidar com os problemas de Marcos e da gangue.

Família não é só um drama sobre laços afetivos, mas também uma reflexão sobre imigração, identidade e a busca por um lugar pra chamar de lar. Com uma crítica social afiada, o filme mostra as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros no Japão, mas também traz a esperança de que, mesmo no meio do caos, é possível encontrar um novo começo.

Família
Foto: reprodução/Sato

Para os brasileiros, especialmente, Família traz um olhar necessário sobre nossa presença em um contexto tão distante e, ao mesmo tempo, tão próximo. Kōji Yakusho brilha como Seiji, um homem que redescobre o valor das conexões humanas e da empatia, enquanto Fadile Waked e Lucas Sagae surpreendem em papéis que, apesar de marginais, deixam uma marca significativa na narrativa.

 

No final, Família faz você pensar sobre o que realmente significa fazer parte de uma família e como as adversidades podem unir pessoas de origens tão diferentes. Vale a pena assistir e refletir sobre as várias camadas dessa história tão humana e envolvente.

Família estreou hoje (15) nos cinemas brasileiros.

 

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Texto revisado por Cristiane Amarante

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