Resenha | Mais que Especiais é um acalento num mundo psicofóbico

Obra dos mesmos diretores de Os Intocáveis tem atores autistas no elenco e fala sobre empatia

Aviso: a redatora que escreveu esta matéria não apresenta nenhum grau de autismo, portanto, reconhece que não é seu lugar de fala. Estamos abertas a críticas! 🙂

Um filme que dá um quentinho no coração; é assim que podemos descrever Mais que Especiais. Numa sociedade que ainda está aprendendo a não ser psicofóbica (ou seja, reproduzir preconceitos contra pessoas com transtornos e/ou deficiências mentais), o longa, que estreou ontem (25), aparece abordando temas importantíssimos e nos ensinando a nos colocarmos no lugar do próximo.

Com quase 2 horas de duração, que passam muito rápido, e não se tornam cansativas, Mais que Especiais traz no elenco Vincent Cassel, Reda Kateb e Hélène Vincent. A obra, aclamada no Festival de Cannes, é dos mesmos diretores do sucesso francês Os Intocáveis. Por isso, segue a mesma linha de comédias emocionantes que falam sobre a amizade e trazem personagens deficientes, mostrando a importância de tratá-los igualmente.

Foto: Carole Bethuel

Contudo, não pense que eles cometeram o erro de falar de autismo com atores não autistas! Todos os atores que fazem papéis de pessoas autistas realmente têm o transtorno. Um dos personagens mais importantes de Mais que Especiais, Joseph, é interpretado por Benjamin Lesieur, que está no espectro autista. 

Isso é muito importante, pois, você concorda que, por conta de preconceitos, pode ser mais difícil essas pessoas se posicionarem no mercado do cinema? Então, na oportunidade de se falar sobre um transtorno que realmente está presente em suas vidas, é importantíssimo não deixar atores que não vivenciam isso pegarem esses papéis.

Foto: Carole Bethuel / Joseph (Benjamin Lesieur)

Se pudéssemos resumir o filme a uma palavra, seria “inclusão”

“Existem pessoas que não te vêem, não te escutam. E existem os outros… Eles são raridade.” – Hélène (Hélène Vincent), em uma das cenas do filme.

Mais que Especiais tem como base as histórias reais de dois homens chamados Stéphane Benhamou e Daoud Tatou, que, em parceria, gerem duas organizações sem fins lucrativos para ajudar autistas recusados por outras  instituições. Nessas instituições, Bruno e Malik – os protagonistas, o primeiro judeu e o segundo muçulmanoguiam um grupo de jovens carentes e sem oportunidades em suas jornadas de aprendizado como cuidadores no grupo. Como pode-se perceber pelas religiões dos protagonistas, o filme traz bastante diversidade.

Foto: Carole Bethuel

O grande objetivo de suas organizações é tratar os pacientes sem preconceitos, cada um com suas singularidades. Com isso, são contra a estratégia de medicação excessiva e o confinamento utilizada por outras instituições. Entretanto, os dois homens estão prestes a terem seus projetos encerrados pelo governo por conta das condições do local – consideradas precárias, mesmo sendo boas o suficiente para gerarem avanços incríveis em cada paciente e fazê-los serem incluídos em um grupo que os valoriza – e pela desqualificação dos jovens que os ajudam.

Ao longo do filme, vemos a dedicação extrema dos dois protagonistas, mas principalmente de Bruno (Vincent Cassel), que praticamente não tem uma vida privada, mas ama o que faz.

Tem tudo para Mais que Especiais dar certo… E deu mesmo

O filme, no geral, é meio paradinho. Por mais que o problema principal do filme seja a possibilidade de acabarem com as instituições dos protagonistas, esse problema não aparece muito na história. Entretanto, isso não é, necessariamente, uma coisa ruim. O filme, na verdade, foca mais nas relações entre as pessoas

Foto: Carole Bethuel

Ele pode ser a escolha certa para quando você não está afim de assistir algo com muita ação e altos e baixos, então quer assistir algo leve. Porque é assim que o filme nos deixa, já que tem vários momentos que te deixarão com um sorriso bobo no rosto.

Temos amizades, mas tem romance também em Mais que Especiais?

Algo que pode decepcionar as pessoas mais românticas é que temos alguns casais na história e as relações deles ficam em aberto; não dá para saber se deram certo ou não. Além disso, há uma certa cena que não é explicada posteriormente. De qualquer forma, sempre existem pessoas que acham legais histórias com o final aberto, então, se você for uma delas, vai gostar. Mas, para os românticos de plantão, romance não é o ponto mais forte do filme. Na verdade, o romance quase não aparece, mas é o suficiente para nos fazer sorrir com as cenas meigas.

Veja o trailer a seguir e já vá preparando seus lencinhos:

Aprenda mais sobre a psicofobia clicando aqui.

E conta pra gente o que você achou do filme no Twitter, Face e Insta do Entretetizei! <3

 

*Crédito da foto de destaque: Carole Bethuel

plugins premium WordPress

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Acesse nossa política de privacidade atualizada e nossos termos de uso e qualquer dúvida fique à vontade para nos perguntar!