O Processo do Desejo é um desacato às mulheres e ao feminismo, e um permissivo para o assédio e a violência sexual
ALERTA DE GATILHO: VIOLÊNCIA SEXUAL/ESTUPRO/MACHISMO
A sinopse nos conta sobre Sandra (Claire Nebout), uma mulher que acaba ficando trancada em um museu depois do horário da visita e, então, se vê presa no enorme castelo com Lorenzo (Vittorio Mezzogiorno), um arquiteto que tem as chaves, mas prefere guardar essa informação para usar a noite trancados como desculpa para um estupro arquitetado.
Sem uma sinopse muito promissora, O Processo do Desejo inclina a nossa sociedade, já machista e patriarcal, a um abismo enojante e revoltante.
O tema violência sexual no filme
Fazendo o estupro parecer necessário para uma mulher, com desculpas ridículas de que é necessário violentar uma mulher bonita para lhe dar vida e movimento, o filme banaliza a situação e ainda ridiculariza a vítima. Além disso, também faz parecer que toda mulher que passa por isso permite e gosta, no fim das contas.
Durante o julgamento, o acusado alega que não a violentou, pois não foi truculento com ela, apenas manipulador.
O processo
Nas cenas do processo, entre um depoimento e outro de Sandra e seu agressor, o filme corta para cenas íntimas que o promotor público teve com sua esposa. A jogada de intercalar a vida pessoal do promotor, tinha o objetivo de expor a opinião de uma mulher que reproduz o machismo, e alega ao marido que estupro é ser possessivo e controlador na relação – o que também é errado, mas não é um estupro -, e se diz a favor do agressor de Sandra.
Por outro lado, coloca o promotor – marido abusivo, mas fiel – em uma sinuca de bico ao notar que Sandra foi mesmo coagida e violada.
Outras inconsistências
Também há uma festa de gala, na qual as cenas são basicamente de Sandra dançando com o juiz, que além de completamente ilusória – porque não é real uma festa de aniversário juntar pessoas tão opostas de um caso de violência sexual no mesmo ambiente – causa desconforto emocional ao assistir. Especialmente sem explicar como todas aquelas pessoas conheciam a mesma aniversariante.
Foi uma cena desencontrada no filme, totalmente inconsistente e que não me pareceu ter sentido.
Chega de culpar a vítima e romantizar o agressor
Banalizar a violência sexual, dizendo que não é uma violência, tendo como base a afirmação do próprio abusador de que a vítima teve um orgasmo, é completamente enojante e revoltante.
Lorenzo era um homem sádico, manipulador e um agressor sexual, que deixou claro já ter feito isso outras vezes, porque acha bonito uma mulher sendo possuída. O roteiro responsabiliza a vítima, a acusando de sedução só por sua beleza. É de dar calafrios.
O Entretetizei é completamente contra filmes que propagam o machismo e banalizam a violência sexual. Denuncie!
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*Crédito da foto de destaque: Divulgação