O jovem Silas já sobreviveu a um raio, mas assistir ao pai sendo levado embora no meio da noite foi a pior experiência de sua vida
Escrito por R. J. Palacio, mesma autora de Extraordinário, Uma Jornada Sem Fim une história e fantasia enquanto conta a trajetória de Silas, um menino de 12 anos.
Desde que nasceu, ele sempre foi uma criança especial, e não apenas por um motivo. O menino sobreviveu a um raio quando tinha 10 anos, além de conseguir ver fantasmas e ter um deles como melhor amigo, o Mittenwool. Por fim, vive com o pai, um verdadeiro gênio, que já consegue realizar fotografias no século XIX com a ajuda de daguerreótipos.
Apesar de ter perdido a mãe no nascimento e não ter amigos devido a sua capacidade de ver fantasmas, Silas, o pai e Mittenwool viviam muito felizes em meio a livros e invenções. Até que, certa noite, um grupo de estranhos, a mando de um homem chamado Ollerenshaw, chega a sua casa e leva o seu pai.
Desse momento em diante, a vida de Silas muda completamente, fazendo com que ele saia em busca do seu pai, em uma trajetória que vamos conhecendo ao longo do livro. Um dos pontos fortes do enredo é misturar a história e os costumes dos EUA, do período da Marcha para o Oeste e da morte dos indígenas, aliados à fantasia, representada pela sensibilidade do protagonista e pelos fantasmas que ele conhece.
Conforme a história avança, isso fica ainda mais claro. Além de Mittenwool, Silas é acompanhado por um pônei desconhecido mas que vem ao seu encontro. E, com o auxílio do destino, ele sempre encontra as pessoas certas para ajudá-lo.
O pano de fundo da história também é outro ponto que chama a atenção. Enquanto busca pelo pai, Silas encontra vários fantasmas presos ao mundo, e descobre que muitos foram vítimas de confrontos pelo fim da escravidão ou em guerras contra a população nativa. O horror desses períodos históricos também estão presentes naqueles que encontra em sua jornada.
E com todos esses elementos, Palacio constrói uma história com muitos fatos interessantes e inesperados. Ao final da obra, vendo todos os mistérios revelados, entendemos como tudo se encaixa, e como não podíamos imaginar nada daquilo nas primeiras páginas do livro.
Tesouros, falsificações, mistérios, a história de amor dos pais, o próprio motivo de ser acompanhado por Mittenwool, Silas tem sempre algo a desvendar, sendo essa uma provável explicação do nome da história.
A outra razão já vem descrita na contracapa do livro: o amor é uma jornada sem fim. Apesar das diferenças, Silas faz muitos amigos nessa jornada, e entende como aqueles que amam nunca nos deixam de verdade. Durante a sua trajetória, ele sempre recorda da frase do pai, “a verdade é a verdade”, e se vê disposto a se lembrar disso e dos bons momentos, mesmo com as surpresas desagradáveis que enfrenta no caminho.
Recomendo a leitura a todos que desejam acompanhar uma trajetória cheia de surpresas, um livro sem furos, com personagens bem construídos e que soube unir história, fantasia e fotografias feitas em daguerreótipos para compor uma bela obra aos leitores.
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*Crédito da foto destaque: divulgação/Intrínseca
