Seus 25 anos de carreira não negam seu talento como diretora e roteirista de filmes autênticos
Desde 1999 quando dirigiu seu primeiro longa, As Virgens Suicidas, Sofia Carmina Coppola se tornou um nome de destaque em Hollywood. A cineasta sonhava em ser artista desde muito nova. Inicialmente pensou em ser fotógrafa, mas mudou para o cinema após lançar o curta Lick the Star (1998), que aborda a história de uma adolescente enfrentando os dilemas do ensino médio.
Em 2023, Sofia lançou o livro Sofia Coppola Archive: 1999-2023, que reúne memórias de todas as produções feitas pela diretora; como anotações, roteiros e fotos tiradas no set por ela mesma ou por amigos fotógrafos. O livro é uma espécie de álbum de recortes de toda a trajetória cinematográfica de Sofia.
Família Coppola
Sofia possui fortes referências de cinema e já cresceu rodeada pela sétima artes. Seu pai é Francis Ford Coppola, ganhador do Oscar de Melhor Diretor, e responsável por dirigir filmes como a trilogia O Poderoso Chefão (1972-1990), Apocalipse Now (1979) e Drácula de Bram Stoker (1992). Eleanor Coppola, sua mãe, é documentarista e escritora, responsável por filmar os making of das produções de Francis e Sofia.
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A família Coppola seguiu realmente o ramo artístico, o irmão da cineasta, Roman Coppola, é produtor e diretor de videoclipes, além de já ter colaborado com filmes de Wes Anderson como Moonrise Kingdom (2012) e Asteroid City (2023).
O início da carreira
Sofia iniciou sua carreira ainda bebê, quando em 1972 estreou no cinema como a versão recém-nascida de Michael Corleone – personagem de Al Pacino em O Poderoso Chefão. Após esse primeiro contato, participou de outras obras de Francis Coppola fazendo pequenos papéis em filmes como: Vidas Sem Rumo (1983), Cotton Club (1984) e Peggy Sue – Seu Passado a Espera (1986).
Mas foi em 1990 quando interpretou um papel de maior destaque, dando vida a filha de Michael Corleone no terceiro filme da franquia de sucesso do pai, que Sofia foi alvo de críticas por parte da mídia, que fazia acusações de nepotismo sobre sua participação.
Após a polêmica, ela não fez mais participações nos longas do pai, mas anos depois realizou uma rápida participação em Star Wars: A Ameaça Fantasma (1999), tendo também participado de diversos videoclipes.
As Virgens Suicidas
Após ler o livro As Virgens Suicidas, lançado em 1993 e escrito por Jeffrey Eugenides, Sofia se apaixonou pela história e soube que precisava desenvolver uma adaptação, em seu livro ela diz: “Eu não sabia que queria ser diretora até ler As Virgens Suicidas e ver tão claramente como a adaptação tinha de ser feita.”
O filme marcou a estreia da cineasta no Festival de Cannes, quando a mesma tinha 28 anos, mas não teve grande repercussão na mídia ou sucesso de bilheteria.
Sofia foi responsável pelo roteiro e direção do filme, que apresenta um drama nos anos 1970, onde acompanhamos a vida de cinco irmãs que vivem sob uma rígida supervisão dos pais religiosos. A narrativa é feita por um grupo de meninos que as conhece e muito tempo depois ainda tentam entender os eventos trágicos que aconteceram com as irmãs.
A diretora entregou um retrato melancólico e poético sobre a juventude, abordando temas como repressão, a mente feminina, a adolescência e a dor. Além de contar com atuações incríveis como de Kirsten Dunst, que interpreta uma das irmãs. Anos após seu lançamento, o filme se tornou um clássico cult.
A estética de Sofia
Sempre ligada à moda, Sofia Coppola chegou a realizar um estágio na Chanel quando tinha 15 anos, um tempo depois criou sua própria grife, intitulada Milkfed. Alguns de seus primeiros contatos com a direção foram quando dirigiu alguns comerciais para marcas como Dior, Cartier e Chanel.
Devido a isso, os figurinos de seus filmes são sempre pensados com cuidado, com o intuito de também deixarem transparecer as personalidades de seus personagens.
Um exemplo disto é o filme Maria Antonieta (2006), onde Sofia buscou referências em coleções de estilistas como Marc Jacobs e John Galliano, além de visitar museus que contavam com exposições de vestidos de época.
O mesmo aconteceu com seu filme mais recente, Priscilla (2023), onde buscou estilistas renomados para recriar os looks usados por Priscilla e Elvis Presley.
Os filmes da diretora são pensados em todos os detalhes possíveis e a estética feminina traz cores suaves, uma fotografia lindíssima e delicada. Sofia consegue imprimir a feminilidade em suas obras e nos personagens de seus filmes; essa se tornou a marca de seus longas.
Filmografia
Após o lançamento de As Virgens Suicidas, Sofia apostou em Encontros e Desencontros (2003), também com roteiro e direção assinados por ela. O filme fez sucesso imediatamente após o lançamento. O longa é protagonizado por Bill Murray e Scarlett Johansson e possui fortes referências à própria vida da cineasta; como um período em que morou no Japão e seu casamento com o também cineasta Spike Jonze, com quem foi casada até o ano de lançamento do filme.
A produção rendeu três indicações ao Oscar 2004, onde Sofia concorreu a Melhor Filme, Melhor Direção – se tornando a terceira mulher na história a receber essa indicação – e Melhor Roteiro – categoria na qual saiu vitoriosa.
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Desde então, ela vem conquistando seu espaço na indústria cinematográfica, tendo vencido outros diversos prêmios pelos seus nove filmes lançados até o momento. Confira os títulos:
- As Virgens Suicidas (1999)
- Encontros e Desencontros (2003)
- Maria Antonieta (2006)
- Um Lugar Qualquer (2010)
- Bling Ring: A Gangue de Hollywood (2013)
- A Very Murray Christmas (2015)
- O Estranhos que Nós Amamos (2017)
- On The Rocks (2020)
- Priscilla (2023)
Protagonismo feminino
Os filmes de Sofia contam com protagonismo feminino e personagens fortes. Seus longas apresentam o trabalho feminino em cena e nos bastidores, entregando narrativas que demonstram a solidão, as reflexões e os desejos; retratando o universo feminino na sociedade atual.
Um filme feito por mulheres sobre mulheres entrega uma perspectiva muito mais ampla e profunda sobre diversos assuntos, que são abordados de um local diferente quando dirigidos por homens. Os longas da diretora trazem essa abordagem de uma maneira única e delicada.
Mas nem sempre isso é visto como algo positivo na indústria, já que um dos trabalhos da cineasta protagonizado por Kirsten Dunst, Maria Antonieta, foi recebido com vaias – o que acabou apontando o filme como um fracasso de Sofia e a fez se afastar da mídia por um tempo. No entanto, a reparação foi concretizada, já que atualmente o longa inspirou diversos filmes e séries que relatam as histórias de época com maior foco nas mulheres e não em seus maridos.
Sofia Coppola inspirou e ainda inspira muitas mulheres, seus filmes abordam temas únicos e necessários. Ela conseguiu mostrar todo seu talento através de suas histórias e personagens únicos, evidenciando que não foi o nepotismo que a fez ser reconhecida e admirada.
Hoje, aos 53 anos, Sofia possui uma trajetória onde coloca as mulheres em evidência, enaltecendo suas histórias e seu protagonismo. Além de acumular prêmios, críticas positivas e a admiração daqueles que se permitem conhecer suas obras.
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Texto revisado por Kalylle Isse