Thelma e Louise: filme que eternizou amizade feminina nas telonas completa 30 anos

Extremamente atual, o road movie debate papéis de gênero e violência contra a mulher

Se você gosta de filmes de ação mas não dispensa um bom roteiro, Thelma e Louise é um forte candidato à sua lista de filmes favoritos. Lançado no ano de 1991, há exatos 30 anos, o longa celebra a libertação feminina

Na trama, duas mulheres de meia idade, Thelma Dickinson, uma típica dona de casa, (Geena Davis) e Louise Sayer (Susan Sarandon), uma garçonete solteirona, insatisfeitas com suas rotinas monótonas, decidem fazer uma viagem de fim de semana. Porém, o que era para ser um escape tranquilo acaba rapidamente tomando outro rumo quando as duas se tornam fugitivas da polícia após cometerem crimes inesperados.

Indicado a cinco categorias do Oscar de 1992 e vencedor do prêmio de Melhor Roteiro Original, o longa não deixou de gerar polêmica, dividindo a crítica e o público quanto às representações de gênero. Uns consideravam a violência e as atitudes questionáveis das protagonistas como revanche e um desserviço à luta das mulheres. Já outros ressaltaram a importância de temas como estupros e relacionamentos abusivos serem tratados da maneira que o filme faz. 

Mesmo em meio a polêmicas, pode-se afirmar que o longa cumpriu com seu objetivo: fomentar o debate sobre os papéis de gênero na sociedade moderna. A amizade inabalável das duas protagonistas, tão incomum no cinema da época, em que o que ainda se via, em sua maioria, era a rivalidade feminina, por si só já foi um marco importante. Somando-se a isso o fato de Thelma e Louise passarem a maior parte dos 130 minutos de tela dirigindo na estrada e manuseando armas sem nenhum homem para as defender, pelo contrário, enfrentando os machistas que as perseguem de igual para igual, certamente foi revolucionário. 

Cena do filme Thelma e Louise. / Foto: Reprodução.

Mesmo completando 30 anos de lançamento, o filme permanece bastante atual, visto que os debates acerca do feminicídio e do abuso sexual contra mulheres se popularizaram muito recentemente no mundo do entretenimento e na sociedade em geral. Prova disso, é a hashtag #MeToo, criada pela atriz americana Alyssa Milano no ano de 2017, que incentivou uma onda de denúncias contra homens abusadores e estupradores em Hollywood e pelo mundo. 

No Brasil, as tags #MeuPrimeiroAssédio e #MeuAmigoSecreto atingiram os Trending Topics do Twitter no ano de 2015 com o mesmo propósito que é proporcionar uma rede de acolhimento para que mulheres pudessem compartilhar histórias de assédio, abuso e machismo que viveram. A segunda, inclusive, assim como a hashtag americana, também começou a partir da discussão sobre produtos de entretenimento, dessa vez, como uma resposta a comentários de teor sexual em massa na rede direcionados a uma menina de 12 anos participante do reality Masterchef Junior. 

Dessa forma, percebe-se a importância do entretenimento como gerador e potencializador do debate público, por isso a importância de produções com representatividade e sensibilidade para lidar com temas complexos que envolvem ser mulher como Thelma e Louise. É a partir do reconhecimento das próprias vivências no espelho que muitas vezes os produtos de entretenimento são, que muitas mulheres tomam consciência de suas dores e podem agir sobre elas. 

Nesse sentido, a importância de Thelma e Louise vai muito além, já que Geena Davis (Thelma) se dedica, desde 2004, a lutar pela maior e melhor presença feminina nos produtos de comunicação, tanto nas telas quanto por trás delas. Ela fundou o Geena Davis Institute on Gender in Media, um instituto que trabalha na indústria do entretenimento para aumentar a representatividade feminina e diminuir os estereótipos negativos acerca das mulheres na mídia.

Imagem institucional do Geena Davis Institute on Gender in Media. / Divulgação.

Seguindo o lema “if she can see it, she can be it” (“se ela pode ver, ela pode se tornar”, em tradução livre), a organização tem um foco especial em produções direcionadas ao público infantil e teve influência na representação de gênero presente em filmes de família famosos como Divertidamente, Hotel Transilvânia e Universidade Monstros.

Em 2021, portanto, comemoramos os 30 anos de Thelma e Louise e, principalmente, todo o avanço da pauta das mulheres que temos visto nos anos recentes no mundo do entretenimento e fora dele. Que venham muitas mais produções com mulheres que saltam para a liberdade

Já assistiu Thelma e Louise? Conta suas impressões sobre o filme no Insta e Twitter do Entretetizei

 

 

 

*Crédito da foto de destaque: Reprodução. 

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