Um dos maiores nomes da literature infanto-juvenil brasileira, Ziraldo também desempenhou um papel ímpar na luta contra a censura
Mestre da literatura infantil, Ziraldo faleceu no último sábado (6), aos 91 anos, de falência múltipla de órgãos. Escritor, mas principalmente cartunista, sua obra marcou gerações e plantou em muitas crianças o gosto pela leitura. Seus desenhos com um traço fino, delicado e extremamente característico, estamparam livros, séries de TV, filmes e o coração de milhares de crianças.
Além do trabalho dedicado aos livros infantis — como O Menino Maluquinho e Flicts — ele também foi jornalista e teve um papel importante de resistência durante a Ditadura Militar Brasileira (1964-1985).
Início da carreira
Ziraldo nasceu na cidade de Caratinga, Minas Gerais, em 1932. Incentivado pelos pais, desde sempre apresentou paixão pelo desenho. Aos seis anos, teve seu primeiro desenho publicado na Folha de Minas. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 16 anos, passando a ser ilustrador da revista Coração.
Em 1949, publicou a primeira história em quadrinhos, mesma época em que cursava Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e onde iria se graduar em 1957. No entanto, nunca exerceu a profissão de fato.
Após uma temporada na Europa, retornou ao Brasil e colaborou nas revistas A Cigarra e O Cruzeiro. Em 1960, ao editar A Turma do Pererê, tornou-se um dos primeiros a se aventurar pelo gênero no Brasil, já que é a primeira revista em quadrinhos inteiramente nacional.
Reconhecimento nacional e Ditadura
Em 1963, começou a ganhar popularidade em todo país devido às ilustrações que publicava no Jornal do Brasil. No ano seguinte, a publicação de A Turma do Pererê foi descontinuada, em consequência do golpe militar.
Em 1968, período mais conturbado da ditadura, o governo instituiu o Ato Institucional nº5, que cerceou de modo brutal a liberdade de expressão. Contra a censura, Ziraldo foi preso pela primeira vez naquele ano. Em 1969, ajudou a fundar O Pasquim, jornal que fazia críticas à repressão de forma irreverente, bem humorada e inteligente.
A perseguição política ficou ainda mais intensa, até que a maioria dos trabalhadores do periódico foi presa em 1970 — incluindo Ziraldo. Mesmo assim, o jornal não parou de circular e o ilustrador foi solto em 1971.
Livros infantis
O primeiro livro escrito pelo cartunista foi Flicts, no ano de 1969. Nele conhecemos Flicts, uma cor diferente que não é aceita e não se encaixa com as cores do arco-íris. No mesmo ano, publicou Jeremias, o Bom e em 1979 lança O Planeta Lilás.
Seu maior sucesso, porém, foi O Menino Maluquinho, publicado em 1980. Ainda publicaria mais de 40 obras, entre elas O Bichinho da Maçã (1982), Uma Professora Muito Maluquinha (1995), O Menino e seu Amigo (2003) e A Menina Nina (2002).
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Texto revisado por: Thais Moreira
