Há 133 anos, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, mas a luta contra o racismo está cada vez mais necessária
Nesta quinta-feira (13), celebra-se os 133 anos da abolição da escravatura no Brasil. No entanto, sabe-se que, na verdade, não há o que comemorar nesse dia. A liberdade, de fato, não veio para o povo preto. Logo após a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, os negros escravizados foram jogados às margens da sociedade, sem meios para estudar, trabalhar ou ter uma vida digna. Atualmente, todos os dias, seus descendentes são cruelmente assassinados. Dessa forma, em uma severa tentativa do Estado de nos transformar em inimigos, os negros, onde quer que estejam, são alvos.
Exemplos não faltam: a chacina de Jacarezinho, que ocorreu no último dia 6, resultou em 29 mortes. Além disso, neste mês faz um ano do assassinato de George Floyd, homem negro assassinado por policias em Mineápolis, EUA. O óbito de Floyd chocou o mundo e desencadeou manifestações que gritavam contra essa brutalidade, intituladas de Black Lives Matter. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil, os negros são 79,1% das vítimas em intervenções policiais. Ou seja, os agentes oficiais escolhem quem vão exterminar com base em cor e endereço.
Até quando?
Parafraseando George Floyd em suas últimas palavras, “eu não consigo respirar”.
É um dia em que não se cabe comemorações, e sim reflexões. Então, nós, do Entretetizei, ecolhemos falar sobre dois documentários que representam muito bem a realidade do negro no Brasil:
Menino 23 – Infâncias Perdidas No Brasil
O filme é de 2016, com direção de Belisário Franca. A produção relata a história de 50 meninos negros que, durante a década de 1930, foram retirados do orfanato em que viviam no Rio de Janeiro por empresários adeptos às ideologias nazista e integralista. Eles, então, escravizaram e isolaram as crianças no interior de São Paulo, em Campina do Monte Alegre.
Um dos personagens do documentário é Aloísio Silva, sobrevivente do projeto nazista. A sua humanidade foi negada de tal forma, que ele passou a se chamar apenas 23. Os responsáveis por essa atrocidade justificavam seus atos através do pensamento eugenista, que vigorava na época.
A eugenia era uma teoria científica que dizia que algumas raças eram mais evoluídas geneticamente do que outras. Em outras palavras, eles acreditavam que os brancos eram da raça superior, enquanto negros, judeus e ciganos de raças inferiores.
O Caso do Homem Errado
O documentário de 2017 possui direção de Camila de Moraes. Aqui, nós lembramos quando, no dia 14 de maio de 1987, policiais militares executaram o operário Júlio César de Melo Pinto, após o confundirem com um assaltante. O que mais choca neste caso é o fato de que Júlio tinha acabado de sofrer um ataque epilético e não tinha nenhuma condição de se defender. Além disso, ele entrou no carro dos policiais vivo, mas chegou ao hospital com dois tiros no peito. Como se não bastasse, os oficiais ainda tentaram esconder fatos, forjar provas e transformar Júlio César em um criminoso.
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*Crédito na foto em destaque: Reprodução