O Auto da Compadecida pode ser considerado um dos melhores filmes brasileiros e certamente, uma obra atemporal
Sinopse
O Auto da Compadecida mostra as aventuras de João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello), dois nordestinos pobres que vivem de golpes para sobreviver. Eles estão sempre enganando o povo de um pequeno vilarejo no sertão da Paraíba, inclusive o temido cangaceiro Severino de Aracaju (Marco Nanini). Somente a aparição da Nossa Senhora (Fernanda Montenegro) poderá salvar esta dupla.
[contém spoiler]
“Não sei, só sei que foi assim”
Inspirado na obra de Ariano Suassuna, o filme gira em torno de dois personagens: Chicó e João Grilo. As duas figuras extremamente divertidas levam a vida como podem, sobrevivendo de trabalhos que pagam pouco e dando pequenos golpes em uma pequena cidade no interior da Paraíba.
Enquanto Chicó é frouxo e um excelente contador de histórias de pescador, sempre finalizadas pelo famoso “não sei, só sei que foi assim”, João Grilo possui a lábia afiada e consegue enganar do mais humilde cidadão ao mais poderoso dono de terras da região. É impossível não dar boas risadas com as trapalhadas da dupla.
A essência da obra é retratar o Brasil e suas classes.Todas estão representadas: Os trabalhadores pobres, com Chicó e João Grilo; a pequena burguesia, com Dora (Denise Fraga) e Eurico (Diogo Vilela); a igreja, com Padre João (Rogério Cardoso) e Bispo (Lima Duarte); a classe política, com Major Antônio Moraes (Paulo Goulart) e isso fica claro em como cada personagem é tratado.
A história ainda conta com um romance entre Chicó e Rosinha (Virginia Cavendish), Filha do Major, que exige que a filha se case com um homem rico e valente, tudo aquilo que Chicó não é. Para ajudar o amigo, João começa a articular suas enganações pra fazer com que o casal fique junto. Quando o grupo de cangaceiros ataca a cidade, a dupla mais uma vez tenta passar a perna neles, mas João acaba morrendo.
Depois de uma estrada de aventuras e de uma série de pessoas enganadas, João Grilo, junto com Dora, Eurico, Severino, o padre e o bispo acabam se encontrando com Jesus Cristo (Maurício Gonçalves), Nossa Senhora e o Diabo (Luís Melo), em um Julgamento Final pra lá de autêntico, enfatizando o que seriam os pecados de cada um que os levaria para o inferno, e assim dão a sentença de cada um. Suassuna desconstrói a figura do Cristo branco de olhos claros e traz um Jesus negro, onde também é visto na adaptadção cinematográfica.
O Auto da Compadecida consegue reunir elementos da cultura brasileira com a religiosidade do povo de forma eficiente. É uma obra difícil de expressar sua grandiosidade. Além de refletir a realidade da população brasileira, você não precisa ser católico ou cristão para admirar essa obra que traz a essência do povo brasileiro, com seu jeito alegre de levar a vida mesmo diante dos sofrimentos que ela traz.
O longa consegue mostrar que todos são passíveis de erros, possuem defeitos e pecados, porém todos tem um lado bom e que muitas vezes a vida os obriga a trilhar outros caminhos.
O filme também tem a sua versão em minissérie e ambos estão disponíveis no Globoplay!
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*Crédito da foto de destaque: Reprodução | Columbia Tristar