Joni Mitchell: ouvindo ela ou suas inspirações

Joni Mitchell é um ícone da música folk e ainda rende inspiração para cantoras atuais

Texto escrito com a colaboração de: Iris Castro e Mallú Amábili

O disco Blue, álbum mais famoso da carreira de Joni Mitchell, completou 50 anos em junho de 2021 e é impossível deixar essa informação passar batido, sem mais a declarar.

Joni Mitchell é uma mulher de várias faces e muitas fases. É um ícone incontestável da música folk, do rock e até do jazz, quando começou a experimentar o estilo em suas composições.

Agora, tendo completado 78 anos no dia 7 de novembro, ela segue mais reclusa e sem novos trabalhos, mas coleciona artistas POP que se inspiraram (e ainda se inspiram) em toda a sua trajetória musical.

Vem aprender com a gente a como encaixar Joni Mitchell na sua playlist, ou apenas reconhecê-la nas composições das suas divas preferidas.

Folk

Foto: Divulgação/Rolling Stone

Ela começou no folk, mas antes disso traz na bagagem uma história de vida meio trágica, quando teve que dar sua única filha para a adoção e se casou para tentar pegá-la de volta, mas não obteve sucesso.

Tal como muitas cantoras, especialmente a Sia, Joni Mitchell vendia suas composições para cantoras de sucesso, como Judy Collins, por exemplo.

Song to a Seagull (1968) e Clouds (1969) representam a raiz folk que Joni Mitchell tinha nos primeiros anos de carreira. Vinda do Canadá, ela usava muitos dos elementos culturais e folclóricos, sem abusar da instrumentação mais pesada que fazia sucesso naquele período.

Rock

Foto: Divulgação/Regis Tadeu

Impulsionada pelo álbum Ladies of the Canyon (1970), Joni Mitchell alcançou o grande público para além do universo do folk e começou a se tornar notória no rock e na cultura popular.

Lançado em 1971, o álbum Blue foi um estouro sem comparações e expunha composições extremamente confessionais e vulneráveis.

Eu me sentia como uma embalagem de plástico num maço de cigarros. Eu sentia como se não guardasse nenhum segredo do resto do mundo, e eu não conseguia fingir ser forte ou feliz, mas a vantagem era que na música também não havia defesas”, declarou Joni Mitchell para a revista Rolling Stones.

Esse é, sem dúvidas, o álbum que mais dialoga com a cultura do rock daquele momento, catapultando Joni Mitchell de vez para o círculo do folk rock e a transformando em uma compositora extremamente capaz de arrastar multidões.

Jazz

Foto: Divulgação/Discos Indispensáveis Para Ouvir

Depois de uma carreira cheia de altos e com muitos arranjos emblemáticos, Joni Mitchell começou a se aproximar da improvisação e se jogou de cabeça em um estilo mais puxado para o jazz com o álbum The Hissing of Summer Lawns (1975).

Hejira (1976) tem muita influência de jazz e contrapõe a carreira de Joni Mitchell como estrela de folk e folk rock, e a joga em uma posição confortável com sons mais interessantes. O próprio nome do álbum já é uma provocação contra a vida que levava até então, já que a palavra Hejira vem da fé islâmica, e que tem origem na fuga do profeta Maomé, de Meca para Medina. A ideia era representar uma fuga com honra, e então ela tropeçou nessa palavra e decidiu que a usaria.

Sem dúvidas essa é uma simbologia forte, já que esse é o principal álbum que une a Joni Mitchell do folk e a Joni Mitchell do jazz. E apesar de ser considerado como a volta dela para o folk que fazia no início de carreira, Hejira tem influências incontestáveis no jazz e sua força instrumental está completamente ali.

Inspirações 

A música Both Side Now, do álbum homônimo, apareceu como trilha sonora do casal vivido por Emma Thompson e Alan Rickman, no filme inglês Simplesmente Amor (2003).

Sabemos que muitos artistas do nosso pop atual beberam na fonte de Joni Mitchell, principalmente em suas composições. Algumas delas são inspirações bem diretas, como é o caso da Taylor Swift.

Swift já declarou a Napster que Blue é um dos seus álbuns favoritos de todos os tempos, e podemos dizer que o álbum Red, originalmente lançado em 2012 e relançado ontem (12), tem uma influência direta com o álbum Blue, lançado em 1971.

Foto: Divulgação/Tumblr Gaylor Lyrics

Taylor foi fortemente influenciada por Joni enquanto escrevia as letras de Red (2012) e a prova disso é um trecho de seu diário, no qual a cantora e compositora cita uma canção não lançada na época, Nothin’ New, que foi inspirada em Blue. 

Em outro trecho, a cantora escreve: “Tenho pensado muito em envelhecer e na relevância e em como todos os meus heróis acabaram sozinhos. Escrevi uma música no avião de Sydney a Perth em um Saltério dos Apalaches que comprei no dia do meu voo. Eu comprei porque Joni tocou na maior parte de seu disco do Blue. Aprendi sozinha a tocar A Case of You.” (tradução livre)

A inspiração de Taylor não acaba por aí! Ela revelou em entrevista à Rolling Stone, “quando comecei a beber, costumava chorar por causa de Joni Mitchell depois de algumas taças de vinho”, completou Swift. “Todos os meus amigos saberiam, uma vez que comecei a chorar sobre Joni Mitchell, era hora de eu ir para a cama.” Quem nunca sofreu ao som de River, não é mesmo?

Outra estrela que não nega as influências de Joni é Lana Del Rey. O álbum Chemtrails Over The Country Club (2021) finaliza com um cover da canção For Free (1970), ao lado de Zella Day e Weyes Blood, que segundo Lana, em entrevista à MOJO, significa “tudo” para ela.

Foto: Divulgação/Rolling Stone

Lana também não deixa de expressar sua admiração por Joni Mitchell em Norman Fucking Rockwell. O álbum lançado em 2019 tem referências ao ícone do folk rock, como em California (2019), em que Del Rey cita “I’ll pick up all of your Vogues and all of your Rolling Stones”, se referindo a canção California (1971).

E sem deixar de mencionar a faixa Bartender, em que Lana canta sobre “all the ladies of the canyon, wearing black to their house parties”, uma referência direta ao álbum Ladies Of The Canyon (1970).

Agora conta pra gente, nas nossas redes sociais – Twitter, Insta e Face -, quais dessas músicas você mais gosta, e fala se você já sabia de tudo isso sobre Joni Mitchell e as divas que se inspiraram nela!

*Crédito da foto de destaque: Divulgação/Igor Miranda

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