Cena do filme Wicked.
Foto: reprodução/Universal Pictures

De O Mágico de Oz às telonas: conheça a história de Wicked

Antes de ganhar o status de adaptação cinematográfica, enredo alternativo foi best-seller e conquistou ainda mais fãs como espetáculo da Broadway

Todo mundo merece a chance de voar principalmente em Wicked. Protagonizado por Cynthia Erivo e Ariana Grande, o prelúdio de O Mágico de Oz chega aos cinemas em 21 de novembro retratando a inusitada conexão que surge entre Elphaba e Galinda, além dos eventos que guiarão seus destinos como Bruxa Má do Oeste e Glinda, a Boa, respectivamente.

A adaptação se baseia tanto no livro homônimo de 1995 quanto no musical que está entre os mais prestigiados da Broadway há mais de 20 anos. Mas como essa história começou? Neste especial, o Entretê se prepara para o lançamento reunindo os principais detalhes da linha do tempo de Wicked.

A origem de Oz 

Tudo começou na literatura. As figuras das icônicas Bruxa Má do Oeste e Glinda, a Bruxa Boa do Norte, nasceram nas páginas do romance infantil O Maravilhoso Mágico de Oz, publicado em 1900 pelo americano L. Frank Baum

O enredo segue a jovem Dorothy Gale e seu cãozinho Totó, que são surpreendidos por um ciclone no Kansas e, assim, levados até a Terra de Oz. Em busca do mágico que pode mandá-los de volta para casa, a dupla faz amizade com um Espantalho que precisa de um cérebro, um Homem de Lata sem coração e um Leão que sonha em ter coragem. 

Ao longo da narrativa, todos embarcam em uma jornada emocionante de amadurecimento, que constantemente esbarra nos conflitos vivenciados pelas bruxas.

L. Frank Baum, autor de O Maravilhoso Mágico de Oz, história que inspirou Wicked.
Foto: reprodução/Penguin Books

O Maravilhoso Mágico de Oz foi best-seller por dois anos seguidos e deu origem a uma série extremamente popular de alta fantasia ao todo, Baum escreveu outros 14 livros sobre o universo de Oz. 

Entre as influências do autor, estavam os contos dos irmãos Grimm, Hans Christian Andersen e Lewis Carroll, criador do clássico Alice no País das Maravilhas (1865). Na verdade, Baum usou a história de Carroll como inspiração para confeccionar os personagens de Oz especialmente por considerá-la genérica e propensa a lições de moral.

Além do arco-íris, a magia contagia a sétima arte 

Em 1939, a estrada de tijolos amarelos, a Cidade das Esmeraldas e tantas outras localidades de Oz ganharam notoriedade em uma adaptação para os cinemas. Baseado no primeiro livro da saga e dirigido por Victor Fleming, O Mágico de Oz foi amplamente reconhecido por suas inovações técnicas, como o uso da estratégia vibrante de Technicolor. 

O filme também se destacou no plano musical, vencendo dois Oscars: o de Melhor Trilha Sonora Original e o de Melhor Canção por Over the Rainbow, interpretada pela ilustre Judy Garland.

Cena do filme O Mágico de Oz, que inspirou Wicked.
Foto: reprodução/TCM

Na produção, o retrato das carismáticas bruxas esteve ligado à mesma perspectiva maniqueísta dos livros. Enquanto Glinda (Billie Burke) esbanjava sorrisos e sutilezas em cena, sendo boa simplesmente por natureza, a Bruxa Má do Oeste (Margaret Hamilton) apresentava uma excentricidade maior que sua obsessão pela magia dos sapatinhos de rubi de Dorothy. 

Afinal, como sua pele ficou verde? Quando se isolou em uma floresta assombrada? Por que destoa de Glinda tão profundamente? Essas perguntas nunca foram respondidas pelo longa, porque o protagonismo ainda não cabia a ela.

Cena de O Mágico de Oz, que inspirou Wicked.
Foto: reprodução/IMDb
Uma mudança de rota na construção de um legado 

Após a morte de Baum, em 1919, outros autores escreveram mais 26 livros sobre a Terra de Oz. Além desses, existe uma quantidade indeterminada de apócrifos, obras que contemplam versões não oficiais ou alternativas do universo mágico. Entre os sucessos da nova leva, está Wicked, lançado em 1995 por Gregory Maguire.

O objetivo do escritor estadunidense era justamente reimaginar e expandir tudo que se entendia por Oz, aprofundando as características e transformações da Bruxa Má do Oeste. Para isso, ela ganha um nome, Elphaba, e se conecta a uma amiga improvável nos livros originais, a própria Glinda.

Gregory Maguire, autor de Wicked.
Foto: reprodução/Harper Collins

Além de trazer uma narrativa voltada ao público adulto, tecendo comentários políticos e sociais, Wicked procura homenagear a saga. Maguire cumpre a missão dando começo, meio e fim para a história da Bruxa Má do Oeste, acompanhando, inclusive, tudo que acontece antes, durante e depois da chegada de Dorothy à Terra de Oz. 

O que o autor faz é, sobretudo, um exercício de reconstrução da “vilã”, explorando temas como identidade, discriminação, autoritarismo e moralidade.

Na obra, descobrimos que a pele esverdeada é um traço de nascença de Elphaba, assim como sua forte aptidão para a magia. Sofrendo com a rejeição desde a infância, ela inicia a vida adulta na Universidade Shiz, onde conhece Galinda (que, mais tarde, adotará a abreviação Glinda).

Cena do filme Wicked.
Foto: reprodução/Universal Pictures

Buscando respeito e acolhimento em uma sociedade que pouco respeita as diferenças, Elphaba tem sua visão de mundo abalada ao descobrir que a intolerância e a corrupção que vê todos os dias partem do governo mágico de Oz. A protagonista, então, passa a questionar e confrontar a ordem vigente, defendendo os princípios de igualdade e liberdade. 

Na sequência, o embate com figuras poderosas do local fará da aparência de Elphaba alvo de campanhas de ódio. Vista como perigosa e ameaçadora pelos cidadãos de Oz, ela não demora a ganhar o título de Bruxa Má do Oeste.

Elphaba, personagem de Wicked.
Foto: reprodução/Universal Pictures

Diferentemente de O Maravilhoso Mágico de Oz, Wicked dividiu a crítica especializada, sendo considerado uma reformulação poderosa por alguns, e uma história inconsistente por outros. Fato é que o romance também se tornou um best-seller e conquistou fãs no mundo todo. 

Nos anos seguintes, Maguire expandiu seu universo alternativo para além da biografia de Elphaba, criando os livros Son of a Witch (2005), A Lion Among Men (2008) e Out of Oz (2011). 

Elphaba e Glinda vão à Broadway

O grande responsável por transportar Wicked até os palcos da Broadway foi o compositor e letrista Stephen Schwartz, que recebeu a indicação do livro por uma amiga. 

Com o apoio do produtor Marc Platt e da roteirista Winnie Holzman, Schwartz passou cinco anos estudando e planejando a melhor forma de adaptar a obra de Maguire. Em 2003, o musical Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz, enfim, estreou no Gershwin Theatre.

Cena do musical Wicked.
Foto: reprodução/People

A peça foi um sucesso instantâneo de público, principalmente pelo notável talento de suas protagonistas Kristin Chenoweth (Glinda) e Idina Menzel (Elphaba), que ganhou o Tony Awards de Melhor Atriz em Musical pelo papel. Algumas das canções criadas exclusivamente para a produção, como Popular, Dancing Through Life e Defying Gravity, alcançaram o status de clássicos. 

Embora contenha alterações em relação à narrativa original, o musical mantém a essência de Wicked em seus atos. Neles, assistimos aos eventos formadores da Terra de Oz, a chegada de Dorothy ao local e as histórias de origem de Glinda e Elphaba.

Carregando personalidades opostas, as bruxas transformam o destino de Oz enquanto mostram como os vínculos mais significativos podem surgir nos cenários mais improváveis.

Cena do musical Wicked.
Foto: reprodução/OnStage Blog

Superando as expectativas iniciais, a adaptação teatral obteve o retorno de seus investimentos financeiros em apenas 14 meses de exibição. Wicked se consolidou como um fenômeno cultural, estando há mais de 20 anos em cartaz na Broadway e registrando várias turnês no Reino Unido, Alemanha, Austrália, Japão e Brasil. 

Contudo, vale ressaltar que alguns aspectos do livro não são abordados ou acabam sendo suavizados no musical, como é o caso dos debates que abordam sexualidade e violência explícita.

Finalmente, Wicked aterrissa nos cinemas 

Mesmo conquistando números expressivos de bilheteria no formato teatral, Wicked precisou aguardar um bom tempo para chegar às telonas. A primeira ideia para uma adaptação cinematográfica surgiu em 2004, mas encontrou adversidades para prosperar na agenda comercial da Universal Pictures (detentora dos créditos do filme). 

Entre diversas cotações de cineastas envolvidos no projeto e inúmeros adiamentos no cronograma de produção, o filme também sofreu atrasos e contratempos causados pela pandemia de Covid-19 e pela greve dos sindicatos de roteiristas e atores, que tomou Hollywood até o último semestre de 2023.

Bastidores das gravações do filme Wicked.
Foto: reprodução/Universal Pictures

Se essa soma de fatores fez a qualidade do longa ser questionada muito antes de sua estreia, a escalação do elenco serviu como um ímã para manter os fãs interessados no resultado final. Em 2021, Cynthia Erivo e Ariana Grande foram anunciadas como as futuras intérpretes de Elphaba e Glinda, respectivamente. 

Um fato curioso é que ambas as atrizes começaram suas carreiras na Broadway. Erivo estreou como protagonista da produção A Cor Púrpura em 2015, vencendo o Tony Awards de Melhor Atriz em Musical pelo papel. Já Grande deu início à vida de artista participando de 13: The Musical em 2008. 

Essa veia musical teve influência na condução das filmagens. Em entrevista à Variety, o diretor Jon M. Chu (Crazy Rich Asians) revelou que Cynthia e Ariana gravaram todas as canções do longa ao vivo, recusando a fase de pré-gravação comum em filmes musicais.

Além de Erivo e Grande, Wicked ganhou outras participações de peso, como a recém-ganhadora do Oscar Michelle Yeoh, que viverá a diretora Madame Morrible; Jeff Goldblum, nome recorrente na franquia Jurassic Park, que será o Mágico; Ethan Slater, conhecido por estrelar o musical de Bob Esponja, que terá o papel do Munchkin Boq; e Jonathan Bailey, um dos protagonistas da segunda temporada de Bridgerton (2020-presente), que interpretará Fiyero. 

Em relação ao enredo, Wicked segue grande parte do roteiro confeccionado para o musical, mas promete incorporar surpresas na nova versão, como a presença ampliada de Dorothy Gale (que não participa diretamente da peça da Broadway). As roteiristas encarregadas da trama são Dana Fox e Winnie Holzman, e a produção é de Marc Platt (La La Land). 

Aliás, também de acordo com o diretor, a adaptação será dividida em duas partes para preservar tanto a mágica do show quanto a essência do livro. Enquanto a primeira estreia nas próximas semanas, a segunda tem lançamento marcado para novembro de 2025.

Elenco de Wicked na pré-estreia do filme.
Foto: reprodução/Deadline

No Brasil, Wicked terá sessões antecipadas com brindes exclusivos nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. A ação acontece no dia 18 de novembro, em três unidades do Cinemark. Saiba mais clicando aqui.

Os ingressos para a estreia nacional do filme, em 21 de novembro, já estão à venda nas bilheterias ou no site Ingresso.com.

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Texto revisado por Alexia Friedmann

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