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Foto: reprodução/soompi

A obsessão por remakes de produções asiáticas: falta de criatividade ou medo de arriscar?

Toda hora sai um remake ocidental de um K-drama, um anime ou um filme japonês. Mas por que insistem nisso? Preguiça, medo do fracasso ou puro oportunismo?

Se tem uma coisa que Hollywood e a Turquia adoram fazer é pegar um sucesso asiático e transformá-lo em uma versão adaptada para seu público. Pode reparar: K-dramas, filmes japoneses, animes e até thrillers tailandeses já foram reciclados em versões americanas ou turcas. Mas a pergunta que fica é: por que essas indústrias não criam suas próprias histórias em vez de ficar refazendo o que já deu certo em outro lugar?

A resposta passa por vários fatores, como segurança financeira, preguiça criativa e até uma visão ultrapassada de que o público ocidental não aceita consumir conteúdos asiáticos do jeito que são. Só que isso já não cola mais – basta ver o sucesso de Round 6 (2021), Parasita (2019) e outros fenômenos que conquistaram o mundo sem precisar de uma versão ocidentalizada. Então, será que esses remakes são realmente necessários ou só mostram que o mercado audiovisual está sem ideias?

Se já fez sucesso lá, deve fazer aqui também

A grande verdade é que fazer um remake é um jogo de segurança. Hollywood e a Turquia sabem que produções asiáticas já têm um público consolidado, então refazê-las reduz o risco financeiro. É mais fácil vender uma história que já foi testada e aprovada do que apostar em algo completamente novo.

Além disso, os estúdios ocidentais ainda insistem na ideia de que o público não gosta de assistir a conteúdos legendados. Por isso, ao invés de simplesmente distribuir melhor os filmes e séries asiáticas, eles preferem refilmá-los com atores locais e adaptações culturais. Só que essa estratégia muitas vezes tira a essência do material original, deixando a história sem alma. Basta lembrar do fiasco que foi o live-action americano de Death Note (2017) na Netflix.

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Foto: reprodução/Netflix

Se já fez sucesso lá, deve fazer aqui também. Essa mentalidade leva à repetição de fórmulas e à falta de originalidade. O problema é que nem sempre o que funcionou em um contexto cultural específico se traduz bem para outro. Muitas nuances se perdem na adaptação, e o público que já conhece a obra original dificilmente aceita uma versão diluída. Isso sem contar que, com o avanço do streaming, cada vez mais pessoas estão acostumadas a consumir conteúdos internacionais sem precisar de uma versão ocidentalizada.

Turquia: a fábrica de remakes de doramas e K-dramas

Se Hollywood foca em refazer filmes e animes, a Turquia tem uma obsessão por recriar dramas asiáticos. Mesmo sendo um país com uma cultura riquíssima e uma indústria televisiva forte, os turcos parecem ter uma certa dificuldade em criar histórias originais e apostam pesado em remakes de produções estrangeiras – especialmente asiáticas.

A novela Anne (2016) é basicamente uma cópia do drama japonês Mother (2010), que já tinha ganhado uma versão coreana antes. O mesmo aconteceu com Kadin (2017), remake turco de Woman: My Life for My Children (2013), outro dorama que também foi adaptado na Coreia. E a lista continua: Bir Litre Gözyaşı (2018) reconta 1 Litre of Tears (2005), e 7. Koğuştaki Mucize (2019), a versão turca de Miracle in Cell No. 7 (2013), recria um dos filmes coreanos mais emocionantes de todos os tempos, mas sem o mesmo impacto.

Foto: reprodução/adorocinema

Os turcos claramente gostam de histórias carregadas de emoção – e os dramas asiáticos oferecem exatamente isso. Mas, considerando o tamanho da indústria turca e sua forte influência no mercado de novelas, será que é mesmo necessário depender tanto de tramas já prontas? Com um público fiel e um mercado interno gigantesco, não há desculpa para a falta de originalidade. O sucesso desses remakes prova que os turcos sabem contar boas histórias, mas fica a dúvida: quando vão começar a contar as suas próprias?

A cultura como obstáculo… ou desculpa?

Um dos argumentos mais usados pelos estúdios para justificar os remakes é a necessidade de adaptar histórias para a cultura local. Mas sejamos sinceros: se o público realmente não gostasse de conteúdos asiáticos, Parasita não teria ganhado o Oscar, e Round 6 não seria a série mais assistida da Netflix.

O sucesso das produções originais mostra que as pessoas estão mais abertas a consumir histórias de diferentes partes do mundo sem precisar de uma versão ocidentalizada. Então, por que continuar refazendo tudo? Talvez porque seja mais fácil reciclar ideias do que criar algo novo.

Afinal, remakes são realmente necessários?

Não é que todos os remakes sejam ruins. Algumas adaptações conseguem trazer um olhar interessante para histórias já conhecidas. Mas, na maioria das vezes, o que vemos são versões genéricas que perdem tudo o que fazia a obra original ser especial.

O mercado do entretenimento está cada vez mais saturado de histórias repetidas, enquanto novos roteiristas e diretores lutam para conseguir espaço. Em vez de gastar milhões para refazer o que já existe, talvez a solução seja simplesmente investir em ideias novas e parar de subestimar o público. Se Parasita, Round 6 e tantos outros conteúdos asiáticos já provaram que histórias boas são universais, então por que continuar insistindo nos remakes?

 

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Leia também: Precisamos falar sobre o embranquecimento das produções asiáticas

 

Texto revisado por Alexia Friedmann

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