Sucessos do audiovisual asiático vêm sendo alvos dos remakes hollywoodianos
Texto de opinião.
Se você é cinéfilo assim como eu, com certeza já se deparou com produções asiáticas ganhando cada vez mais remakes ocidentais. Tudo começou lá nos anos 2000, com as lendas e o terror asiático ganhando espaço nas telonas mundiais. O foco desses filmes, que vinham de um lugar bem longe de Hollywood, pareceu não agradar à grande indústria cinematográfica norte-americana, que precisou, às pressas, trazer essas histórias para a sua realidade.
E assim foi crescendo a indústria do nada se cria, tudo se copia (mas do jeito deles). Onde quer que apareça um enredo com potencial, surgem grandes estúdios estadunidenses interessados em contá-las de um modo mais agradável (para os olhos e o idioma deles).
Mas por que problematizar os remakes?
Ao adaptarem filmes asiáticos para o público ocidental, os remakes vira e mexe desconsideram a importância do contexto cultural e social em que as histórias foram originalmente ambientadas. Isso resulta em uma descaracterização dos temas e significados originais, comprometendo a autenticidade e a integridade das produções cinematográficas.
Além disso, há a retirada da visibilidade de diversos atores talentosos, que, por sinal, poderiam ser considerados para grandes premiações norte-americanas (consideradas um termômetro para o público). Felizmente, com a popularização dos K-dramas, J-dramas e C-dramas, os artistas asiáticos têm recebido mais atenção do público não asiático (mesmo que ainda seja considerado pequeno).
Grandes produtores, distribuidores, roteiristas e diretores também são afetados com os remakes, ainda mais quando os créditos e o prestígio são direcionados à equipe da refilmagem.
Entendemos a problemática, mas… os filmes que ganharam remakes eram realmente bons?
E a resposta é SIM! Apesar de alguns poucos filmes não terem ganhado o carinho do público, a maioria dos remakes é sucesso das telonas. Seguem os exemplos:
- A Casa à Beira-Mar (2000, Coreia do Sul) – ganhou o remake A Casa do Lago (2006);
- Hachiko Monogatari (1987, Japão) – ganhou o remake Sempre ao Seu Lado (2009);
- Os Sete Samurais (1954, Japão) – ganhou o remake Sete Homens e Um Destino (2016);
- Addicted (2002, Coreia do Sul) – ganhou o remake Sombras de um Desejo (2009) ;
- Medo (2003, Coreia do Sul) – ganhou o remake O Mistério das Duas Irmãs (2009);
- O Chamado (1998, Japão) – ganhou um remake de mesmo nome (2002);
- O Grito (2002, Japão) – ganhou um remake de mesmo nome (2004);
- Oldboy (2003, Coreia do Sul) – ganhou o remake Oldboy: Dias de Vingança (2013);
Séries também vêm sofrendo com os remakes, como é o caso de Good Doctor (2013, Coreia do Sul), que ganhou o remake chamado The Good Doctor: O Bom Doutor (2017-), ambos muito premiados.
Por mais autenticidade, diversidade e valorização cultural nas produções audiovisuais
Ao olhar a lista acima, tenho certeza de que você já tenha assistido a pelo menos um desses filmes, e nunca soube que eram uma refilmagem de um filme asiático, não é mesmo? E tá aí toda a nossa discussão. Além disso, quantas produções originais podemos encontrar nos streamings? E a resposta é: quase nenhuma.
Como fã de cinema, e mais ainda da cultura pop asiática, eu quase imploro por produções com roteiros originais na indústria norte-americana. É crucial que o setor de entretenimento reconheça a importância da autenticidade e da representação adequada nos trabalhos audiovisuais.
A diversidade é fundamental para enriquecer narrativas e promover a aceitação e compreensão entre diferentes grupos étnicos. Portanto, é essencial que haja um esforço consciente para garantir que produções asiáticas sejam fielmente representadas por artistas asiáticos, respeitando suas origens e identidades.
Combater o embranquecimento nas produções asiáticas não se trata apenas de justiça, mas também de criar um ambiente cultural mais inclusivo e enriquecedor para todos. É hora de abraçar a originalidade e celebrar a diversidade em todas as formas de arte e entretenimento.
Até porque… todos nós sabemos que assistir a um filme dublado ou legendado não mata ninguém, não é mesmo?
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Texto revisado por Michelle Morikawa