A luta feminina e a representatividade por trás de alguns livros
Você já parou para pensar que em todo livro, frase, palavra dita, existe uma entrelinha? Embora as lacunas possam ser preenchidas por elementos da compreensão literária, como evidencia Paulo Freire em seus estudos sobre educação, sempre haverá o não dito, aquilo que toca o mais íntimo de qualquer pessoa: a alma.
Ler é, sobretudo, um ato político. As lutas, presenças e ausências femininas que encontramos ao ler livros, confortam e nos dão coragem para prosseguir. Reafirmar o local a que pertence, lembrar, ser lembrada e, acima de tudo, viver provando que o espaço ocupado é por merecimento, é doloroso e cansativo. Alguns valores que deveriam ser inegociáveis se tornam o mínimo, quando o assunto é sobre ser mulher.
Por esse motivo, separamos algumas indicações de livros, que falam sobre as presenças, ausências e a luta feminina, sobre aquilo que não é dito, escrito e lido, mas que toca a alma de quem lê.
1. Orgulho e Preconceito
Um dos maiores clássicos de romance da literatura moderna, escrito pela britânica Jane Austen e publicado pela primeira vez em meados de 1813. Orgulho e Preconceito é resultado de reflexões e comportamentos que cercam a sociedade.
Além de contar uma linda história de amor, a narrativa se mostra à frente de seu tempo. A sociedade burguesa do século 19 colocava as convenções sociais acima da própria felicidade, mas Elizabeth Bennet, protagonista do livro, cria sua própria revolução. Ao partir para a contramão do que é esperado pela sociedade na época, Elizabeth deixa como ensinamento que não há normas pré-impostas pelos outros que definam sua felicidade.
2. Boa Noite
Escrito por Pam Gonçalves e publicado em 2016, Boa Noite conta a história de Alina, uma garota que muda de cidade para realizar o sonho de ingressar no ensino superior. Logo de cara, Alina já precisa lidar com o preconceito em sala de aula, já que apenas três mulheres e ela cursam Engenharia da Computação, dito como um ambiente destinado para homens.No decorrer do livro, acompanhamos o crescimento pessoal da protagonista e sua luta para defender outras mulheres. Os abusos e violências que elas sofrem nos ambientes que frequentam é retratado de forma muito sutil e necessária. É uma leitura super fluida, com uma pitada de romance e um final surpreendente.
3. Herland — A Terra das Mulheres
Já pensou em morar em uma terra onde vivem exclusivamente as mulheres? Por quase dois mil anos nenhum homem pisou naquele país. Uma utopia, né? O livro Herland — A Terra das Mulheres, escrito pela feminista Charlotte Perkins Gilman e publicado pela primeira vez em 1915, trata sobre questões de gênero e viver livre de conflitos e da dominação patriarcal e machista.
Revoluções na tecnologia, avanços na medicina e na psicologia fazem a Terra das Mulheres ser um lugar perfeito para se morar. Mas, como nem tudo são flores, três homens aparecem nesse mundo mais que perfeito, totalmente feminino. O que acontece depois da chegada deles eu não posso contar. Para descobrir, você terá de ler o livro.
Mas posso mencionar que as mulheres passam a vivenciar tudo aquilo que elas nunca viveram antes. Mesmo sendo um livro publicado no século passado, a narrativa e os conflitos nunca foram tão atuais. A obra é atemporal, é assim que descrevo esse livro.
Essas três indicações são um convite em forma de abraço. Que a coragem de cada personagem seja combustível e fonte de resiliência para sua luta diária, mulher.
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*Crédito da figura de destaque: divulgação