Categorias
Cinema Entretenimento Notícias Telecine

Star Trek: Jornada nas Estrelas completa 55 anos

Todos os filmes da franquia estão disponíveis no Telecine

O dia 8 de setembro marca os 55 anos da estreia da série Jornada nas Estrelas, que deu origem ao universo ficcional de uma das franquias mais longevas de todos os tempos, tendo episódios ou filmes lançados em todas as décadas até hoje. 

Cena de Star Trek com os personagens reunidos.
Foto: Divulgação

O Guinness Book, inclusive, reconhece Star Trek como a série de TV com o maior número de spin-offs da história: seis séries de televisão, duas de animação e 13 filmes. Desde o último aniversário, até 31 de agosto deste ano, os filmes de Star Trek acumularam 89.497 plays no streaming do Telecine, sendo o primeiro da franquia, o favorito do público. Todos os longas estão disponíveis no catálogo do Telecine, o hub de cinema mais completo do país.

Star Trek se tornou um clássico da ficção científica e uma das produções mais queridas pela comunidade geek, além de ser uma referência para a história do audiovisual pelo seu pioneirismo em tratar de temas como diversidade e inclusão. Jornada nas Estrelas: O Filme, de 1979, retoma o universo da série original, com os personagens Capitão Kirk (William Shatner), Spock (Leonard Nimoy) e Dr. McCoy (DeForest Kelley), agora mais velhos, de volta a uma U.S.S. Enterprise remodelada.
O filme é seguido por Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan, de 1982, Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock, de 1984, Jornada nas Estrelas IV: A Volta Para Casa, de 1986, Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira, de 1989, e Jornada nas Estrelas VI: A Terra Desconhecida, de 1991, que mantêm o mesmo elenco e dão continuidade à história de origem.
A partir de Jornada nas Estrelas: Generations, de 1994, tem início uma nova geração. Além dele, Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato, de 1996, Jornada nas Estrelas: Insurreição, de 1998, e Jornada nas Estrelas: Nêmesis, de 2002, são contemporâneos às séries de televisão DS9 e Voyager, e apresentam histórias de outros personagens, como Picard (Patrick Stewart), Soran (Malcolm McDowell) e Riker (Jonathan Frakes), além do elenco original.Por fim, na trilogia Star Trek, de 2009, Além da Escuridão – Star Trek, de 2013, Star Trek: Sem Fronteiras, de 2016, a tripulação original está de volta à U.S.S. Enterprise, porém, em um universo paralelo. Assim, novos atores assumiram os personagens antigos. Nesses três filmes, Chris Pine interpreta o Capitão Kirk e Zachary Quinto o Spock.
Para assistir aos longas, baixe o aplicativo ou entre no site do Telecine e assine o serviço. A plataforma do hub de cinema reúne mais de dois mil títulos em seu catálogo, além de muito conteúdo extra, e os primeiros 30 dias são gratuitos para novos assinantes.
Fique de olho em mais conteúdos do Telecine no Insta, Face e Twitter do Entretetizei.
*Crédito da foto de destaque: Divulgação
Categorias
Cinema Entretenimento

Free Guy: o que aprendemos com o filme?

Muito mais do que um filme de videogame, Free Guy: Assumindo o Controle aborda conceitos de amizade, otimismo, independência e persistência 

[Contém spoiler]

Free Guy: Assumindo o Controle estreou no último dia 19 nos cinemas e, desde então, vem recebendo milhares de críticas positivas. O filme conta a história de Guy (Ryan Reynolds), um caixa de banco que descobre ser um jogador secundário (NPC) em um videogame ultraviolento chamado Free City. Então, ele decide se tornar o herói de sua própria história e salvar seu mundo – antes que seja tarde demais.

Ryan Reynolds em cena de Free Guy
Foto: Divulgação/20th Century Studios

O roteiro inovador e o elenco impecável – que conta com nomes como: Ryan Reynolds, Jodie Comer, Joe KeeryTaika Waititi, entre outros – combinados com a direção de Shawn Levy (Doze é demais, Os Estagiários, Uma Noite no Museu) deram ao longa uma história repleta de diversão e ação, mas também com vários ensinamentos para o telespectador sair do cinema #refletindo.

Para quem ainda não assistiu (ou quem quer assistir novamente e se emocionar), separamos algumas das principais lições que o filme proporciona.

Ryan Reynolds em cena de Free Guy observando o mundo de videogame.
Foto: Divulgação/20th Century Studios

Nunca desista dos seus sonhos

Guy era apenas um NPC (personagem não-jogável, em português) até encontrar a jogadora oficial Molotov Girl (Jodie Comer). Com o sonho de viver uma história de amor, o protagonista vê uma mudança em sua vida ao conhecer a garota misteriosa e fazer de tudo para se aproximar dela. E é por causa dessa insistência que sua vida vira de cabeça para baixo.

Lute por aquilo que acredita

Millie Rusk é a Molotov Girl da vida real. A garota programadora tem apenas um objetivo: provar que o magnata ganancioso e sem noção Antwan roubou códigos de seu jogo original e colocou em Free City. Com a ajuda de Keys (Joe Keery), seu amigo que também participou da criação do seu jogo, Millie não desiste de encontrar provas para derrotar Antwan mostrando que devemos sempre lutar pelos nossos objetivos e ideais.

Jodie Comer e Joe Keery em frente a um laptop em uma cena de Free Guy.
Foto: Divulgação/20th Century Studios

Otimismo é a melhor forma de heroísmo

Apesar de Free City ser um jogo tóxico, onde os jogadores principais são extremamente violentos, Guy prova que pode ser um ótimo jogador fazendo o bem, ao subir de nível apenas ajudando todos os outros NPCs. Apesar de todas as circunstâncias, ele nunca perde seu otimismo e simpatia. São essas características que conquistam os corações de milhares de pessoas ao redor do mundo (dentro e fora do filme).

Amizade é essencial

A amizade de Guy e Buddy (Lil Rel Howery) é um dos pontos mais emocionantes do filme. Buddy, diferente de Guy, está acostumado a viver todo dia fazendo as mesmas atividades e sente medo de mudanças. Porém, para salvar seu melhor amigo, Buddy muda sua vida completamente e até se sacrifica por Guy, não abandonando-o em nenhuma circunstância.

Cartaz de Free Guy com os personagens.
Foto: Divulgação/20th Century Studios

Assuma o controle da sua vida

Assim como o título do filme sugere, assumir o controle da vida está implícito durante toda a produção de Free Guy: Assumindo o Controle. Guy assume o controle ao deixar de trabalhar como caixa no banco e ser um simples NPC para virar um herói em Free City. Já Keys, por exemplo, mesmo trabalhando na Soonami Studios, empresa de jogos dirigida por Antwan, decidi assumir o controle ao ajudar Millie a derrotar Antwan pelo roubo do código de seu jogo. Por fim, Millie consegue desmascarar Antwan e provar que sua convicção sempre esteve certa sobre o vilão. Esses e outros exemplos mostram que devemos agir por conta própria, assumir o controle da nossa vida fazendo o que quisermos, mesmo quando tudo parece ir contra isso.

O que mais você diria que aprendeu com Free Guy? Conta para a gente no Twitter, Face e Insta do Entretetizei.

 

*Crédito da foto de destaque: 20th Century Studios

Categorias
Entretenimento Entrevistas Música

Entrevista | Beren Olivia fala sobre sua experiência com a inveja, a autoestima, a determinação e a disciplina

Cantora já lançou dois singles de seu próximo EP, e o primeiro trata de sua relação consigo mesma

To read the full text in English, click HERE.

Sendo uma das primeiras entrevistas internacionais da Beren Olivia, o Entretetizei teve a oportunidade de conversar com a cantora e compositora de futuro promissor. De body positivity (positividade corporal) e saúde mental a determinação, Beren contou a história de seu processo como artista até o lançamento de um dos primeiros singles de seu novo EP: a música Is That What You Like Now.

A faixa trata de situação muito comum, principalmente nos dias atuais: a comparação que fazemos entre nós e os atuais namorades de nossos ex. De acordo com Beren, a música fala da autoreflexão e de nossa relação com nós mesmos e, por isso, o minimalismo do clipe: “Quando você está se olhando no espelho, só vê a si mesmo e não presta atenção ao redor (…) Você vê defeitos que mais ninguém vê”. Seguindo esse contexto, a estética minimalista marca uma tendência que, segundo a cantora, seguirá em seus próximos trabalhos. Confira a seguir:

O segundo single, Hurt Again, já foi lançado e Beren conta que toda a escolha estética vai fazer sentido conforme ela for lançando os singles, pois tudo girará em torno dos espelhos.

Beren Olivia posando com uma camiseta branca e uma jaqueta jeans.
Foto: Reprodução Instagram / @maxgiorgeschi

Determinação

Na época da escola, Beren Olivia fazia aulas de natação constantes, pois se destacava dos demais. Beren contou durante a entrevista que aos 9 anos foi aceita em uma equipe de pessoas de 12 anos para cima, e que esse destaque fez com que ela aprendesse desde cedo a escolher quem manter em sua vida e a ser determinada na carreira de cantora:

“Eu acho que definitivamente é um desafio. Eu tenho meus momentos; sinto que todo mundo tem seus momentos de dúvida, tipo: ‘Ai meu Deus, eu consigo fazer isso? O que eu estou fazendo?’, mas eu acho que é muito importante você se cercar de pessoas que podem, quando você está se sentindo assim, te levantar logo de cara. Tipo: ‘Não, não, não, você é isso, aquilo, você é ótime, você consegue fazer isso”. Você precisa se cercar de pessoas que realmente acreditam em você. (…) Aos 12 anos, eu estava treinando 11 vezes por semana: quatro da manhã antes da escola, logo depois da escola… Tudo isso até quando eu fiz 15 anos, e eu acho que eu aprendi tanto nesses anos. Isso me ensinou muito sobre disciplina e que se eu realmente quiser ser bem-sucedida em algo, tenho que trabalhar duro para isso“.

Beren Olivia posando com uma camiseta amarela.
Foto: Our Culture

Os sonhos pós-pandêmicos de Beren Olivia

Beren também contou que lançou seu primeiro single logo no início da pandemia, o que fez com que ela não pudesse experienciar a vida nos palcos e conhecer seus fãs. Essa é uma experiência que quer muito vivenciar após a pandemia.

“Eu tenho sonhos enormes nessa indústria. Eu amaria ir em turnês em arenas e estádios – simplesmente viajar e conhecer as pessoas que têm me apoiado tanto nesse último ano – e trabalhar com as pessoas que eu adoro e criar músicas com as quais as pessoas se identifiquem e entendam e quando cantemos juntos ao vivo tudo se junta e estaremos todos vivendo naquele momento.”

 

Confira mais na entrevista em vídeo a seguir:

 

Você já conhecia a Beren Olivia? Diz pra gente no Twitter, Insta e Face do Entretetizei!

 

*Crédito da foto de destaque: Reprodução / Broke Girl in the City

Categorias
Cultura Latina Entretenimento Música Notícias

Música Boa: Ivete Sangalo fala que dirá a si mesma que é capaz

Prestes a lançar a nova temporada do programa Música Boa, Ivete Sangalo contou aos jornalistas que está se preparando, mas sem preocupações

Contando com Mari Gonzalez e Gominho como âncoras do conteúdo digital e reunindo vários artistas convidados por Vevete, o Música Boa acontecerá pela primeira vez em Salvador. Baiana, ela sempre sonhou em levar o programa para sua terra natal.

“Como artista baiana, tudo que eu puder fazer e levar à Bahia, eu vou levar”, afirmou a cantora. Além dessa novidade, o programa terá; pelo menos; um artista baiano toda semana.

Foto: Rafa Mattei

“Essa oportunidade vai fazer com que a gente apresente um Música Boa com a minha cara e eu tô me dedicando muito a isso. Eu tô muito feliz que a minha banda será a banda que vai estar com todos os artistas. Então, eu garanto que o Música Boa continuará sendo o xodó de todas as pessoas, mas com um temperinho da baianinha aqui, comemorou.

Alguns dos artistas que participarão do programa, de dentro e de fora da Bahia, são: Carlinhos Brown, Os Barões da Pisadinha, Jau, Pitty, Xand Avião, Zé Vaqueiro, entre outros. Além disso, Ivete também revelou uma surpresa: a cada programa será lançada uma música.

Foto: Rafa Mattei

Compartilhando felicidade

O programa Música Boa acontecerá pela primeira vez na Bahia e terá 12 episódios ao vivo. Segundo Ivete, ele contará com sua própria banda de base para todos os artistas. De antemão, a cantora – que disse se relacionar com todos os artistas do Brasil -, disse que os artistas que não participarão do programa, apenas o farão por conta da pandemia. Segundo ela, é “pobreza de espírito” vetar artistas de produções como essa. Ivete ainda completa contando que já foi artista convidada de outros projetos e ficou feliz, então quer compartilhar esse sentimento com os outros. Por isso, cederá um pouco o palco para seus colegas e tomará o posto de apresentadora do evento. 

Quando perguntada sobre suas inspirações e expectativas para tal momento, Ivete explicou que se inspira muito na apresentadora, já falecida, Hebe Camargo, pela sua apresentação dinâmica. Logo depois, também citou Fausto Silva (Faustão), pela forma como ele lida com o ao vivo”. Apesar de tudo, disse que não vê tal tarefa como um desafio, mas como uma oportunidade. Por isso, está se preparando apenas cuidando das questões técnicas, como a qualidade do som no local, sem preocupações.

Tudo ao vivo!

O público também vai poder curtir a live Eu Não Vou embooooora!, todos os dias, depois do evento. Mari Gonzalez e Gominho comandarão a transmissão ao vivo no Twitter e no Facebook do Multishow, com a participação dos convidados do dia. Quem perder vai poder conferir os melhores momentos no canal Música Multishow, no YouTube.

Por isso, anote aí: a estreia está marcada para o dia 13 de julho, às 20h30, no Multishow. O programa acontecerá todas as terças-feiras no mesmo horário.

 

Então, está ansiose para a nova temporada do Música Boa? Conte pra gente e aproveite para também acompanhar o Entretetizei no Insta, Face e Twitter!

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação/Rafa Mattei

Categorias
Cinema Entretenimento Resenhas

Resenha | O Rei da Comédia: meio bom, meio ruim

Filme sobre aspirante a comediante inspirou vários aspectos de Coringa (2019)

Provavelmente, eu não preciso dizer para você quem é Robert De Niro e você já deve ter ouvido falar no filme O Rei da Comédia. O longa conta a história de Rupert Pupkin (De Niro), um aspirante a comediante que busca incessantemente uma oportunidade de apresentar-se no show de Jerry, um late-night talk show, e, assim, alçar sua carreira. 

Atores de O Rei da Comédia em coletiva de imprensa
Foto: Desatino Expresso

O filme lembra bastante, em certos aspectos, o Coringa, no qual Robert também faz parte do elenco. Porém, na minha opinião, Coringa é mil vezes melhor. Então, antes de mais nada, vamos avaliar fazendo um paralelo entre os dois

Montagem de Rupert Pupkin e Coringa lado a lado
Foto: Bem Blogado

O Rei da Comédia × Coringa

Bom, vamos começar com as semelhanças: em ambos, há um aspecto muito interessante e que eu, como admiradora da psicologia, amei. É a mistura da realidade com o fantasioso. Pupkin, em vários momentos, se imagina em cenários como conversas com o Jerry, os quais o filme mostra com a imagem que o personagem tem na cabeça e a realidade que é basicamente ele falando sozinho e levando bronca da mãe (quem nunca, né?). Essa mistura – difícil até de separar em certos momentos – entre o real e o imaginário é sensacional. 

Cena de O Rei da Comédia
Foto: MUBI

Aliás, bem discretamente, no final do filme há a revelação de que algo que achamos que era real ao longo de toda a trama na verdade não estava acontecendo realmente. Outro ponto positivo para o Rei da Comédia.

O Rei da Atuação

Dá para imaginar, diante do que te mostrei, que isso pede um ótimo ator para tal papel, e De Niro não decepciona. Porém, além dele, é importante darmos mérito também aos outros artistas, que fazem algo que eu, particularmente, amo: uma atuação muito natural.

Foto de Robert De Niro
Foto: IstoÉ

Não é uma atuação hollywoodzada, e sim uma que puxa para o lado da vida real mais do que o da ficção. Preste atenção até nos personagens bem menores, quase figurantes, para você ver só!

Assista até o final, pois essa é a melhor parte

Contudo, esse potencial da proposta da história, em parte, só começa a ser aproveitado mais no final do filme. Antes disso, todo o desenvolvimento do longa beira o entediante, porque se passa muito tempo sem nada emocionante acontecer. 

Basicamente, o protagonista é desenvolvido de forma rasa, apenas fazendo besteiras para conseguir seu lugar no show. Como resultado, o filme deixou de lado a oportunidade que o enredo tinha de desenvolver a explicação dos porquês de suas questões psicológicas, além da própria mente do personagem em si. 

Cena de O Rei da Comédia
Foto: Reserva Cinéfila

O final, porém, merece seu crédito, pois é surpreendente e serve até como crítica à apelação pela fama dos dias atuais.

 

E aí? Acha que vale a pena assistir? Conta para a gente se você concorda com essa resenha no Insta, Face e Twitter do Entretetizei.

 

Veja aqui mais resenhas e aqui o que assistir em julho.

*Crédito da foto de destaque: Reprodução 

Categorias
Entretenimento Livros Resenhas

Resenha | A Metade Perdida: um exercício de empatia

Livro de Brit Bennett desenvolve-se em torno da discussão do racismo e trata de temas como transsexualidade e bullying

 

A Metade Perdida, obra de Brit Bennett, é o livro perfeito para fazer você calçar os sapatos de outra pessoa, como dizem os estadunidenses. No português brasileiro, colocar-se no lugar do outro. A história, que se passa nos Estados Unidos nas décadas de 60 a 80, desenvolve-se em torno da temática do racismo. A narrativa fala sobre o impacto do preconceito racial em todos os aspectos das vidas das pessoas pretas. Além disso, fala da forma como ele molda as oportunidades e situações pelas quais as pessoas passavam – e ainda passam – nos Estados Unidos. Isso porque a época retratada é a da segregação legalizada baseada na cor da pele.

Foto: Kirkus Reviews

O livro gira em torno da família Vignes, composta por duas metades: as irmãs Vignes. Nascidas em uma pequena cidade marcada pela busca pelo embranquecimento, as gêmeas decidem fugir para Nova Orleans. Porém, as metades perdem-se uma da outra pouco depois da mudança. Isso marca um futuro completamente oposto entre as duas. Stella decide passar a vida fingindo ser branca, por ser uma preta de pele clara. Desiree, no entanto, casa-se com um homem negro. Além disso, o tom da pele dele é ainda mais intenso do que o dela, e tem uma filha, Jude, com o mesmo tom de pele do pai. A partir daí, vemos o desenvolvimento de tais experiências tão opostas.

Homem preto retinto
Foto: Sim à Igualdade Racial

 

A importância desta leitura no combate ao racismo

 

Com isso, a Metade Perdida e suas protagonistas pretas fazem os brancos, como a autora desta matéria, verem o mundo pelos olhos de pessoas pretas. Com a leitura do livro, fazemos um exercício para compreendermos um pouquinho os pensamentos, sentimentos e experiências pelas quais a população negra passa. Isso inclui os que talvez nem façamos ideia de que existam antes da leitura! A obra de Bennett é a definição de lugar de fala. Ela mostra como brancos nem imaginam o que é ser preto. Por essa razão, devemos ouvir quem sofre com o racismo e não silenciá-los quando relatarem suas experiências. 

 

Lugar de fala 

 

Diante disso, somos apresentados à visão de mundo diferenciada de cada personagem principal da história (as gêmeas, a filha de Desiree, etc.). Isso amplia nossa compreensão da negritude de pele clara – a ponto de ser confundida com a branquitude – até a da negritude bem mais retinta. Nesse quesito das vivências, outro ponto importante é o quanto o livro nos mostra que todos têm seus sofrimentos e alegrias.

Diante da temática do colorismo, apresentada no enredo, outro ponto tratado é o bullying sofrido por Jude, a filha de Desiree. Tais experiências impactam sua autoestima até a vida adulta em vários aspectos. Um deles é seu relacionamento com seu namorado, um homem preto e trans (outro tema abordado na história).

 

Perfeito, sensacional; o único defeito é que queremos mais!

 

Contudo, nessa troca de pontos de vista e de décadas, a história termina não se aprofundando em certos trechos do enredo. No início do livro, ficamos íntimos da história de Desiree e seu interesse amoroso. A partir da metade, Desiree praticamente some. A metade perdida! (Além de redatora, piadista).

Mas, sinceramente, esse é o único ponto fraco no qual consegui pensar. Não deixe essa chance passar! Leia esse livro que, por tudo o que já foi dito, é muito necessário nos dias atuais. 

 

Quais outros livros escritos por pretos você acha sensacionais? Conta pra gente no Face, Insta e Twitter do Entretetizei.

 

* Crédito da foto de destaque: Intrínseca

Categorias
Cultura Latina Entretenimento Entrevistas Música

Entrevista | Lucy Alves fala de autenticidade e autoconfiança

Cantora, que lançou o primeiro single do projeto Avisa no último dia 6, lançará novas músicas do próximo álbum inspirado no Falamansa toda quinta-feira

Lucy Alves, ex-participante do The Voice Brasil, cedeu uma entrevista ao Entretetizei para divulgar seu mais novo projeto: um álbum, composto apenas por releituras das músicas do Falamansa  e uma faixa inédita, que será lançado em junho deste ano. 

O primeiro single foi divulgado na quinta-feira (6) e leva o mesmo nome do álbum, Avisa, e o segundo, Gotas de Amor/Oh Chuva, foi lançado hoje (13).

O novo projeto dará continuidade ao legado da cantora, musicista e atriz paraibana, que tem contribuído para a conexão do povo brasileiro de todas as regiões com a cultura nordestina

Em suas músicas, Lucy traz elementos do baião e do forró, tendo, na maioria das vezes, um instrumento em suas mãos. Sua mais fiel companheira é a sanfona, a qual impressionou os jurados em sua audição às cegas no The Voice em 2013.

Diante de mais um lançamento que traz suas raízes, a atriz conversou com o Entretetizei sobre a autenticidade e autoconfiança do nordestino e do brasileiro em geral.

 

Entretetizei: Então, Lucy, primeiro eu queria te perguntar o que a gente pode esperar do que vem por aí, porque vem muita coisa, né? Você vai lançar os singles toda semana, até que vai chegar no álbum. Sobre o que os fãs já podem ir se animando?

 

Lucy Alves: Ah, é um projeto bem bacana, né? É um projeto brasileiro e sobretudo tem forró e música brasileira porque é um álbum com releituras do Falamansa, de quem eu sou fã e muita gente é fã também, porque os meninos fizeram uma história muito bonita em cima das tradições do forró… E, assim, a história de lançar semanalmente é um lance interessante porque também movimenta as redes, movimenta a nossa curiosidade e a nossa expectativa para cada música que vai chegando, né? As músicas são muito legais, foi um processo bacana de construção. Não foi fácil, porque tem muita música bonita, então para escolher não foi tão fácil assim, mas eu consegui escolher sete canções que me agradam mais e que eu gosto de cantar e uma delas é inédita. Eu acho que essa é muito especial, porque realmente configura a minha parceria com o grupo. Está bem bacana, é um álbum muito especial, eu acho que vocês vão gostar.

E: Poxa, super legal! E por que que você escolheu o Falamansa? Você disse que é o seu grupo favorito, mas por que exatamente? O que te fez pensar “Quero fazer um trabalho relendo as obras deles”?

L: É um dos meus grupos favoritos. Eu acho que a escolha foi principalmente pelas canções que eu gosto muito. Eu acho que o Falamansa foi sim responsável por difundir ainda mais o forró na região sudeste e a minha intenção era unir esses dois sotaques, porque eu sou nordestina e o grupo é do sudeste. É a união mesmo dos dois, em prol do forró, em prol da música brasileira. Então, eu achei tudo muito bonito além de gostar muito das canções do grupo, que eu acho que sim, trazem um outro contexto mais urbano, mas são canções que geralmente falam do amor, que trazem mensagens positivas. O Falamansa tem muito essa característica marcante de trazer mensagens positivas, então é um momento que pede isso, né? Então, juntando essa minha vontade de cantar as músicas deles, com o amor pelo forró, pela época também que está chegando, junina, é uma forma de a gente comemorar, sabe? A gente está morrendo de saudade dos palcos. Eu sou uma artista de palco, eles também, então tem muitas coisas em comum. Eu poderia ter escolhido vários outros grupos que cantam forró, nordestinos inclusive, mas eu acho que o barato é mostrar a união desses sotaques, sabe?

Foto: @andrehawk

E: E quais outros grupos você escolheria então se você não pudesse escolher o Falamansa?

 

L: Ah, eu amo o Trio Nordestino, que é clássico e que é muito responsável pela minha formação musical também…Hoje o forró abrange tantos sotaques e sonoridades musicais, assim como os Barões da Pisadinha, que eu também gosto. Eu gosto da Solange Almeida, a própria Elba [Ramalho] com quem eu já fiz coisa também, tem o Wesley [Safadão]… A gente tem muitos artistas interessantes, então gostaria de fazer um cruzamento musical com todos eles.

 

E: Isso que você estava falando sobre os integrantes do Falamansa serem do sudeste, essa mistura… A gente está observando um movimento muito bacana da música brasileira de misturar o pop e a música nordestina e brasileira e de tentar aproximar os dois, porque teve uma época em que a gente se afastou e a gente ficou muito naquela de músicas americanizadas, em inglês e de outros países. Eu queria saber qual é a sua visão desse movimento, o que você pensa dele; artistas como a Pabllo Vittar que conseguiu misturar o pop e a música brasileira. Queria saber o que você acha disso tudo.

 

L: Perfeita a sua colocação. Pronto: Pabllo é uma artista que eu acho que conseguiu fazer isso muito bem – que também é uma artista com quem eu quero fazer alguma coisa em breve – porque traz as referências dela do nordeste e conseguiu misturar com a batida pop. É o que muita gente vem fazendo, inclusive eu. Eu acho que é o momento que a gente está vivendo de mistura de influências de várias culturas. Mais do que nunca a gente é bombardeado por novidade toda hora. Então eu acho que é natural. Eu acho que quanto mais originalidade a gente conseguir trazer nessa mistura, na nossa bagagem com as batidas, a gente consegue se destacar. Mas eu acho muito massa, sabe? Hoje em dia é até difícil você colocar um artista numa caixa e dizer: “Ah, ele canta este gênero”. Os artistas estão cada vez mais plurais; são cantores, são artistas. Principalmente a gente, brasileiros, que tem forró, tem rock, tem a música do Pará, guitarrada; a gente tem várias referências. Eu acho que a gente é artista brasileiro. Eu tenho essa bagagem forte, mas é o que você falou; eu acho super natural e super legal a mistura, é saudável, sabe? Nós brasileiros temos tantas outras coisas para explorar, como a música da América Latina como um todo. A gente tem muita influência da música americana como você falou, mas a gente nem conhece a música dos nossos vizinhos. É uma coisa que eu venho pensando sobre nessa minha mistura, nesse meu movimento de agregar sons, mas eu acho muito massa, eu acho que só enriquece o som dos artistas.

Lucy Alves, Manu Gavassi e Pabllo Vittar em apresentação (Foto: Divulgação)

E: Sim… Felizmente também está havendo um movimento de trazer a música latina pro mundo pop, né? É tudo muito recente.

 

L: Exatamente. É recente ainda, mas a gente vê que está numa crescente. É um movimento muito natural, que a gente está vendo com mais frequência agora, mas que vem sendo feito.

 

E: Bom, a gente sabe que a música latina, como você disse, vem crescendo nas paradas, até nos Estados Unidos mesmo, mas eu queria saber qual é a sua opinião, como musicista, de como está sendo a recepção do público ao seu estilo de música que é bem singular, trazendo a cultura nordestina para o sudeste, por exemplo, que é dominado pela música pop e outros estilos musicais.

 

L: Ah, eu acho massa. Por exemplo, a Rosalía – que a gente fala que faz música latina, que é espanhola – é uma artista que conseguiu trazer toda a bagagem dela e misturar de uma forma muito autêntica e genuína. Então, eu acho muito bacana esse movimento dos outros sotaques, dos outros sons, terem visibilidade, né? Porque realmente a música americana dominou o mundo por muito tempo. É um grande mercado do entretenimento, isso a gente não questiona nunca, porque eles são muito bons no que fazem e têm uma qualidade extraordinária no audiovisual como um todo. Agora, é muito massa poder ver esses outros lugares chegando fortes, tendo grande identificação, porque hoje temos várias plataformas de streaming que proporcionam a chegada do material desses artistas em outros lugares do planeta. É isso, é o século XXI e é o futuro que já está no presente, né, vamos falar assim… A gente já está vivendo isso. Então eu acho que vai ser cada vez mais forte essas minorias – que na verdade são maiorias – tendo identificação e tendo essa janela para divulgar seu trabalho.

entrevista: lucy alves em divulgação do álbum Avisa
Foto: @andrehawk

E: Está tudo muito interconectado hoje, né? Com a internet a gente tem acesso a coisas que antigamente a gente não teria, sabe? A gente não teria esse contato com a cultura das outras regiões do Brasil, das outras regiões do mundo, né?

 

L: Total. E é muito louco. A gente fica louco, a gente acorda e já quer saber qual é a música que está tocando lá do outro lado do mundo, o que está fazendo sucesso, sabe? Eu acho que aumentou a pesquisa, a gente agora escuta muita música de todo lado. Eu fico imaginando um cara que só teve oportunidade de ouvir música na rádio, que morava lá no interior, para pesquisar, para criar, para escutar músicas de outras pessoas, tinha que viajar, tinha que sair em turnê. Hoje a gente tem acesso assim, acorda e numa clicada a gente já tem muita informação. Às vezes é muito difícil para o artista manter o seu. Você tem muitas influências externas e é muito bacana quando você consegue preservar o que você tem de autêntico, o que é só seu. Eu acho que isso é muito importante também: não se mirar tanto no trabalho dos outros, que é sempre bom pesquisar – eu gosto de pesquisar e escutar -, mas manter o que é só teu, tua característica, seja como cantor, compositor, instrumentista. A gente tem uma Lizzo da vida que toca flauta e hoje é uma grande representante da música pop e todas as causas sociais que ela traz também; então é um case único, sabe? Eu acho que é muito importante a gente preservar o que a gente tem de mais original enquanto artista; na verdade, esse que é o grande tesouro, eu acho que é o grande lance no meio de tanto artista diferente, é muito importante você descobrir o que é só seu.

Lucy Alves, quando mais nova, com sua sanfona (Foto: Divulgação)

E: Sim! E sobre essa questão da autenticidade, eu estava vendo os seus vídeos e suas apresentações e fiquei muito admirada com a sua autoconfiança e sua coragem de ser você mesma e trazer sua bagagem, de trazer algo novo para a música, independente do que esteja por aí. Além disso, o seu talento, porque você toca vários instrumentos, canta muito bem e a coragem que você tem que ter para chegar no palco do The Voice Brasil em que todo mundo está cantando aquelas músicas com aqueles beltings e aqueles melismas todos do pop e você chegar lá com uma sanfona e cantar uma música brasileira. Qual é a sua dica para chegar nesse ponto e conseguir essa coragem?

 

L: Obrigada pelos elogios! Eu acho que é o que a gente está conversando: a nossa maior riqueza é a nossa autenticidade, porque são coisas que só a gente pode ter. Cada indivíduo e cada artista é muito único. E, assim, quando eu cheguei no palco do The Voice Brasil eu não era uma pedra bruta, então, eu saí depois de viver minha vida inteira na Paraíba e ter aprendido tudo que aprendi enquanto musicista lá: eu estudei, frequentei universidade, me formei. Tanto as experiências viajando, tocando em palcos populares quanto na universidade, que também foi muito responsável pela minha educação musical. Então, eu cheguei lá no palco, com tudo que era meu, tudo que eu aprendi muito vivo, muito pulsante: eu sou isso. Eu acho, também, que a minha espontaneidade e o que eu carreguei foram responsáveis por me levar até a final. Eu me destaquei, vai ver se eu tivesse cantado alguma outra coisa parecida com outro participante, talvez eu não teria me destacado. O fato de ser nordestina, de tocar sanfona, de cantar música brasileira, que é a minha escola maior desde sempre, com certeza me abriu muitas portas, então é importante a gente muita vezes dar valor ao que é produzido aqui no país, que é muito rico e que lá fora as pessoas admiram muito a qualidade da música brasileira, da arte que a gente faz aqui, que é muito rica mesmo. Então, é difícil você ir para um programa, um reality assim. As pessoas me perguntam: “Você iria de novo?”. Não, não dá mais! (risos) O que tinha que acontecer aconteceu, foi ótimo, aprendi bastante, mas foi difícil. Eu tive que enfrentar um medo muito grande de palco, de um julgamento, eu acho que foi o maior julgamento que eu enfrentei, obviamente, em frente às câmeras e a tantos brasileiros.

Foto: VEJA

 

E: Mas você não transpareceu nem um pouco. (risos)

 

L: Mulher… Por dentro estava morrendo, tremendo, me acabando, mas a música também tem essa coisa: quando a gente entra no palco, é um lugar mágico. Eu me transformo. Geralmente sou uma pessoa muito tímida na vida, mas o palco é um lugar muito abençoado para mim. E ainda ter meus instrumentos ali, que são meus companheiros, então eu nunca estava muito sozinha. Tem a minha fiel escudeira, que é a minha sanfona, isso me ajudou bastante e foi muito especial. E aí, toda vez que você tem a oportunidade de ver um paraibano, uma pessoa da sua região, sendo vocês, defendendo as suas tradições, sua cultura, o seu sotaque, quem você é na TV, como a gente viu agora num outro reality, no BBB (Big Brother Brasil) com a nossa campeã Juliette, que é paraibana, é motivo de orgulho. Eu acho que ela [Juliette] virou esse fenômeno por ser quem ela é mesmo. Ela foi ela o tempo todo, mostrou essa força para se manter sã, sendo quem ela era, sem ter que se render a julgamentos alheios. Então, é muito importante, né? Acho que a gente tem essa força, muitas vezes a gente não sabe, mas todos nós temos. Então é aquela coisa: temos que acreditar na gente.

 

E: É, a gente nunca sabe o quanto é forte até estar lá naquela situação e precisar ser forte, né?

 

L: Exatamente! Nem eu sabia. Por mais que eu passe essa mulher destemida, forte, corajosa e que, sim, eu sou, eu sei que eu sou, isso aí eu reconheço, mas eu também tenho muito medo. Eu duvidei de mim muitas vezes: “Poxa, será que com essa sanfona, cantando o meu repertório eu vou conquistar meu espaço? Será que eles vão me respeitar?” Claro que isso passou pela minha cabeça. Tive os meus medos, sou frágil também como qualquer pessoa, tenho minhas dúvidas, mil dúvidas, mas é uma luta diária de preservar o que é meu. Por exemplo, atualmente, eu vivo no Rio de Janeiro e sou bombardeada constantemente com muitas coisas, mas é uma luta diária para manter o que é meu. Quando eu estou me sentindo perdida, tento me lembrar de onde vim. Por isso que eu estou sempre na Paraíba também, sempre bebendo da fonte, que, para mim, é muito importante.

Foto: Isabella Pinheiro/TV GLOBO

E: E você mencionou que lá fora admiram bastante a cultura brasileira. Realmente, a gente conseguiu chegar lá fora com a bossa nova e o samba e agora a Anitta abrindo várias portas para os brasileiros. Você acha que o forró e o baião também são gêneros que vão conseguir chegar lá fora ou você ainda não está sentindo esse movimento na indústria?

 

L: Eu acredito, porque eu sou uma pessoa da esperança e da fé, que acredita sempre. Eu acho que agora a gente inicia esse movimento. O forró não é, realmente, conhecido da forma que deveria ser lá fora e é um ritmo e uma tradição muito popular. Assim como o samba, o forró vem dessa raiz do povo, das reuniões, da coisa popular, então eu acredito que agora, com esses meios todos que a gente tem de comunicação, eu sinto isso no ar, que o forró está querendo ser descoberto cada vez mais. Até pelo próprio país, eu vejo o forró tocando por todo lado, novos artistas do forró aparecendo, ingressando em gravadoras e construindo suas carreiras, então eu acho que é um início disso. Eu vejo uns movimentos de forró mais pé de serra na Europa, nos Estados Unidos… São pequenos movimentos. Eu já tive oportunidade de participar de festivais assim. São pequenos movimentos, mas que agora eu vejo possibilidade de crescerem mesmo pela repercussão dos grupos que vêm dominando as plataformas. Então, por isso que eu sinto que a gente está nesse caminho de o pessoal lá fora enxergar e reconhecer esse ritmo como genuinamente brasileiro que é e chegar até um reconhecimento da bossa nova, que é o movimento mais conhecido lá fora ainda. Mas o forró vai chegar, viu? Ah, minha filha, vai sim, tenho certeza! (risos)

 

E: Talvez o que falte para a gente chegar lá seja o nosso orgulho de ser brasileiros, porque os gringos amam o Brasil. O que falta na gente é esse amor também pelo Brasil, porque a gente tem muito daquela “síndrome de vira-lata”, de ficar só consumindo conteúdo lá de fora e achar que o daqui é ruim ou menor por algum motivo.

 

L: Você falou uma coisa massa. Eu também acho, sabe? Acho que no momento que a gente acreditar mesmo – estamos falando toda hora de acreditar – o negócio vai, porque, de novo, usando a Juliette como exemplo que está muito preso aqui na memória: toda a equipe dela é paraibana. Então, você vê um trabalho fantástico que foi feito nas redes sociais de um time genuinamente paraibano que se uniu e que está batendo no peito dizendo “Cara, a gente é nordestino com orgulho e é isso”. Houve identificação. Então, eu acho que no momento que a gente acredita no nosso produto, que é tão bom quanto, que não deixa a desejar… A gente vê um monte de artistas que têm interesse em fazer colaboração com a gente, então falta essa crença na gente mesmo, porque somos muito capazes. A gente tem tudo na mão: o produto, os artistas, o mercado… E agora é acreditar.

 

E: Sim, e o povo brasileiro é um povo muito voltado para o lado da música, da arte, da dança, então a gente tem todo o potencial mesmo. Agora, mudando mais ou menos de assunto, mas ainda sobre a sua carreira e tudo o que você faz: você também é atriz, então eu queria saber o que você acha que trouxe do seu lado de atriz para o lado musical e vice-versa. Você acha que se não fosse uma das duas coisas, a outra seria diferente?

 

L: Hoje sim, com certeza! Vendo a minha trajetória eu vi o quanto eu aprendi das duas coisas. Houve uma troca muito intensa. Eu não era atriz, me descobri atriz, fui convidada e a música me ajudou muito na hora de decorar texto e de trazer uma entonação para a personagem, sabe? Na hora de interpretar mesmo o que eu estava falando – e foi a musicalidade das palavras que eu já fazia cantando. Também pude trazer uma força cênica e entendimento de movimentos, de controle de emoções que eu aprendi atuando, então teve essa troca intensa sim. Hoje eu já não me enxergo mais sem fazer os dois, embora a música tenha vindo primeiro e eu a amo. Eu amo música, eu amo cantar, eu amo tocar, mas eu gosto muito de atuar também. Eu acho que um complementa o outro. É a história de ser um artista, né? Eu acho que, hoje, os artistas, mesmo os cantantes, têm se entendido como artistas múltiplos e a gente vê cantores que estão no cinema, na dramaturgia. Enfim, eu gosto muito das duas artes.

 

E: É muito comum atualmente, né? A pessoa não fica mais só restrita a uma coisa só: ela também é dançarina, atriz, modelo.

 

L: É isso. Eu acho que lá fora essa coisa do artista ser multi já existia um pouco antes. Agora a gente começa a reconhecer cada vez mais; são poucos exemplos que a gente tem de cantores que levam as duas carreiras no Brasil. A gente não tem tantos exemplos. Eu acho que a gente está caminhando para ser artistas num sentido mais amplo, então está sendo mais comum ver um artista que canta, dança e atua.

 

E: Mas então: você gosta muito dos dois, mas se pudesse escolher um, qual seria? Essa pergunta é maldade, eu sei! (risos).

 

L: Por que vocês gostam de fazer essa pergunta? Eu não entendo! (risos)

 

E: A gente gosta de ver o circo pegar fogo!

 

L: Que isso, gente! Mas para quê? Olha, eu gosto dos dois. Eu ficaria com a música, porque eu acho que eu já consigo ser intérprete na música de outra forma, sabe? Eu sou cantora, compositora e tem essa coisa da intérprete. Então, acho que a atuação está presente também nos palcos e espetáculos. A música me encanta muito, ela é uma coisa louca.

Foto: Divulgação

E: Você teve toda uma história com a música, né? Desde a infância você a teve muito presente na sua vida, então faz sentido!

 

L: Faz sentido, né? É, desde muito criança eu comecei com os instrumentos, sou instrumentista antes de qualquer coisa, depois descobri a voz, vi a força dela, o quanto a gente consegue impactar cantando, porque tem palavra e palavra é um negócio que vai direto no entendimento da gente, do coração. As melodias também, mas a palavra tem uma força muito louca. Então é a música, botando aí na hierarquia.

E: E de todas essas experiências que você teve, qual você acha que te fez entrar nela sendo uma pessoa e sair sendo outra?

 

L: Eu acho que a primeira novela que eu fiz me mudou, artística e humanamente falando. Eu acho que foi um processo muito intenso e rico porque eu pude cantar e minha personagem tinha instrumento. Termina que todos os meus personagens têm um encontro com a música e isso para mim é incrível, mas a novela me mudou muito. Foi um ano de experiência que pareceu cinco anos, devido a tanta intensidade e tanta informação que a gente teve: encontros com outros artistas, levando minha cultura também. A minha primeira personagem é muito forte, falava de todas as minhas tradições e raízes, aí eu lembrei de todas as mulheres da minha família. Então, carrega uma bagagem bem intensa artisticamente e sentimentalmente também. Eu acho que amadureci muito.

Foto: Caiuá Franco/Globo

 

E: Lucy, foi muito interessante essa conversa toda! Então, eu queria encerrá-la te perguntando se você tem uma mensagem para o povo brasileiro para a gente conseguir se abraçar mais e abraçar nossa cultura, a nossa autenticidade.

 

L: Eu acho que sempre vale a pena acreditar nas pessoas e na bondade, seguir trabalhando e tendo fé. Acho que temos que acreditar muito na gente e nas pessoas, porque, ultimamente, nos distanciamos uns dos outros por preferir enxergar apenas um lado ruim, de que não vai dar certo. Mas eu acho que temos que ser positivos, ter esperança e acreditar na gente, porque vai dar certo. Eu acho que o que a gente planta, de alguma forma o universo vai dar um jeitinho de resolver isso, então, é acreditar na nossa força e potencial e na bondade das pessoas. Acho que a gente está tão distante pelo momento que estamos vivendo, pela pandemia, pela revolução tecnológica… Muita coisa do nosso mundo está na tecnologia, mas a gente está se distanciando e o material humano é muito importante, tudo o que vem da gente. Então, acho que temos que acreditar uns nos outros e, sobretudo, em nós mesmos. Recomendo alguns artistas nordestinos que inspiram e são influenciadores: tem Lina Cordeiro, que é mais que uma chef, mas uma mulher do Rio Grande do Norte que ensina muito sobre ser mulher e nordestina nesse contexto atual e ela sempre traz muita coisa para além da comida, afeto, ensinamentos. Ela traz muito desse novo nordeste que eu acho que é muito importante a gente conhecer agora mais do que nunca – tem muita gente redescobrindo o nordeste. Bráulio Bessa, que é um grande poeta cearense e que tem coisas lindas que falam não só sobre o Nordeste, mas eu acho que sobre ser gente nesse mundo, então ficam aí duas dicas para vocês.

 

E você, concorda com a Lucy? Como podemos ser mais autênticos? Quais artistas nordestinos, além dela, você nos indicaria? Deixe sua sugestão no Twitter, Insta e Face do Entretetizei.

 

Créditos da foto de destaque: @andrehawk

Categorias
Cinema Entretenimento Resenhas Telecine

Resenha | Mães de Verdade: o filme que trata da adoção, do amor e do apoio

São abordados temas como gravidez na adolescência, abandono paterno, sofrimento psicológico e  fertilidade nesse filme bonito, mas não tão emocionante

Mães de Verdade é um filme bom; não o melhor que você verá em sua vida, mas é bom. O filme de Naomi Kawase trata da história de um casal que, com problemas para engravidar, decide optar pela adoção. Então eles adotam um pacotinho adorável: o recém-nascido Asato, filho de Hikari, uma adolescente de 14 anos. Quatro anos depois, no entanto, a família recebe uma ligação de uma mulher que os chantageia, dizendo que é a mãe da criança e a quer de volta – a menos que a família lhe dê uma alta quantia de dinheiro.

Cena de Mães de Verdade
Foto: California Filmes

O lado bom de Mães de Verdade

O longa com certeza vai agradar os que têm coração de manteiga, pois é mais uma daquelas histórias bonitas sobre o amor e sua importância diante do sofrimento pelo qual as pessoas podem passar. Porém, o mais legal é que a história gira em torno de uma adoção e mostra, assim, o quanto uma criança adotada pode ser amada tanto quanto uma biológica e quanto afeto pode ser envolvido em um processo de adoção. Além disso, mostra que não devemos julgar as mães que colocam seus filhos para a adoção quando nascem, pois há diversos fatores que podem ser envolvidos nessa decisão. 

Foto: California Filmes

Dessa forma, o filme traz ao público uma imersão em problemas como gravidez na adolescência, abandono paterno, os impactos da falta de apoio dos pais em um filho, sofrimento psicológico e dificuldades de fertilidade que, com sorte, trarão mais empatia e compreensão dos espectadores. Todos esses fatores são apoiados em uma performance incrível de cada um dos atores envolvidos e em uma narrativa que nos faz querer assistir o filme até o final para responder todas as dúvidas que surgem em nossa mente no emaranhado das histórias de duas famílias que se encontram no processo de adoção.

O lado não tão bom de Mães de Verdade

Contudo, como nada é perfeito, há alguns fatores que podem ser considerados problemas, dependendo da opinião de cada um. O primeiro é que o filme é bem silencioso, parecendo que vai nos fazer dormir; não há uma forte presença da trilha sonora e, na maior parte do tempo, os atores falam baixo. 

O segundo é que demora um pouco para o espectador descobrir o lado emocionante e intrigante que torna o filme bom. Isso acontece pois a história demora a começar e parece que girará em torno do problema inicial, no qual Asato supostamente empurrou um colega de classe, que se machucou. Mas, calma: o filme não é sobre isso, apesar de levar um tempinho nessa intriga. O problema principal aparece um pouco depois no enredo, mas, infelizmente, sua resolução é boba. Tudo se resolve muito facilmente e de forma superficial. Será que seria assim na vida real?

Foto: California Filmes

Por fim, temos um filme com altos e baixos, pontos bons e ruins. Mas não tão emocionante quanto demonstra a sinopse. Por isso, cabe a cada um assistir para decidir se o filme está mais para bom do que para ruim ou mais para ruim do que bom.

 

Para você, qual dos dois lados pesa mais nessa história: o bom ou o ruim? Responde e conta para gente o porquê no Twitter, Face e Insta do Entretetizei.

 

* Créditos da foto de destaque: California Filmes

Categorias
Cinema Cultura Latina Entretenimento Notícias

Elenco de O Auto da Boa Mentira compartilha suas histórias e bom humor em coletiva de imprensa

Artistas conversaram com a imprensa sobre quais mentiras costumam contar e o impacto da obra de Ariano Suassuna em suas vidas

Depois de seis anos desde o início do projeto, a Globo Filmes lança hoje (29) o filme O Auto da Boa Mentira, que homenageia e relembra as melhores frases de Ariano Suassuna. 

Criador do fenômeno que marcou a cultura brasileira, O Auto da Compadecida, Ariano Suassuna tratou, ao longo de sua carreira, de assuntos do cotidiano de forma leve e cômica, trazendo luz para os diversos lados da cultura nordestina. 

O longa-metragem, de acordo com o diretor José Eduardo Belmonte, em coletiva de imprensa cedida na segunda-feira (26), traz a literatura de cordel característica de Ariano para um olhar mais urbano e atual. O filme reúne quatro contos que, segundo Luciana Pires, produtora do mesmo, foram selecionados entre várias histórias criadas com base em citações bem-humoradas de Suassuna. Tais contos são protagonizados por nomes da comédia brasileira como Leandro Hassum, Nanda Costa, Luís Miranda, Cássia Kis, Jackson Antunes e Renato Góes. O longa também conta com Chris Mason, ator da série Pretty Little Liars, que interpreta um gringo bem abrasileirado no Rio de Janeiro. Você pode conferir a coletiva na íntegra a seguir:

O Auto da Boa Mentira: mas tem como mentira ser boa?

O Auto da Boa Mentira tem como tema central das histórias, como o próprio nome diz, a mentira e demonstra que, em alguns casos, ela pode ser benéfica e bem intencionada. 

“A mentira, quando é saudável, traz saúde para o ser humano, traz esperança para a humanidade.” – disse Jackson Antunes, durante a coletiva.

Segundo o elenco, o filme vem de encontro à época das fake news, com as quais temos convivido nos últimos anos, e traz um humor saudável e necessário para o público. 

“O Ariano Suassuna tinha uma fascinação por mentirosos, não os que mentiam para prejudicar os outros, mas porque isso mostrava a capacidade de invenção do povo brasileiro diante de adversidades. O filme fala muito sobre os tempos atuais. Um comentário irônico sobre a cultura da mentira na sociedade brasileira”, afirmou Belmonte, que define Suassuna como um cronista social.

Por isso, para celebrar o lançamento, a Globo Filmes realizará uma live com o elenco hoje, às 18h, em seu Instagram.

Representatividade negra e nordestina no filme

O primeiro conto é sobre a história de Helder (Leandro Hassum), um sósia do comediante famoso Paulo (representado no filme com cenas reais de shows de stand-up de Hassum) que se aproveita da semelhança entre os dois para ter os benefícios da vida de celebridade. Já o segundo conto é sobre Fabiano (Renato Góes), que descobre um segredo que sua mãe (Cássia Kis) guarda desde que ele era menino. Depois, somos apresentados ao gringo Pierce (Chris Mason), que mente que foi assaltado e depois se arrepende diante das consequências de sua mentira. Já o último conto trata com humor o preconceito sofrido por quem nunca foi à Disney, contando a história da estagiária Lorena (Cacá Ottoni). 

Imagem: Helena Barreto

Durante a coletiva, o elenco comentou sobre a representatividade nordestina nas obras de Suassuna:

“Eu acho que o Ariano acaba passando tudo o que tem de mais puro [do Nordeste]. Por exemplo: seja matar por uma traição, seja uma mentira; tudo o que ele faz ele mostra como é a realidade do sertão ou da capital, de qualquer que seja a região do Nordeste. Ele mostra de uma forma caricata e engraçada, leve. Eu acho que ele faz mais uma caricatura do que uma imagem [do nordestino] em si, mas se tem uma das pessoas responsáveis por o nordestino ser bem recebido com um sorriso, tem muito dessa contribuição do Ariano.” – disse Renato Góes.

Além da representatividade nordestina que marca presença no segundo conto do filme, o último contribui para um novo movimento que está surgindo na televisão e cinema brasileiros: a procura por uma maior diversidade de papéis para atores negros mostrarem seus pontenciais, fugindo do estereótipo do negro como pobre, bandido, entre outras posições sociais que foram e ainda são reforçadas por nossa mídia como as únicas possíveis para os negros. Luís Miranda destacou sua felicidade em poder participar disso ao fazer o papel do chefe da agência publicitária do último conto.

Imagem: Divulgação

O Auto da Boa Mentira e sua importância nas vidas dos atores

Antunes também viu o projeto como um sopro de alegria em sua vida, por ter recebido o convite para participar do filme logo após ter saído do CTI, fazer uma cirurgia e receber apenas 5% de chance de sobreviver.

Imagem: Helena Barreto

Também sentindo-se honrado em participar do projeto, Leandro Hassum contou durante a coletiva o quanto se orgulha de ter trabalhado em projetos com grandes nomes do cinema brasileiro, como Chico Anysio, que apadrinhou sua entrada na TV. Leandro refletiu e disse que, nos bastidores, vê a conversa de seus grandes colegas de cena como uma aula. O ator afirmou que sempre teve muito interesse nessa área, já que seu sonho era ser palhaço, e que estudou as artes circenses ao longo de sua vida. Além disso, contou histórias engraçadas sobre as mentiras que já inventou – inclusive para não ter que sair de casa, por ser muito caseiro -, respondendo a uma das perguntas, bem como os outros atores. Já Luís Miranda contou que finge trabalhar com artistas que admira ou que é amigo deles, enquanto Jackson Antunes disse que se aproveita do imaginário do público de que atores são ricos para fingir que é milionário.

O legado de Ariano Suassuna

O elenco não poupou elogios ao legado de Ariano, relembrando seu humor e sua importância na cultura brasileira.

“Muitas vezes o Ariano me dizia coisas e eu nem sabia se era verdade ou mentira”, disse Jackson Antunes ao relembrar os trabalhos anteriores de Suassuna dos quais participou.

Renato Góes, pernambucano, também elogiou muito o autor, contando que O Auto da Compadecida foi o filme que fez com que ele quisesse virar ator.

Imagem: Divulgação

Por isso, O Auto da Boa Mentira relembra esse importantíssimo nome da nossa cultura, trazendo seu humor de volta à vida em vídeos seus, contando suas piadas antes de cada conto.

Você pode conferir o trailer a seguir:

Você vai assistir? Fala para a gente se você admira o Ariano Suassuna tanto quanto os atores no Insta, Face e Twitter do Entretetizei. 🙂

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

Categorias
Entretenimento Entrevistas Música

Entrevista | Cantora Isadora fala sobre feminismo e inspirações

Ex-participante do The Voice Brasil conversou, em entrevista com o Entretetizei, sobre feminismo e o papel das artistas no movimento

Na quinta-feira passada (18), o Entretetizei teve a oportunidade de bater um papo com a cantora Isadora, revelação do R&B nacional, em uma entrevista exclusiva. A cantora recebeu ao longo de sua vida inúmeras influências de diferentes gêneros musicais e tem formação em canto erudito. Esse contexto deu origem à artista que é hoje em dia, unindo R&B, Soul e Pop em uma voz potente, com um de seus maiores sucessos sendo a música Sun Goes Down, em parceria com Bruno Martini.

Em seus projetos, Isadora aborda pautas de extrema importância como a representatividade e o feminismo. Sendo assim, no Dia Internacional da Mulher, lançou a faixa Mulher 21, na qual fala sobre o que é ser mulher nos dias de hoje.

O Entretetizei, sendo formado apenas por mulheres, não podia perder a chance de bater um papinho com ela, né? Confira a entrevista na íntegra a seguir e os melhores momentos no vídeo no nosso canal do YouTube.

Entretetizei: Seu lançamento mais recente foi a música Mulher 21, lançada no Dia da Mulher. O que te inspirou a escrevê-la? Teve alguma experiência específica ou foi a vida como mulher no geral que te inspirou?

Isadora: Na verdade, eu acho que como uma mulher na indústria sempre trabalhando e vendo também o pouco espaço que a mulher tem ainda não só dentro da indústria fonográfica, mas do meu meio, eu vi essa diferença muito nítida. Há poucas produtoras musicais mulheres e, dentro do conteúdo todo audiovisual também realmente bem enfraquecido, há poucas oportunidades para a mulher. Eu comecei a refletir mais ainda sobre esses assuntos. Comecei a trazer esse assunto em pauta com compositoras que estavam escrevendo esse projeto comigo. O projeto foi desenvolvido todo na base do feminino, para enaltecer sim a mulher, e essa música também não deixa de trazer uma mensagem positiva para nós. Mas de fato, ela fala dessa mulher multifacetada, dessa mulher contemporânea do século XXI de 2021, que, mesmo diante de todas as dificuldades de pandemia que a gente está passando, a gente tem que fazer o nosso corre. Mesmo antes da pandemia a mulher tem uma função de estar sempre à frente de tudo, seja do trabalho, seja do lar para cuidar da sua família se ela optar por ter uma família. Então, de fato, essa mulher vira uma “equilibrista”, uma “malabarista”, então eu acho importante a gente enaltecer, de fato, né. Usei a mesma palavra de novo, mas é porque é justamente isso: colocar a mulher de fato nesse pedestal porque ela merece ser homenageada todos os dias, não só no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Foi um privilégio muito grande para mim como artista, como mulher, poder lançar a minha música que fala justamente sobre essa temática nesse dia especial, importante e de batalha e de luta para nós. Na verdade, essa música foi inspirada numa canção da Destiny’s Child que se chama Independent Woman (Mulher Independente) e é isso, ela retrata essa mulher que estuda, trabalha e faz um pouco de tudo, se vira nos 30 (risos). Essa mulher do dia a dia.

E: Eu queria saber como foi esse seu processo como feminista, porque, na minha opinião, a mulher nasce feminista, mas se descobre depois, quando é apresentada ao movimento. Queria saber como foi sua introdução ao movimento e toda a sua trajetória até chegar a esse processo de composição atual.

I: Bem, eu acho que a gente não nasce feminista, mas a gente nasce como mulher e ao longo dos anos vamos compreendendo como é difícil ser mulher dentro da sociedade. Então, de fato, é algo que merece atenção e eu, como artista, me vejo muito num lugar fundamental de porta-voz para mulheres que também, como eu, sempre tiveram certas dificuldades, enfrentaram dificuldades tanto na área profissional como em tudo. Ter porta-vozes mulheres que podem representar tudo aquilo que seja o que elas de fato sentem, eu acho importante. Eu acho que é meu papel como artista me manter atualizada, ler bastante sobre o assunto e, de alguma forma, tentar propagar essa mensagem e informar de fato. É claro que eu acho que existem algumas vertentes para o feminismo, mas eu acho que todas nós temos algo em comum: a gente quer respeito. É muito doido, a gente começa a pensar sobre esses assuntos e tem diversas interpretações, a gente pode ir para vários lados, mas eu acho que, como artista, como cantora, eu me vejo nesse lugar, sabe? Tipo, preciso levantar tudo isso, porque é o que eu sinto, é minha verdade como mulher, como artista na indústria, contar um pouco a minha trajetória assim como ouvir, porque é muito importante que a gente ouça as histórias de outras mulheres e que essas mulheres tenham a oportunidade de compartilhar suas histórias. Eu comecei a pegar compositoras mulheres para a gente tentar não só falar de uma só história, mas falar do sentimento de cada uma diante de toda essa situação e aí a gente começou a trabalhar nesse projeto. Esse projeto é composto por versões de compositoras e artistas mulheres já renomadas do passado, como a Rita Lee, que é uma grande ativista, uma grande porta-voz para a mulheres, para o movimento.

E: Ela ajudou a trazer luz para esse movimento no Brasil, né?

I: Exatamente. Mas uma coisa que eu percebi também pesquisando e entrando mais a fundo nesse universo – principalmente musical, para a gente começar a interpretar as letras e tudo mais, porque às vezes a gente escuta, mas não capta tanto a mensagem, que às vezes pode ser uma mensagem subliminar (tem umas que são muito explícitas, né) – é que é bacana trazer isso à tona de novo, fazer esse resgate, mas eu acho um pouco triste a gente perceber que nos anos 60 ou nos anos 70 elas estavam reivindicando uma coisa que a gente ainda está tentando. É claro que existiram avanços, mas a gente sabe que ainda é um caminho longo a ser percorrido, então é complicado. Então, ao mesmo tempo em que eu fico muito feliz de estar resgatando isso, de enaltecer essas artistas mulheres como a Anitta, como a Mart’nália, entre outras, eu começo a pensar “putz, parece que estagnou um pouco nesse sentido, porque o discurso ainda é o mesmo. Caraca, em pleno século XXI.”. Mas é isso, eu acho que de alguma forma eu estou tentando fazer o meu papel de artista e de ser humano, sabe?

Foto: Reprodução Twitter (@eumesmaisadora_)

E: É interessante você tocar nesse assunto do papel do artista, porque, por exemplo, o meu processo de começar a entender o feminismo foi mais ou menos na época que a Emma Watson começou aquele projeto do He For She. Então, eu olhei ela falando aquelas coisas e achei aquilo incrível, eu era bem novinha. Então, é muito importante, porque você apresenta às outras mulheres esse movimento.

I: Exatamente, você começa a apresentar, tanto que a Emma Watson tem uma plataforma, tem um público já muito grande que vai ouvir, então é muito importante mesmo. Às vezes até quanto maior você seja como artista, você realmente usufrua muito bem disso para espalhar as mensagens que você acredita e para informar as outras pessoas também. Então eu acho que a Emma Watson é uma grande porta-voz disso tudo aí também, graças a Deus, que ela é maravilhosa (risos).

E: Bom, falando sobre nosso processo como feministas e nos entendendo como mulheres na sociedade, o que você diria para a menina que você era mais nova? Não só como pessoa no geral, mas como uma pessoa do gênero feminino.

I: Eu acho que a gente tem que ter muita calma dentro desses processos de se autoconhecer. A gente de fato vai enfrentar situações muito difíceis ao longo da nossa vida por causa das nossas escolhas, mas eu acho que a adolescente geralmente tem uma certa ansiedade: “nossa, o que que vai acontecer depois?” e, assim, na real, acredito que nós somos todas uma só, entende? Então a gente precisa ter uma solidariedade para unir o problema do outro, não só o nosso, entendeu? E que a mulher de fato, ela não pode se limitar, né? Eu acho que eu diria muito isso para mim, porque, obviamente que, quando mais nova, tentando de alguma forma expressar esse meu sentimento de “quero ser uma cantora, quero estar à disposição” houve um processo de um certo preconceito. Eu comecei a cantar na noite com 18 anos, então, quando eu estava no palco, eu sentia que muitas pessoas não entendiam muito bem aquilo como minha profissão e sim como uma diversão. Alguns assédios verbais no palco, às vezes o cara bebe e fica mais agressivo, realmente sem noção. Então, eu diria assim para mim: “tenha calma, você vai ter que saber dominar essa situação e isso vem com o tempo mesmo”, sabe? Porque não tem como a gente pular etapa, mas eu acho que todas as mulheres passam por diversas situações difíceis – e eu não estou querendo comparar o que é mais difícil ou não é -, mas eu acho que a gente tem que, de alguma forma de unir e segurar a mão de uma a outra e falar “não, vamos em frente e dividir todas essas nossas angústias e todos esses desafios que a gente tem que encarar vida afora”.

E: E é muito importante mesmo essa união, porque dentro dessas minorias tem outras minorias, sabe? No clipe de Mulher 21 eu senti que tinha uma representatividade lésbica lá e eu achei muito interessante, porque o feminismo é composto por pessoas diversas, então a gente tem mulheres com deficiências, mulheres LGBTs, mulheres negras… Muita gente não entende muito isso e fala “não, mas é um movimento só”, mas não, né? Tem essas especificidades de cada pessoa, então é importante isso que você falou de dar voz.

I: É, trazer essa diversidade é essencial, é muito importante que, de fato, como você falou, que as pessoas entendam que existem grupos envolvidos. Assim, eu acho até um pouco polêmico a gente trazer uma mulher trans nesse clipe, porque tem algumas pessoas  (que não é o meu caso) que interpretam que a mulher trans não faz parte desse grupo. Ao meu ver, ela está ali porque faz parte dessa comunidade e eu acho que é importante a gente ouvir a causa do outro.

Isadora e as outras mulheres do clipe. A cantora explicou sua escolha de personagens durante a entrevista.
Imagem: Reprodução

E: Tudo o que é visto como feminino na sociedade é visto como frágil, inferior. Então, é por isso que eu acho que mulheres trans também se beneficiam do feminismo, né?

I: Exatamente. Eu acho que essa questão da fragilidade está muito inserida justamente com essa imagem que foi passada da mulher de dona do lar, de o homem que sustenta. Vejo que as pessoas estão tentando reformular esse conceito, mas sempre vem à tona. E eu acho que as pessoas também esquecem de relembrar que a fragilidade está presente em todo mundo. Nós estamos passando agora na pandemia por um momento de extrema fragilidade, seja você homem, seja você mulher. Então, a fragilidade nada mais é do que você seguir e você ter coragem de mostrar a sua vulnerabilidade para o mundo. Então não tem nada a ver em ser mulher, ser homem e isso foi muito inserido dentro do vocabulário do ser humano. As meninas aprenderam na escola que tinham que brincar de panelinha e ter bonequinhas e os garotos podiam estar lá fora jogando futebol e  brincando de luta, né. Mas a gente entende que isso é um conceito super ultrapassado e hoje não faz muito sentido a gente ficar martelando nesse assunto com nossos filhos ou com crianças. Eu acho que eles estão sendo, espero, pelo que eu converso com meus afilhados, com meus primos, educados de uma forma um pouco mais livre, sabe? E isso é muito bom, é muito positivo para a geração que vem, mas a luta continua também, né, porque há muito preconceito inserido ali, enraizado. E difícil tirar, eliminar isso. Ainda mais com um presidente desse aí no poder, né, que prega muita coisa que acaba enfatizando mais a cabeça dessas pessoas, dando mais corda para que o ser humano seja mais preconceituoso e violento.

E: Essa questão que você falou da fragilidade me lembrou muito um livro que eu estou lendo agora. Se chama A Coragem de Ser Imperfeito da Brené Brown. Você já leu esse livro?

I: Não, nunca li.

E: Ela fala, literalmente, o que você falou. Ser vulnerável e se colocar na vida, se colocar à mercê de erros é na verdade um ato de coragem e te permite ser muito mais livre. Engraçado, eu jurava que você tinha lido esse livro, porque é exatamente o que você falou (risos).

I: Não, mas eu faço terapia (risos), então assim, na terapia a gente se vê num lugar extremo de vulnerabilidade porque a gente expõe muito o que a gente está pensando, os nossos anseios, as nossas angústias, então você começa a criar mais força para encarar essas coisas, sabe? Então eu acho ótimo. Mas eu vou comprar esse livro sim, com certeza (risos).

E: A gente se tranca muito no dia a dia, né? A gente termina não se expressando, porque eu também comecei terapia recentemente e, cada vez, percebo mais que o ser humano só quer ser aceito, com seus defeitos e tudo.

I: Mas o ser humano tem que entender que a gente vive por aprovação, né? É contraditório, porque o que a gente mais quer é ser aceito, mas o que o ser humano mais faz é apontar, então é muito complicado isso porque a gente vive nesse ciclo vicioso de “preciso de uma aprovação”. É bobo o que eu vou falar, mas quando a gente vê um Big Brother da vida, é justamente essa situação. A pessoa está ali tendo que constantemente provar algo, né? E a gente tem que pegar aquilo ali e “ah, pera aí, deixa eu ver quem que eu vou eliminar” e na nossa vida é assim. Sabe? Dentro do mercado profissional, dentro da nossa família (se a gente vai ter aprovação das nossas escolhas ou não)…Então é realmente muito difícil a gente lidar com isso, por isso que eu sou super a favor da terapia (risos). Mas, a vida adulta é isso: é saber lidar com crítica e tornar essa crítica de alguma forma positiva e construtiva na sua vida. Não que aquilo te coloque para baixo, que no momento é muito difícil você lidar com isso de uma forma positiva dependendo do que for, claro, de quem vier a crítica, mas eu acho que no fundo isso pode mais para a frente te fortalecer de alguma forma, te fazer refletir.

E: A crítica é importante porque a gente toma muito uma posição de querer ser completamente perfeito, não ter erro nenhum. E a gente erra, então vão acontecer críticas por conta disso e elas não são necessariamente algo ruim. Temos que entender que não ser perfeito não quer dizer que a gente não é válido, ou importante, ou amado. Bom, quanto a esse assunto de autores e tudo mais. Você tem alguma indicação de autora ou artista para a gente ler/escutar?

I: Bem, primeiramente vou falar sobre artistas que são de fato referências e que me inspiram. Não que as atuais não sejam, mas a gente cresceu às vezes ouvindo tal artista que nos abriu os olhos e nos atentou cada vez mais a falar sobre esse assunto, a querer escrever um pouco mais sobre isso. A Elza Soares é uma artista que além de ser feminista tem uma fala, um lugar de vida, de história, que é absurdo, né, o que essa mulher já passou. Ela está ali como uma porta-voz da mulher negra que de fato é muito bonito de se ver, sabe? Esse espaço que ela ganhou para falar sobre esses assuntos, sobre a violência doméstica e falando sobre a posição dela na indústria, assim como a Rita, que eu já citei. A Beyoncé, que é uma super ativista também, já tem diversos trabalhos falando sobre a posição da mulher negra, a história dessa mulher, a batalha que ela teve que percorrer para conquistar um espaço hoje. A Nina Simone para mim também é uma grande referência. Ela tem uma música chamada For Women (Para Mulheres) que é uma música super pesada se a gente for analisar a letra. Ela fala sobre quatro cores de mulheres negras diferentes e são quatro nomes aleatórios e ela fala que esse último nome é a b*ceta e acabou (risos). Então ela começa a falar sobre essa dificuldade da mulher, dessa hiperssexualização do corpo da mulher negra e aí cada mulher negra tem sua questão, tem o seu problema, tem a sua dificuldade que ela teve que encarar e aí no final ela solta “mas olha, todas nós temos a b*ceta” que é a última, né. Então, assim, é muito forte. Para mim, foram artistas assim que eu ouvi e me despertaram, sabe? E hoje a gente tem algumas artistas do meio do rap, por exemplo, a Drik Barbosa; a Tássia Reis do R&B; temos a Budah também que é uma grande artista. Enfim, por aí vai, sabe? Várias mulheres incríveis trilhando seu rumo, seu caminho, cantando muito e falando sobre esses assuntos fundamentais. Tem bastante gente no mercado com muito talento e muita coisa a se dizer. Essas meninas chamam muito a minha atenção. São artistas excelentes, muito bacanas e nacionais. É importante a gente valorizar o que a gente tem aqui também. Claro, Elza e Rita são já patrimônios, né, mas é bom a gente falar sobre artistas novas também, sobre essa mulheres que estão aí fazendo trabalhos incríveis.

E: Bom, você citou mulheres de vários gêneros musicais diferentes e eu vi também que você é formada em canto erudito. O que te levou a ir para esse lado do gênero mais Pop, R&B e Soul?

I: Então, o canto lírico entrou muito cedo na minha vida, sabe? Eu tive contato com a música clássica com uns sete anos de idade, porque eu entrei num coral no Rio, o da UFRJ e fiquei até os onze. Depois, eu fui embora do Brasil. Mas, nesse coral, a gente fazia apresentações no Teatro Municipal, na Casa Cecília Meireles, então eu acabei me inserindo muito cedo no mundo da música e, graças a Deus, sempre muito incentivada pelos meus pais, sempre tive todo o apoio. E aí segui, fiz o coral. Depois, na Europa, eles acabam valorizando mais, dando mais atenção à arte na escola de uma forma geral, eu sinto isso. Pelo menos do que eu conversei já e já entendi do sistema educacional do Brasil eu vejo que lá fora a gente tem esse leque de opções, sabe, de poder fazer um curso teatro na escola, temos aula de coral, temos aula de música, temos aula de culinária, temos aula disso, aula daquilo, coisas que eu vejo com mais dificuldade aqui, e principalmente eu estou falando de uma coisa de 10, 15 anos atrás, quando eu tinha 11, 12 anos. Lá na Europa, eles acabam tendo muita influência do canto erudito, do clássico. Eu lembro que eu tinha apresentações na escola mais voltadas para o clássico, eu lembro que também comecei a ter professoras de canto que tinham essa base e também nos passeios da escola eles levavam a gente a óperas e a consertos, então não tinha muito como fugir. Só que tem uma certa idade que você fala “não, eu estou ouvindo isso aqui por conta da escola, por um lado mais acadêmico, mas eu quero me inserir dentro do que está acontecendo na rádio”. É meio inevitável que isso aconteça, né? Então eu comecei a ouvir Pop, mas a minha família sempre teve uma base muito eclética. Meu pai começou a consumir muita coisa da época dele, dos anos 70, 80; então o rock clássico, disco music, soul; e minha mãe para um lado mais Soul Brasil, bem nacional. Então eu comecei a ouvir aquilo tudo e falei: “Opa, pera aí. Deixa eu agora escolher o que que a Isadora vai ouvir”, mas a Isadora ouviu a Diana Ross, que está aqui (apontando para o quadro da cantora), o Stevie Wonder, que está aqui. E aí, dentro desse universo ainda muito voltado ao Soul, ao Black Music e o Pop. E aí, quando eu vim para o Brasil, eu falei “cara, eu vou começar a estudar música, vou me especializar nisso, quero me aprofundar nesse universo que é o que eu quero para mim”. Então eu tive a oportunidade de fazer faculdade de música – canto erudito-, me formei. Para mim até que foi muito legal, mas assim, eu digo que a gente que faz a nossa faculdade e essa faculdade especificamente a gente precisa vivenciar muito fora e eu comecei a trabalhar cedo na noite e dentro da noite, eu falei “Tá, eu vou me inserir numa banda Pop que tem que cantar Bruno Mars, que é um Pop mais vintage, mais Soul” e aí por aí começou essa minha busca, essa minha trajetória pelo R&B, pelo Pop e tudo mais. Então, eu cresci ouvindo muita coisa diferente, e aí o R&B não deixa de ser uma mistura dessas sonoridades e o R&B está se tornando um pouco mais comercial hoje aqui no Brasil e lá nos Estados Unidos ele já é bem comercial.

Foto: Reprodução Instagram (@eumesmaisadora)

E: A Ariana Grande, por exemplo, puxa bastante para esse lado.

I: Totalmente influenciada pelo R&B. Produção, aquelas aberturas de vozes, a composição… E isso, de fato, é muito radiofônico lá, mas lá já começou a ser radiofônico no final da década de 90, 2000 e algumas coisas começaram a vir para cá em 2000, tanto que a gente vê Usher, a própria Beyoncé com o Destiny’s Child antes de virar  a Beyoncé solo, então isso começou a se projetar muito aqui, mas só agora que isso está ganhando uma dimensão um pouco maior.

E: Você planeja algum dia voltar às suas bases, voltar às suas raízes, para um lado erudito, um lado mais clássico? Ou você vai só vai seguindo e vendo no que vai dar?

I: Eu acho que o mercado lírico, para eu me inserir nisso, tem que haver um estudo constante, sabe? Eu não deixei de estudar, mas hoje estou mais focada no Pop, no autoral, composição, etc. Então, para seguir isso à risca e voltar a isso, eu teria que me dedicar muito para conseguir chegar num lugar que me desse, talvez, uma certa exposição e isso no Brasil é muito difícil. É um caminho que, obviamente, pode acontecer com todo o esforço e dedicação, mas eu sinto que preciso optar. Mas as minhas raízes estão de alguma forma inseridas dentro do meu canto, dentro do meu estudo… Então, é tentar manter isso em paralelo – obviamente não vai estar tão evidente -, mas quem me conhece pode falar “putz, esse agudinho aqui é da Isadora, porque ela estudou canto lírico”, como a maioria dos alunos que teve uma formação clássica e até hoje quando você ouve, é uma voz que tem um agudo, um controle, talvez, porque o lírico te dá esse controle melhor, essa técnica melhor, esse embasamento todo do canto.

E: Sim, dizem que o canto lírico é a base para os outros gêneros que nem dizem que o ballet é a base de todos os tipos de dança.

I: É tipo isso, você pode fazer o ballet e depois se inserir no Jazz ou na dança contemporânea. Mas, de fato, o ballet serve como uma base. O lírico também, de uma certa forma. Mas existem pontos de estudo, tipo “vou focar nisso aqui meu estudo de canto”. Porque o canto não é como a dança que você pode ficar horas treinando – até a dança, talvez, seu corpo acorde muito cansado -, mas para o canto o indicado é que você treine de 15 a 30 minutos por dia e não passe muito disso, porque pode causar uma fadiga vocal, você começa a ficar um pouco cansado, porque é um músculo difícil de ser trabalhado tipo um piano que você pode ficar horas tocando. Enfim, e aí, você tem que ter foco.

E: Para encerrar esse papo ótimo, eu queria que você passasse uma mensagem para as meninas e mulheres que têm um sonho.

I: Cara, eu acho que as mulheres têm sempre que se autoafirmarem. Como a sociedade sempre aponta, como a gente estava falando antes, a gente tem que falar uma para a outra isso, a gente têm que falar isso em voz alta para a gente acreditar que é possível alcancar o que a gente deseja, conquistar os nossos sonhos, por mais que tenha obstáculos, por mais que seja um caminho longo com altos e baixos. Eu acho que a pessoa não pode se limitar de forma alguma, porque essa Mulher 21, essa mulher contemporânea, ela vem para mostrar o quanto a mulher é forte sim, existe uma vulnerabilidade em todos e não só na mulher e a gente tem que sonhar alto mesmo, batalhar pelos nossos desejos e podemos ser quem a gente quiser. Temos várias mulheres dentro de uma só, então eu acho muito importante a gente sempre falar abertamente sobre o assunto de violência doméstica, o assunto do aborto, qualquer pauta feminina que for necessária, colocar mais mulheres na política. É muito importante que a gente pesquise e vote nas nossas candidatas porque elas vão ter papel de nos representar também. E é isso, vamos em frente, vamos seguir, porque a próxima geração está vindo também, espero que com uma cabeća cada vez mais aberta, cada vez mais aceitando e respeitando a posição e o lugar do outro.

E você? Se pudesse mandar uma mensagem para as mulheres, o que diria? Conta para a gente no Twitter, Face e Insta do Entretetizei. <3

 

*Créditos da foto de destaque: Tamara Cristina

plugins premium WordPress

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Acesse nossa política de privacidade atualizada e nossos termos de uso e qualquer dúvida fique à vontade para nos perguntar!