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Autor:Stéfane Goulart
Jornalista de formação, questionadora ao extremo e redatora colaborativa no Entretetizei. Encantada por tudo que envolve comunicação, literatura, diferentes pontos de vista e textos impactantes que soam como desabafos.
O Legado de Júpiter e sequência de Lucifer e Quem Matou Sara? são destaques do mês na Netflix
A Netflix liberou a lista de novidades com filmes, séries e documentários que chegam na plataforma de streaming em maio. De antemão, a gente separou para você os maiores destaques do mês:
O Legado de Júpiter
https://www.youtube.com/watch?v=78QltZcT7Ws
Em primeiro lugar, os fãs de HQs podem vibrar com esse lançamento: O Legado de Júpiter, nova série original Netflix e baseada nos quadrinhos de Mark Millar, vai estrear no dia 7 de maio.
Quando a primeira geração de super-heróis precisa passar o bastão para os filhos, as tensões aumentam — e as antigas regras não se aplicam mais. Com Josh Duhamel e Leslie Bibb.
Lucifer – 5ª temporada, parte 2
Quem estava aguardando ansioso pela continuação da 5ª temporada de Lucifer pode comemorar, finalmente. A parte 2 estreia na plataforma no dia 28 de maio, trazendo um retorno memorável do nosso diabinho favorito (Tom Ellis) à terra dos vivos, para fazer as pazes com a detetive Chloe (Lauren German).
Quem Matou Sara? – 2ª temporada
A produção mexicana Quem Matou Sara? faz um rápido retorno para sua segunda temporada cheia de mistérios, segredos e reviravoltas alucinantes. Agora, para se vingar, Alex(Manolo Cardona) terá que revelar o lado mais sombrio da irmã e aceitar o fato de que nunca conheceu a verdadeira Sara (Ximena Lamadrid). A estreia está prevista para o dia 19 de maio.
Special – 2ª temporada
Na nova e última temporada de Special, Ryan(Ryan O’Connell), afastado da mãe, continua explorando o mundo por conta própria, enfrentando todos os altos e baixos da vida e do amor. A série aborda temas como capacitismo, inclusão e amor LGBTQIA+ e retorna para seu encerramento no dia 20 de maio.
A Mulher na Janela
Por último,o longa-metragem A Mulher na Janela, dirigido por Joe Wright (Orgulho e Preconceito, 2005) e estrelado por Amy Adams, estreia no dia 14 de maio. O suspense conta a história de Anna, uma psicóloga que sofre de agorafobia e desenvolve uma obsessão com seus novos vizinhos, querendo resolver um crime violento que testemunhou de sua janela. A produção também conta com os veteranos Gary Oldman e Julianne Moore.
Confira a lista completa de lançamentos:
01/05:
Death Note
Death Note II – O Último Nome
Death Note: Iluminando um Novo Mundo
02/05:
Operação Overlord
04/05:
Selena: A Série – Parte 2
Zé Coleta: Temporada 2
05/05:
Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração: Minissérie
07/05:
O Legado de Júpiter: Volume I
Garota de Fora: Temporada 2
Monstro
500 Mil Quilômetros
08/05:
The Bold Type: Temporadas 1, 2, 3 e 4
10/05:
Boi Neon
11/05:
Outlander: Temporada 5
Explicando… Dinheiro: Minissérie
12/05:
Família Upshaw
Oxigênio
Peter Tatchell: Do Ódio ao Amor
13/05:
Amor, Casamento e Divórcio
Castlevania: Temporada 4
14/05:
Love, Death & Robots: Volume 2
Eu Vi: Temporada 3
A Caminho do Céu
A Mulher na Janela
Ferry
15/05:
Sicario: Dia do Soldado
Irmã Dulce
Kuroko no Basket
19/05:
Quem Matou Sara?: Temporada 2
The Last Days
20/05:
Special: Temporada 2
21/05:
O Vizinho: Temporada 2
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
Jurassic World: Acampamento Jurássico: Temporada 3
22/05:
Olá? Sou Eu!
26/05:
O Divino Baggio
Da África aos EUA: Uma Jornada Gastronômica: Minissérie
Atentados em Londres
27/05:
Milagre Azul
Soy Rada: Serendipia
Eden: Temporada 1
28/05:
Lucifer: Temporada 5 – Parte 2
O Método Kominsky: Temporada 3
EncrenCão
29/05:
O Mito de Sísifo
31/05:
Imóveis de Luxo em Família
Em breve (ainda sem data definida):
Ragnarok: Temporada 2
HALSTON
Loucos Um Pelo Outro
Racket Boys
E aí, ansioso para os lançamentos de maio da Netflix? Para essa e outras novidades, siga o Entretetizei láno Instagram, TwittereFacebook.
Continuação do suspense mexicano Quem Matou Sara? estreia na Netflix no dia 19 de maio
A Netflix liberou hoje (27) o trailer eletrizante da 2ª temporada de Quem Matou Sara? e a sequência promete! O retorno da série, que deixou todos os telespectadores desejando saber o que aconteceu, já está programado para estrear na plataforma de streaming no dia 19 de maio.
A sinopse oficial da nova temporada traz ainda mais mistério: “O passado sempre volta. Há 18 anos, a morte de Sara mudou o destino de Alex Guzmán e da família Lazcano. Agora, em seu plano de vingança, Alex vai precisar ter cuidado, pois há segredos que estão fora de seu controle – saber quem realmente era Sara é apenas o começo.”
Confira o trailer abaixo:
Quem Matou Sara?, dirigida por David “Leche” Ruiz, Alfonso Pineda e Carlos Bolado, segue a história de Alex Guzmán (Manolo Cardona) que, após ficar 18 anos detido ao ser acusado pelo assassinato da própria irmã (Ximena Lamadrid), resolve se vingar da poderosa família Lazcano, que ajudou a incriminá-lo. Com roteiro de José Ignacio Valenzuela, anarrativa se desenrola com drama, suspense, romance, sexo, traições, violência, mistério e muitas reviravoltas.
Com55 milhões de assinantes na primeira temporada, a produção mexicana atingiu o primeiro lugar em diversos países, incluindo o Brasil, tornando-se a série de língua não inglesa mais assistida da Netflix e superando sucessos como La Casa de Papel (2017), Desejo Sombrio (2020) e Elite (2018).
Repercussão da série
No Twitter, a Netflix divulgou algumas imagens da nova temporada de Quem Matou Sara? junto com o anúncio da continuação.
Os mistérios e reviravoltas são tamanhos que os fãs da produção estão loucos tentando desvendar todos os segredos que a série trouxe na primeira temporada, mas, com o trailer liberado, parece que tem ainda mais suspense!
fui ver o trailer da segunda temporada de quem matou a sara e tô mais confusa do que antes
Com expectativas elevadas, o clipe de Girl From Rio tem estreia prevista para a próxima semana
Anitta liberou, nesta sexta-feira (23), a capa de seu tão esperado clipe Girl From Rio, primeiro single do álbum de mesmo nome que traz a nova era da cantora. Na foto, ela aparece em cima de uma cadeira de plástico azul, de biquíni verde limão, camiseta branca e cabelo molhado, bem praiana. Com a mão na cintura, posa na frente de um ônibus colorido estilo retrô, que traz na sinalização o nome do single, a data de nascimento de Anitta e seu nome artístico, além de ter como destino o Piscinão de Ramos, local onde o clipe foi gravado, em novembro de 2020.
Junto com a capa, foi divulgado o link de pré-save da canção na Apple Music e no Spotify. O clipe de Girl From Rio, em inglês, será lançado na próxima sexta (30). OInstagram oficial de Anitta vem postando textos e fotos de várias mulheres com a temática “Girl From Rio” há quase um mês. A divulgação está pesadíssima!
O que sabemos até agora de Girl From Rio
A locação do clipe de Girl From Rio, o Piscinão de Ramos, foi a escolha de Anitta e sua equipe por ter sido o primeiro local em que a cantora fez um show gratuito em 2012, pouco antes do lançamento do icônico Show das Poderosas.
“Repleto de gente alegre, festeira, despreocupada e colorida, o Piscinão já recebeu 60 mil pessoas em suas areias e águas em um final de semana. Meu primeiro grande show gratuito foi no Piscinão de Ramos, na virada de 2012, há nove anos, marcando minha carreira para sempre.” compartilhou Anitta em seu Instagram.
Sobre a sonoridade da música, tivemos o spoiler de que será um trap e terá um sample de uma música brasileira conhecidíssima. Todas as apostas recaem em Garota de Ipanema, hit composto por Tom Jobim e letrado por Vinicius de Moraes em 1962, que alcançou fama mundial e é extremamente reconhecido até os dias de hoje. “Essa [Girl From Rio] é minha música favorita entre todas que já fiz até hoje. Eu quero que as pessoas conheçam o Brasil e minha música” disse a cantora em entrevista para a Billboard, no tapete vermelho do Latin American Music Awards.
Anitta explicou que o clipe de Girl From Rio visa transmitir o Rio de Janeiro através de seus olhos, e não da maneira que a cidade é conhecida internacionalmente. Nascida em Honório Gurgel, bairro da zona norte do Rio, ela começou sua carreira cantando nos bailes da favela e enfrentou muito preconceito por cantar funk, ritmo socialmente marginalizado, até conseguir alcançar o sucesso.
A direção criativa do clipe será assinada por Giovanni Bianco, que já fez campanhas para Miu Miu, Versace e Dolce & Gabanna, além de ter sido responsável pela arte de Bang, grande sucesso de Anitta lançado em 2015. O projeto também tem a participação dos fotógrafos Kevin Yule e Marcos Florentino, e conta com a direção geral de Jeff Selis, conhecido por trabalhos como Formation e Pretty Hurts, de ninguém mais, ninguém menos que Beyoncé. Incrível, né?
Como está seu nível de animação e ansiedade para esse lançamento? Para acompanhar essa e outras notícias, siga o Entretetizei no Insta, Twitter e Face!
Atriz, roteirista, cineasta e premiada: em entrevista exclusiva ao Entretetizei, Karine Teles compartilha que ainda teme a falta de garantias na carreira
Karine Teles é talento da cabeça aos pés. Não há como começar essa matéria sem que esse adjetivo seja atribuído a ela. Com quase 30 anos de uma carreira repleta de personagens complexas e cheias de camadas, a atriz petropolitana começou a atuar aos 14 anos, no teatro, enquanto residia com a família em Maceió. Graduada em Teatro pela Unirio, Karine se encontrou na carreira de atriz. No entanto, nunca se acomodou em personificar as narrativas alheias. Através da escrita, descobriu que poderia contar suas próprias histórias.
Sua primeira aparição oficial no cinema foi com o clássico Madame Satã (2002), dirigido por Karim Aïnouz, que a convidou para participar das filmagens. Antes, Karine trabalhava como assistente pessoal do cineasta, sendo responsável pela organização de sua agenda e eventos marcados. Encantada pelas artes cênicas, escreveu seu primeiro roteiro em 2004, na peça teatral Os últimos dias de Gilda, baseada na obra de Rodrigo de Roure. A peça, anos depois, se transformaria em uma série de mesmo nome que, inclusive, foi selecionada para a 71ª edição do Festival de Berlim, que ocorreu virtualmente no início de março. Um sucesso.
A primeira protagonista
Foi com o filme Riscado (2010), dirigido por Gustavo Pizzi (com quem foi casada durante 12 anos e teve gêmeos), que Karine Teles mergulhou completamente na construção visceral de sua primeira protagonista — e também a mais marcante de sua carreira. A personagem Bianca nasceu de um grito de libertação, e muito de sua história foi baseado na trajetória da própria Karine, que escreveu, roteirizou e interpretou a atriz em ascensão que seria um divisor de águas em sua carreira.
Riscado ganhou diversos prêmios e foi destaque no Festival do Rio, que lhe proporcionou o troféu de Melhor Atriz, e no Festival de Cinema de Gramado. “Eu acho que eu fui para essas outras áreas [roteirista e cineasta] por necessidade, por vontade de me expressar. Eu comecei a escrever desde o meu primeiro projeto no cinema porque eu não sabia onde fazer teste, não sabia como entrar no mercado de cinema. Então, eu resolvi escrever uma história para mim, para eu mesma fazer.” conta a atriz.
Projeção nacional
Cinco anos após sua estreia oficial no cinema, Karine Teles viu sua vida ser sacudida novamente. Com direção de Anna Muylaert, o premiadíssimo Que horas ela volta? (2015) foi eleito pela Abraccine (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema) como o melhor filme do ano, e repercutiu nacional e internacionalmente, ganhando sete estatuetas Grande Otelo (Grande Prêmio do Cinema Brasileiro), um prêmio no Sundance Festival, entre vários outros. No papel da mesquinha patroa Bárbara, Karine se viu desafiada ao interpretar alguém com uma essência tão distinta dela mesma.
“Ela [Bárbara] é uma personagem muito importante na minha história. Pelo filme, que é muito importante para o país, para a nossa história cinematográfica; e para mim, como atriz, porque eu tive que fazer uma personagem que era muito diferente de mim, muito. Eu tive que trabalhar pelo avesso, tentando lembrar de pessoas que haviam sido comigo como a Bárbara é como os outros. Uma identificação avessa.” explica.
Consolidação
Em 2018, Karine Teles se reuniu com seu então ex-marido e pai de seus filhos, Gustavo Pizzi, e juntos roteirizaram o aclamado Benzinho (2018), também dirigido por ele. Dando vida à Irene, mãe de quatro filhos, a atriz comove ao retratar a maternidade real e a partida dos filhos quando resolvem sair de casa para viverem suas vidas. O longa, que também conta com a participação da majestosa Adriana Esteves como Sônia, irmã de Irene, foi o mais premiado de 2018, ganhando o prêmio Grande Otelo em seis categorias e quatro Kikitos no Festival de Gramado.
Poucos meses depois do sucesso de Benzinho, Karine foi convidada por Kleber Mendonça Filho a integrar o elenco de um filme que ele iria dirigir. Lendo o roteiro, ela se deu conta de que o projeto seria fantástico, e aceitou o convite, mesmo sem saber qual papel a aguardava. Corta pra Cannes: Bacurau (2019) vence o prêmio do júri e faz história, figurando em inúmeros festivais nacionais e internacionais. Repleto de cenas violentas e esteticamente impactantes, o filme prova mais uma vez a versatilidade de Karine Teles ao interpretar uma personagem cruel e completamente sem escrúpulos.
O Entretetizei teve o imenso prazer de conversar com Karine Teles durante a última semana da Mostra Audiovisual de Petrópolis, que aconteceu virtualmente do dia 19 a 28 de março. A atriz ministrou a masterclass Descobrindo Caminhos, onde dividiu suas dicas e conselhos sobre jornadas de carreira possíveis com os participantes do evento.
Confira a entrevista a seguir:
Entretetizei: Você é atriz, roteirista e diretora, e está com um projeto de dirigir um filme. Você tem alguma predileção por alguma dessas áreas específicas, ou pretende continuar fazendo de tudo, unindo tudo?
Karine Teles: Eu já dirigi dois curtas. Um já estreou, o outro não. Eu escrevi um roteiro e queria fazer, e na época eu achei que a melhor forma seria eu mesma dirigindo, então chamei alguns amigos e fiz um primeiro curta experimental chamado Otimismo. Participou de alguns festivais, algumas vezes passava no Canal Brasil. É um curta feito com fotografia animada, quase uma animação.
E: Legal!
KT: Eu gosto muito dele. Depois eu escrevi um outro curta que também era isso. Porque, no cinema, quem dirige é a pessoa que domina, que junta todas as narrativas. A narrativa do roteiro, a narrativa das interpretações, a narrativa da direção de arte, a narrativa da fotografia. Quem dirige é a pessoa que orquestra todas essas camadas narrativas (…) então percebi que tinha algumas questões que eu queria discutir, que eu queria transformar em filme, e então entendi que eu precisava dirigir. Pode ser que depois eu nunca mais volte a dirigir, pode ser que eu volte… Não sei, é a necessidade do momento, sabe? Eu sou atriz, é meu ofício há 28 anos, é o que eu escolhi fazer, o que eu amo fazer, acho que minha profissão principal é essa. Mas eu sou uma atriz e autora, gosto de contribuir com a minha perspectiva para as narrativas. Então, ou eu estou em projetos que queiram isso, que queiram atores e atrizes autores, ou eu estou fazendo projetos que eu mesma desenvolvi, porque aí também é a minha fala, e eu faço essas coisas porque é minha vontade de me expressar.
E: Sobre o filme que você dirigiu… Eu ia até te perguntar se ele já está pronto, se já tem previsão de lançamento. É o Princesa né?
KT: Não, o Princesa eu terminei o roteiro e a gente está começando a procurar uma forma de financiar. Não tem nenhuma previsão. Eu dirigi outro curta chamado Romance, que está pronto e a gente está começando a escrever em festivais. Vamos ver onde ele vai estrear. Talvez estreie esse ano. Vamos ver. A gente esperou um pouco para entender se os festivais iam voltar a ser presenciais ou não. Então, como eu tenho a promessa do segundo semestre em alguns países, em alguns festivais, vou estar em alguns presenciais. A gente está começando a mandar, vamos ver. Mas ainda não tem previsão de estreia também não.
E: Ah, sim. E como tem sido para você unir a profissão e tudo o que você faz ao mesmo tempo com a quarentena? Como tem sido esse momento?
KT: Fases, né? Às vezes dá, às vezes não dá. Acho que como todo mundo, [tenho] altos e baixos. Tive momentos de nenhuma energia criativa, não ter vontade de produzir nada. Tive momentos de produção intensa, onde trabalhei muito nos meus projetos, nos meus roteiros. Tive um momento em que eu trabalhei como atriz, eu filmei uma série para a Amazon durante dois meses e meio. Então, vários momentos assim. Eu acho que como está acontecendo uma coisa com o mundo todo, a gente está compartilhando esse perrengue, todo mundo entende as dificuldades e os esforços extras que tem de se fazer. Eu acho que é tudo mais cansativo, tanto criar quanto participar da criação alheia. Acho que é muito mais difícil, muito mais cansativo nesse momento porque a gente está vivendo uma tragédia. A gente está vivendo uma guerra, a terceira guerra mundial, o mundo inteiro está lutando contra ele mesmo. É uma guerra que nós lutamos contra nós mesmos. Contra nossa própria ignorância, nossa própria burrice, nosso próprio egoísmo. É o mudo inteiro lutando contra o mundo da humanidade, então é muito cansativo. Em alguns momentos eu tenho conseguido trabalhar, em outros não. Acho que como todo mundo.
E: Eu acho que o pior disso tudo é não saber muito bem pra onde a gente vai, como a gente vai e quando isso tudo vai acabar. Então se torna muito mais desesperador, né? É complicado ter momentos de otimismo, mas mesmo assim, seguimos tentando.
Você tem 28 anos de carreira. São quase 30 anos atuando e roteirizando, você já fez de tudo um pouco. E personagens muito distintas entre si. Teve Bianca, de Riscado; Irene, de Benzinho; Bárbara, de Que hora ela volta?, Ângela, Lolita Rodrigues, Gilda, dentre várias outras. Qual personagem que mais te marcou e qual você mais se identifica?
KT: Eu acho que no meu trabalho eu acabo me identificando com todas as personagens, porque, para mim, a personagem não existe. Existe eu, encontrando em mim ferramentas que sirvam para contar aquela história. Então, eu procuro lugares para me identificar com as personagens, e tenho identificação com todas as personagens que eu faço. Para o bem ou para o mal. Às vezes, a identificação vem ao contrário (…)
A Bianca eu acho que pra sempre vai ser a personagem mais importante da minha vida, foi a que me fez começar minha carreira no cinema. A que me proporcionou realizar meu desejo de tantos anos. Eu tenho 28 anos de carreira, mas eu só vivo exclusivamente do meu trabalho de atriz há mais ou menos dez anos. Eu sempre tive profissões paralelas, sempre fiz outras coisas para ganhar dinheiro. Para sobreviver, para pagar minhas contas. Eu moro sozinha desde os 17 anos de idade, trabalho desde os 14. Sempre tive outra fonte de renda, porque o caminho que eu escolhi seguia a carreira artística, e era um caminho que não me dava um retorno financeiro muito rápido. Continua não dando.
E: É muito incerto no Brasil.
KT: É. Hoje em dia eu consigo viver do meu trabalho, mas ainda fico o tempo inteiro atenta. “Tem esse trabalho aqui”, “qual vai ser o próximo?”, eu não fico tranquila. Espero um dia conseguir ficar tranquila.
E: Pensar: cheguei lá, agora, não preciso mais trabalhar.
KT: Não, não é não trabalhar. É saber que vou ter trabalho. Tranquila nesse sentido. Eu adoro trabalhar, eu gosto muito de estar em cena, realmente eu sou muito apaixonada. Não fico tranquila de achar que eu sempre vou ter trabalho.
E: Vamos falar um pouquinho sobre as premiações. Você é uma artista super premiada, começou com Riscado. Foi um filme muito aclamado e que te trouxe projeção nacional. Depois veio Benzinho, extremamente premiado, super reconhecido lá fora. Logo após, veio esse estouro absurdo que foi Bacurau. Como foi essa experiência pra você? Manter o pé no chão, mas, de certa forma, pensar “nossa, o meu trabalho rendeu todos esses frutos, eu cheguei nesse ponto”?
KT:Eu acho que essas premiações vieram em um momento na minha vida em que eu já estava nessa profissão há muito tempo. Em Riscado, eu já era atriz há mais de 14 anos. Então, de alguma maneira, eu encarei os prêmios mais como um estímulo para não desistir, para continuar, do que uma sensação de vitória, ou “conquistei um lugar ao sol”, o que não é verdade, ao meu ver. Eu fico muito agradecida, muito honrada por ter recebido prêmios com o meu trabalho. Mas às vezes tem aquele dia que você pensa “caramba, vai acabar esse projeto em que eu estou trabalhando e não tenho outro em vista”. Por exemplo, no ano que Benzinho estreou eu fiquei sete meses desempregada. Eu encontrava as pessoas na rua e elas falavam “ai, que sucesso, tá cheia de prêmio,parabéns, tá arrasando!” e eu falava “é, mas eu tô desempregada.”
E: O tempo é muito diferente… Quando está chegando pra gente, é uma coisa que você já fez, às vezes, há dois anos.
KT: Exatamente! Você ganhou aquele cachê dois anos atrás e não tem nem um tostão daquele dinheiro, você ganha um prêmio e o prêmio não te dá dinheiro nenhum também, na maioria das vezes. Gramadoaté tem uns anos que dá um dinheirinho. Eu lembro que teve um ano que eu ganhei,e teve um cachê que salvou minha vida. Geralmente não tem não, é um reconhecimento. Então, os prêmios para mim vêm muito nesse lugar de serem um estímulo para não desistir, de pensar “alguma coisa você está fazendo direito, força aí!”. Eu fico muito feliz de ser indicada, de ser lembrada, mas sempre pensando que são um combustível que eu ganho para seguir a viagem.
E: Você é uma excelente atriz, isso é inegável. E uma excelente roteirista também. De onde vem essa inspiração, essa força interior que te ajuda a interpretar personagens tão diferentes de você, como foi a Bárbara, que você citou? A gente consegue olhar para ela e entender minimamente o que ela está passando, mas ela é uma personagem muito eficiente em fazer com que você sinta muita raiva dela. E também a forasteira, de Bacurau… De onde vem essa naturalidade para você interpretar essas personagens? Você é muito natural na sua atuação, foi construído? Sempre foi assim?
KT: Eu acho que é uma mistura de muita coisa. Eu sempre gostei muito de ler, sempre gostei muito de ver filme. Eu vejo filmes diariamente, tem dias que mais de um. Se eu passo um dia sem ver um filme, já começo a ficar nervosa. Vou muito ao teatro, observo muito o trabalho de outros autores. Eu pesquiso, já trabalhei com grandes atores com quem aprendi muito. Trabalhei com diretores com quem aprendi muito. Eu acho que é um acúmulo de experiências, e que meu trabalho como atriz dentro de um filme é tão importante quanto o trabalho de um diretor de fotografia, do cenógrafo, do maquinista, do eletricista. Quando você está fazendo um filme, se qualquer uma dessas coisas estiver fora do lugar, o filme não acontece. Então, é um exercício de presença, um exercício de se preparar, entender onde você está, do que você está falando, quem é a sua personagem, o que ela representa naquela história. E ter toda essa segurança para estar na frente da câmera, presente, reagindo ao que está acontecendo. Reagindo ao outro ator, à luz, ao texto, ao cenário, à locação, ao lugar que você está. Fico feliz quando as pessoas falam isso para mim, porque é o tipo de interpretação que eu gosto quando vejo, nos outros, e me inspiro em grandes atrizes para aprender, sempre. Acho que a gente está sempre descobrindo novos caminhos, novas formas. Acho que é o exercício, eu estou o tempo inteiro pensando nisso.
E: E você sempre está trabalhando, o tempo inteiro. Você falou que todo dia assiste filmes, consegue desligar essa parte sua e pensar “vou ver este filme por entretenimento”?
KT: Consigo! Adoro ver filme besteirol.Amo comédia sem conteúdo, musicais bobos, animações da Disney. Consigo super! Claro que tem um limite da qualidade da coisa também, um troço muito ruim não vai dar.
E: E o que tem te distraído em relação a filmes, séries? O que gosta de assistir e ouvir?
KT: Eu estou em uma fase de muito trabalho, então não tenho conseguido assistir tanta coisa. Eu gosto muito de ouvir música. E toda noite eu assisto um filme com meus filhos, que têm 10 anos, então tem uma curadoria mais leve. Por mais que a gente adore filmes de super-heróis, Star Wars, essas coisas. Eles descobriram agora Modern Family, que é uma série americana que acabou de encerrar na 11ª temporada. Eu amo aqueles atores, acho maravilhosos. Eles estão achando divertidíssimo assistir, então a gente passou a ver do começo. Morro de rir e fico muito emocionada com comédia, com bons atores de comédia. Sempre falei isso. A Tatá Werneck, por exemplo, eu choro às vezes de emoção com a interpretação dela, de tão foda que ela é como atriz, como comediante. Às vezes a gente assiste algumas animações da Pixar, eu adoro os curtas deles. São coisas de muita qualidade com as quais a gente aprende pra caramba também, tanto eu, quanto eles. Mas são coisas que dão uma relaxada, não tenho conseguido assistir nada muito pesado, não. Porque a vida já está [pesada]. O Brasil, a pandemia, tudo.
E: Para encerrar, eu gostaria que você falasse sobre seus projetos futuros. Você falou que está trabalhando muito, além dos longas que você dirigiu. O que você tem pra frente?
KT: Tem essa série que eu filmei, que imagino que estreie por volta do meio do ano, chama Manhãs de Setembro. Vai estrear na Amazon Prime, com a maravilhosa Liniker, que é a protagonista. Tem Paulo Miklos, Gero Camilo, Linn da Quebrada. Um elencão e um roteiro lindo, dirigido pelo Luís Pinheiro e a Dainara Toffoli.Estou ansiosa para essa estreia. Tem um filme que eu fiz com o Gustavo Rosa de Moura, que é um diretor de São Paulo, com a Andrea Beltrão, uma das minhas musas inspiradoras. Acho ela uma gênia. Aprendo muito, e tive a felicidade de contracenar com ela em três projetos, recentemente!
Eu dirigi um espetáculo online chamado Morra, Amor, que teve apresentações no final do mês passado, e estou fazendo agora, neste momento, até domingo, um espetáculo online como atriz, para o Festival de Arte de Hong Kong. É um elenco de seis atores, cada um de um país, e a gente faz um espetáculo baseado n’A Peste, de Camus. É uma adaptação para o teatro de um dramaturgo inglês, o diretor é chinês, a dramaturga e a cenógrafa, diretora de artes, são australianas. Tem eu do Brasil, um ator da Inglaterra, um do Líbano, um da África do Sul, uma da China e um dos Estados Unidos. São apresentações ao vivo, todo dia de manhã, por causa do fuso horário. Foi um trabalho puxado, bem chato. A gente trabalhou muito, e agora está acabando a temporada. Só que do Brasil não dá para assistir por questão de direitos autorais. O sinal só fica aberto para Hong Kong. Então não dá para ver aqui, mas é o que está rolando, até domingo é isto o que eu estou fazendo. Depois eu espero conseguir descansar um pouquinho, porque eu estou em uma batida puxada há um tempo. Mas um pouquinho só, volto a trabalhar logo depois.
Confira abaixo os melhores momentos da entrevista com Karine Teles:
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Com elenco de peso, longa acerta ao suscitar o debate sobre um tema considerado tabu: o suicídio assistido
Atenção: o texto pode conter spoilers.
Uma família se reúne na casa de praia da matriarca, para se despedir, em um final de semana repleto de memórias, desentendimentos, nostalgia, lágrimas e verdades escancaradas aos gritos. Esse é, basicamente, o enredo de A Despedida (título nacional para Blackbird, 2019), dirigido por Roger Michell e adaptado do drama dinamarquês Coração Mudo (Silent Heart, 2014).
Protagonizado pela veterana do cinema, ativista eganhadora do Oscar Susan Sarandon, o filme pode ser descrito como um dramalhão familiar bem executado e extremamente sensível, mas sem se deixar levar pelo piegas. No entanto, isso não impede que ele se apoie confortavelmente em alguns clichês ao longo da narrativa.
Lily, interpretada de forma notável por Sarandon, é uma jovem senhora de classe média, casada com o médico Paul (Sam Neill). A vida de ambos seria perfeita, se não fosse um porém: Lily sofre de esclerose lateral amiotrófica. Conhecida como ELA, a doença degenerativa avança e a impede de mover um dos braços, causando dor e reduzindo absurdamente sua capacidade motora também ao andar. Diante desse cenário, ela toma uma decisão drástica, que se torna responsável pela união imediata da família. Lily opta por planejar e determinar a data de sua partida antes que a doença avance ainda mais e a deixe completamente imobilizada.
Com a aprovação de seu parceiro, o plano é delineado e comunicado ao restante da família. A matriarca, serena e decidida, convoca seus entes para um final de semana de despedida. E é assim que a trama dá seus primeiros passos. Os conflitos, antigos e atuais, vêm à tona.
“Can we all behave as normally as possible?”
A união de toda a família gera momentos curiosos, constrangedores, bem-humorados, tocantes e, acima de tudo, reflexivos. Lily tem duas filhas: a rígida e conservadora Jennifer, vivida pela sempre impecável Kate Winslet, e a inconstante Anna (Mia Wasikowska). Ambas levam seus cônjuges: Michael (Rainn Wilson, conhecido por seu papel marcante como Dwight, em The Office) e Chris (Bex Taylor-Klaus). Também estão presentes o adolescente Jonathan (Anson Boon), neto de Lily e único filho de Jennifer e Michael, e Liz(Lindsay Duncan), melhor amiga de décadas do casal protagonista e sempre presente na família.
Filmado a maior parte do tempo dentro da casa de praia, o longa-metragem mira bem e acerta no alvo ao priorizar as atuações, os olhares, silêncios e diálogos do elenco de peso selecionado para dar vida aos personagens do remake. O roteiro foi intencionalmente escrito por Christian Torpe, também responsável por escrever a obra original, de 2014, e enfatiza as relações humanas e os laços que são fortalecidos ao longo da vida.
“Once we set a date, I stopped worrying about dying, and I could focus more on living.”
A construção da narrativa de Lily
Para quem assiste A Despedida, fica claro que Susan Sarandonbrilha e rouba toda a atenção para si, em uma atuação segura e repleta de certezas. É até difícil imaginar que o papel iria, inicialmente, para outra grande atriz de renome e carreira notável: Diane Keaton. Em 2018, com o filme ainda em pré-produção, foi noticiado pelos veículos de mídia que Keaton interpretaria a protagonista. Por algum motivo, provavelmente conflito de agenda, ela declinou, e o papel acabou indo para Sarandon. E que bom, pois não poderia ter funcionado melhor.
A personagem Lily, aparentemente, foge de qualquer espécie de convencionalismo e se destaca pela modernidade com a qual foi construída. A matriarca do núcleo é, obviamente, mãe, avó, amiga e esposa, mas, acima de todas as coisas, é uma mulher dona das suas decisões. E não abre mão de seu papel no mundo: ela conversa abertamente sobre tabus, causando desconforto frequente nos mais reservados da família, e se utiliza desse papel para incentivar o neto a seguir uma vida que valha a pena ser vivida. Esse é seu lema.
“Inheritance has to all be spent on hookers and blow.”
O filme atinge seu objetivo de normalizar diversos tabus ao retratar o destino da família de maneira leve, enfatizando a todo tempo o poder de liberdade de Lily, que, mesmo doente, não teve seu destino roubado de si. Pelo contrário, o abraçou e teve sua trajetória respeitada, mesmo que isso significasse abdicar de seu próprio futuro.
Confira o trailer a seguir:
A Despedida estreia no Brasil nas plataformas digitais em 31 de março, e estará disponível no Now, iTunes, Google Play, Youtube Filmes, Vivo Play e Sky Play.
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Um dos destaques de hoje (26) é o masterclass Descobrindo Caminhos, da atriz, roteirista e diretora Karine Teles
A 11ª edição da Mostra Audiovisual de Petrópolis (MAP), que teve seu início no dia 19 de março e o encerramento programado para domingo (28), ocorre de maneira totalmente gratuita e virtual, devido às restrições ocasionadas pela pandemia do coronavírus. O evento, realizado pelo Ensino Médio Integrado em Audiovisual do Colégio Pedro II, pela Biruta Educação Audiovisual e a Reprodutora, possui uma programação vasta e totalmente voltada à cultura. Exibições de filmes nacionais e internacionais, oficinas, rodas de debate e masterclasses compõem a mostra, que conta com mais de 40 atividades ao todo.
Com apoio da Lei Aldir Blanc, através da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, a edição deste ano tem como objetivo ilustrar questões de identidade, gênero e território. A mostra conta com a curadoria dos atores Fabrício Boliveira (Faroeste Caboclo, 2013) e Bruna Linzmeyer (O Banquete, 2018).
“Entendemos o audiovisual como ferramenta transformadora para a sociedade, potencializando qualquer segmento de atuação.” explica Regina Bortolini, coordenadora geral da mostra. “Por este motivo, acreditamos que a capacitação é essencial para que tenhamos cada vez mais profissionais atualizados, com as devidas bases e conhecimentos, sabendo por onde ir e como aplicar seus conhecimentos na prática. Por isso, colocamos sempre os participantes da mostra, em contato com grandes nomes do mercado, para que esse intercâmbio flua”.
Maiores destaques
A programação da MAP contou, em sua abertura, com uma exibição do filme Atravessa a Vida (2020), de João Jardim, e do documentário Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa! (2020), de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, além de encontros com os diretores em questão. Outro destaque foi o masterclass ministrado pelo líder indígena e filósofoAilton Krenak e o cineasta Walter Carvalho, cujo tema abordado foi a produção audiovisual dos povos originários como construção coletiva de narrativas pelo afeto, seu alcance e potência.
A Mostra também contou com a exibição do primeiro episódio da série espanhola Veneno (2020), inédita no Brasil e que tem como temática a ícone trans Cristina Ortiz. A produção foi dirigida pela dupla Los Javis – Javier Calvo e Javier Ambrossi.
Babenco (2020), documentário dirigido por Bárbara Paz e submetido ao Oscar 2021, mas que, infelizmente, ficou de fora da disputa, foi também um grande destaque na Mostra; assim como a obra Limiar (2020), de Coraci Ruiz, que aborda o processo de transição da própria filha, e Para onde voam as Feiticeiras (2020), dirigido por Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral.
Masterclass de Karine Teles
Nesta sexta (26), a atriz, roteirista e diretora Karine Teles dará a masterclass Descobrindo Caminhos, que será exibida no canal de Youtube da MAP. Conhecida e aclamada por seus papéis em Benzinho (2018), Que horas ela volta? (2015) e Bacurau (2019), Karine é petropolitana e foi convidada por Regina Bortolini, coordenadora do evento, para falar sobre a jornada do artista e possíveis caminhos na profissão.
Em entrevista exclusiva para o Entretetizei, Karine compartilha que durante seus anos de infância e juventude, a cidade de Petrópolis carecia de opções culturais. Os cinemas de rua, muito característicos do local, se tornaram, em sua maioria, igrejas evangélicas, um fenômeno crescente que ocorre em todo o país. “Eu vejo com bons olhos essa iniciativa de trazer o cinema de volta para Petrópolis. Todos os anos eu dou uma olhada na curadoria, super bem feita, e os filmes são sempre muito interessantes, têm um olhar diverso e rico. São filmes que não chegariam nas pessoas pelo cinema normalmente. Agora, durante a pandemia, fiquei feliz de saber que [a Mostra] vai acontecer digitalmente.” comenta a atriz.
“O cinema traz outras realidades pra gente, põe a gente em contato com outros mundos, outras pessoas, outras formas de enxergar a vida. Eu tenho a sensação de que a crise que a gente tá vivendo no mundo é justamente por conta da dificuldade que temos de nos enxergar como iguais, na diferença. De nos enxergar como comunidade, respeitando as diferenças que existem entre as pessoas. O cinema é uma boa ferramenta de acesso a essa possibilidade, de entender o outro.” continua Karine.
Essa não é a primeira masterclass da história de Karine Teles. Ela participou do Festival Cabíria, que ocorreu no Rio de Janeiro em novembro de 2019, com a masterclass Processo Criativo. O foco do festival, realizado por mulheres, era o cinema feminino, protagonizado, dirigido ou escrito por mulheres.
“O convite da Regina [Bortolini] surgiu para falar sobre caminhos de carreira, sobre trajetória. Principalmente pelo público da Mostra ser bem jovem, estou animada. O início da nossa vida produtiva, quando a gente começa a decidir com o que iremos trabalhar, qual caminho iremos seguir, é sempre um momento de muitas dúvidas, de incertezas. Tomara que essa conversa, que se chama masterclass, mas, pra mim, é uma conversa, seja um espaço bom da gente trocar ideia, da gente ouvir, de ser ouvida. O que eu posso oferecer é a minha história, minha trajetória, como as coisas aconteceram pra mim, e eu acho que através da troca de experiências a gente abre novas possibilidades e descobre novas coisas.”
Encerramento da MAP
A 11ª edição da Mostra Audiovisual de Petrópolis vai até domingo(28), e segue com a programação repleta de encontros com profissionais do mercado audiovisual. Também nesta sexta (26), vai acontecer o bate-papo com a escritora Valéria Vegas e a atriz Lola Rodrigues, ambas da série hispânica Veneno.
Também nesta sexta (26) ocorrerá a partir de 12h a exibição do premiado Plano-sequência dos Mortos (2017), filme japonês dirigido por Shin’ichirô Ueda e inédito no Brasil. O longa mistura diversos gêneros e homenageia o cinema. Logo após a exibição, o produtor Koji Ichihashi participará de uma entrevista, dividindo curiosidades sobre o processo de filmagem e execução do trabalho.
Outra produção extremamente aguardada é o longa-metragem Valentina (2020), dirigido por Cássio Pereira dos Santos. O filme, que será exibido no sábado (27), acompanha a trajetória de uma adolescente trans, interpretada pela atriz Thiessa Woinbackk, que precisa lidar com os obstáculos que a sociedade impõe em sua vida. A partir das 14h, a co-curadora Bruna Linzmeyer participará de um encontro com os realizadores de curta-metragens, e o diretor de Valentina estará disponível para bater um papo com os participantes do evento.
Incentivo para os estudantes de Audiovisual
Com a distribuição de kits compostos por tablets e internet móvel para ONGs, escolas e instituições da cidade de Petrópolis cuja atuação é o audiovisual, a edição deste ano da MAP teve como objetivo estimular a participação dos jovens estudantes que passaram pelo Ensino Médio Profissionalizante em Áudio e Vídeo do Colégio Estadual Dom Pedro II. Os ex-alunos são os responsáveis por mediarem as conversas e os debates sobre os longa-metragens exibidos na Mostra, e as produções exibidas foram definidas com base nas áreas de atuação desses alunos, que, hoje, seguem as mais diversas profissões. O evento também conta com a participação dos ex-alunos nas áreas de curadoria e como parte da equipe que faz o MAP ser o que é.
A Mostra Audiovisual de Petrópolis é realizada pela Biruta Educação Audiovisual, EMI Áudio e Vídeo e Reprodutora, com patrocínio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc, e conta com o apoio do Canal Futura, Fundação Roberto Marinho, UniFaseTV, Innsaiei.tv.
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Festival Carioca de Fotografia Popular Emergente (#FRENTE) conta com o apoio da lei Aldir Blanc
O #FRENTE – Festival Carioca de Fotografia Popular Emergente realizou a seleção de 40 fotógrafos moradores das periferias do Rio de Janeiro, no último mês, para uma mostra virtual. O evento exibirá de maneira remota os trabalhos dos artistas, e pretende incentivar a arte oriunda do silenciamento social, econômico, artístico e cultural. Apoiado pela Lei Aldic Blanc, que prevê auxílio financeiro ao setor cultural, o projeto busca fomentar a produção artística e atuar na divulgação e visibilidade das imagens expostas.
Giuliano Lucas, fotógrafo, documentarista, artista visual, produtor e idealizador do festival, fala sobre a motivação do evento: “O #FRENTE se propõe a ser uma vitrine, uma janela contra o silenciamento e a invisibilidade, um espaço de acolhimento e compartilhamento de saberes e também de ocupação e posicionamento no campo artístico/poético/político. Infelizmente, vivemos em um sistema que não nos permite compreender rapidamente e nos custa muito tempo até entender que o que fazemos é Arte. Sabemos que muitos circuitos de arte formais e institucionais têm suas portas fechadas para esses artistas, e enquanto for assim, vamos criar nossos circuitos, com interlocução com outros que dialogam da mesma forma. O que muitos consideram à margem e chamam de periferia, para nós é e sempre será central, pois se trata de nossa origem, de nossas raízes”, diz Giuliano.
Comunidades em Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Queimados, Belford Roxo, Complexo da Maré, Rocinha, Jacaré, Bangu e Complexo do Alemão exportaram seus artistas para o projeto, que relataram em uma mini bio a importância da fotografia na vida de cada um. Além da exposição, cada selecionado ganhou um curso gratuito de Photoshop da Brainstorm Academy, um voucher com direito a quinze impressões fotográficas e lives com homenageados como Januário Garcia, uma das principais referências brasileiras em fotografia no país e internacionalmente. Os escolhidos também ganharam capacitações sobre gestão de carreiras, mercado fotográfico, formalização de atividades, registro profissional e precificação/remuneração da arte.
“Após a seleção para o festival, pude conhecer o trabalho incrível de diversos fotógrafos. O #FRENTE é um grande canal de fotógrafos periféricos que, além de criar conexões entre comunidades, fomenta o trabalho de todos os envolvidos”, compartilha Yuri Perini, morador de Paciência e selecionado pelo festival.
“Não é segredo algum que a fotografia sempre foi elitista. Sempre foi muito caro fotografar e ainda é. Grande parte dos selecionadxs, bem como os artistas de origem periférica, desenvolvem mais de uma atividade para garantir sua sobrevivência e das suas famílias e para dar continuidade às suas produções artísticas.” conclui Giuliano, idealizador da mostra.
A galeria virtual pode ser vista no site do #FRENTE. Para acompanhar, siga o Instagram deles.
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*Crédito da foto destaque: Divulgação | Crislayne Marques
O novo longa-metragem de Thomas Vinterberg tem sua estreia marcada para a próxima semana
Uma sátira sobre um grupo de professores que resolve se alcoolizar para lidar com o marasmo do dia a dia. Essa é a premissa bem resumida de Druk – Mais Uma Rodada, que teve sua estreia no Brasil agendada para o dia 25 de março e contará com exibições simultâneas nos cinemas e nas plataformas de streaming.
Dirigido e roteirizado pelo dinamarquês Thomas Vinterberg (A Caça, 2014, Longe Deste Insensato Mundo, 2015), o longa-metragem recebeu duas indicações ao Oscar de Melhor Diretor e Melhor Filme Internacional, além de também ter sido indicado ao Globo de Ouro, na categoria Melhor Filme, e selecionado para os festivais de Cannes, Toronto, San Sebastián e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
O filme também foi o grande vencedor do European Film Awards e recebeu 4 indicações ao prêmio BAFTA. Com uma ótima avaliação dos críticos, Druk é, sem sombra de dúvidas, muito aclamado internacionalmente.
Confira o trailer a seguir:
Mads Mikkelsen, conhecido por sua atuação de tirar o fôlego em Hannibal (2013), é o protagonista deste longa-metragem e dá vida a Martin, um homem de meia idade entediado e sem perspectiva de futuro. Tendo isso em vista, seus amigos convencem a si mesmos de que a vida se torna melhor com doses de álcool no sangue. E é a partir desse ponto que a história se desenrola.
Druk – Mais Uma Rodada está previsto para estrear nas plataformas NOW, iTunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes, para compra. A partir do dia 8 de abril, estará disponível também na Vivo Play e Sky Play, para compra e aluguel. O longa também fará sua estreia em algumas salas abertas de cinema. “Com a atual situação da saúde pública, os comércios e cinemas estão fechados até o final do mês de março. Adiantamos a chegada do filme nas plataformas digitais para que o público tenha a possibilidade de assistir na data de estreia”, diz o sócio e diretor da distribuidora Vitrine Filmes, Felipe Lopes.
A Vitrine Filmes tem 10 anos de atuação e já distribuiu mais de 160 longa-metragens, alcançando mais de 4 milhões de telespectadores. Entre seus grandes sucessos estão O Som ao Redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. A Vitrine também distribuiu A Vida Invisível (2019), submetido ao Oscar de 2020.
E aí, ansioso pra assistir Druk? Para essa e mais notícias sobre entretenimento e cultura, segue a gente lá noInsta, Twitter e Face!
Primeira edição da cerimônia Latin America Lifetime Awards (LALA) é anunciada no mês da mulher e celebra personalidades latino-americanas que se destacaram
O canal televisivo norte-americano Lifetime, que busca proporcionar diariamente ao público feminino uma programação personalizada, tendo como foco as produções protagonizadas por mulheres (na frente e por trás das câmeras), anunciou a primeira edição da cerimônia Latin America Lifetime Awards (LALA). A premiação, que ocorrerá intencionalmente no mês da mulher, será transmitida virtualmente hoje (16), às 20:00.
O evento tem como finalidade homenagear e celebrar as mulheres latino-americanas que se destacaram de alguma forma, contribuindo diretamente com a sociedade através de seus trabalhos, buscando novas perspectivas e alterando o status quo ou inspirando outras mulheres a reescreverem suas narrativas.
As escolhidas para receber o prêmio são Cibele Racy (Brasil), Valeria Mazza (Argentina), Ana Baquedano (México), Daniella Álvarez (Colômbia) e Pilar Sordo (Chile). Segundo o Lifetime, todas representam a força da mulher latina, pois têm suas trajetórias permeadas de superação, resistência e quebra de paradigmas.
“Estamos muito orgulhosos por poder dar esta prestigiosa distinção a estas cinco mulheres marcantes. Isso reflete nosso compromisso permanente com as mulheres, com campanhas como ‘Jogue com igualdade’, em que buscamos a igualdade de gênero em todos os campos.” explica Carmen Larios, vice-presidente sênior de conteúdo do Lifetime Latin America. “Hoje o Lifetime tem em seu cast 82% de roteiristas, 78% de diretoras e 67% de produtoras de conteúdo. E, embora ainda esteja faltando, estamos muito orgulhosos das conquistas alcançadas até o momento”.
Conheça as homenageadas abaixo:
Cibele Racy
A brasileira foi eleita pela BBC, em 2020, como uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo. Pedagoga, especialista em Administração Escolar e Educação Especial, Cibele se destacou devido a seu trabalho com a alfabetização das crianças, elevando o nível da educação pública e suscitando posturas antirracistas no ambiente escolar. Hoje atua como palestrante, onde aborda temas como a Lei 10.639/03, que obriga as instituições de ensino a implementarem História e Cultura Africana e Afro-brasileira em seus currículos de aprendizagem.
Valeria Mazza
Supermodelo argentina, já teve seu rosto estampado em mais de500 capas de revista e desfilou para marcas internacionais de renome. Empresária, apresentadora, ativista e filantropa reconhecida mundialmente, a modelo já atuou diretamente com a UNICEF em campanhas de vacinação no continente africano e ocupa o cargo de embaixadora das Olimpíadas Especiais. Valeria é também madrinha do Hospital Universitário Austral, em Buenos Aires.
Ana Baquedano
Ana ganhou visibilidade aos 16 anos de uma forma terrível: foi vítima de revenge porn, que, na tradução exata, seria pornografia por vingança (quando alguém divulga suas fotos íntimas sem seu consentimento), vinda de seu namorado na época. A jovem mexicana foi atacada de maneira cruel nas redes sociais, quando ainda não se falava com tanta frequência sobre assédio, ataques virtuais e saúde mental. Em 2019, transformou esse acontecimento em campanhas contra o cyberbullying, que atualmente é tipificado como crime passível de prisão no México. Ana colaborou com o Secretariado Juvenil de Yucatán, seu estado de origem, tendo um projeto de lei aprovado. Foi homenageada com um prêmio State Youth Award, e, atualmente com 23 anos, reconhecida pela BBC em 2020 com o Inspiration Awards, devido a suas conquistas no campo do ativismo contra o assédio virtual.
Daniella Álvarez
A ex-Miss Colômbia virou notícia internacionalmente no ano passado (2020) após precisar amputar a perna esquerda devido a complicações e problemas de circulação em uma cirurgia no abdômen. A modelo e apresentadora surpreendeu a todos com o otimismo e leveza com os quais lidou com a fatalidade. Daniella compartilhou seu processo de recuperação e aceitação com os seus seguidores nas redes sociais e causou admiração nos que torciam por ela. Atualmente, a modelo é Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF e segue encantando a todos com sua força e resiliência perante as adversidades. “Pies, para qué los quiero, si tengo alas para volar?” postou ela em seu Instagram.
Pilar Sordo
Psicóloga renomada, escritora, colunista, palestrante, autora de best-sellers e uma das mulheres mais influentes do Chile durante quatro anos. Pilar Sordo é reconhecida internacionalmente por seu trabalho de renome como psicóloga. Participante ativa em programas de televisão e rádio, Pilar também é diretora da Fundação Cáncer Vida, responsável por ajudar pessoas com câncer de pulmão e pâncreas, assim como seus familiares, a passarem pela doença. Foi homenageada com o prêmio Mulher do Ano pelo jornal The Observer, em 2007.
O prêmio Latin America Lifetime Awards (LALA) será transmitido às 20:00 através deste link e contará com a presença das vencedoras desta primeira edição.
ID da reunião: 829 6324 5143
Código de acesso: AWARDS
Que iniciativa maravilhosa, não é? Para mais notícias como essa, já sabe: segue a gente lá no Twitter, Insta e Face!
Entrevistamos Rafa Ella Nepomuceno, idealizadora do Encontro de Coqueiras, que será transmitido virtualmente pela primeira vez em sua sétima edição
O coco de roda,expressão artística nascida na região nordeste do país,une dança, música, poesia e performance corporal. Usualmente reproduzido em formato circular, as pessoas cantam e dançam de maneira hipnótica, girando em “umbigadas” e entoando as cantigas características dessa linguagem. Nada é por acaso: as letras carregam muita resistência em si. As influências indígenas e africanas se misturam em um movimento coletivo de fortalecimento e perpetuação cultural que atravessa séculos, desde o seu surgimento até os dias de hoje.
Não à toa, atualmente, diversas mulheres são adeptas da linguagem do coco e a utilizam como uma maneira de conexão e união feminina. Percussionistas, cantoras, poetisas, artistas: elas se impõem de forma memorável e reivindicam seu lugar ao sol.
É neste cenário que surge a iniciativa do Encontro de Coqueiras, evento gratuito e virtual que tem como objetivo aproximar diferentes vertentes e grupos de mulheres atuantes no coco de roda. Produzido pela Dente de Leão Cultural, o evento ocorre do dia 25 a 28 de março e contará com rodas de conversa, oficinas, shows ao vivo e, é claro, muito ritmo e dança. Essa é a sétima edição do encontro, mas é a primeira vez que ele acontecerá online, devido à pandemia. Reunindo figuras importantes no coco, como As Três Marias, o Sol e a Lua; Coco das Águas Doces; Cocomelo Coletivo; Aurinha do Coco; Martinha do Coco, Renata Rosa e outros grandes nomes, o evento visa, também, contribuir com as celebrações acerca do mês da mulher.
A idealizadora do encontro, Rafa Ella Nepomuceno, topou conversar com o Entretetizei para falar mais sobre o Encontro de Coqueiras, sobre o coco de roda em si e o que representa ser uma mulher que trabalha com essa linguagem cultural tão rica. Rafa é fundadora do grupo Coco de Oyá e do bloco carnavalesco feminista Eu Acho é Coco!.
Confira a entrevista a seguir:
Entretetizei:O coco de roda faz parte da história brasileira e se destaca justamente por ser tão rico em referências culturais. Qual foi seu primeiro contato com ele e o que fez com que você se apaixonasse?
Rafa: Nem sei dizer qual foi o meu primeiro contato com o coco em si, porque eu vim de uma família de músicos paraibanos, e sempre que nos juntávamos se cantava muito forró e cocos tradicionais. Tenho muita lembrança das rodas de coco dessa época. Mas foi a Dona Selma do Coco(cantora e compositora pernambucana, falecida em 2015) quem mais me marcou quando vi cantando coco. Uma mestra, uma senhora com uma voz com a qual eu me identifiquei muito. Os cocos de Dona Selma eram muito divertidos. A partir daí eu comecei a cantar, e foi cantando coco que eu comecei a soltar a minha voz, mais ou menos em 1998 e, desde então, nunca mais parei.
E: O Encontro de Coqueiras está na sua sétima edição, e, pela primeira vez, ocorrerá de maneira virtual. Qual é a sua expectativa para o evento?
R: Muito alta! Finalmente a gente conseguiu fazer uma edição, mesmo que seja virtual, com verba, podendo contemplar os grupos, as mestras, palestrantes e oficineiras. Desta forma, estamos fazendo uma versão mais ampla. As edições anteriores, realizadas em São Paulo, foram encontros apenas de grupos da cidade, pois não tínhamos verba para trazer mestras e grupos de fora. Agora conseguimos acessar algumas mestras, mesmo sendo uma quantidade ainda pequena, e enriquecemos muito a programação com rodas de conversa, oficinas… Espero que seja uma troca intensa e uma porta para novas edições, e que a gente consiga mapear e acessar todas as mulheres que estão dentro da cultura popular, tocando coco no Brasil. Quem sabe até no mundo! Vai que tem coqueira lá fora e eu não sei? (risos)
E: Na sua opinião, como a dança ajuda a unir e fortalecer mulheres, de maneira coletiva? De que forma suas vivências se misturam com tantas referências culturais, de diferentes lugares e sotaques?
R: O coco é uma dança circular, e a dança circular em si já gera uma energia, um poder de cura, uma vibração muito forte. Por serem mulheres, acredito que essa força se intensifica muito mais. A questão de estarmos em São Paulo, em um centro urbano, em uma praça onde nos reunimos… eu vi a necessidade de estar em contato com essas mulheres que querem aprender ou que já praticam essa linguagem. E é daí que veio a riqueza, a pluralidade de mulheres nas rodas, de gente de São Paulo, Amazonas, vários lugares. Mulheres incríveis, com suas histórias e vivências. No repertório, procuramos trazer músicas que enaltecem o poder da mulher e, quando eu me refiro à mulher, quero dizer mulher independente de ter um útero. Se a pessoa se coloca como mulher, estamos aqui para acolhê-la.
E: Existe uma força muito grande na poesia feita por mulheres. Para você, como ela se alia às expressões corporais nos grupos de dança de coco de roda?
R: A dança no coco de roda é muito tradicional: as variações e sotaques existem, mas não estão muito ligados à poesia. O coco é uma mistura do preto, do branco excluído e do índio, então são vários signos e elementos. Dentro desse universo, existem diversos tipos de passos e estilos. Alguns evoluíram mais em função da rítmica, não da poesia. É um universo muito rico. Agora, conectado com a poesia feita por mulheres, como ela se alia à expressão corporal, eu não identifico. No caso do Eu Acho é Coco!(bloco criado por Rafa em 2018), existe uma certa diversidade e pluralidade, por estarmos em um meio urbano, e não no interior. Temos mulheres de diversas localidades, com diversas informações e um repertório que não é só de coco tradicional: pegamos canções com as quais a gente se identifica, de cantoras e compositoras contemporâneas, e tocamos no ritmo do coco. Mas dançamos o coco tradicional, de umbigada. Acredito que tenha essa variante doolhar, do mover dos braços, de se expressar de uma forma diferente dos grupos tradicionais.
E: Para encerrar, qual é a sua mensagem (ou sugestão) para as meninas e mulheres que se interessarem em conhecer a fundo o coco? Qual é a melhor forma de começar?
R: A melhor forma de começar é vir tocar com a gente no Eu Acho é Coco!. Nossos encontros estão sendo virtuais no momento, e podem ser acessados de qualquer lugar do planeta! São oficinas que eu ofereço gratuitamente aos sábados, através do Google Meet (o link é disponibilizado no instagram do grupo: @euachoecoco). A outra maneira é aguardar a pandemia terminar e viajar para o Nordeste, conhecer as mestras, ver os shows, se jogar! Escute, pesquise no Spotify… se interesse, veja se essa música te toca assim como me tocou. Para mim, foi uma febre de coco e não quero me curar. Após a pandemia, vamos retomar os nossos encontros presenciais na Praça da Nascente (em São Paulo), aos domingos, das 15h às 17h,gratuitamente. Esperamos vocês lá!
Confira, abaixo, a programação completa do evento:
25/03 (quinta-feira)
20h: Abertura – Show Coco de Oyá (SP) + As Três Marias, o Sol e a Lua (SP)
26/03 (sexta-feira)
16h: Oficina “Passo Marcado” com Rafa Ella Nepomuceno (SP)
18h: Roda de Conversa “A história do Coco e sua atuação no estado de São Paulo” Convidadas: Renata Rosa (SP) , Lucila Pop (SP), Joice Temple (SP) e Nega Deza (SP)
20h: Show Bloco Eu Acho é Coco! (SP) + Coco das Águas Doces (SP) + Renata Rosa (SP)
27/03 (sábado)
16h: Oficina “Na Linha de Zambi” com Mônica Santos (SP)
18h: Roda de Conversa “O papel da mulher na Cultura Popular”
Convidadas: Clarisse Kubrusly (RJ), Renata Amaral (SP), Sandra Maria Luciano (SP) e Beth de Oxum (PE)
20h: Show Juremas (SP) + Aurinha do Coco (PE) e Semente Crioula (SP)
28/03 (domingo)
14h: Oficina de confecção de instrumentos com materiais recicláveis, com Sandra Luciano e
Lucila Poppi (SP)
16h: Roda de Conversa “A cultura popular: o pós pandemia”
18h: Encerramento – Show Rachada do Coco (SP) + Cocomelo Coletivo (SP) + Martinha do Coco (GO)
O Encontro de Coqueiras é uma realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Economia e Cultura Criativa, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo, ProAC, Governo Federal, Lei Audir Blanc e Dente de Leão Cultural. Acesse as redes sociais do evento no Youtube, Instagram e Facebook.
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